CAPÍTULO 25

Era um belo dia ensolarado que anunciava a chegada do verão. Os jardins do novo e grande palácio de Lacoresh possuíam uma decoração sombria. Ainda assim, eram belos jardins especialmente sob a radiante e generosa luz do sol. As plantas tinham folhas verdes escuras, caules espinhosos e muitas das flores eram vermelhas ou quase negras. As flores dominantes eram as rosas, muitas e muitas rosas.

Um grande banquete estava em curso. O almoço dava seqüência à magnífica festa da noite anterior, porém tinha um número reduzido de convidados. Estavam presentes: a família real, os grandes senhores de terra, alguns representantes do clero e líderes das milícias. A enorme mesa estava sob a proteção de um toldo de tecido branco fortemente esticado e suportado por traves de metal. Músicos tocavam canções tranquilas ao longe e alguns dos convidados com seus belos trajes, passeavam pelos jardins, longe da mesa.

Lorde Calisto sentava-se próximo a uma das cabeceiras da mesa, na qual estavam o rei e a rainha. Vestia-se com roupas novas, calças escuras e uma camisa longa, de seda cinza clara. Pouco antes da refeição ser servida, o novo nobre recebera presentes dos importantes convidados. O Barão de Bandeish, alto, magro e elegante, ofereceu-lhe dezenas de roupas, botas, capas, toalhas e tapetes. Todo material era finamente manufaturado pelas guildas tecelãs de Bandeish. O baronato era famoso por sua produção de tecido e por seus habilidosos alfaiates. O jovem e belicoso barão Aaron de Whiteleaf ofereceu-lhe uma força de cinqüenta soldados equipados com espadas escudos e cotas de malha. Um pequeno poderio militar, presente que Lorde Calisto apreciou imensamente. O duque de Kamanesh ofereceu-lhe cinco cavalos os quais poderia escolher numa visita ao castelo e estábulos de Kamanesh. O duque preocupava-se com seu novo vizinho e temia problemas na transição das três vilas, que pertenciam ao ducado. Calisto percebeu que precisava ser cauteloso com o duque e especialmente com seu filho, Sir Clyde, que enxergava o novo nobre como uma ameaça ao ducado.

Outro rival em potencial seria o jovem barão de Whiteleaf. Com a morte do Conde de Montgrey, nenhum nobre havia ascendido para tomar sua posição. No momento, comentava-se que Aaron era forte candidato, mas agora, já surgiam rumores de que Lorde Calisto poderia vir a receber o desejado título de Conde, especialmente por ter recebido território tão próximo às terras reais.

Do gordo, generoso e falastrão, barão de Lersh, Calisto recebeu cem cabeças de gado. Do barão Ludwig Fannel, uma tiara de prata com uma esmeralda cravejada e diversos barris do famoso vinho montês de Manille.

Do Rei, nenhum presente além das terras, da Rainha, porém, recebeu os criados que lhe prestavam auxílio no castelo. Calisto comentou, na noite anterior, seu contentamento com os serviços dos criados.

Aos poucos, Calisto tomava consciência da teia de interesses e intrigas em que penetrava. Considerou cuidadosamente algumas possibilidades. Para ascender no poder, poderia fazê-lo pela força, ou por meios naturais. Um casamento bem escolhido poderia lhe trazer progresso. A primeira consideração foi a filha do Conde de Montgrey. Como conde, seria mais poderoso, teria mais terras e mais soldados. Mas soube que ela desejava se casar com um cavaleiro, ainda assim, atualmente, ela não possuía terras. Por isso, a posição poderia ser desvantajosa. Havia também a filha do Duque, Lady Kátia, uma moça morena e atraente, mas um tanto estranha. As terras do ducado eram as mais vastas do Reino. Mas havia o problema do herdeiro, Sir Clyde além do próprio Duque, um homem ainda bastante vigoroso. Outra boa opção era a filha de Maurícius, princesa Hana, uma mulher mais velha, com seus trinta e poucos anos de idade. Casando-se com ela, seria uma questão de pouco tempo até o rei morrer, então haveria como empecilho, os príncipes Serin e Lanark. Calisto sabia que Serin era um necromante.

