Capítulo 39 - Acontecimentos Internos, Parte II

~James~

Ao ver meu anjo saindo sã e salva de dentro daquele prédio, nem sei como descrever direito aquele sentimento. Eu estava encostado na porta do carro e conversava com Isaac. Mas assim que olhei em seus olhos, sai dali e fui direto ao seu encontro. Não me importei com mais nada.

Ela sorriu ao me ver. Quando eu a alcancei ela tremeu um pouco em meus braços. Observei o seu rosto e ela parecia preocupada. O que será que aconteceu com ela nesse dia? Suas mãos e pernas estavam cobertas com gazes e seus pulsos avermelhados. Ao ver seu estado, eu me preocupei mais ainda.

Mesmo assim, não falei nada, somente a puxei para o meu abraço, me aproximei para sentir o seu cheiro, sentir o toque quente da sua pele perto da minha. Eu precisava daquilo para acreditar que tudo não era um sonho. Ela estava aqui do meu lado, e se ela aceitar, nunca mais vai sair dele.

Minha mãe, Isaac e Bianca se aproximam também a abraçam e avaliam como eu. Todos parecem radiantes por ela estar ali. Eu me afasto um pouco, permitindo que todos falem com ela, mas não me permito afastar demais. Essas quase 24 horas que passei longe dela quase não passaram.

Eu a observo. Seu corpo curvilíneo coberto por um fino vestido claro, cabelos soltos, pés descalços e um olhar cheio de lágrimas e assustado. Nem consigo imaginar pelo o que ela passou, mas tenho certeza que vou estar do lado dela, a apoiando.

O tempo está frio, e noto que ela treme um pouco. Por isso retiro o meu casaco e coloco sobre os seus ombros. Ela me dá um sorriso fraco.

– Que bom que você está ao meu lado anjo. Senti sua falta. E quase morri de preocupação. Desculpe-me por não termos te encontrado mais cedo...

– Eu sei que não foi sua culpa amor. Eu só de você estar aqui, eu estou muito feliz.

– Eu vou te encontrar sempre anjo. Mas espero nunca mais termos que passar por uma situação dessas...

– James, eu tenho, e-e-eu... – ela fala baixo, com os olhos marejados, e acaba por abaixar a cabeça.

Me parte o coração a ver nesse estado. Ela parece tão frágil, nem parece a mulher forte que sempre está ao meu lado. As palavras saem como um sussurro da sua boca, e ela ainda treme muito em meus braços. Não sei se pelo frio, ou pelo medo que ainda sente.

– Calma anjo – a puxo para meus braços e tento acalmá-la. Passo minha mão pelos seus cabelos e tento fazer com que ela pare de tremer. – O que quer que tenha acontecido, eu vou entender. Vamos todos entender. E você não precisa falar agora se não quiser...

– Não James, você não entende... Eu tenho que... Tenho que falar antes que...

O restante dos policiais começam a sair do prédio. Camila congela com a cena, e não fala mais nada. Ainda bem, pois aproveito a oportunidade para prestar atenção no homem que eles vem trazendo. O homem é alto e forte, vem com a cabeça baixa, à passos largos.

Ele não ia passar por mim antes de dar uma boa olhada em seu rosto. Ia olhar no fundo dos olhos desse homem infeliz que nos fez passar por tudo isso. Eu ia colocar finalmente um rosto no meu sofrimento.

Quando o homem ia passando por mim, fez questão de parar e olhar em meus olhos. E eu passei vários segundos olhando para aqueles olhos azuis, pensando que talvez aquilo seja realmente um sonho. Não pode ser verdade.

– Oi maninho – Ian fala na maior tranqüilidade.

Eu estou plantado no meu lugar. Meus braços caem ao lado do meu corpo, e eu não sinto mais o calor de ninguém perto de mim. Como se eu tivesse desligado do mundo. As lembranças do meu irmão mais novo e eu brincando e confidenciando histórias inundam minha mente.

Eu o observei crescer. Ele me ajudou em muitos momentos da minha vida, assim como eu o ajudei. Ele não fez isso.

Tinha que ser um engano.

Mas o sorriso cínico que ele tinha em seus lábios. Rosto que eu nunca tinha visto nele. Ele parecia outra pessoa, mas eu só conseguia enxergar meu irmão que sempre corria para mim quando caía de bicicleta.

