Capítulo 34 - Convite
Um momento de silêncio tomou o quarto e eu estava nervosa. Marcelo. O que esse cara ainda ia fazer mais? Que outra maneira ele ia encontrar de machucar o amor da minha vida? Nem consigo imaginar como ele está se sentindo.
A única coisa que posso fazer é ficar aqui ao seu lado. Dando apoio e escutando o que ele queira me falar. James olhava para as nossas mãos que estavam entrelaçadas e estava com a cabeça baixa.
– Ele virou para olhar para mim anjo. Ele teve a cara de pau de fazer isso.
– Ele virou? Ele falou alguma coisa com você?
– Não. Ele estava sério, mas quando olhou em meus olhos e viu meu choque abriu um sorriso. O que eu fiz pra acontecer isso comigo? Eu sou uma pessoa tão ruim assim para acontecer isso comigo?
– Não meu amor. Você é a melhor pessoa que eu conheço – falo me aproximando mais dele. Quero passar um pouco do meu apoio.
– E porque isso continua acontecendo? Porque eu não posso ter um momento de sossego? Porque eu não posso aproveitar plenamente a felicidade que é estar com você?
Abraço ele. Não tenho uma resposta pra isso. Não tem nada que eu possa falar que vá fazer ele se sentir melhor. Sinto uma gota molhar meu braço. Meu coração se corta. Mas ele não faz um som. Chora ali, silenciosamente, e eu também não falo nada. Espero ele se acalmar.
– Eu sou um bobo mesmo.
– Claro que não lindo. Você é humano e é normal.
– Vou parar com isso – ele enxuga as lágrimas e tenta dar um sorriso. – Só não entendo o que ele ganhou para fazer isso... Afinal, o que a Josy representa para ele?
– E ele a conhecia?
– Acho que só a viu quando ela era uma bebezinha... Qual foi a sua motivação?
– Só consigo pensar em uma, Marina – percebo que explanei meu pensamento em voz alta. Quase me arrependi.
– Tenho certeza que a polícia vai encontrar o motivo. E se a Marina tiver envolvida com isso pode ter certeza que ela vai sofrer todas as conseqüências...
– Polícia?
– Claro que sim meu amor. Agora eu já sei quem foi o autor do crime. Eu não vou descansar enquanto não souber toda a história. E se a Marina estive envolvida, pode ter certeza que ela vai sofrer todas as consequências!
Eu tinha me levantado e estava andando de um lado para o outro do quarto, estava muito inquieta. Parecia que James ainda queria falar alguma coisa. Eu estava muito nervosa para escutar, imagine ele para falar!
– Ele tinha uma arma – James fala tão baixo que me perguntei se ele tinha realmente falado isso. Mas ele tinha que ter falado, minha imaginação não tinha pensado em uma coisa tão horrenda.
– Quê? – aquelas palavras tinham feito meus joelhos vacilarem e eu despenco que nem jaca podre no chão. Meu Deus! Que perigo James tinha passado... James sentou no chão na minha frente e segurando minhas mãos, voltou a falar.
– Ele apontou uma arma para mim. Por isso que eu parei de persegui-lo – levei minha mão a boca e senti vários nós se formando em minha garganta.
– James – levantei um pouco do chão e pulei em seu pescoço, agradecendo silenciosamente por não ter acontecido nada com ele. Não sei nem o que eu faria se algo acontecesse a ele...
– Ei anjo, não precisa ficar assim, eu estou bem... – James acariciava as minhas costas, mas uma sensação fria e ruim não queria ir embora.
– Mas e se... – Não consigo nem terminar a frase. As lembranças do meu pesadelo voltam com força total e meus olhos se enchem de lágrimas.
– E se nada. Eu estou aqui não estou? Mas não vou mentir que também fiquei estático com tudo aquilo. É difícil acreditar que você se enganou tanto com uma pessoa... Ele apontou a arma para mim, disse que era pra ficar parado onde eu estava, não fazer nenhum movimento. Depois disso, entrou em um carro sem placa. E eu ali parado no lugar, tentando acreditar em tudo o que eu tinha visto e escutado.
– Nossa meu amor, agora eu entendi porque você estava tão transtornado para me falar. Realmente foi muito complicado...
– Já passou. Mas pelo menos resolvemos um mistério. Pelo menos já sabemos quem estava com a Josy naquele dia. Para meu espírito ficar tranqüilo, eu só tenho que descobrir quem está mandando os emails para você e eu vou dormir em paz.
– É, pelo menos uma resposta pra esse mundo de perguntas...
– Mas vamos dormir anjo? Hoje o dia foi bem louco e nós precisamos descansar muito, já que amanha á dia de luta.
– Vamos sim meu amor – as emoções daquele dia me desgastaram completamente, e eu estava exausta.
