Capítulo 33 - Domingo de Sol, sorvetes e corridas

Acordei e estava com uma blusa enorme do James, de calcinha e sutiã. Escuto risadinhas e pequenos passos do lado de fora do quarto. Olhei para o lado e vi que James já tinha se levantado. Será que eram os passos e a risada dele do lado de fora do quarto?

– Vamos acordar a Camila carinhosamente viu Josy? Nada de pular em cima da cama ou gritar no ouvido dela – escuto a voz mais amada e rouca do outro lado da porta.

– Tá bom tio James – a voz doce da Josy também invade o quarto.

– Quer me ajudar com a bandeja?

– Deixa que eu levo essas flores...

Aquela fofura estava indo me acordar. Conferi rapidamente a minha roupa para ver se não tinha nada fora do lugar e voltei a encostar a cabeça no travesseiro, fechando os olhos e fingindo que eu estava dormindo.

A porta do quarto se abre e o cheiro de panquecas e café invadem o ambiente. Tentei não sorrir. Sinto uma mão pequena sacudir de leve o meu ombro.

– Tia Camila? Tia Camila? A senhora já está acordada? É que o tio James disse que já estava na hora de acordar. – Josy fala e eu controlo um sorriso de nascer em meus lábios.

– Josy! Não falei nada disso não, e o que foi conversamos sobre mentir? – a voz rouca do meu James é uma delícia.

– Que é feio. Desculpa tio James. Mas é que realmente já está na hora de acordar, e eu não queria que a tia Camila ficasse com raiva de mim...

– E de mim ela pode pequena?

– Pode, porque aí é só você dar um ursão bem grande pra ela e uma flor que ela te perdoa.

– Não é bem assim pequena.

– É sim tio James. E outra coisa, se eu tivesse lá em casa a mamãe já teria me acordado a muito tempo, e se eu ainda tivesse dormindo ela ia brigar comigo.

Não consigo mais segurar o riso. Esses dois juntos são uma graça.

– Bom dia princesa – falei, abrindo os olhos e me levantando um pouco.

– Tia Camila – Josy fala me entregando uma rosa vermelha bem cheia e perfumada. – Olha essa flor bonita que o tio James deu pra você. Ela é bem cheirosa também.

– Muito linda mesmo – aproximei-a do nariz e tinha uma fragrância bem agradável. Olhei para o meu namorado perfeito. Ele colocava a bandeja com o café da manhã em cima de uma mesinha que tinha ali no quarto. – Obrigada meu amor. Bom dia pra você.

Ele me dá o seu melhor sorriso em resposta. Só não voei para cima daquele monumento porque tínhamos companhia. Voltei a olhar para a Josy. Agora prestei atenção no que ela estava usando. Vestia um vestidinho florido e usava duas trancinhas nas laterais do cabelo. Muito fofa.

– E eu posso ganhar um abraço de bom dia? – perguntei, abrindo os braços pra pequena pessoa que estava na minha frente. Josy pulou no meu pescoço o que nos fez cair de costas na cama e cair também na gargalhada.

– Sempre que quiser tia, pode me abraçar. Eu adoro abraços.

– Posso ver que você anda treinando muito. Que abraço mais gostoso!

– E eu ganho um abraço também? – James pergunta ao nosso lado. Tinha um sorriso sapeca no rosto.

– Vem tio James, tem espaço aqui – ela estendeu a mãozinha para o James que aceitou de bom grado e assim sendo adicionado ao nosso abraço.

James aprisionou nós duas em seus braços e começou uma sessão de cócegas. Ri tanto que a minha barriga doeu e chorei de tanto rir. Quase que faço xixi nas calças, pois ainda não tinha ido ao banheiro agora de manhã e as cócegas me levaram ao limite. Depois de pedirmos penico, ele parou a doce tortura e deitou ao nosso lado.

– Vocês dois já tomaram café da manhã?

– Só a pequena aqui. Eu preparei o nosso café e vim te acordar para tomarmos juntos...

– Pois eu vou só escovar os dentes e já venho. Senão o café vai é esfriar e nós aqui brincando – pulei para fora da cama e fiz o meu caminho para o banheiro.

