CAPÍTULO 30

Finalmente a ansiedade dos presentes chegava a um fim. Após a urgente conferência que Zoroastehf teve com Zoros, chegava à cabine do capitão para examinar Mishtra. De posse de um cristal amarelado de muitas faces, o bruxo inspecionava o corpo da moça.

Kiorina, muito curiosa, segurava-se. Queria perguntar ao velho silfo se o que tinha nas mãos era um cristal de sargentium.

Ao fim de um demorado exame, Zoroastehf sorriu. - Ela vai viver... Mas terá que descansar muito pelos próximos quatorze meses.

- Como assim, quatorze meses? - indagou Kiorina. - Nunca vi ferimentos, especialmente de flechas que demorassem tanto para sarar!

Allet surpreso, deixou a cabine para buscar Melgosh, no navio de Ramon.

Zoros sorria e logo começou a rir.

- Qual é a graça? - quis saber Archibald. - Por que zombarias enquanto a filha do seu capitão numa situação como estas.

Zoros, rindo um pouco mais disse, - Desculpem-me, mas vocês não entenderam o que meu irmão quis dizer. Quando falou que ela deverá descansar por quatorze meses, falava do tempo que deveria esperar pela criança.

Kiorina arregalou os olhos e Archibald não compreendeu de imediato. - Criança? De quem está falando? Algum curandeiro.

- Não humano tolo! - disse Zoroastehf impaciente. - Mishtra está grávida! Espera uma criança, entende? Os quatorze meses de gestação dos silfos...

Archibald ficou pálido e precisou ser socorrido por Zoros. Por pouco não bateu com a cabeça quando perdeu os sentidos.

Zoroastehf comentou maldoso, - Não me diga que a filha de Melgosh está esperando um mestiço!? Filho de um humano!

Zoros comentou sério, - É o que parece...

O velho torceu os lábios e xingou, - Desgraça! Desgraça! Deixo essa embarcação agora mesmo. Pobre Melgosh! Pobre Melgosh.

Kiorina olhou o velho silfo sair com desprezo e comentou, - Que horror! Seu irmão é muito mal educado!

Zoros, um silfo de ideias mais progressistas comentou, - É verdade, meu irmão sempre foi chato e orgulhoso. Não ligue para ele, no fundo, bem no fundo, tem um bom coração.

Nesse instante Melgosh entrou na cabine alarmado. - É verdade Zoros? Serei avô?

- Sim meu senhor, o ventre de sua filha encontra-se fertilizado.

- Grande Deusa! - e só naquele momento lhe ocorrera. O filho só podia ser de um humano, só podia ser de Archibald. O ex-monge, amparado por Kiorina acordava naquele momento. Sentou-se, sem consciência de por qual razão teria perdido seus sentidos. Encarou Melgosh, um pouco fora de foco e lembrou-se, ao vê-lo voar em sua direção. Tomou um forte soco no nariz, e perdeu os sentidos novamente.

- MEU SENHOR! - Zoros atirou-se nas costas de Melgosh que girou furioso levantando-o do chão. Kyle entrou e ajudou o feiticeiro a segurar o capitão, que estava fora de si. Pouco depois, Melgosh fora imobilizado e sentado refletia melhor sobre a situação.

Archibald voltou a acordar, desta vez ciente do que estava acontecendo. Segurou o nariz, com cuidado, para verificar se ainda estava inteiro. Melgosh olhou para o rapaz, consertando o nariz, muito vermelho e sorriu.

- Malandro! Seu calhorda... Fez um filho em minha filha. - xingava, mas desta vez, estava tomado por um bom humor.

Archibald estava sem palavras, e tentou formar uma frase. Só conseguia gaguejar.

Allet estava de volta e observava a atitude do capitão com olhos arregalados. Temia que seu humor pudesse mudar de repente que decidisse tirar a vida do rapaz.

- Allet! - gritou Melgosh. - Traga bebida! Vamos comemorar!