James me pega em seus braços e me leva para cama, me depositando ali em cima delicadamente.
– Boa noite meu anjo – ele fala, dando um beijo na minha testa enquanto eu me ajeito próxima a ele. Seu corpo quente me envolve, junto com uma sensação boa.
– Boa noite bem.
Dormimos rapidamente, buscando abrigo no abraço um do outro.
Acordo primeiro. Fico observando seu rosto adormecido entre os meus seios. Tarado ate quando dorme! Sua barba estava um pouco grande, escurecendo levemente seu rosto, dando a ele uma cara de malvado, mesmo dormindo calmamente. E ele ficava um pecado mesmo dormindo!
Desperto o James da pior forma possível. Sabe aquele espirro que surge do nada? Pois é, só tive tempo de virar o rosto para o outro lado. Sutil como elefante cinza em um apartamento.
– Hã? – James senta rapidamente na cama, assustado. Coitado!
– Desculpa amor. Isso não é jeito de te acordar. Mas não consegui segurar...
– Ah não meu anjo, tudo bem – sua voz estava mais rouca do que a usual, o que acordou partes bem sugestivas do meu corpo.
– Bom dia – falo, dando um beijo em sua bochecha.
– Isso é jeito de me dar bom dia?
Enlaço meus braços em seu pescoço e dou um selinho demorado – Assim está melhor?
– Um pouco – ele rola por cima de mim e prende minhas mãos acima da cabeça, sua boca avança no meu pescoço, onde ele deposita mordidas e beijos. – Eu prefiro assim.
– Huuuum James – partes sugestivas do meu corpo acordaram de vez e já tinham toado um banho.
– Adoro quando você fala meu nome assim, logo de manhãzinha cedo – James também já tinha acordado e me pressionava entre as pernas. Delícia!
– James, temos crianças em casa... – por mais que eu quisesse continuar com tudo aquilo, temos que nos controlar.
– É mesmo né? – ele continua a beijar meu pescoço e vai descendo seus lábios sensuais, descendo e beijando meus seios cobertos pela camisa. Eles estão tão rígidos que ele não tem dificuldade nenhuma de puxar um com os dentes.
– James – minha voz sai carregada de desejo e eu não consigo segurar um pequeno gemido.
– Shiu! – ele faz uma falsa cara de bravo, e isso combinado com os seus cabelos bagunçados, fica quase demais para assimilar de manhã. – Temos crianças em casa, lembra?
– Mas isso não vale! Se eu gritar aqui, é você que vai ter que explicar pra Josy ...
– É só você ficar caladinha que não vamos ter problemas – ele fala apertando minhas coxas e ainda com o rosto nos meus seios.
– Você é muito tarado.
– Mas eu sou seu tarado.
Ele toma a minha boca com vontade e eu nem me importo com os nossos hálitos. Coloco a minha mão por dentro da sua calça e começo a massagear seu membro pulsante. Ele já está tão pronto... Batidas na porta interrompem o nosso amasso.
James cai do meu lado, sua respiração está bastante irregular, mas a minha mão ainda está dentro da sua calça. Ajeitei o lençol ao nosso redor, de modo que escondia tudo o que eu estava fazendo debaixo dos panos.
– Tio James? – a voz baixa da Josy falou fo outro lado da porta.
– Pode entrar princesa! – James tentou se livrar da minha mão, mas eu não o soltei. Ele me olha assustado, e fala um "solta" só com os lábios. Eu nego com a cabeça e mantenho sorriso. Agora volto a fazer pequenos movimentos, imperceptíveis, pois eu não quero que a Josy veja.
– Oi tia Camila.
– Bom dia linda menina, você dormiu bem?
– Eu dormi muito bem sim. Eu me lembro de estar assistindo TV e quando acordo, estou toda coberta na minha cama.
– Tio James viu que você estava dormindo no sofá e te levou pro seu quarto lindinha – falei controlando o riso. James estava ficando inquieto e apertava o travesseiro atrás dele com firmeza.
– É o senhor tio que vai me levar pra escola hoje? – olhei para o James que estava muito concentrado na minha mão e em não fazer barulho que nem prestou atenção na pergunta que a Josy fez.
– Na realidade princesa, quem vai levar você pra escola hoje sou eu! E que tal, você ir tomar um banho bem legal e se arrumar para a escola?
– Obaaa! Vou tomar um banho já – ela corre na direção da porta e parece feliz demais com aquilo.
– Não esqueça de escovar os dentes também princesa!
– Esqueço não tia! – ela olha para nós e solta a maçaneta. Tio James, o senhor está bem? Está com uma cara um pouco diferente...