Fiz meu xixi – estava realmente muito apertada – escovei os dentes, lavei o rosto e por último prendi o meu cabelo em um rabo de cavalo alto. Coloquei também um short, pois não queria pagar calcinha pra ninguém. Quando voltei pro quarto James e Josy riam descontroladamente de alguma coisa.

– Posso saber o que vocês dois tanto riem? – perguntei cruzando os braços na frente do meu corpo.

– Nada não amor. Depois te conto. Mas agora vamos comer. Eu estou morrendo de fome, você não?

– Estou mesmo – não estava com muita fome, mas sentia vontade de comer.

Peguei a bandeja e a coloquei em cima da cama. Tinha algumas frutas cortadas e algumas panquecas tortas e um pouco queimadas. Dois copos de suco de laranja e uma garrafinha térmica com café.

Mesmo a Josy já tendo tomado café da manhã ela comeu novamente conosco. Tomou um iogurte e beliscou algumas frutas. Nem comi muito só comi uma panqueca com meio copo de suco. Ainda estava estourando de ontem à noite e minha barriga não coube muita coisa.

– Tio James, queria passar o dia com vocês hoje no parque. Vamos?

Percebi que James ficou um pouco tenso. Com certeza ele ainda não tinha se recuperado totalmente do susto que foi o sumiço dela. E em falar nisso, acho que o James ainda nem conversou com ela como ele disse que ia.

Ele pareceu analisar bem a proposta da pequena. Ele abriu a boca diversas vezes pra falar, mas desistiu. Depois de muito pensar, James falou.

– Que tal um piquenique no parque? – ele fala com uma falsa animação.

Mas isso bastou para fazer a alegria da Josy. Ela começou a pular na cama de tanta alegria.

– Piquenique. Oba! Adoro piqueniques! – ela pulava feito pipoca em cima da cama.

– Josy minha princesa, você me dá uns minutinhos pra falar com a Camila, assunto de gente grande. Vai lá na sala. Deve estar passando algum desenho que você gosta.

– Tudo bem tio James – ela dá um beijo na bochecha dele e outro na minha e sai do quarto.

Ele tinha um olhar diferente.

– O que foi que aconteceu meu amor? Você está me olhando muito diferente...

– Nada não. Só acho que nunca vou me acostumar a acordar todo dia ao seu lado. Você é muito linda pela manhã...

Joguei um travesseiro nele, mas James o agarrou antes que o acertasse.

– Deixa de galanteios logo pela manhã. Não tenho como me defender de você ainda. E eu fico muito envergonhada.

– Vou te chamar de linda até você aceitar que você é a mulher mais linda em que meus olhos pousaram...

– Você que é a personificação da perfeição meu bombeiro lindo.

– Promete que você não vai mais me deixar...

– Só vou te deixar se você não me quiser mais. Mas enquanto esse dia não chega, eu vou ficar aqui. E quando ele chegar eu faço uma plástica e mudo meu rosto.

– Nunca. Nunca esse dia vai chegar.

Ele está a poucos centímetros da minha boca. Encaro seus lábios belos, macios e bem desenhados. Não resisto a minha vontade e aprisiono o lábio inferior entre os meus dentes. Passo a língua levemente ali e consigo sentir um gostinho de menta misturado com café.

Ele invade a minha boca e nossas línguas da maneira que me faz ficar mole, quente e derreter em suas mãos. Não foi um beijo urgente. Não teve puxões, luxúria ou nada disso. Sabe aquele beijo de amor que é meio lento e mesmo assim faz a gente ficar sem ar? Quase senti o gosto doce do nosso amor.

– Agora sim, bom dia meu anjo – ele fala me perfurando com aquele céu em seu olhar.

– Bom dia meu bombeiro mais lindo – falo assim que recupero o meu fôlego. Sorri amplamente para ele que me devolveu o sorriso.

– Gosto de te beijar assim.

– E eu gosto de ser beijada assim.

– Mal posso acreditar que eu posso beijar você todas as manhãs.

– Pode ir se acostumando em olhar pra minha cara feia, pra minha juba e pra sentir o meu bafo.

– Já te disse pra parar de besteira. Você é uma delícia de manhã e eu tive que me controlar só porque a Josy estava aqui.

– Mas ela é uma fofa. Ela não pode ver o seu lado de lobo mal, ela vai ficar traumatizada! – falei rindo.