O silfo respirou aliviado e com um sorriso no rosto foi buscar bebidas. Pouco depois trazia nas mãos uma garrafa de vinho forte, de boa qualidade, produzido nas altas plantações da ilha de Frai. Melgosh abriu a garrafa, cara, para ocasiões especiais. - Venha rapaz! - Chamou. - Venha beber, pois querendo ou não, agora é parte do clã!

Archibald levantou-se sem jeito e bebeu quase um quarto da garrafa no bico. Zoros tirou-lhe a garrafa dizendo, - Vá com calma, rapaz. Assim não teremos para todos.

Melgosh abraçou Archibald, que muito sem jeito retribuiu-lhe o gesto. Kiorina cochichava no ouvido de Kyle explicando o acontecido. Kyle sorriu e deu um grande abraço no amigo, que imediatamente depois se ajoelhou ao lado da silfa, acariciando-lhe o rosto e os cabelos.

A silfa piscou os olhos fechados. Abriu aos poucos, olhando para Archibald. Os olhos do rapaz encheram-se de lágrimas. Ela se esforçou para realizar a comunicação mental. "Oh amor, estou tão cansada. Mas parece que uma grande dor também se foi."

Archibald sussurrou, - Sim querida. Você recebeu tratamento de um amigo de seu pai. Vai ficar boa logo.

Ela sorriu e pensou, "Que bom. Por que estão gritando tanto? O que houve?"

- Estão felizes por sua recuperação.

"Diga-lhes que estou bem, mas preciso descansar. Vou descansar amor." Mishtra transmitiu seus pensamentos e caiu no sono, logo em seguida.

Melgosh, lembrando-se de um fato importante indagou a Zoros, - E quanto a espada, está feito?

- Sim, meu senhor. Seu poder foi novamente selado.

- Melhor assim... E seu irmão?

Zoros ficou quieto e Allet informou aliviado. - O navio do capitão Ramon acabou de partir, senhor.

Melgosh comentou alisando os cabelos, - O canalha foi-se, sem ao menos dizer adeus....

- É melhor assim. - Afirmou Zoros.

Allet inquiriu, - E quanto aos silfos?

Melgosh disse, - É melhor que não saibam de nada. Vamos, diga-lhes que nosso destino é Shind. Diga-lhes que Zoroastehf nos disse que ela ficaria boa logo. Temos que levá-la para minha casa. Ela deve descansar... bastante.

- Sim senhor, partimos para Shind imediatamente. - respondeu Allet vibrante. Seus berros foram escutados do lado de fora. - Vamos! Içar velas! Para Shind silfos! Para Shind!

Zoros comentou com o capitão, - Sabe meu senhor, Allet será um ótimo imediato.

Melgosh sorriu, - Sim, será tão bom quanto seu irmão.

- Que vá ao encontro da Deusa mãe! - exclamou Zoros.

Gorum e Kleon chegaram, e naquele momento a cabine ficou pequena demais.

Kyle aproximou-se, alegre como não ficava há muito tempo. - Gorum! Archibald vai ser pai!

O gigante, que precisava curvar-se para caber na cabine deu uma grande gargalhada. - Enfim, um motivo de alegria! - tomou a garrafa das mão de Zoros e bebeu um generoso gole. - Congratulações senhor Melgosh Congratulações Archie! - Archibald aproximou-se e quase foi esmagado pelo abraço de Gorum.

Kleon sentindo-se excluído, deixou a cabine para ajudar os silfos, nas manobras do navio.

Gorum procurou consolar Kiorina que começava a chorar. - Vamos lá Kina. A vida é assim. Após a ceifa, vem a semeadura. Comemoremos, ao menos hoje. Beba, beba um pouco e você vai melhorar.

- Mas Gorum, e se a Mishtra, se ela tivesse... A criança... Tudo por minha causa, por que queria buscar An Lepard.