Cabelos ondulados loiros esbarram em mim. Vejo Bianca passar por mim e chegar na frente do meu irmão. Ela começa a desferir diversos tapas nele, e gritava muito. Ela estava possessa de raiva.

– Seu canalha, louco, sem noção, psicopata, filho da mãe! – um dos policiais que estava ali a segura, mas ela ainda consegue dar uma tapa que faz o rosto do Ian virar. O policial a afasta dele, e ela se debate furiosamente em seus braços. – Como você pôde fazer isso comigo? Como pôde fazer isso com a minha amiga? Eu confiei em você, eu amei você seu porco duas caras! Eu entreguei meu coração à você, e é assim que você é realmente? Tomara que você apodreça detrás das grades e que eu nunca mais tenha o desprazer de te ver! Seu, seu... – ela de repente para de se debater nos braços do policial e cai no chão, chorando desesperadamente.

Eu ainda estou parado no mesmo lugar. Ian está a poucos metros de mim e ainda tem o mesmo sorriso nos lábios. Eu vejo quando Camila passa por mim e vai para o lado da amiga. As duas estão no chão, Camila tem os olhos cheios de água, mas não derrama nenhuma.

Então que eu lembro que a minha mãe está ali. Eu viro o rosto, procuro seus olhos, tenho que ver se ela também está ali, se ela conseguiu assimilar aquilo, pois a minha ficha ainda não caiu. Tento não acreditar nessa cena que se desenvolve aqui na minha frente.

Encontro a minha mãe a poucos metros atrás de mim. Ela está sentada sobre as próprias pernas no chão. Isaac está ao lado dela. Só consigo ver as lágrimas brilhando em seus olhos. Ela cobria a boca com as mãos e escutei ela murmurar alguma coisa. Mas só conseguia acompanhar o movimento da cabeça dela. Era uma negação constante.

As palavras saiam abafadas de sua boca e eu não entedia nada. Meus pés pareciam estar fixados no chão. Eu perdi a capacidade de falar, de andar, de reagir. Não sei quanto tempo fiquei em pé ali, olhando para o rosto de todos. Meus olhos embaçaram e eu não vi mais ninguém. Me entreguei a um sofrimento silencioso e solitário. Fechei os olhos enfim.

Finalmente eu consegui me mover. Ao abrir os olhos vi que as pessoas tinham mudado de lugar. Minha mãe estava perto do Ian, mas de longe, observando. Isaac consolava a Bianca que ainda me parecia muito abalada. E Camila conversava com o delegado Xavier ao longe.

Me aproximei deles, pois Camila parecia estar falando sobre os acontecimentos, e eu gostaria de saber o que ela passou. Ao chegar ao lado dela, Camila pareceu relaxar um pouco, e ela continuou a falar.

– Então quando eu acordei, vi que eu estava amarrada em cima de uma cama, por correntes e algemas. Eu acordei assustada e não fazia idéia de onde eu estava... Lembrei de todos os acontecimentos que me levaram a estar algemada em cima daquela cama. Ele me levou almoço, e acho que tentou estabelecer um sentimento em mim. Ele admitiu que vem me observando há mais de dois anos... E ele trouxe a ex do James para o quarto, e você sabe o fim da história. Ele a matou na minha frente. Disse que tinha urgências, e coisas do tipo. Depois me deixou sozinha para que eu tomasse banho. Me deixando sozinha com o sangue. Meu Deus, tanto sangue... Ele pediu uma pizza e tentou passar o resto da noite comigo como se não tivesse feito nada...

O depoimento dela foi nublado pela decepção que cresceu dentro de mim... Meu irmão. Meu tão querido irmão mais novo.

Uma nova série de policiais começam a sair do prédio e dois deles vem carregando um saco preto. Imagino que seja para o corpo que a Camila disse.Minha ex? Era Marina naquele saco? Meu irmão tinha feito aquilo? Ele além de seqüestrador também era assassino? Não, isso não pode ser real. É muita coisa acontecendo. São muitas lembranças boas que serão aniquiladas com esses fatos.

Olho para Ian, que já está encostado na viatura policial. E vejo o olhar de pura satisfação quando ele observa as pessoas manipularem aquele saco preto.

Ele sempre foi assim?

Quando foi que eu deixei passar aquela personalidade dele?

Quando foi que perdi isso?

E, foi nesse exato momento, que a minha ficha caiu. Ian é o responsável por atormentar a minha vida e a da Camila por meses, e ele também é um assassino.

