Se algum dia você estiver com vontade de falar que uma situação não pode piorar, pare imediatamente! Jimin é a prova viva de que nunca se deve achar que já está no fundo do poço, pois sempre pode piorar. E foi assim que ele acabou, nu, debaixo da cama do cara que ele mais odeia na faculdade, tendo que ouvir ele transar com a namorada. Tudo começou em uma sexta normal, ele tinha acabado de sair da aula e já pensava na macarronada que seu pai deveria ter preparado, ele estava tão distraído que acabou derrubando a chave do carro dentro de um pequeno ralo que havia no estacionamento.

Se ele tivesse uma chave extra não precisaria se preocupar, mas era a única chave que possuía e não havia nenhum chaveiro aberto naquele horário. Jimin então tentou abrir o ralo, mas a grade estava chumbada no chão, restava então ele improvisar uma forma de pegar sua chave novamente.
Foi com muito esforço, uma régua, um clip e uma porção de fita adesiva, que ele conseguiu tirar o precioso objeto de dentro de seu confinamento. Com esse tempo que ele demorou no processo quase cirúrgico da retirada da chave, o estacionamento estava praticamente vazio.

Ele seguiu para seu carro e abriu a porta, quando estava pondo o cinto notou a filha do diretor vindo pela parte escura do estacionamento e entrando no carro ao seu lado. Não era da conta de Jimin, então ele apenas ligou o carro e deu partida, mas ao abaixar o vidro para poder melhorar a visão ele acabou por ver a garota aos amassos com um dos professores. O choque ao ver aquilo fez com que o rapaz soltasse o pé da embreagem, fazendo o motor do carro morrer, o que acabou chamando a atenção do casal. Jimin deu um sorriso amarelo para eles e partiu em direção à sua casa.

Na segunda feira tudo começou a dar errado, a notícia de que um professor e uma aluna estavam saindo se espalhou pelo campus, e segundo o regimento interno da instituição isso era causa de demissão para o professor, afinal além de ser antiético poderia causar trocas de favores, o famoso sexo por nota. Para piorar, a filha do diretor jurava de pé junto que Jimin havia espalhado aquela fofoca sobre ela, e foi assim que seu pesadelo começou.

Após a demissão do professor, muitos alunos que gostavam dele, seja na forma de suas aulas seja um crush que possuíam, acabaram se voltando contra Jimin, ele achava que o bullying havia acabado quando terminou o ensino médio, mas descobriu que adultos podem ser mais cruéis que adolescentes.

E no meio dessa confusão toda o pai de Jimin começou a correr riscos, Yoongi era professor de piano na faculdade e era casado com um ex aluno. Porém o namoro de Yoongi e Hoseok começou apenas após a formação do mais novo, mas como todos estavam procurando uma forma de atacar Jimin, e o diretor era pra lá de preconceituoso, uma investigação se iniciou para saber se Yoongi deveria ser demitido ou não.
Assim o rapaz mal conseguia dormir direito, seu pai andava nervoso com a ameaça de demissão batendo na porta, as provocações e xingamentos de seus colegas estavam lhe tirando do sério, e agora alguns professores começaram a pegar no seu pé o cobrando mais que os outros alunos, certamente aqueles que possuíam casos irregulares com medo de serem denunciados.

Em uma das madrugadas sem dormir, Jimin levantou beber água, mas decidiu por fim fazer um brigadeiro. Quando o doce estava pronto ele pegou a panela e foi subir para o quarto, mas ao passar pela sala notou a porta da varanda aberta, quando foi fechar viu que Hoseok estava regando as flores.

— Hobi? O que faz acordado essas horas?

— Eu acho que posso perguntar o mesmo. São 4 da manhã e você acordado.

Hoseok deixou o regador de lado e sentou na mesa do jardim chamando o mais novo pra lhe fazer companhia.

— Fazendo um lanchinho, é?

— Eu não conseguia dormir, tá tudo um caos, eu to pagando por algo que nem fiz, e talvez sobre até pra você e pro meu pai, eu perdi o rumo da minha vida.

— Calma Jimin, não é culpa sua.