- Sem choro menina! O que passou passou! E além do mais, nunca teríamos ido, não fosse a vontade de Melgosh de opor-se a Shark. E minha vontade, a de Kyle, Archibald e Mishtra. Todos queríamos ajudar, e lutar contra a injustiça de Shark. E no fim, lutar contra o mal, contra os necromantes. Noran, sempre soube dos riscos, todos nós sabemos. Mas não temos opção, não é mesmo?

Kiorina enxugou as lágrimas e fez que não com a cabeça.

- Pois então? Vamos deixar de viver? Deixar de comemorar os bons momentos só porque passamos por maus bocados? - Gorum sorria de forma acolhedora.

Kiorina forçou um sorriso e disse, - Você está certo. Mishtra vai ficar bem. E também, nisso tudo, sempre estamos fazendo novos amigos, não é?

Gorum concordou e percebeu a ausência de Kleon. - Fique aqui, junte-se a Kyle, Archibald e os outros, vou buscar Kleon.

- Vou com você, quero dar a notícia a An Lepard. Ele vai gostar de saber, que Mishtra vai ficar boa, e que ela e Archie agora vão ser pais.

- Esse é o espírito garota!

***

As comemorações seguiram-se durante a viagem e dois dias depois, chegavam à ilha de Shind. Apesar de ser uma ilha, não tiveram a sensação de que chegavam a uma. Era enorme, a terceira maior ilha do arquipélago, cujo território poderia ser comparado a um dos baronatos de Lacoresh.

Melgosh, possuía uma grande casa próxima à praia, em um pequeno povoado próximo a Hynei, a segunda maior cidade do clã Orb. Era um local bastante reservado, praticamente isolado da civilização. A casa de Melgosh tinha dezenas de cômodos, alguns no solo e outros, em plataformas. As plataformas eram sustentadas entre palmeiras altas, de troncos muito grossos, comuns na região. Precisava-se de três ou quatro silfos para dar um abraço ao redor das palmeiras. Várias canoas dos pescadores locais, podiam ser construídas a partir de um único tronco da gigantesca palmeira.

No território dos Orb, muito bem protegido pela guarda e por espíritos elementais, estariam seguros por quanto tempo desejassem. De fato, ficaram hospedados na grande casa por muito tempo. Foi um tempo de descanso e recuperação, no qual os viajantes de Lacoresh, An Lepard e Kleon, puderam experimentar uma boa trégua da dura jornada que faziam.

A fartura de comida na casa de Melgosh, o clima agradável, o mar e festejos ocasionais, com direito a música, traziam relaxamento e tranqüilidade que para muitos dos viajantes, parecia um sonho impossível.

Para Kyle, os meses de calmaria sob o teto de Melgosh, foram uma oportunidade de meditar e treinar sua concentração, de forma constante. Além disso, era uma ótima oportunidade para aprender a difícil língua dos silfos. Devido a seu treinamento isolava-se, ficando por vezes dias, sem conversar com ninguém. Por vezes, recebia convites de Gorum, para visitar a pequena vila de Guinges, que não era longe. Mas recusava, o gigante não se abatia e voltava a convidá-lo, ou tentava puxar assunto, de tempos em tempos.

Gorum passava a maior parte do tempo justamente em Guinges, e com seu carisma e senso de humor, conquistou a simpatia da maioria dos silfos e silfas do povoado. Eram muito simples, os habitantes do povoado e viviam em grande comunhão com a natureza. Sua grande desconfiança em relação aos humanos que eram hospedados na casa do marujo e aventureiro, Melgosh, era quebrada aos poucos pela simpatia do gigante Gorum.

Com a recuperação de An Lepard, Kleon dividia seu tempo entre, nadar no mar, visitar Guinges com Gorum e conversar com seu antigo capitão.

Com a vinda dos humanos, canoas com pescadores curiosos costumavam passar em frente à casa de Melgosh. Muitas crianças vinham por terra, curiosas e quase sempre acabavam na companhia de Gorum, que adorava as brincadeiras dos pequenos silfos e lhes dava bastante atenção.