Naquele exato momento, meu irmão mais novo morreu para mim.

Ou pelo menos a pessoa que eu achava que ele era. A pessoa que eu achava que conhecia. O menino que eu ensinei tudo o que eu sei. Quem eu ajudei a fazer os deveres de casa. Para quem eu arranjei a primeira namorada. Quem eu sempre contei como parte imutável da minha vida. Quem eu já tinha ajudado tantas vezes que tinha perdido a conta. Quem sempre demonstrou carinho por todos.

Esse irmão tinha morrido.

E eu tinha ficado com esse irmão. Essa pessoa que eu não conhecia a verdadeira face. Nem sabia do que ela era capaz.

O sofrimento que eu tinha dentro de mim se transformou rapidamente em ódio. Um pouco de ódio de mim. Muito ódio dele. Como uma pessoa pode ser assim? Mas o sofrimento ainda está lá.

Eu vou me aproximando lentamente da pessoa que mais magoou o meu coração em toda a minha vida. Uma faca estava enfiada no meu peito e a cada passo que eu dava na direção dele, mais a faca era torcida e me fazia sangrar por dentro.

Meu Deus! Eu tinha ligado para ele hoje. Ele escutou o meu sofrimento. E mesmo assim mentiu na cara dura para mim? Ele provavelmente atendeu perto dela, ela me escutou falando com ele... Meu peito tinha tanto sentimento, eu nem sabia o que eu estava sentindo agora... De tudo um pouco.

Chego na sua frente. Estou com os punhos fechados, respiração entrecortada e visão embaçada.

– Por quê? – são as primeiras palavras que saem da minha boca por um bom tempo.

– Nada muito pessoal James, eu só precisava ter um pouco da sua garota...

– Mas isso não faz sentido Ian, você estava com a Bianca, você estava feliz com ela, você até perguntou da Bianca para a Camila!

– Errado mano, eu estava feliz com a proximidade que eu ganhei com a Camila. A Bianca foi somente um meio para um fim.

– Por quê tudo isso mano? Porque não conversou comigo?

– Cansei de conversar James. O que conversa, o que tenta explicar o seu lado nunca consegue o que quer. E eu queria muito a Camila.

– Mas você... Não, isso só pode ser engano. Diz que isso é um engano Ian.

– Deixe-me poupar o seu tempo James, isso não é um engano, eu realmente persegui a sua namorada, eu que mandei os emails, eu que mandei as mensagens, eu que falei tudo. Planejei tudo o que fiz com a ajuda da moça do saco ali. Cansei de ser o irmão bom que ficava feliz quando dançam em cima da minha felicidade. Eu simplesmente fui atrás dela. Simples assim. Sem mais nem menos.

– Ian, mas você...

– Aceita logo que dói menos mano. Eu seqüestrei a sua namorada e matei a sua ex noiva.

Nem ele e nem ninguém viu aquele soco chegando.

Senti um estralo de ossos na minha mão e admiti que tinha quebrado alguma coisa nele. Não importa o quê, ele tinha quebrado algo muito mais importante em mim.

O sangue jorrou em cima do capô da viatura da polícia, olhei para o meu punho e tinha alguns respingos de sangue. Ian olha para mim e dá um sorriso vermelho. Ao olhar a satisfação no rosto dele ao provocar aquela reação em mim, só fez a vontade de socar a cara dele novamente aumentar.

E foi isso que fiz.

Minha mão desceu pesada no rosto dele mais uma vez. E de novo. Estava quase acertando o rosto dele quando minha mãe grita.

– Não filho, chega, ele ainda é o seu irmão – minha mãe me alcança e segura o meu braço. Ela não tinha força para me segurar, mas ao sentir seu toque, me acalmei um pouco.

– Não mãe, eu não tenho mais um irmão mais novo...

Eu abaixo o punho e vejo o estado dele, coberto com sangue. Os policiais falam alguma coisa comigo, mas eu nem presto atenção. Eu só consigo olhar nos olhos da minha mãe. Ela tem os olhos avermelhados e inchados, o azul tão bonito e brilhante, agora está sem vida. Ela está muito pior do que eu.

Ela está entendendo a situação tão bem quanto eu, mas está aceitando um pouco melhor. Mas o próprio filho, tal barbaridades. Deve ser demais para um coração de mãe. Dou um abraço apertado nela e sinto lágrimas molharem a minha camisa.