Olho pra ele e tenho que segurar a maior gargalhada de todas. James está de olhos fechados e está puxando levemente seus cabelos de lado. Ele tem o maxilar contraído.
– James – dou um aperto levinho no seu membro junto com um empurrão no seu ombro, o que faz ele pular de susto e abrir novamente os olhos. Mordo o interior da minha bochecha para não rir. – Amor a Josy está falando...
– Ah! Hum, oi Jô, desculpa o tio, o que foi que você falou que eu não prestei atenção?
– O senhor está bem? Seu rosto tá bem vermelho...
– Estou sim princesa – James coloca a mão por debaixo do lençol e segura a minha, parando meus movimentos. – O tio está um pouco distraído nessa manhã. É que eu acabei de acordar, mas não é nada demais.
– Tá bom então – ela sai saltitando do quarto. Ela NE percebeu o que estava acontecendo por debaixo dos lençóis.
Assim que a porta fecha, eu mergulho de volta ao travesseiro para abafar a minha gargalhada. Ri muito, até a minha barriga doer. James retira o travesseiro do meu rosto assim que as risadas param um pouco. Seus olhos estão negros como eu nunca vi. De repente não tinha mais graça.
– Banheiro. Agora – ui como ele estava mandão! E quem sou eu pra recusar uma ordem assim tão gostosa de um bombeiro.
Me levantei e corri pra o banheiro. James seguiu todo o tempo atrás de mim, com a sua ereção quase me machucando as costas. Assim que pus meus pés para dentro do banheiro, James tranca a porta atrás de nós. Puxa minha blusa pela minha cabeça e começa e me estimular por cima do tecido de algodão.
– Mas você não é uma menina muito má?
Minha mente estava fervendo e eu não conseguia organizar direito os meus pensamentos. Sua mão direita passeava pelo meu corpo e a esquerda me estimulava sem parar. Ele arrancou todos os tipos de sussurros e gemidos da minha boca.
Ele afastou um pouco minha calcinha e colocou um dedo devagar na minha intimidade. Combinado com o aperto no meu seio, acabei soltando um gritinho um pouco alto demais. James virou meu corpo e colou ao dele, calando minha boca com um beijo intenso.
Nem vi a hora que ele se desfez das suas calças e me penetrou de uma vez. Mais uma vez meu grito foi abafado com o seu beijo e ele me levou enlaçada na sua cintura até o chuveiro. O choque dos nossos corpos quentes com a água fria só fez tudo aquilo ser mais gostoso ainda.
Eu pensava que James ia ser brutal, mas fizemos amor, com um pouco de pressa, mas ainda foi amor. Quando ele me coloca no chão novamente, estou com as pernas um pouco bambas, mas ele me ajuda a me ensaboar e eu ensabôo aquele corpo dos deuses.
– Me avisa quando for fazer aquilo – James fala, quebrando o silêncio do chuveiro.
– Mas se eu avisar não vai ter a mesma graça! – abro um enorme sorriso pra ele, que também começa a gargalhar.
– Quase que eu enlouqueço hoje, meus dedos estão doloridos de tanto apertar aquele travesseiro! E vai ter volta, você sabe né?
– Mal posso esperar – saio do box, e me enrolo em uma toalha. Vou em direção ao nosso quarto, me arrumar.
Momentos depois James sai do banheiro e também começa a se aprontar. Mas minha nossa senhora dos bombeiros gostosos! O que era aquele homem de uniforme? O incêndio que ele começou no meio das minhas pernas não é brincadeira!
A vontade de descer pelo cano dele tomou conta de mim. Isso era até covardia comigo. Não só comigo, mas com muita mulher por aí... Ô vontade louca de arrancar todas as minhas roupas e pedir pra ele me beijar assim! Controle-se sua maníaca!
Sentei na nossa cama e fiquei me abanando com as mãos enquanto ele terminava de se aprontar. Quando ele colocou aquelas botas, morri e fui pro céu! Ele estava procurando alguma coisa na gaveta do armário, completamente alheio ao olhar que eu dava para ele. Quando finalmente percebeu meu olhar em toda a sua gostosura, sorriu amplamente para mim.
– Pára de olhar assim pra mim anjo...
– Só se você parar de parecer completamente comestível com esse seu uniforme!
– Comestível? – ele levanta uma sobrancelha, tentando ficar sério, mas começa a gargalhar. Ele olha pro seu corpo, me fornecendo uma visão 360º daquele monumento.
– Isso é um atentado a minha calcinha!
– Anjo...
– Putz amor, estou falando sério – me levantei da cama e me aproximei dele. – Estou com uma vontade quase que incontrolável de lamber você inteiro! Me apaixonei por você mais uma vez...