Antes do banquete, cruzaram olhares por algum tempo. O jovem não gostou nada do olhar profundo e compenetrado de Serin. Sua pele lisa e pálida contrastava fortemente com seus cabelos negros, lisos e ensebados. Em seguida um calafrio trouxe-lhe uma má impressão do nobre. O príncipe parecia emanar em sua aura, grande sede de poder. De alguma forma, suspeitava que iriam se confrontar, mais cedo ou mais tarde.

Quanto a Lanark, o outro irmão, parecia ser apenas um tolo portador de um ridículo corte de cabelo em forma de cuia. A ideia de casar-se com Hana, no entanto, incomodava-o um pouco. Numa rápida conversa que teve com ela naquela manhã, percebeu grande ambição e um estranho olhar, que o deixou confuso. Ninguém, nem mesmo Weiss o deixava confuso apenas com um olhar. Farejava bruxaria e não se surpreenderia se toda a família estivesse metida com magia. Restava sua última opção e a melhor até o momento, a própria Rainha Alena. Jovem, bonita e aparentemente inocente e indefesa. Além disso, infeliz no casamento com um velho decrépito.

Apesar de todas as ideias, Calisto começava a irritar-se um pouco com a situação. Bajulação, conversas fúteis, comida e bebida em excesso. Um pouco curioso quanto aos pensamentos do Rei, resolveu fazer uma pequena investigação. Olhou-o com o cantos dos olhos expandindo sua consciência a fim de captar os pensamentos do monarca.

Antes que pudesse captar qualquer coisa engasgou-se. Algo parara em sua garganta e não queria sair. Não conseguia respirar e a situação ficou um pouco embaraçosa. O barão de Lersh que estava sentado três assentos ao lado levantou-se e posicionou-se atrás de Calisto que estava com o rosto vermelho. Bateu forte com as mãos espalmadas nas costas do jovem e disse, – Não se preocupe Lorde Calisto, eu entendo de engasgos.

Calisto surpreendeu-se ao enxergar uma imagem do rosto do rei na superfície do seu prato de sopa. A imagem disse-lhe irritada, – Nunca! Nunca ouse tentar seus truques contra mim, está entendido? Da próxima vez, você morrerá sem ar. – Em seguida, a imagem apagou-se e Calisto cuspiu um objeto dentro da sopa. O barão de Lersh muito satisfeito anunciou, – Não lhe disse jovem Lorde? Sobre engasgos, eu entendo!

Aproveitando a deixa o Rei Maurícius anunciou, – É muita emoção para tão pouco tempo! Minha idade já me trai... Se todos me derem suas licenças, vou repousar um pouco. – Levantou-se e falou com Alena. – Se for o desejo de Minha Rainha, pode ficar a aproveitar o banquete.

O príncipe Serin levantou-se e anunciou, – Posso acompanhá-lo Majestade? Gostaria lhe falar.

– Pois sim, meu filho, vamos. – Encarou Calisto e disse-lhe sorrindo, – Melhoras meu caro, e aproveite a festa.

Calisto ainda ofegante respondeu com ódio contido, – Muito obrigado Majestade! – Observou Maurícius tomar distância com olhar fixo, mas teve a atenção atraída para a Rainha.

Alena sorriu para Calisto e perguntou-lhe, – E então Lorde Calisto, onde vivia até então?

Calisto ficou um pouco sem jeito com a maneira com a qual a Rainha lhe falava. Era a segunda vez em um dia que o olhar de uma mulher deixava-o confuso. Seria uma bruxa também? – Nenhum lugar em especial. Um aposento confortável e muitas estantes com livros para ler.

– Então gosta de ler? Que interessante! Ler é o meu passatempo favorito. – disse a Rainha simpática.

Calisto não compreendia aquele excesso de gentileza, mas mentiu para não ser rude. Na verdade, não gostava de ler, mas era obrigado, primeiro por Thoudervon, depois por Weiss. – Gosto de ler, sempre que tenho tempo.

– E que tipo de leitura gosta mais?

– Tipo? Ah... política.

– E quanto aos romances?

– Romances?

– Sim.

– Nunca li.

– Nunca?! Tenho ótimos romances, e volumes de poesia épica também, talvez queira levar alguns emprestados?

Disse, – Ah sim, claro. – e pensou, – Para que diabos alguém perderia tempo lendo romances? Isso me dá uma ideia, vejamos no que pensa essa Rainha, na realidade. – Com um pequeno toque na mente da Rainha Calisto captou uma informação que o fez abrir um largo sorriso. Pensou, “É romântica e sonhadora... Ela me acha bonito!! Oh, isso vai ser muito mais fácil do que imaginava! Talvez nem precise dobrar a mente dela, ela poderá gostar de mim naturalmente”.