– Mas você gosta do meu lado.

– Amo seu lado. Assim como eu amo você.

James projeta o seu corpo por cima do meu. Estou completamente deitada e aprisionada por ele. Pensava que ele ia me beijar loucamente, ou arrancar minha blusa, mas em vez disso ele começa a fazer carinho no meu cabelo. Deu um beijo na minha testa e deitou ao meu lado.

– Vamos almoçar no parque? Você curtiu a idéia do piquenique? – ele fala num misto de animação e ansiedade.

– Agora sim, você parece estar mais animado com a idéia. Vamos sim meu amor. Eu amei a idéia. Mas eu ainda vou tomar um banho certinho. Aí eu me arrumo e vamos organizar as coisas para podermos levar.

– Tudo bem meu anjo, te espero lá na cozinha. Bom que eu já vou procurando onde está a cesta, uma toalha, essas coisas...

– Okay amor – retiro a minha camisa e jogo nele antes de entrar no banheiro.

– Golpe baixo amor...

– O que foi que eu fiz?

– Você sabe muito bem o que você fez – ele fala, colocando somente a cabeça para dentro do banheiro.

– Não sei não – me fiz de desentendida.

– Fique a senhorita sabendo que se a Josy não tivesse aqui, eu ia fazer você gritar meu nome tão alto que o prédio inteiro iria escutar.

Joguei minha calcinha nele e fechei a porta do box antes que ele visse o quanto eu tinha ficado vermelha. A porta do banheiro também se fecha e eu começo a tomar meu banho mais tranquila.

Lavei meus cabelos sem pressa, raspei as pernas, passei hidratante. Saí me sentindo limpa, perfumada e macia. Sai do banheiro e fui procurar nas minhas malas alguma coisa que fosse fresca o bastante para que passasse o dia no parque. Depois tenho que desfazer essas malas, senão tudo ia embolar dentro das malas.

Optei por uma bata bem soltinha e florida com um short jeans clarinho. Penteei os cabelos e coloquei uma liga dentro do bolso para que quando ele secasse, eu amarrasse. Coloquei uma pequena argolinha e procurei uma rasteirinha. Ótimo, estava pronta para uma tarde bem animada no parque.

Coloquei o meu celular dentro de uma bolsinha pequena de lado e fui para a cozinha. James já tinha separado uma cesta de palha enorme. Sério, dava até para colocar a Josy dentro daquela cesta de tão grande que era. Tinha alguns sacos e frutas ai em cima da bancada já. James estava lutando para dobrar a toalha.

– Pronto, estou preparada.

– Uau, que linda – James me dá um selinho rápido.

– Pra quê tanta coisa amor?

– Tem muita coisa? Não tenho muita noção...

– Sim meu amor. Tem coisa demais aí. Dava pra alimentar várias outras pessoas...

– Você acha?

– Com toda certeza – mas aquilo tinha me dado uma idéia. – Mas que tal se a gente chamasse o seu irmão e a Bia? Chamar o Zac também se ele quiser. Passamos todos a tarde lá no parque. O que você acha?

– Acho uma ótima idéia. Vou ligar pro Ian.

– E eu para a Bianca. E me dá logo essa toalha, estou com pena de você tentar tanto dobrar a coitada...

Sai da cozinha rindo e me sentei no sofá da sala. Disquei o número do meu irmão. A voz de sono que ele tinha era uma graça. Com certeza ele tinha acabado de despertar.

– Alô?

– Oi cabeça! – falo toda animada.

– Ah, oi amarela!

– Isso é hora de ainda estar dormindo?

– Domingo mana, dá um desconto.

– Que tal uma tarde no parque com a sua irmã preferida?

– Quem vai?

–Eu, você, o James, a sobrinha dele, a Bia e o Ian.

– Hum, me deixa pensar... Fazer companhia a uma criança e ainda por cima segurar duas velas... Huuum, não obrigado.

– Ai cabeça, deixa de besteira, nada haver esse negócio de vela...

– Mas mesmo assim deixa pra próxima amarela, acabei de perceber que eu estou com uma ressaca de incomodar até defunto. Vou ficar por aqui mesmo, mas obrigado pelo convite.