– Vem cá – ele abre os braços me chamando para um abraço. Lógico que eu fui, mas quase que tive que ir de canoa, estava complicada a situação ali pra mim.
– Tá bom parei.
– Parou nada. Se eu soubesse que você ia gstar tanto assim, tinha aparecido vestido assim mais cedo! – ele fala rindo, plantando um beijo no topo da minha cabeça.
– Seu besta!
– Seu mesmo – ele me dá um selinho. – E eu já lhe disse que você fica completamente adorável com essa carinha de desejo?
– Disse – pisquei um olho pra ele. Saio daquele abraço, pois se eu me demorasse mais, minha mãos não iam responder por mim.
– Mas você fica.
– Se você tivesse uma tatuagem no braço, você ia ser igualzinho o homem dos meus sonhos...
– Então quer dizer que eu não sou – ele pergunta divertido.
– Claro que é seu bobo. Mas é só coisa de menina sabe? Quando escrevemos no nosso diário a descrição de um homem ideal, que nos ame, que seja lindo, que nos compreenda, essas coisas sabe? Aquele ser perfeito que você monta na sua cabeça, o príncipe encantado...
– Bom, se é assim, fico lisonjeado por você achar que eu sou o seu príncipe encantado. Mas você sabe que eu sou cheio de defeitos ao sabe?
– Claro que sei disso, todo mundo tem defeitos. Eu tenho os meus, e você tem os seus, mas o importante é que nos damos bem e nos amamos apesar de tudo isso. Porque eu não te amo somente pelas suas qualidades, eu te amo pelos seus defeitos também.
– Se isso é possível, acho que eu te amo um pouco mais agora.
– Muito bom escutar isso. Vou falar com a minha versão adolescente e mandar ela esperar, que ela vai conhecer um cara que vale a pena! Só faltou mesmo a tatuagem...
– E isso pode ser arranjado...
– Nada disso! Só faça uma se você realmente quiser uma! Se você fizer uma só pra me satisfazer vou ficar chateada!
– Agora não entendi. Mas fica tranquila, que eu estou só brincando. Eu nunca curti tatuagens, não tenho interesse de fazer uma...
– Ainda bem! Você já é ideal assim para mim e isso é que importa!
– Quero que você lembre disso pra sempre. Lembre disso quando eu fizer uma burrada viu?
– Lembro sim. E eu espero que você também lembre o quanto você me ama quando eu vacilar também viu?
– Com toda certeza. Agora vamos né linda, senão vou chegar atrasado no meu primeiro dia e eu não quero isso...
– Vamos.
James pega minha mão e vamos para a sala. Josy ainda não está ali e James pede para eu ir chamá-la. Passei no quarto da Josy e ela estava lutando com o cabelo dela, tentando fazer uma trança, mas estava um embaralho só! Me aproximo dela e pergunto.
– Você quer ajuda com isso princesa?
– Quero – ela fala, fazendo beicinho.
– Você já arrumou a sua mochila? – perguntei enquanto tentava retirar as várias ligas que ela tinha colocado no cabelo.
– Já sim, falta só eu pegar a minha agenda.
– Okay – peguei uma escova que tinha na cabeceira da cama e comecei a pentear seus longos fios. Fiz uma trança bem bonita e cheia. Tinha ficado linda. – Pronto Jô – falei prendendo o final da trança com uma liga pequena e me levantando da cadeira.
Ela sorriu e saiu do quarto sorrindo, segurando a minha mão. Na sala ela segurou a mão de James e saímos para a garagem. James tinha colocado algumas frutas e sucos em uma lancheira para a Josy e entregou para mim.
Ao chegar à garagem James me entrega o assento dela e arruma tudo no banco traseiro do carro. Após deixa a pequena confortável no banco, ele se vira na minha direção e me dá um abraço.
– Até mais tarde meu anjo – ele fala, e me dá um selinho. – Vê se não esquece de comer alguma coisa! Não vá passar o dia sem comer nada!
– Até bem – dou uma piscada para ele. – E você também não esqueça de se alimentar – me aproximo do seu ouvido e falo baixo. – Tenho planos para o seu uniforme mais tarde.
– Mal posso esperar – ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. – Tchau princesa, até o final de semana! – ele abaixa a cabeça para que a pequena consiga ver o seu rosto.
– Até tio James – ela dá um tchauzinho fofo e James entra no seu carro, que está estacionado ao lado do meu.
O passeio até a escola da Josy foi bem rápido,não peguei trânsito e chegamos lá em quinze minutos. Ela passou a viagem toda conversando comigo, me falou o nome das suas amigas da escola e dos seus professores. Ela gostava muito de lá pelo o que eu percebi.