– Eu sinto muito – meu anjo fala ao se aproximar de nós.

– Querida, eu sei que você não tem culpa – minha mãe fala, indo abraçar ela. – Se tem alguém aqui que deve pedir desculpas, esse alguém sou eu...

– Nada disso mãe, se tem alguém que deve pedir desculpas, esse alguém é o Ian... – falo triste.

Os policiais colocam meu irmão dentro da viatura e o levam. Minha mãe só observa abraçada com a Camila o carro se afastar e se perder nas ruas da cidade. Ela me chama para um abraço em meio as lágrimas. E eu vou. Ficamos ali, nós três, entregues às lágrimas.

O delegado Xavier se aproxima de nós.

– Camila, se você quiser, podemos deixar o seu depoimento oficial para amanhã. Se você quiser ir para casa. Eu entendo...

– Não delegado Xavier, eu quero logo me livrar disso. Vamos logo resolver – ela fala em meio as fungadas.

Claro que eu não a deixei ir sozinha para a delegacia. Então coloquei a nossa família e amigos desestruturados dentro do meu carro e fomos para a delegacia. Camila fez questão que eu ficasse ao lado dela, escutando o depoimento. Ela me disse que não teria forças para falar sobre isso novamente por um bom tempo, então era melhor eu escutar o que ela tinha a dizer.

Me senti fisicamente mal ao escutar tudo o que ela tinha passado. Tudo o que o meu irmão tinha feito ela passar, tudo o que aconteceu em tão pouco tempo.

Decepção era pouco para o que eu sentia. E nem imagino a minha mãe. Ela estava com os olhos arregalados, escutando cada palavra da Camila. Quando Camila começou a narrar os eventos que envolviam a Marina, minha mãe não suportou, levantou da cadeira e saiu correndo da sala. Bianca foi atrás dela. Eu precisava ficar ali. Precisava escutar tudo.

Ouvir todo o planejamento dele. As ações que ele teve. Era demais para mim. Mas era necessário meu conhecimento. Quando Camila terminou de falar já se passavam da meia-noite, e todos estávamos com os nervos à flor da pele.

O delegado ainda falou rapidamente comigo e com todos os que estavam lá, mas respondi tudo no automático, ainda tentava não desabar com tudo aquilo. A exaustão bateu em mim com força, já que eram uma hora da manhã e eu não dormi nada por dois dias. O delegado percebeu o nosso cansaço, e mesmo ainda faltando alguns detalhes na história, ele nos liberou.

– Vão para casa. Comam alguma coisa, tentem descansar. Os detalhes que faltam não são muito importantes, depois pegamos eles. Vamos tomar conta por agora.

Somente assenti com a cabeça e saímos da delegacia. Convidei todos a dormirem no nosso apartamento, não quero fazer nenhuma parada, só quero ir para casa.

E sem nenhuma objeção, partimos para o apartamento. As ruas vazias por conta da madrugada ajudaram a nossa chegada. A viagem foi feita em silêncio, ninguém fez questão de falar nada.

Estaciono o carro na minha vaga e saímos do carro. No elevador foi outro momento de silêncio. Ao chegarmos no apartamento, abro a porta e digo onde podem dormir e encontrar alguns itens necessários.

Camila vai direto para o nosso quarto, e eu auxilio a todos a se instalarem. Depois, vou para o nosso quarto, a porta do banheiro está aberta, e Camila está tomando banho. Ao abrir a porta do box, vi que ela se esfregava com muita força.

Sua pele branca estava ficando vermelha, mas ainda conseguia distinguir perfeitamente as marcas em seus pulsos.

Cheguei perto dela e depositei minhas mãos em seus ombros, ela fica um pouco menos tensa. Eu beijo o topo da sua cabeça molhada.

– Estou muito feliz por você estar aqui meu anjo – e eu realmente estava feliz, mas tudo ficou meio encoberto pela decepção e raiva por descobrir que era o Ian por trás de tudo aquilo.

– Eu tive tanto medo James. Pensei que eu nunca mais fosse te ver – ela vira e me abraça a cintura.

– Eu também anjo. Mas você está aqui, nos meus braços. Tudo vai se resolver.

– Assim espero meu amor. Desculpa James, eu gostaria de ter te preparado um pouco melhor, afinal, a notícia...

– Acho que não teria como eu me preparar para receber uma notícia dessas meu anjo. Nem se que quisesse.