– Sem problemas meu cabeça lindo. Mas se você melhorar ou simplesmente mudar de idéia e quiser aparecer, o convite fica de pé. É só ligar no meu celular pra me encontrar...

– Tudo bem mana. Beijos, agora vou ver se eu encontro uma aspirina por aqui.

– Pergunta pra Bia, ela com certeza sabe onde tem...

– Okay amarela.

– Beijos maninho. Melhoras e toma bastante água.

– Pode deixar. Qualquer coisa to aqui.

– Eu também.

– Até mais mana.

Desliguei a chamada e disquei o número da Bia, depois de alguns toques uma voz masculina atendeu.

– Alô? – a voz era muito familiar, mas era bem óbvio quem era o rapaz do outro lado da linha.

– Ian? – perguntei, mas era uma afirmação.

– Sim – outro que eu tinha acordado nessa manhã de domingo...

– Aqui é a Camila, sua cunhada...

– Como você tem meu número Camila? Não me lembro de ter dado pra você...

– Na realidade Ian, não tenho mesmo, esse é o número da Bianca.

– Ah claro, eu devo ter confundido os telefones. Espera só um pouquinho, vou acordar ela aqui pra você falar com ela.

– Espera Ian! Na realidade eu também quero falar com você...

– Comigo?

– Sim. Vamos fazer um almoço lá no parque. Até agora somente eu o James e a Josy vão. Vocês dois querem ir?

– Vou ter que perguntar para a Bianca, mas eu já adorei a idéia.

– Se vocês toparem, avisem, que eu preparo mais comida.

– Com certeza avisaremos, mas vou convencer ela aqui. Mas acho que a Bia vai amar essa idéia também.

– Okay. Sem pressa. Espero por notícias suas, cunhado.

– Até mais tarde Camila.

– Até.

Desliguei o telefone e  voltei para a cozinha, James falava no telefone. Fui para o balcão e fiquei preparando alguns sanduíches e embalando todos cuidadosamente. James me abraça por trás e eu sinto meu corpo todo amolecer com a proximidade do seu.

– Não consegui falar com o Ian, mas deixei um recado no seu celular e outro na sua casa. Vamos ver se ele retorna.

– Já consegui falar com ele amor – James me olha com uma expressão confusa. – Ele dormiu lá na Bia, daqui a pouco eles devem dar a resposta.

– Ah bom, então tudo bem.

Sinto meu celular vibrar entre mim e o James.

– Devem ser bem eles dando uma resposta.

Vejo que é uma mensagem da minha amiga.

"Estamos dentro amiga. Guarde nossos lugares na sombra Cah."

Sorri com a resposta e comecei a colocar mais comida dentro da cesta. Diversos sanduíches, bolo, iogurte, caixinha de suco, bastante água, torradas. Arrumei no cantinho da cesta um lugarzinho para colocar uns pratos, talheres e copos.

Tentei levantar a cesta, mas não consegui. Tinha comida demais lá dentro. James viu o meu sofrimento e pegou a cesta de cima da bancada com se não pesasse muito.

– Amor cuidado, tem muita coisa aí dentro.

– Pode deixar amor. E você acha mesmo que eu ia te deixar carregar todo esse peso? Só se eu fosse louco. Você pode chamar a Josy pra mim?

– Claro, eu vou só lá ao quarto pegar algumas coisas e chamar a Josy.

– Sem problemas, te espero aqui.

Fui para o quarto e peguei um pote com protetor solar, e procurei alguns bonés caso o sol esteja muito forte. Vi encostada no armário uma bola de futebol americano, resolvi levar também. Coloquei tudo o que pude dentro da minha bolsa, mas a bola não coube, então levei ela na mão.

– Vamos tia Camila? O tio James já está lá na sala esperando – nem precisei ir lá chamá-la, Josy já entrou correndo no quarto.

– Vamos sim princesa.

– O tio James nem me deixou levar o meu castelinho – ela fala fazendo biquinho.

– Fica assim não princesa, tenho certeza que vamos arrumar várias coisas bem divertidas para fazer lá.e quem sabe a gente não constrói um castelo só nosso?

– Sério? – ela fala pulando e batendo palminhas.

– Sim!