Chegando na escolinha, desci do carro e fui ajudá-la a sair do carro. Peguei sua pequena mãozinha e a acompanhei até os portões. Muitas crianças corriam numa quadra que tinha ali e pude ver também alguns pais se despedindo de seus filhos. Me abaixei um pouco e dei um abraço nela. Seus braços passaram pelo meu pescoço.
– Até breve pequena – falei quando ela me libertou do abraço.
– Até tia Camila. Me diverti muito no carro hoje com você.
– Eu também lindinha – dei um beijo na sua testa e a olhei até ela entrar na sua sala de aula.
Levantei do chão e fiz meu caminho de volta para o carro. Desviava das crianças que corriam loucamente entre as minhas pernas. Estou nos portões da frente da escola quando escuto alguém chamar o meu nome. Olho ao meu redor e não vejo ninguém conhecido. Deve ter sido somente impressão, deve ser alguma criança com o mesmo nome.
– Camila! – a voz grita novamente e agora eu tenho a impressão que eu conheço essa voz.
Quando olho novamente ao meu redor vejo Gabriel a poucos metros de mim, ele se aproximou com um sorriso.
– Ah! Olá Gabriel!
– Eu pensei que realmente fosse você... Como está?
– Vou bem, obrigada e você?
– Também vou bem.
– Desculpa a pergunta, mas o que o trás aqui?
– Ah, meus filhos estudam aqui.
– Filhos?
– Sim, tenho gêmeos. Um menino e uma menina, eles têm oito anos. Os amores da minha vida.
– Não sabia que você tinha filhos...
– Tenho sim. Mas é porque eles moram com a mãe, e eu aproveito qualquer oportunidade que tenho para passar com eles... Mas você, tem filhos?
– Não não, vim aqui deixar a Josy. Você a conhece?
– Claro! Adoro a pequena! Mande minhas lembranças pra ela.
– Claro que sim.
– Camila, desculpe ter que sair assim, mas hoje tenho muito trabalho a fazer, não posso conversar muito. Mas você ainda está me devendo uma visita!
– Ah sim, claro, é porque esse final de semana foi muito corrido, desculpa.
– Sem problemas, mas apareça linda!
– Pode deixar.
– Até breve Camila.
– Nos esbarramos nos elevadores.
Nos despedimos e cada um foi em uma direção. Cheguei no trabalho na hora certa, e pedi um sanduíche pra minha sala, precisava comer alguma coisa ou o James ia implicar depois. Comi no escritório mesmo e mergulhei no trabalho. Meu Deus, mas como eu estava aprendendo a gostar do que eu fazia. O ambiente, as responsabilidades, tudo era incrível e eu estava me adaptando muito bem.
Onze horas meu telefone começa a tocar.
– Alô?
– Olá Camila, aqui é a Susana, tudo bom?
– Tudo sim Susana, e com você?
– Bem obrigada. Camila, liguei porque o senhor Ian quer dar uma palavrinha com a senhorita, você pode falar agora?
– Claro que sim Susana. Eu chego já aí.
– Obrigada.
Pego somente o meu celular e arrumo os papéis em cima da minha mesa. Aviso a minha secretária que eu estou saindo e que anote meus recados. Pego o elevador e aperto o botão do último andar.
Lembrei da primeira vez que eu estava subindo naquele elevador. Tanta coisa tinha acontecido. Minha surpresa por encontrar o James sentado atrás daquela cadeira imponente. As palavras que trocamos, o beijo que ele me deu. Sorri com a lembrança, pois agora percebi que estamos mais fortes.
Mas e agora? O que será que o Ian quer falar comigo? Cheguei no andar e a Susana me recebeu com um abraço apertado. Ela disse que ele já estava a minha espera e que eu poderia entrar. Bati levinho na porta e abri o suficiente para a minha cabeça entrar.
– Oi chefinho – brinquei com ele. – Queria falar comigo?
– Quero sim Camila, entra.
Entrei na sala tão familiar para mim e sentei na cadeira em frente a mesa grande de madeira.
– Então Ian, o que foi? – ele estava muito sério, e fiquei um pouco assustada. – É sério assim?
– Espero que não Camila – seu semblante melhorou um pouco.
– Agora eu fiquei preocupada. Eu fiz alguma coisa errada? – perguntei me encostando mais na cadeira, colocando a mão no coração.
– Relaxa Camila, você não fez nada de errado não. Você está muito ocupada com o seu serviço? Eu estou te atrapalhando?
– O de sempre Ian, não me atrapalha em nada. Mas então o que aconteceu?
– É porque assim – ele começa a falar, desviando o seu olhar do meu. – É que eu queria te perguntar algumas coisas sobre a sua amiga.
– Bianca? – claro que sim né sua retardada mental, e que outra Amia sua ele conhece e está envolvido?
– É sim, sobre a Bianca.