– Desculpa.

– Você não tem culpa anjo, pode parar de se desculpar. Além do mais acho que íamos descobrir, mais cedo ou mais tarde...

Ela me abraça por mais alguns momentos e terminamos o banho. No vestimos e fomos deitar na cama. Não falamos mais nada. Só apreciando o calor das nossas peles. Mesmo com todo o cansaço, o sono ainda demorou um pouco a vir.

Acho que somente o tempo é que vai poder fechar essa ferida. Minha família ainda ter que superar tudo isso.

Quatro meses depois...

O escândalo que se deu por causa do Ian, desestabilizou a empresa. O nome da IJJ sofreu muito com todas as manchetes que envolviam o Ian. Eu ainda acordava com pesadelos da loucura que minha vida era.

Ian estava preso em um hospital para criminosos insanos. Descobrimos, depois de muito sofrimento que ele realmente tinha enlouquecido, sua visão da realidade era totalmente distorcida. Ele está preso e o mais fora da minha vida que eu permito.

Minha mãe ia visitá-lo sempre uma vez por semana, mas só depois do primeiro mês, ela usou aquele tempo para encontrar em seu coração o perdão que eu não tinha. Eu nunca fui vê-lo. Ela sempre diz que ele pergunta por mim e pelo meu irmão. Mas ainda não tivemos a coragem de ir até lá. Não sei se um dia eu vou conseguir olhar em seus olhos.

Mamãe está um pouco mais conformada, eu ainda consigo ver a tristeza no olhar dela, mas ela sempre vai lá visitá-lo. Ela encontrou uma maneira de ver o filho dela. Acho que por ter saído dela, ter sido o seu filho mais novo, ela consegue. Mas ela ainda está muito chateada com tudo aquilo.

Outra notícia que recebemos com grande choque foi a descoberta de um filho do Ian e da Marina.

Um garotinho ruivo muito tímido. Mas um amor de criança. Minha mãe ficou muito feliz ao descobrir que ela tinha um netinho. E o amor que ela tinha com o pequeno Murilo era uma coisa linda de se ver. Ele era tão educado, e tão parecido fisicamente com o pai.

Ele mora com os tios da Marina, e eles o tratam como um filho, mas mesmo assim, ele ainda me chama de titio e minha mãe de vovó. O meu começo com ele foi meio conturbado, não sabia como me comportar perto dele. Mas ele tinha um sorriso tão bonito, que em questão de dias, ele me conquistou.

A sua entrada na família foi bem suave, foi feita aos poucos. E ele conquistou a todos.

Minha mãe depositou uma grande parte do seu amor na criança. E os dias foram passando e ela ficava cada vez mais apegada ao Murilo. Ela mergulhou de cabeça naquela relação e no trabalho.

Ela e Jaime estavam trabalhando duro para reerguer a empresa do papai. Aos poucos a empresa ia dando os passos para deixar toda aquela confusão para trás e se tornar estável e confiável novamente.

Camila pediu demissão da empresa. Assim como muitos funcionários. Disseram que não sentiam bem trabalhando lá. E eu não culpei ninguém. Todos tinham  direito de trabalharem onde se sentissem bem... Eu também nem coloquei meus pés lá. Foram muitas lembranças que eu dividi com o Ian lá, e eu preferi esquecê-las.

Camila agora estava trabalhando com o irmão dela. Impressionante como ela tem muita noção de administração. Isaac tinha montado uma agência de viagens, e ela ainda era pequena e desconhecida, mas muito bem frequentada.

Os negócios iam bem, e ela se distraía muito bem do trauma que ela passou. O tempo é mesmo a melhor coisa. Agora ela já sorria mais, brincava mais e eu notava que ela não se esforçava tanto para ser feliz.

O tempo nos ajuda. Mas temos que ajudar com o tempo.

Nos aproximamos ainda mais, conversávamos sempre que tínhamos a oportunidade, e se teve alguma coisa boa que saiu dessa história foi a aproximação que resultou no fim das contas. Nossas famílias se encontravam com uma maior frequência. Falávamos quase tudo. Okay, talvez tivesse uma coisa que eu não esteja falando.

Minha mãe e Camila tem andado de segredinhos por esse último mês. Achei maravilhoso como elas se entendem bem. E se tudo der certo, vão se dar melhor ainda. Eu estava me roendo de curiosidade para saber o que tanto elas falavam, mas como eu tinha o meu segredo, não senti que estava no direito de perguntar.