Ela me dá a mão e vamos juntas para a sala. Ponho meus óculos escuros e ponho no topo da cabeça. James sorriu amplamente quando nos viu. Ele estava sentado no sofá e chamou a Josy para sentar em seu colo. E ela sem pesar duas vezes pulou lá, sorrindo.

– Jô, você tem que me prometer que você não vai sair do nosso campo de visão e também que não vai falar com nenhum estranho. Você promete?

– Prometo tio.

– E você também promete que quando chegarmos em casa você vai me contar tudo o que prometeu naquele dia? Sobre o rapaz que ficou com você aquela tarde que todos estávamos te procurando...

– Lembro sim dele tio James. Mas eu já falei tudo pra mamãe...

– Mas eu também quero saber princesa. Pode ser assim?

– Pode!

– Ótimo então – James fala depositando a pequena no chão. – Vou só trocar de camisa e já venho.

James coloca uma camisa de futebol americano. Fica perfeita nele, mas afinal, o que não fica? Vestia uma bermuda clarinha e um tênis azul bonito, combinando com a camisa. Ele estava um tesão ambulante.

Fomos para o carro e James tira do porta-malas o assento da Josy. E só depois de arrumar ela carinhosamente no banco de trás que saímos. Cerca de quinze minutos depois chegamos ao parque e ficamos procurando um bom lugar para nos instalarmos.

Achamos um morrinho bem legal e relativamente isolado. Arrumei a toalha em cima da grama, coloquei alguns pesinhos nas pontas. Ficava bem abaixo de uma árvore grande, o que nos fornecia uma boa sombra. Josy e James já corriam e brincavam na grama. Ele ia ser um pai maravilhoso. Lembro da criança ruiva que estava com a vaca e medo me consome. Será que ela tinha mentido para ele e aquele era filho do James? Descarto a idéia. Se o filho fosse realmente dele, ela já teria dado um jeito de usar a criança para tentar voltar com ele.

Tento distrair meus pensamentos e é extremamente fácil observando aqueles dois. Eles jogavam a bola um para o outro e ocasionalmente se jogavam na grama verdinha. Sinto o celular vibrando dentro da minha bolsa. O pego e vejo que acabei de receber uma mensagem da Bianca.

"Chegamos amiga, cadê vocês?"

Olho ao redor do parque, tentando encontrá-los. Encontro o casal bem apessoado perto do balanço. Assobio bem alto. Bianca me vê e vem na minha direção. Ian vinha de mãos dadas com ela, mas quando viu o irmão e a Josy, largou a mão dela e foi falar com os dois.

– Domingo no parque, parece até programação de gente casada...

– Se for por isso, você e o Ian estão aqui também...

– Mas quem nos chamou foram vocês.

– Nada haver Bia. E quem deu a idéia foi a Josy...

– A sobrinha dele né?

– "Sobrinha" – fiz as aspas com os dedos.

Os rapazes começaram a se aproximar.

– Bia – Ian fala. – Não acho que você conhece. Essa aqui é a Josy. Josy, essa daqui é a minha linda namorada, Bianca.

– Oi tia Bianca.

– Oi boneca – minha amiga abaixa um pouco, para ficar no mesmo nível que ela.

– Anjo, você trouxe água? – James pergunta e eu o acompanho até a cesta, deixando todos se conhecerem.

– Aqui amor – entreguei uma garrafinha de água pra ele.

– Obrigado meu anjo – James se aproxima de mim e fala baixo no meu ouvido. – Você está linda.

Tem como não amar um homem desse?

– Lindo está você – falei baixinho no seu ouvido também.

Os meninos foram jogar futebol americano, mas eles mais de batiam do que qualquer outra coisa. Também, não tinha nem como montar um time com duas pessoas somente. Nós ficamos sentadas na toalha. A Josy foi com a cara da Bia e logo as duas me convenceram que seria legal fazer alguma coisa no meu cabelo.

Puxavam de um lado, amarravam do outro e tudo o que eu podia fazer era olhar para frente e sorrir. Josy pegou algumas flores pequenas e as duas começaram a colocar na trança grossa que tinham feito. Chamaram até os meninos para olharem.

Depois da trança e do futebol, resolvermos comer logo. Já se aproximava da uma da tarde e todos começávamos a ficar com fome. Todos devoraram os seus sanduíches. Fiquei feliz por eles terem gostado. Depois de comer, deitamos na grama e aproveitamos o Sol e descansamos também. Josy acabou cochilando entre mim e o James.