— É sim, se ele perder o emprego vai ser por culpa minha, lembra quando eu fui entrar pra faculdade? Eu tive que entrar com um pedido de reavaliação só porque o diretor alegou que meu pai havia interferido na minha nota, e ele nem chegou perto da minha prova!

— Jimin, não se culpe, culpe aquele babaca idiota que se acha o dono de tudo.

— É tão difícil.

— Eu sei meu anjo, mas qualquer coisa você tem a mim e ao seu pai, a gente sempre vai te ajudar.

— Eu queria que eles não fossem tão cruéis, principalmente o Jungkook.

— O filho do diretor?

— Isso, ele é o pior, diz que estraguei a imagem da irmã dele.

— Você pode tentar a violência, a indiferença, ou estender uma bandeira de paz.

Na noite seguinte, Jimin procurou Jungkook por todo o campus, encontrando ele jogando futebol no ginásio, quando o jogo acabou ele foi até seu alvo.

— Jungkook!

— O que o duende de jardim faz aqui? Querendo estragar a vida de mais alguém?

— Eu queria conversar com você, isso tudo é um grande mal entendido, eu não falei nada da sua irmã, você tem que acreditar em mim.

— E por que eu faria isso? Você é só o babaca que estragou tudo pra ela, agora todo mundo acha que as notas perfeitas dela só existem graças a ela sair com professores.

Jimin suspirou derrotado, ele sabia que não adiantaria conversar com ele. Quando voltou para casa, encontrou seu pai bebendo direto da garrafa no sofá, enquanto Hoseok preparava miojo.

— O que é isso?

O garoto tirou os sapatos e pôs sua mochila do lado do sofá.

— O diretor disse que se não conseguir nenhuma prova concreta que eu e seu pai começamos a sair só quando eu terminei a faculdade, até segunda feira, seu pai está no olho da rua.

— Por isso ele tá bêbado igual meu tio avô no Natal e você fazendo miojo mesmo dizendo que é veneno comestível?

— Exato.

Com um longo suspiro, Jimin pegou a garrafa de seu pai e virou na pia da cozinha, usou seu telefone pra pedir um jantar decente e fez os mais velhos sentarem na mesa consigo.

— A gente precisa dar um jeito nisso.

— Eu sei filho, mas o diretor me odeia, te odeia, se odeia, é muito ódio... bate até uma deprê.

— Mas beber não vai resolver isso. Seguinte, vamos chamar ele e a família dele pra um jantar! Assim eu tento convencer eles que não fiz nada.

— Jimin – Hoseok segurou a mão do garoto olhando em seus olhos – eu sei que sou seu padrasto, e eu deveria te apoiar como um pai faria.

— Sim, mas?

— Mas essa ideia é muito burra.

— Você quem mandou eu estender a bandeira da paz!

— Sim, mas isso não quer dizer trazer o maior babaca preconceituoso que eu conheço pra nossa casa, eu não vou aceitar aquele idiota nessa casa! Não vou mesmo.

...

— Mais vinho diretor? – Hoseok estendeu a garrafa enchendo a taça do homem – ficamos lisonjeados que tenham aceitado jantar conosco.

— É, muito lindo, muito bom, mas vamos direto ao ponto – o diretor bebeu um gole do vinho e olhou sério para Jimin – o filho do Yoongi...

— Nosso filho – Jimin pode ver a raiva implícita na fala de Hoseok.

— Isso, o filho do Yoongi estragou com a vida da minha filha com sua fofoca, o caso dos senhores acabou entrando em discussão, e agora caso não provem que não namoravam na época que você era acadêmico ele perde o emprego, fim de papo. É difícil entender?

— Diretor você precisa acreditar em mim – Jimin estava quase se jogando aos pés daquele homem pra implorar – eu não espalhei nada, eu juro.

— Você está me chamando de mentirosa? – a garota bateu a mão na mesa com força – seu merdinha eu vi quando você foi o último a sair do estacionamento!

— Vocês estavam em um estacionamento, qualquer um podia ver!

— Ta me chamando de puta exibida?

— Não ponha palavras na minha boca!

— Claro, porque você iria preferir uma rola!

— Crianças parem! – Yoongi bateu a mão na mesa fazendo todos olharem pra ele – a gente fez esse jantar pra se entender, não pra brigar mais.