Minha mãe assim que começou a ter esses segredinhos com a minha namorada, ficou mais feliz, ela realmente parecia estar animada com alguma coisa. Sempre que eu tentava me intrometer na conversa, elas duas desconversavam. Mas como as duas pareciam contentes em me esconder esse assunto, eu fiquei conformado em não saber.

Isaac ficou ao lado de Bianca o tempo inteiro, sempre a apoiando, sempre ao lado dela. Ele ainda é louco por ela, mas sabe respeitar o tempo dela. Afinal, ela também estava envolvida com o Ian, e ele não queria empurrar demais.

Os pais da Camila resolveram dar um tempo nas viagens constantes e começaram a passar mais tempo com os filhos. Lembro do último churrasco que tivemos no domingo. Camila e Bianca brincavam na piscina com a Josy e o Murilo. Jaime trouxe para casa a nova namorada e ela me aprecia ser uma moça do bem. Seu Cláudio me puxa para um canto.

– Filho, você não desistiu de pedir minha filha em casamento não, não é? – ele pergunta me balançando os ombros.

– Claro que não seu Cláudio, nunca que eu ia desistir. Só quis dar um tempo para ela. Para que ela possa esquecer um pouco...

– Ela me parece bem não é? – ele aponta para a piscina.

Camila está rindo de maneira verdadeira, carregando a Josy nos ombros, enquanto a Bianca carrega o Murilo. Ela parece tão distraída, e quando percebe que está sendo observada ela dá um aceno para nós. Retribuo o aceno e abro um sorriso.

– Realmente seu Cláudio, acho que já estamos prontos – falo feliz.

– Claro que estão James. Vocês merecem essa felicidade.

Seu Cláudio me abraça e eu decido que não vou mais adiar a minha felicidade.

E hoje, com tudo o que eu preciso dentro do carro para pedi-la em casamento. Eu sei que não está igual a primeira, mas é melhor assim, pois não estamos iguais.

Alguns amigos da corporação vieram me ajudar. Não só lá da corporação. Pedi ajuda da Bianca e de alguns amigos. Todos concordaram. Tudo estava encaminhado. Só faltavam os últimos ajustes, e eu ter a certeza que ela estava em casa.

Sim, mesmo o carro dela estando na garagem, quero ter certeza que ela está em casa para não corrermos o risco de revelar a surpresa antes do previsto. Por isso, antes de liberar todo mundo para começar a arrumação, eu disco o número dela. Depois de uns três toques ela atende.

– Oi lindo – ela fala animada.

– Oi anjo. Está em casa?

– Sim, eu já cheguei tem uma meia horinha acho, você está bem?

– Estou sim linda, só gostaria de avisar você que talvez eu chegue um pouco atrasado em casa. Estou preso num congestionamento enorme, acho que deve ter acontecido alguma coisa pelo caminho, estou a uns quinze minutos parado no mesmo local – e isso não era mentira, eu realmente estou parado no estacionamento há uns quinze minutos.

– Nossa amor, tudo bem... Eu espero você para jantarmos.

– Espero que eu chegue em casa em breve. Você quer jantar comigo em algum lugar diferente hoje linda?

– Não sei amor, a gente resolve alguma coisa quando você chegar que tal?

– Tudo bem anjo. Até breve.

– Até lindo.

Mais breve do que você pensa anjo. E espero que você goste da surpresa. Dou o sinal verde para todo mundo e colocamos a mão na massa.

Boa tardeee ;D Como prometido, a segunda parte do capítulo 39 está aqui e narrada pelo bombeiro mais lindo :D Bem, o último capítulo também será dividido em duas partes, e vou ver se consigo fazer do mesmo jeito que fiz com esse capítulo. Um dia posto uma parte e no outro dia posto a outra.

Mas somente na próxima semana ;/// Tenho uma última prova para fazer na quinta feira e eu vou ter que estudar loucamente para ela ^^ Vou me desdobrar para postar o final o mais rápido possível. E claro, não vamos esquecer do epílogo. ;D

Mas e aí, curiosas para saber o que o James está planejando? Só digo uma coisa, vai ser diferente... ;D

Gostaram do capítulo? Coração apertado, e vamos ter fortes emoções no próximo capítulo <3 Beijos queridos e queridas e até breve ;*

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