– Aconteceu alguma coisa com vocês dois? Vocês se desentenderam? – ia ter que puxar a orelha da minha amiga, ou a dele se os dois tivessem brigado.
– Não, estamos bem graças a Deus. Mas...
– Mas?
– Não posso fingir que está tudo bem com ela morando com o seu irmão no apartamento dela! Não consigo tirar da cabeça que aqueles dois têm algum tipo de história.
– História aqueles dois? Não mesmo Ian...
– É, ela também me garantiu que não aconteceu nada entre eles dois, mas não sei porque, não consigo ficar bem com aquela história...
– Mas eles sempre foram amigos Ian. A Bianca é minha amiga a muito tempo e os dois se conhecem também há muito tempo. Mas pode ter certeza que se tivesse acontecido alguma coisa entre os dois, eu saberia. Bianca com certeza me falaria.
A Bia e o Zac? Com certeza não. Eles sempre foram amigos e tudo, mas sempre vi que ele a respeitava e respeita muito. E outra, acho que a Bia nunca olhou assim pro meu irmão, afinal, ele é mais novo e ela nunca me falou nada. Acho que ela me falaria, não falaria? Sim, ela diria.
– Obrigado Camila, é que eu estranhei a amizade deles um pouco. Por um momento eu pensei besteira, mas como você disse, deve ser só coisa da minha cabeça mesmo...
– Com certeza Ian.
– Estou bem mais tranqüilo escutando isso. É que ainda não consegui engolir o comportamento do Ian no jantar da nossa família. Ele fez questão de não ir com a gente na ida e quando voltamos, ele não dirigiu nenhuma palavra a nenhum de nós dois. Parecia estar bravo com alguma coisa...
– Deve ter sido só impressão sua – nem eu tinha entendido o porque do Isaac ter bebido tanto naquele jantar, mas acho que deve ter sido por outro motivo.
E ainda não sei o que ele e James tanto conversaram naquela noite. Depois tenho que lembrar de sondar o James e tentar descobrir o que tanto eles conversaram. Mas se fosse alguma coisa relacionada a Bia, ele falaria comigo. Eu acho.
– Mas era só isso que você queria me perguntar sobre a minha amiga Ian?
– Ah! Não era somente isso. Eu quero fazer uma surpresa no trabalho dela. E queria saber quais são as flores preferidas dela...
– Isso é bem simples. Ela gosta de do comum mesmo. Rosas vermelhas.
– Bom saber...
– E se eu conheço bem a minha amiga como sei que conheço, ela vai gostar mais ainda se você também escrever um cartão. Ou então aparecer lá. E se você que escrever o cartão, melhor ainda.
– Vou escrever o melhor cartão de todos.
– Tenho certeza que a minha amiga vai amar.
– Obrigado Camila – ele fala depositando sua mão sobre a minha. – Você acalmou o meu pobre coração hoje.
– Não tem problema nenhum Ian. Sempre que você quiser fazer uma surpresa para ela, pode contar comigo.
– Mas sinto que ainda preciso fazer mais. E por conta disso, eu vou te dar uma informação importantíssima.
– Hã?
– Sexta feira agora, é o aniversário do meu irmão.
– Sexta feira? – já? Safado, nem tinha me falado... – Estranho, ele nem comentou nada comigo... Ele não gosta de comemorar aniversários?
– Gosta, mas ele é bem esquecido, aposto que ele mesmo está esquecendo. E outra, ele não sai espalhando assim para todos. Ele prefere receber os parabéns de quem lembra voluntariamente...
– Mas como é que eu ia lembrar da data se ele nunca tinha me falado? – eu falo rindo apoiando as mãos na cabeça.
– Aí eu já não sei...
Tenho que pensar em alguma coisa ara fazer para ele. Não sei se vai dar tempo de organizar alguma coisa, mas pelo menos tenho que pensar num presente bem legal. Uma festa surpresa talvez? Mas eu não conheço os amigos de James, mas talvez o Ian me ajudasse com isso...
– Mamãe sempre faz alguma coisa lá em casa – Ian fala.
Não sei porque, mas vem uma idéia na minha cabeça.
– Ian, não sei se você vai saber,mas você sabe qual é o bolo favorito do seu irmão?
– Fácil, chocolate.
– Obrigada. Posso te pedir um outro favorzão? – pergunto juntando as mãos na minha frente, numa pequena súplica.
– Manda Camila.
– Posso sair mais cedo sexta? Eu prometo que vou fazer todo o trabalho adiantado.
– Huuuuuuum – ele coloca os dedos no queixo, analisando a minha proposta. – Claro que sim né? Mas você tem que adiantar as coisas aqui na empresa! Não posso te dar desconto só porque você é família.
– Claro Ian, eu sei...