Acho que tirei um pequeno cochilo.

– Revanche? – acordo com a voz do Ian, ao meu lado.

– Só se for agora – James responde e sai com o irmão, me dando um beijo na cabeça antes de se afastar.

Os dois se afastam e vão jogar novamente. Josy ainda cochilava ao meu lado. Não me mexi muito, pois não queria acordá-la. Fiquei conversando com a Bianca até que a Jô acorda. Olhei no relógio e vi que já eram mais de três horas da tarde.

Tive uma idéia bem divertida.

– Jô, Bia, que tal se nós entrássemos no jogo dos meninos e déssemos uma lição neles?

– Meninas contra meninos? – Bianca fala e tinha um sorriso divertido.

– Vamoooooooos – Jô fala e se levanta de um pulo e vai na direção dos meninos, nem nos espera a malandrinha.

– Vamos Bia, que a Jô está cheia de energia, e vamos ter que suar para acompanhá-la.

– Essa daí tem muita energia mesmo. E agora que acabou de acordar é que vai ter mesmo.

Descemos o morrinho e perguntei os dois.

– Que tal aumentarmos o nível desse jogo? – brinquei.

– Posso ganhar de vocês com uma mão nas costas – Ian fala, dando um beijo na Bianca.

– Veremos – Bianca fala e rouba a bola das mãos do Ian. Ela começa a correr na minha direção, mas poucos minutos depois o Ian a alcança.

Mas antes que ele roubasse a bola das mãos da minha amiga, ela arremessa para mim. James sorriu de maneira travessa e começou a avançar na minha direção. Josy estava próximo de mim, então corri para alcançá-la. Entreguei a bola na sua mão e disse.

– Corre! – ri da situação.

Josy começou a correr. E quando James passou por mim, eu pulei nas suas costas. Mas ele continuou a correr como se nada tivesse acontecido. Segundos depois ele alcança a pequena e a toma em seus braços. Rodopia ela algumas vezes no ar.

Fiquei tonta e sai das costas dele. Me joguei na grama e esperei o mundo parar de girar. Os dois me acompanharam e caíram ao meu lado, rindo bastante.

– Ganhamos? – Josy pergunta.

– Quem sabe na próxima princesa.

– Vamos de novo? – Josy já estava de pé, com o maior gás.

– Sim – respondo, me levantando também.

Olhamos na direção do Ian e da Bia e os dois estão se beijando apaixonadamente. Beijo cinematográfico.

– Crianças no recinto – James fala e joga a bola próximo dos dois. Eles se separam envergonhados.

– Foi mal mano.

– Que tal se fizermos algumas regras? Assim podemos marcar os pontos. Os times vão ser meninos contra meninas mesmo?

– Sim amor, sem problema.

– Então tá anjo. Vamos primeiro estimar um campo...

James faz algumas regras e assim que entendemos tudo voltamos a jogar. Em algum momento os meninos tiraram a camisa, para o delírio da mulherada do parque, inclusive eu. Já estava anoitecendo quando resolvemos terminar o jogo. Perdemos e perdemos feio.

A noite estava agradável e como nós perdemos o jogo, nós que pagamos sorvete pra todo mundo.

Eu estava exausta. Agüentar o pique desse pessoal não era nada fácil. Todos sentamos num banco, saboreando o sorvete cremoso e a brisa fresca que começava a soprar. Pessoas passavam constantemente na nossa frente, conversando, ouvindo músicas, sozinhas ou acompanhadas, a movimentação era grande.

Estava um pouco desligada da conversa. Encostei a cabeça no ombro do meu namorado e comecei a olhar as estrelas que começavam a reluzir no céu. De repente escuto o choro da Jô. Olho na sua direção e vejo que o seu sorvete estava caído.

– Aqui princesa, pode ficar com o meu – ela pega a casquinha das minhas mãos e começa a devorar.

– Amor, não precisa disso, ela deveria ter tido mais cuidado com o sorvete dela.

– Nada disso amor, tadinha dela, e além do mais, nem queria mais o sorvete. E olha como ela está feliz – Josy comia o sorvete com muito mais cuidado e tinha um sorriso nos lábios.