Ao mesmo tempo, a princesa Hana observava a conversa e pressionava os lábios. Pensava, “Isso não é nada bom! Vamos ver Lorde Calisto, o quanto você é capaz de resistir a verdadeiros encantos femininos.” Chamou a atenção de Calisto e disse sedutora, – Por favor, Lorde Calisto, poderia passar-me a jarra de vinho?

Enquanto o menino passava a jarra, Hana desabotoava a capa de seda escura que cobria seu peito colocando-a na sobre o encosto. – Ficou quente, não? – Sem a capa, Hana revelava um provocante decote que ficou em evidência quando ela se inclinou para receber a jarra das mãos de Calisto. Antes de tomar a jarra acariciou os dedos do rapaz por uns instantes. – Muito obrigada, meu Lorde.

Calisto caiu na armadilha e não pôde evitar notar os grandes talentos da princesa. Engoliu seco e encarou-a olhos nos olhos ficando confuso pela terceira vez naquele dia. Momentos depois, recobrava a plena consciência e pensava, “Eu não vou me deixar influenciar por este tipo de coisa. Um grande imperador tem que se libertar das perigosas influências femininas. Tem que ser frio e capaz de usar as mulheres para atingir seus objetivos, e nada mais.” Mesmo pensando nisso com grande determinação, até o fim do banquete seus olhos foram incapazes de evitar o decote da princesa Hana ao menos por três outras vezes.

***

Enquanto o banquete em honra do novo nobre seguia seu curso, uma sinistra reunião estava para começar. Aqueles que eram conhecidos entre si como, Os Sete, reencontravam-se pela primeira vez após a ocasião em que comemoraram o sucesso dos estratagemas de quase uma década para conquistar o Reino de Lacoresh.

O Rei Maurícius e seu filho, Príncipe Serin entraram no sombrio salão de encontros, nas catacumbas do Castelo Real. O local era iluminado à luz de velas, poucas na realidade. Dois pares em um candelabro sobre a mesa e três mais sobre uma cômoda em um dos cantos do salão. Lá estavam à espera, quatro figuras sombrias e malévolas. Havia uma mesa retangular e sentado à cabeceira estava aquele considerado o mais poderoso e terrível: O esqueleto Thoudervon. Vestia o habitual manto avermelhado, que revelava apenas o crânio e as mãos. Ele foi o primeiro a falar com sua voz nada humana, – Rei Maurícius, Príncipe Serin. Felizes por conhecer o prematuro?

Maurícius percebeu o sarcasmo escondido e não revelado no tom de voz da criatura, mas procurou ignorá-lo. – Digamos que foi bastante interessante. – disse o velho e sentou-se, no lugar vago ao lado da cabeceira oposta, vazia, e ao lado de Himil Weiss, o deformado monge Naomir que se afundara nos caminhos das trevas. Serin sentou-se imediatamente à frente do pai, ao lado de Alexanus, o atual líder da ordem dos magos, instrutores da Alta Escola de Magia.

No lado oposto, sentado à direita de Thoudervon, estava Arávner, o mais alto e pálido dos presentes. Ele disse impaciente, – Temos a mesa, composta, com exceção de nosso imprevisível, e, sempre atrasado, companheiro Rodevarsh.

Para a total surpresa de Arávner uma voz chinfrim respondeu do lugar vazio ao lado de Alexanus, no outro lado da mesa. – Engano seu velho amigo, estava aqui, já há algum tempo. – Saltou a partir do assento vazio, um pequeno rato negro com olhos vermelhos e brilhantes.

Um mal-estar surgiu no local, principalmente por parte de Arávner, poderia estar ele distraído a este ponto? Como pode não notar a presença do aliado. A vozinha falou novamente, com ar de triunfo, – Vamos lá, velho amigo. Não fique preocupado por não ter sido capaz de detectar minha presença. Acredite-me, esforcei-me bastante para conseguir este feito.

Serin um pouco nervoso falou, – Então, antigo Thoudervon, podemos começar nossa reunião?

– Ótimo jovem Serin, comecemos!