Mishtra passava muito tempo com Archibald, mas nunca demonstravam afeto fora da casa. Um relacionamento entre um silfo e um humano era bastante estranho para os nativos, e mesmo os companheiros que trabalhavam para Melgosh. Havia, é claro, crenças sobre maldições envolvendo casamentos entre silfos e humanos. Mishtra e Archibald gostavam de observar juntos o mar e conversar trocando pensamentos. Muitas vezes observavam Kleon nadar, ou Allet pescar pequenos peixes com uma vara e imerso na água até a cintura. Dentro de casa, comportavam-se de forma mais natural, como casal. Trocavam gestos afetuosos e beijavam-se ocasionalmente. Juntos e muito felizes a acompanhavam evolução da gravidez.

Com o tempo, os silfos próximos a Melgosh recebiam e aceitavam a ideia de que Mishtra esperava o filho de um humano. Zoros, empenhava-se em pesquisar e divulgar para os mais radicais, informações sobre relacionamentos entre as raças e o verdadeiro motivo para tantas crendices sobre maldições. Mero jogo político, que inclusive ajudava a justificar a escravidão dos humanos e escravidão de ocasionais filhos de humanos com silfos.

Kiorina e An Lepard não estavam bem. O marujo estava grato a Kiorina por tê-lo resgatado, mas sentia-se quase sempre mal, e indisposto. Recuperava-se lentamente e estava muito amargo. O afeto idealizado e desmedido que Kiorina sentia pelo Dacsiniano, diminuía e aos poucos se tornaram confidentes e amigos, ao invés de amantes. Kiorina era muito dedicada e ajudava An Lepard em seus exercícios, oferecendo sempre seu ombro para que ele se apoiasse. Andava, mas mancava severamente. Seus movimentos no braço e mão feridos, retornavam lentamente, mas ainda não era capaz de segurar ou manipular objetos. Muitas vezes, An Lepard ficava nervoso e mal humorado, sentia-se amaldiçoado e uma vez magoou muito a ruiva. Disse-lhe que preferia ter morrido a ficar aleijado como estava. Kiorina sentiu-se culpada e ficaram sem se falar por vários dias.

Gorum era sempre bom para levantar o moral, e após muitas conversas com ambos, fizeram as pazes. Mas depois disso, a chama amorosa que tiveram apagou-se. Kiorina e An Lepard tornaram-se apenas bons e fiéis amigos, ligados por um laço que faria que qualquer um dos dois, arriscasse a própria vida, um pelo outro.

Depois disso, Kiorina voltou a procurar a companhia de Kyle, mas ele a evitava. Não só a ela, mas evitava qualquer um. Estava sempre absorto em suas meditações. Cada vez mais quieto, cada vez mais frio e distante.

O único que mal ficava na casa, era o próprio dono, Melgosh. Viajava com freqüência, por toda a Shind. Visitava importantes lideranças, diversos primos, e discutia com eles sobre política. Aparecia na casa, quando muito, uma vez a cada duas semanas, contando novidades e preparando festas. Atraídos por boa comida e bebida, músicos vinham de Guinges e aprontavam muita dança. Kyle raramente aparecia em tais ocasiões, mas Kleon, se mostrara um dançarino de primeira, ensinado até aos silfos, diversos passos e danças que aprendera em sua terra natal, Kâtor.

Após as festas que comemoravam a chegada do dono da casa, o mesmo nunca permanecia por mais de dois dias, e voltava a viajar.

Com o fim do romance de Kiorina e An Lepard, a ruiva que gozava de boa saúde, retomava um pouco de seu espírito de moça, alegre e brincalhona. Ainda assim, mostrava-se uma mulher madura e seus cabelos ruivos, depois de tanto, chegavam até os ombros e pela primeira vez em anos, pareciam mais comportados.