— Gente – a esposa do diretor começou a tossir – eu não me sinto bem.

— O que aconteceu? – Hoseok levantou correndo ir buscar uma água entregando pra ela.

— O que tinha nessa comida?

— Nada de diferente, carne, arroz, tempero, farofa de amêndoas...

— O que você disse? – o diretor ficou pálido enquanto a esposa se abanava – ela é alérgica!

— O que?

— Alguém chama a ambulância!

Jimin correu ligar para ambulância enquanto os outros tentavam ajudar a mulher, quando o socorro chegou o diretor e sua filha foram junto de acompanhantes deixando Jungkook para levar o carro pra casa.

Depois de toda aquela confusão, o jantar estava arruinado, Jimin não sabia o que fazer quando viu seus pais pegarem uma garrafa de vodka e um pote de sorvete sentando no chão da cozinha enquanto lamentavam que tudo tinha dado errado e agora de vez que Yoongi seria demitido. Então o jovem pegou uma cerveja na geladeira e se jogou no sofá chorando.

— Pelamor – Jungkook cruzou os braços parando do lado do sofá – levanta daí, isso é deprimente. E olha que acabei de ver o professor de música do lado do marido dele misturando vodka com sorvete de chocomenta.

— Tá tudo errado, a gente ta fudido, eu sou um fudido. Meu pai vai ser demitido.

Jungkook passou as mãos no rosto cansado, ele não iria ficar naquele lugar, saiu gritando um tchau e foi até o carro. O problema é que ele não pegava de jeito nenhum, ele socou o volante e saiu pensando em ligar pra um uber, mas ao pegar seu celular notou que estava sem bateria.

— Que merda!

Mesmo contra vontade, ele entrou na casa novamente, ele poderia ir andando até a casa? Sim, mas o tempo parecia que ia chover a qualquer minuto.

— Seguinte seus gays bêbados e deprimidos, meu carro pifou e vai chover, e eu não tenho bateria no celular, alguém chama um uber pra mim?

— O Jimin te leva, relaxa – Hoseok gritou da cozinha enquanto era possível ouvir o barulho de Yoongi vomitando – aproveita e compra um remédio pro teu pai!

Jungkook suspirou cansado, enquanto isso Jimin levantou do sofá e pegou as chaves do carro.

— Vamos, só me guia.

Eles seguiram sem falar nada, durante o caminho a chuva começou, Jimin reduziu a velocidade e continuou indo, só que em certo momento um ciclista atravessou sua frente batendo no carro. O garoto parou imediatamente e tirou o cinto.

— Não! Não, não, não, não. Isso não pode estar acontecendo.

Enquanto Jimin descia verificar o ciclista, Jungkook se apoiou na porta suspirando exausto, aquele dia estava uma porcaria. Ele acompanhou com os olhos quando Jimin foi ver se o homem estava machucado, e também viu quando o velho aparentemente bêbado tentou agredir o garoto.

— Eu não acredito nisso.

Jungkook tirou o cinto e mudou para o banco do motorista, ele buzinou acenando para Jimin entrar e foi logo atendido, pisando fundo no acelerador ele desviou do bêbado que praguejava no meio da rua.

— Obrigado Jungkook.

— De nada, sério Jimin, apanhar de um bêbado na chuva?

Eles se encararam e começaram a rir, aquela noite estava sendo um caos mas ao menos poderiam dar boas risadas depois. Quando chegaram na casa dos Jeon's, Jungkook insistiu que Jimin entrasse trocar de roupa, afinal poderia ficar gripado se ficasse com aquela.
Agradecendo a gentileza, Jimin entrou na casa e aceitou, ele foi guiado até o quarto de Jungkook que entregou uma toalha pra ele e foi procurar o que ele poderia vestir. Jimin tirou a roupa e começou a se secar quando ouviram uma voz feminina vindo do corredor.

— Jungkook querido, vim te fazer uma surpresa!

— Merda! É minha namorada, Jimin se esconda!

— O que??

Antes que pudesse fazer qualquer coisa, Jungkook saiu do quarto correndo deixando Jimin sozinho, o rapaz não sabia o que fazer então enrolou a toalha na cintura e se jogou debaixo da cama.