– Mas você tem que me prometer que não vai contar pro James que fui eu que te disse do aniversário dele...
– Pode contar comigo! Obrigada viu chefinho? – levanto da cadeira e dou um beijo estalado na sua bochecha. – E pode deixar também que eu não vou deixar atrasar nada!
– Eu sei que sim!
– Pois então, se era só isso que você tinha que me perguntar, eu vou voltar ao trabalho, tenho muitas coisas para adiantar agora.
– Claro! E muito obrigado pelas informações Camila. Me ajudou muito.
– E você pelas informações sobre o James.
– Até Mila.
– Até Ian.
Saio da sua sala e não vejo a Susana em lugar nenhum. Ela deve ter ido almoçar. Eu deveria ir também, mas acho que vou pedir alguma coisa pra cá mesmo... Estava esperando o elevador quando o Ian grita atrás de mim.
– Camila! Ainda bem que você ainda está aqui
– Ian?
– É porque só agora percebi que já está na hora do almoço, aí eu estou indo almoçar agora, você quer me acompanhar?
– Adoraria cunhado, vamos só passar lá no meu andar? Preciso apanhar minha bolsa.
– Sem problemas então.
Paro no andar, pego a minha bolsa e seguimos no carro dele até um restaurante que tinha ali pertinho do escritório. Ele me encheu de perguntas sobre a minha amiga. Respondo tudo com a maior alegria. Eu também faço diversas perguntas e ele me fala diversas histórias do James quando ele era mais jovem.
Ian é um cara bem divertido, bonito, inteligente, bem de vida. Minha amiga tinha tirado a sorte grande. Mas a minha sorte era maior, porque o James além de ser tudo aquilo era a versão 2.0 do Ian. Quente, lindo e bombeiro. Meu bombeiro sarado e atencioso. O almoço foi ótimo e Ian fez questão de pagar a conta. Voltamos para o escritório e eu mergulhei no trabalho novamente. Recebo uma mensagem por volta de uma e meia da tarde do James.
"Boa tarde anjo, espero que você tenha comido direitinho. Pensando em você."
Lindo né? Vontade de morder aquele pedaço de mau caminho.
"Comi sim. Falta só ser bem comida. Também pensando em você."
Flertar um pouco depois do almoço era bom...
"Anjo! Preciso me concentrar aqui, não posso apagar um incêndio na rua se eu não puder apagar o que tenho nas minhas calças!"
"Tá bom, parei :X Mas mesmo assim, ainda pesando em você.
"Eu também. Volte ao trabalho. Te amo"
"Te amo."
Voltei a trabalhar com um enorme sorriso no rosto. Minha mãe me liga também. Mas ela só queria falar o quanto tinha gostado do jantar, e se eu desse corda para ela, eu ia perder o dia todo conversando. Por isso disse que quando chegasse em casa ligava para ela. Três horas da tarde meu telefone toca. Era o Fernando.
– Alô? – atendo um pouco confusa, porque ele estava me ligando?
– Camila?
– Sim Fernando, sou eu.
– Milaaa! Há quanto tempo!
– Não é Nando, como você está?
– Melhor impossível. Você vem hoje não é?
– Hoje?
– É Mila, a reinauguração do bar, é hoje.
– E já Nando?
– Você não recebeu o convite?
– Deve ter se perdido no correio pois eu não recebi nada...
– Poxa, desculpa não ter ligado antes para avisar, é que com todos os preparativos para a inauguração, fiquei sem tempo de ligar...
– Sem problemas Nando.
– Mas mesmo você sabendo assim em cima da hora, você ainda vai vir né?
– Acho que posso dar uma passada aí, afinal, tem muito tempo que eu não vejo a todos, estou morta de saudades deles.
– E pode ter certeza que todos estão também sentindo muito a falta de vocês.
– Pois pode guardar o meu lugar e o da Bianca, que nós vamos sim, mas eu tenho que só confirmar com ela.
– Obrigado Mila, assim você economiza meu tempo.
– Não tem problema. Nando – falo com um pouco de receio. – Posso levar o meu namorado? – mordo os lábios esperando uma resposta.
– Sim Mila, sem problemas – Fernando fala sem alterar o tom de voz, ótimo, ele já tinha esquecido o nosso erro. – Pode trazer quem você quiser.
– Obrigada Nando. Então até mais tarde.
– Até Mila. Ah, e antes que eu me esqueça, lá começa nove horas.
– Pode deixar. Beijos Nando.
– Beijos.
Desligo a ligação e disco o número do James. Tenho que amansar a fera e falar que vamos ou eu vou para a inauguração.
– Oi anjo! – ele atende feliz.
– Oi meu bombeiro lindo!
– Tudo bem?