Voltou a estudar magia, junto com Zoros. Aprendeu um bocado sobre espíritos elementais e ensinou a Zoros, alguns trejeitos sobre as magias do fogo. O velho silfo, nunca tivera grande interesse pelo elemento ígneo, mas encontrara em Kiorina, a figura de uma filha, que nunca teve. Era uma das qualidades da ruiva, costumava cativar a atenção, ou mesmo um afeto fraternal ou paternal de todos com que se relacionava. Com o tempo, a ela já conseguia comunicar-se com espíritos elementais do fogo, e seria uma questão de tempo, para que ela pudesse fazer com que colaborassem e mesmo poder convocá-los. Mas sempre era advertida por Zoros, para ter muito cuidado com os rebeldes e imprevisíveis espíritos elementais do fogo.

Logo, passavam-se duas estações, e o inverno chegava. Ali, porém, o inverno não passava de um período no qual as chuvas eram mais freqüentes. Não nevava, e tão pouco fazia frio. A barriga de Mishtra já estava evidente, mas nem chegara à metade da gestação sílfica, cinco meses mais longa que a gestação dos humanos.

Gorum, quase fazia parte da vila de Guinges. Acordava cedo e partia para o mar junto com os pescadores para retornar, apenas no final do dia. Estava bastante moreno, mas seus cabelos cada vez mais se aproximavam do branco. Por vezes, imaginava se ainda saberia manejar uma espada. Entendia perfeitamente porque a ilha era chamada de Shind, paraíso na língua dos silfos.

Archibald também estava moreno e encontrara um tipo de paz que acreditava ser impossível. Já Kyle, estava ligeiramente corado, meditava e meditava, geralmente na sombra, ou na plataforma mais alta da casa de Melgosh, parando por vezes para admirar a beleza do mar verdejante. Kleon estava vermelho como uma pimenta. Sua pele muito branca, ocasionalmente voltava a aparecer quando descamava. Recentemente, dedicava-se a aprender a difícil escrita dos silfos, e aumentar seu domínio sobre a língua, aprendendo até alguns dialetos antigos com os anciãos de Guinges. An Lepard acostumado com o sol, mantinha o tom de pele, mas já recuperara os cabelos loiros e fartos e um pouco de sua antiga aparência. Mas sua mente continuava povoada por pensamentos e sentimentos sombrios. Kiorina tinha os rosto vermelho, e prendia os cabelos ruivos vibrantes, clareados pelo sol, num rabo de cavalo. Avançava em seus estudos com Zoros, aprendendo feitiços que não fazia idéia que pudessem existir.

Mishtra ainda passeava pelas areias acompanhada de Archibald, coletava conchas das mais diversas, e descobriu que era muito habilidosa para fazer, brincos, pulseiras e colares. Archibald perdia aos poucos seus costumes religiosos e adotava as orações e maneiras dos silfos. Sua fé em Ecta, a deusa mãe, aumentava muito, percebia o mundo de uma nova forma, em contato íntimo com a natureza. Problemas conceituais de sua antiga religião, ficavam cada vez mais distantes, faziam cada vez menos sentido. Era o prelúdio de da consolidação de seu interesse por uma outra visão do que aprendera sobre as divindades. A compreensão e relação com as divindades passariam a ser uma nova busca na vida do ex-monge Naomir.

Tudo parecia tão bom e prosseguir tão bem que poderiam viver ali, em paz, para sempre. Mas aquele não era o destino de muitos deles. Kyle, a cada dia que passava, estava mais inquieto. Suas meditações o levavam para lugares que pouco imaginava. Certo dia, descobriu, que de maneira limitada, podia transmitir seus pensamentos para alguém receptivo. Alguém como Mishtra. Neste dia, Mishtra assustou-se, e percebeu que Kyle havia mudado muito. E com certa tristeza, lembrou-se de Noran. De fato, lembraram-se de Noran os dois ao mesmo tempo. E no breve contato que mantiveram uma coisa havia se esclarecido para Mishtra: O humano deixaria Shind. E o faria em breve.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top