– Tudo bem então – sua boca agora está colada no meu ouvido. – Mas só não vou insistir mais no assunto porque eu já estava ficando de pau duro vendo você lamber o seu sorvete. Estava ficando com inveja dele já.

Sei que ninguém escutou o seu comentário, mas fiquei completamente desconcertada. Queria chamá-lo de tarado, mas podia levantar alguma suspeita. Resolvi relevar. Dei somente um beliscão fraquinho no seu braço e voltei a encostar a minha cabeça no seu peito.

– É aquele tia – Josy falou pra mim, puxando a minha blusa, para me chamar a atenção.

– Aquele quem princesa? – perguntei intrigada.

– O moço que passou a tarde comigo no parque – chamo a atenção do James, que começou a olhar para nós, mesmo sem entender muita coisa. – Sabe? Aquele que o tio James quer saber.

– Quem princesa eu quero saber? – James pergunta.

– O moço que disse que era amigo de vocês dois, o que todo mundo brigou comigo quando eu brinquei com ele no parque...

– Aonde? – podia perceber a raiva controlada com que James falava. Seu rosto estava ficando muito vermelho.

Josy apontou discretamente para um rapaz alto e magro encostado numa árvore. Ele usava uma bermuda jeans e uma camiseta vermelha. A iluminação do parque não ajudou muita coisa, de modo que eu não consegui identificar o seu rosto.

– Tem certeza Jô? – perguntei. Ela pode ter se confundido.

– Tenho sim tia Camila, ele colocou o boné quase agora. Mas antes ele acenou para mim.

– James – nem terminei de falar o seu nome, ele já estava em pé e seguindo na direção do rapaz.

Quando o cara percebeu que o James estava indo na direção dele, o rapaz desencostou da árvore, virou e começou a andar na direção oposta. James apertou o passo, mas o cara percebeu, pois começou a correr. Os dois começaram a correr e eu perdi os dois de vista. Abracei a Jô apertado, esperando ele voltar.

– Pra onde meu irmão foi? – Ian pergunta, quando ele e Bia saem do seu namoro.

– Ele foi atrás do cara que estava com a Josy no dia do parque.

– Ele está aqui? – Ian fala e levanta rapidamente, olhando para todas as direções.

– Sim, ele saiu atrás do cara tem alguns minutos.

– Mer... – quando percebeu que a Jô estava ali, Ian engoliu as palavras. Sentou novamente e passou a mão pelos cabelos, visivelmente preocupado.

– Calma amor, ele já volta – Bia fala, o que acalma o Ian um pouco.

Ficamos ali, sentados no banco, esperando o meu amor voltar. Os segundos pareciam horas. Tenho certeza que eu olhei o relógio dez vezes em menos de um minuto. Dez minutos depois (que pareceram 100 anos) James volta sozinho e muito suado.

– Perdi ele de vista, ele entrou num carro. Vamos para casa, lá explico tudo melhor.

Pegamos a cesta, colocamos todo o lixo dentro e colocamos tudo no carro. Ian e Bianca vão para casa, depois de muita insistência do James. Uma tarde tão agradável, terminar assim... Chegamos ao apartamento e James foi direto tomar um banho. Ajudei a Josy a tomar banho e coloquei um pijama nela.

Deixei ela assistindo televisão e fui para o quarto. James já tinha saído do banheiro, mas estava sentado na beira da cama, ainda de toalha. Seu rosto estava entre as suas mãos e os cotovelos estavam apoiados nos joelhos. Sentei ao lado dele e passei a mão delicadamente em suas costas.

– Eu estava tão perto...

– Tudo bem meu amor. Ia ser uma boa saber quem era, mas ninguém aqui está chateado com isso. O importante é que você está bem. Nada mais importa...

– Claro que importa amor. Mas eu sei quem era. Eu consegui ver o rosto dele.

Gelei. James sabia quem era.

– Você viu o rosto dele? E você sabe quem é?

– Sim.

– E porque você ainda não me disse quem era?

– Acho que ainda estou tentando acreditar no que os meus olhos viram. Não posso acreditar que era ele mesmo...