– Sim, e com você? Como está o seu primeiro dia de trabalho?
– Um tédio – ele ri.
– Queria te convidar para uma coisa – resolvi ir logo ao ponto.
– Huuum, adoro convites, e se você está envolvida, melhor ainda. O que temos para hoje?
– Uma reinauguração. Do bar em que eu e a Bianca trabalhávamos juntas.
– Huuuum,
– Nada de 'hum", o que você acha de me acompanhar?
– Claro que eu te acompanho anjo.
– Ótimo – tinha sido bem mais fácil do que eu imaginava. – Que horas você chega do trabalho?
– Sete horas, se tudo correr bem.
– Vai correr tudo bem sim. Pois então vou te esperar lá no seu apartamento.
– Nosso – ele me corrigiu.
– Sim, nosso, é que eu me esqueço às vezes.
– Sua sorte é que eu vou sempre te lembrar – mas me lembrar do seu aniversário que é bom, não lembra né seu safado!
– Obrigada. Pois então até mais tarde bem, vou desligar que eu ainda vou ligar pra Bia para avisá-la.
– Até anjo.
– Fica bem.
Disco agora o número da minha amiga, ela demora um pouco mais para me atender.
– Oi Cah.
– Bia amiga linda, você tem planos para mais tarde?
– Ainda não, mas parece que você vai me dar uma opção.
– Claro que sim. Que tal revermos todo mundo do bar hoje?
– Onde? – ela pergunta toda animada.
– Fernando vai reabrir o bar hoje e nos chamou, que tal?
– A-M-E-I. Que horas?
– Nove.
– Mais do que confirmada!
– Ótimo, e se você quiser levar o Ian, o Nando liberou.
– Melhor ainda!
– Então até mais tarde Bia, que eu ainda estou atolada aqui de trabalho.
– Até Cah.
Voltei a trabalhar e por incrível que pareça consegui adiantar algumas coisas. Cheguei em casa seis e meia e tomei um banho para esperar o meu bombeiro lindo. Enquanto esperava ele, aproveitei e fiz uma escova bem legal no meu cabelo.
Sete e quinze James abre a porta do quarto, e eu tinha acabado de terminar a escova.
– Uau, que linda. Você com esse cabelo assim está muito sexy.
– Sexy é você com esse uniforme. Você não quer ir assim?
– Não obrigado.
– Hum, seu sem graça.
– Hum, sua tarada –James me puxa pela cintura e me dá um beijo. – Vou tomar um banho tá?
– Não precisa ter muita pressa amor. Só precisamos chegar lá umas nove horas.
– Ah, então dá tempo para os meus outros planos – ele me pega no colo e me leva para a cama, mas ele só fica me beijando. Nada de sexo.
Oito e meia ele vai para o banheiro tomar um banho e eu vou me aprontar. Separo uma saia jeans escura e uma camisa dourada decotada nas costas, como eu vou estar com o James, não tem problema se eu ousar um pouco mais. O celular de James começa a tocar.
– Beeeeeem, seu celular tá só vibrando aqui.
– Olha pra mim o que é amor, to quase saindo.
Pego o celular dele e vejo que são mensagens.
– Mensagem amor.
– Lê pra mim anjo, vê se é alguma coisa importante.
– É de número desconhecido – meu coração afunda.
– Espera – ele sai de talha mesmo do banho e fica ao meu lado. – Se for o que eu estou pensando vamos ler juntos.
Abri a mensagem.
"James, James, James. É bom você ficar de olho na sua mulher. Eu estou chegando mais perto. Mas não sou só eu. Será que ela quer tanto assim entrar pra família?"
Uma imagem minha almoçando com o Ian. Nós dois ríamos muito, e não faço a menor idéia de que horas ela tinha sido tirada. E pela foto, a pessoa também estava dentro do restaurante. Que perigo! Quando é que a resposta para essa pergunta ia ser respondida?
– Esse cara está testando a minha paciência. Pro meu celular? Está passando dos limites.
– O que você vai fazer?
– Nós vamos rever os seus amigos. Não vou deixar esse cara controlar as nossas ações!
– Tudo bem então.
James procurava uma roupa no armário e eu vestia a minha. Até quando esse cara ia seguir os meus passos?
Boa noite leitores amados! Demora mas sai o capítulo. É que a sua autora está se empolgando demais e demora mais a digitar os capítulos, rsrsrs. Mas e aí gostaram? Será que vai acontecer alguma coisa no bar? Ahhh, também gostaria de agradecer todo o carinho que eu tenho recebido. Vocês são demais <3 Se você gostaram, não se esqueçam de votar e comentar!!! Beijos lindezas, e estou escrevendo um bônus! Essa semana coloco! Até o próximo capítulo ;***
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