Alexanus, o mago, possuía cabelos grisalhos, rosto magro e compenetrados olhos azuis. Lia com seu olhar os sinais corporais de cada um dos presentes. Tornou-se um homem quieto e observador na medida em que desceu mais e mais nos caminhos das trevas. Percebia muito com sua observação afiada. Identificou o conflito e competição que havia entre o silfo Rodevarsh e Arávner. Sabia de muito que seria falado naquele encontro e gostava de fazer previsões. Sorriu ao prever crescentes conflitos que em última instância poderiam beneficiá-lo.

Weiss chiou, – Proponho sacrifícios ao Lorde do submundo.

Arávner havia cuidado deste detalhe o logo chamou seu criado, Kurzeki através de comandos mentais. “Kurzeki, trazei a garota.”

Pouco depois a risada irritante e constante de Kurzeki preencheu o salão. Ele trazia nos braços uma jovem. Uma moça que nunca atingiria a maturidade, uma infeliz camponesa.

Arávner anunciou, – Ela é inocente e tem um bom coração.

Weiss chiou excitado, – O tipo que eles adoram ver eliminados da face deste mundo!

Alexanus não conseguiu evitar engolir seco por uma fraqueza que ainda carregava: certa compaixão por inocentes.

A moça foi posta sobre a mesa e Arávner livrou-a de seu transe, deixando sua consciência liberta. Porém, todos seus músculos permaneciam imóveis, presos pela vontade do cruel Arávner.

Thoudervon ordenou, – Façam-no rápido, não temos tempo para longos rituais.

A moça horrorizada observava sem poder reagir à investida de Serin. O príncipe, fascinado pela morte, empunhava uma lâmina delicada. Disse com grande ternura, – Não se preocupe querida, vou aproveitar seu corpo. Será uma ótima criança das trevas.

Alexanus não resistiu e secretamente operou um feitiço que fez com que a moça experimentasse uma morte sem dores, e mostrou-lhe, imagens ilusórias de céus abertos e campos floridos. Serin cravou o punhal no coração da vítima e sorriu. Estava feito o sacrifício. A moça tremeu consultivamente e morreu, momentos depois. Kurzeki retirou-se. Houve um silêncio enquanto aguardavam a saída do verme.

O velho mago teve a impressão de que era observado por Thoudervon, mas era algo impossível de dizer, pois a criatura não possuía olhos, apenas as fendas escuras da face esquelética.

Quase ignorando o sacrifício, Thoudervon comentou, – Nosso colóquio finalmente pode estabelecer-se.

– Pois sim. – disse Rodevarsh, num tom de voz etéreo. Neste momento assumia a forma de uma sombra instável que tomava lugar no assento vazio.

– Estou particularmente satisfeito. – declarou Arávner. – Chegamos a um novo e importante momento da quarta fase de nosso estratagema.

Thoudervon concordou, – Verdade. Pois me digam, aliados, o que acharam do debute do prematuro Calisto?

Serin foi cauteloso e mesmo preocupado. Procurou não denunciar seus sentimentos, – Jovem e forte. Acima de tudo, belo. Parece perfeito para seu papel.

Maurícius disse incomodado, – Pode ser que ele agrade, porém temo que possa se tornar um problema. Não gosto dele. Temo que possa fugir ao controle.

Rodevarsh ponderou, – Ninguém tem que gostar, precisamos tolerá-lo, seguir com os planos e cumprir os objetivos.

Weiss riu-se, – Você o teme, Maurícius! Pois eu lhe digo estimado Monarca, ele está sob meu controle, e pode muito bem continuar como está!

Arávner duvidoso criticou, – Pareces muito confiante Weiss, talvez algo que tenhas aprendido com o menino?

Weiss torceu os músculos queimados e deformados de sua face e bateu na mesa. – Não duvide de mim... Ele é apenas um menino.

Rodevarsh, em sua forma natural, um silfo muito velho com um tapa olhos provocou, – Um menino sim, mas indefeso?

Arávner interveio, – Não há motivos para temê-lo, já medi seu poder, e aprendendo por si só como faz, nunca será capaz de oferecer perigo.

– Mas se conseguisse um professor? – indagou Maurícius.

– Quem? – retrucou Arávner. – Quem? Simplesmente não há ninguém. Nunca seria capaz de entrar em Tisamir, e sua essência foi trabalhada para absorver muito das trevas. Nem mesmo um tisamirense desgarrado tomá-lo-ia como aluno.

Rodevarsh considerou, – E quanto ao discípulo de Kivion, Noran?