Afago seu cabelo e ele me puxa para um abraço apertado, nem se incomodando por eu estar toda suja e cheia de flores e grama no meu cabelo. Tadinho, estava consternado mesmo. Ele me larga e me encara com os olhos cheios d'água. Minha nossa! Essa pessoa deve ter sido uma surpresa muito grande.

– Você quer mais um tempinho para organizar as suas idéias?

Ele concordou e eu fui para o banheiro tomar banho. Demorei um pouco mais do que eu precisava, somente para dar mais um tempo para James absorver os fatos. Retirei todas as flores que estavam enganchadas no meu cabelo e sai do banho não me sentindo muito mais limpa.

Quando saí do banho, meu namorado não tinha se mexido nenhum centímetro. Beijei o topo de sua cabeça somente para avisar que eu já tinha terminado e que ele poderia conversar comigo quando quisesse...

Procurei uma camisa comprida, vesti e coloquei uma calcinha. Peguei a calça de dormir dele e coloquei ao seu lado. James vestiu rapidamente, mas nem aproveitei a vista pois seu rosto estava muito preocupado para pensar em qualquer outra coisa.

– Meu amor, estou preocupada com você.

– Não fica meu anjo, por favor. Vou ficar bem. Só preciso de um abraço agora – ele abre os braços e eu vou na sua direção.

– Sempre – mas eu parei na metade do caminho. – Mas eu vou só verificar a Josy, deixei ela assistindo televisão, mas ela estava tão cansadinha que já deve ter dormido lá no sofá...

– Deixa que eu vou – James levanta da cama, me dá um selinho e vai para a sala.

Cerca de quinze minutos depois, James entra no quarto. Sua carinha estava melhor, mas ainda tinha certeza que a descoberta estava o incomodando.

– Ela já estava dormindo mesmo, a levei pro seu quarto e liguei pra mãe dela avisando que ela ia dormir aqui.

– Tudo bem.

– Tenho que te pedir um favor anjo...

– O que quiser.

– Você pode deixar a Josy na escola antes de você ir para o trabalho? Porque amanhã volto a trabalhar na corporação e vai ficar muito contramão para mim...

– Sem problemas amor. Quer dizer então que amanhã você vai voltar para o trabalho dos seus sonhos?

– Sim – ele diz com um sorriso que não alcança os seus olhos.

– Você vai sair que horas? – não posso perder a oportunidade de ver meu amor de vermelho e uniforme.

– No mesmo horário que você, mas como a corporação fica do outro lado, ia acabar me atrasando se eu fosse deixar a Jô na escola.

– Ótimo.

Resolvo acabara nossa conversa. James ainda não queria me falar nada e eu resolvi não insistir no assunto. Me aconcheguei em seus braços e ficamos assim. Calados. Receosos. Ansiosos por um fim. James respirava fundo e eu percebi que ele estava tomando coragem para me falar. Respeitei o seu tempo.

– Anjo? – ele pergunta depois de muito tempo de silêncio.

– Oi lindo.

– Pensei que estivesse adormecido.

– Estou sem sono – a curiosidade e a preocupação não me deixavam dormir.

– Está difícil.

– Tudo bem amor, leve o seu tempo.

Um momento de silêncio depois e de vários suspiros, escuto um nome baixo.

– Marcelo.

Marcelo? Peraí, eu já escutei esse nome em algum lugar... Da onde meu Deus? Ah, lembrei! Puta que pariu! Esse era o nome do "amigo" dele que era amante da Vacamarina! Será que ela também estava envolvida?

Abracei o James com mais força. Já era a segunda facada que esse Marcelo tinha dado no peito do James. Mas qual era o motivo que ele tinha? Quando dei por mim, lágrimas escorriam dos meus olhos e dos dele.

Uiiiii, o que será que o Marcelo quer genteee? E aí, gostaram do capítulo?

Amores, quero agradecer os 3 mil votos na história. Estou pulando de alegria por todo o carinho que estou recebendo. A história já está se encaminhando para o fim, mas ainda tenho programado alguns capítulos. Vamos que vamos em buscas de respostas e algumas coisas já começam a ser reveladas!

Se gostaram do capítulo não se esqueçam de votar e comentar, isso faz com que a sua autora se empolgue e faça capítulos mais carinhosos. Beijos meus amores, e até o próximo capítulo <3

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