Alguns minutos se passaram e Jimin se perguntava se já poderia sair, mas como se eles estivessem apenas esperando ele pensar nisso, os dois entraram no quarto e o garoto pode ver pelo fresto da cama as roupas sendo jogadas no chão.

Aqueles foram os piores minutos para Jimin, ele podia ouvir o barulho dos dois transando e a cama se mexendo, e o pior era que nem tinha o celular por perto pra se entreter. Mas o frio que ele tomou junto com a chuva começou a fazer efeito, ele tentou segurar um espirro por algumas vezes, porém acabou espirrando forte fazendo o casal parar o que fazia.

— Jungkook, o que é isso? – a garota se levantou e abaixou do lado da cama encontrando Jimin – que merda é essa Jungkook?

Jimin sorriu amarelo vendo a garota se levantar e começar a discutir com o namorado, ele foi saindo debaixo da cama enquanto a garota se vestiu com pressa e saiu da casa batendo a porta.
Demorou alguns minutos e Jungkook apareceu trazendo uma garrafa de bebida.

— Bebe comigo Jimin?

O garoto aceitou e eles dividiram a garrafa, ela não estava nem na metade quando Jungkook se virou pra Jimin se aproximando.

— Sabe Jimin, sempre te achei muito gostoso sabia, e te vendo assim sem nada eu só tenho certeza disso.

— Você não era hetero Jungkook?

— E?

— Jungkook você ta bêbado.

— Eu só bebi nem meia garrafa de bebida, que você dividiu comigo, eu não to bêbado.

— Você namora!

— Ela terminou comigo! Por sua causa!

Jimin olhou pra Jungkook sem saber o que fazer, o garoto se aproximou e ele fechou os olhos se deixando ser beijado. Como os dois ja estavam sem roupa, não demorou muito para o clima esquentar e Jungkook estar pegando camisinhas na gaveta dele.

— Você é tão lindo Jimin, eu sempre quis isso.

— Achei que você me odiasse, principalmente por causa da sua irmã.

— Por que eu te odiaria se fui eu que dedurei aquela vadia.

— O que?

— Sabe Jimin – Jungkook vestiu a camisinha pondo o membro na entrada do outro rapaz, que já havia preparado antes – ela sempre foi a princesinha do papai – lentamente ele começou a entrar fazendo Jimin gemer – eu precisava mostrar que ela não era o anjinho que todos vêem.

— Mas... ela é sua irmã...

— E meu pai sempre preferiu ela, eu sempre fui deixado de lado, sempre cobrado em excesso, e ela? Até seus erros eram bons.

Aos poucos os movimentos de Jungkook aumentaram e Jimin se agarrou nos lençóis gemendo alto, parecia que ele estava despejando toda sua raiva guardada ali.

— Eu só namorava aquelazinha pra ver se meu pai se orgulhava de mim, mas ao invés disso ele tratava ela melhor que a mim. Sabe Jimin, não se preocupe que eu sei como ajudar seu pai.

O rapaz saiu do interior de Jimin e o virou deixando olhando em seus olhos. Eles seguiram transando com força até chegarem juntos ao seu ápice.

Quando acordou pela manhã, Jimin tomou um susto ao ver Jungkook o abraçando pelado. Depois que o mais novo acordou eles tomaram café e Jimin voltou pra casa.

Na segunda feira, a notícia que o diretor tinha um caso com uma aluna já tinha corrido todo o campus, as fotos dele com a garota já haviam chegado até nas mãos do dono da faculdade, causando sua demissão.

— Isso é coisa sua?

Jungkook se virou ao ouvir a voz de Jimin, ele sorriu deixando um beijo na testa dele.

— Talvez. Eu posso te contar num jantar sábado.

— Está me chamando pra um encontro?

— Talvez. Se você não apanhar de mais nenhum bêbado até la.

— Eu não imaginei que ajudar alguém daria naquilo.

Jungkook riu e deu outro beijo na testa do garoto, precisava ir até Yoongi se desculpar, e incentivar o professor a se candidatar pra direção do campus, afinal agora as coisas poderiam estar da forma que sempre deveriam ter sido.