– Sem chances. Além do mais, acredito que minhas instruções aos nossos colegas tenham sido claras. Fizessem o que quisessem aos outros, mas para o discípulo de Kivion, a morte.

Weiss sibilou, – Oh! Mas não se esqueça caro Arávner! Que desejo que o jovem DeReifos seja trazido a mim.

– Como quiseres...

Serin divagou olhando para o teto negro e disse, – Terá sido prudente confiar o poder de Miorcrovus a alguém como Fernon.

– Foi-lhe dito para não evocá-lo a não ser em extrema urgência. – respondeu-lhe o pai.

– Ainda assim, – considerou Rodevarsh, – é cada vez mais seguro contar com as influências das profundezas, a cada dia que passa, há um progressivo fortalecimento.

– É verdade, mesmo que o use, não seria desastroso nesses dias. – confirmou Maurícius. – Mas ainda, há uma preocupação.

– Qual? – quis saber Arávner.

Maurícius revelou, – Seu irmão, caro Rodevarsh, o bucólico silfo Modevarsh. E não minta sobre sua morte novamente.

Rodevarsh visivelmente irritado respondeu com os lábios cerrados, – O desgraçado enganou-me pela última vez, mas logo chegará o momento...

– Mas pai, porque o silfo Modevarsh seria uma ameaça.

– Poucos sabem, meu filho, que o silfo Modevarsh adentrou e domina os poderosos fluxos de Jii.

– Entendo, ele poderia instruir o Primogênito. Especialmente se descobrir nossos planos. Talvez criar um vilão poderoso, capaz de enfrentar outros que ele mesmo é incapaz de derrotar.

– Exato filho! Por isso é que defendo a ideia que sempre defendi. Que o Prematuro seja mantido em cativeiro, que fique confinado no subterrâneo da Necrópole.

Arávner contrapôs a ideia, – E com isso assumiríamos muitos riscos. Se ficar preso, não poderíamos acompanhar seu desenvolvimento, não poderíamos testá-lo, e se não for ele? E se for um outro?

Thoudervon pronunciou-se, – E você Alexanus, o que teria a dizer? Por que não compartilha conosco seus pensamentos?

Alexanus pressionou os olhos e pigarreou, – O menino, conforme pude observar, é vaidoso e tem grande sede de poder. Temos que usar suas falhas para alcançarmos nossos objetivos.

Thoudervon concordou, – Muito bem, Alexanus. Ainda há certo tempo até o grande alinhamento. Joguemos com o rapaz. Há muitos jogos para jogarmos. Compremos tempo e observemos seu progresso. Ele pode ser prodigioso, mas não pode contra todos nós. Mais problemas, estimados aliados?

Maurícius, insatisfeito, procurava alguma forma de sustentar suas ideias, mas não encontrava argumentos fortes o bastante.

Thoudervon frente ao longo silêncio, voltou a falar. – Algo me incomoda. Talvez você esteja certo, Rodevarsh.

– Quanto ao que?

– Quanto ao discípulo de Kívion. – anunciou o esqueleto e fez uma pausa. Acrescentou levemente irritado. – Miorcrovus, foi derrotado. Mirtzlorgh não estava muito contente com o ocorrido. Contatei-o antes do sol, nesta madrugada. Pela lógica, o único capaz de derrotá-lo seria o tal pupilo. Isso significa que Fernon falhou. Se ainda estiver vivo, deve ser contatado. Que lhe sejam enviados reforços! O discípulo, como previ, ainda pode ser uma ameaça. Uma pena você ter perdido controle sobre ele, não é mesmo Arávner?

Arávner aceitou a crítica e retrucou, – Uma pena que estivesse viajando.

– Ao menos os resultados da viagem foram positivos. – Acrescentou Serin.

– Pois sim, jovem Príncipe. Positivos o suficiente para deixar toda esta preocupação com esse moleque em segundo plano. É verdade, precisamos ser cautelosos como sempre, mas parece estar escrito: o sucesso será nosso. Ao atingirmos a quinta fase, certamente nada poderá nos deter.

Rodevarsh esfregou as mãos e disse, – Pois trabalhemos, velho amigo, para que seu otimismo seja consolidado.

Maurícius indagou, – E quanto aos jogos, antigo Thoudervon? Quando iniciaremos os testes com o Prematuro?

– Já começaram humano... Já começaram.

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