Bônus - Noite de Natal, 2009
Boa noite pessoal! Fiz esse bônus aqui só pra vocês saberem de mais coisas que o James e a Camila não sabem, rsrsrs. Espero que gostem!! Esse bônus vai ser na visão da Bianca e do Isaac! Mas é de alguns anos atrás ;D
● Bianca ●
Vesti o meu melhor vestido creme e calcei uma sandália preta, que combinava perfeitamente com a minha bolsa. Cah estava linda com um vestido verde que vinha até a metade de suas cozas e uma sandália dourada.
Fiz a minha maquiagem e a dela e fui procurar um brinco que combinasse com a ocasião. Estava nervosa. Os pais de Camila já me conheciam, mas eu nunca tinha passado uma data assim com eles. Até que fim tinha criado coragem para passar longe dos meus pais.
Não suportava mais passar o natal ou qualquer data comemorativa com a minha família. Como eu nunca seguia as regras deles, eu era só criticada em toda a oportunidade que tinham. Já estava saturada daquilo. Por isso que quando a minha amiga me colheu no seu quarto da faculdade e me chamou para passar o feriado com ela, não pensei duas vezes.
O pequeno quarto/cozinha estava abarrotado de roupas, maquiagens, sapatos espalhados. Cah acho que mudou de roupa umas dez vezes. Ela andava de um lado pro outro, procurando alguma coisa que acho que nem ela sabia o que era.
Ela entra no banheiro e eu encontro um brinco brilhante bonito que vai cair bem com esse vestido. Dou uma última olhada no espelho e fico satisfeita. Camila coloca a cabeça para fora da porta do banheiro e diz.
– Vamos? O Luís já chegou.
Luís, não gosto muito desse cara. O conheci lá no colégio, mas não sei bem o porque mas não confio muito nele. Eu tento gostar, por causa da Cah, ela parece tão feliz com ele que faço um esforço. Acho ele superficial, parece vazio. Mas se ele a faz feliz, quem sou eu pra me meter no caminho da felicidade dela? Aí dele se ele machucar a minha amiga!
– Vamos Cah. Tem certeza que seus pais não vão se incomodar em me receber?
– Deixa de besteira Bia, meus pais te adoram e você sabe disso, eles te consideram uma filha e eles vão amar te receber lá em casa. Agora, um assunto mais importante, como eu estou?
– Linda como sempre amiga – fiquei bem mais aliviada com a declaração da minha amiga. Ia ser bom passar o feriado me divertindo pra variar.
Peguei minhas sacolas com os presentes da Cah e de toda a sua família. Não podia aparecer de mãos abanando. Ajudei a minha amiga a carregar os presentes dela. Ela tinha bem mais, já que ia presentear a maior parte da família. Colocamos tudo no porta-malas. Tá vendo como eu não tenho motivos para gostar do cara? Ele nem se deu ao trabalho de descer do carro para nos ajudar com as sacolas.
O prédio dos pais de Cah era bem organizado e bonito. Não era no melhor bairro da cidade, mas ficava muito bem localizado. Era um apartamento por andar e esse em especial tinha um clima todo especial de "lar, doce lar", exatamente como eu lembrava.
Dona Renata e seu Cláudio nos receberam com muito carinho quando tocamos a campainha.
– Filha, Luís entrem. Bianca, como você está linda! Que bom que você decidiu passar o feriado conosco – a mãe de Cah fala e me puxa para um abraço.
Devolvo o abraço e me senti em casa.
– Obrigada dona Renata, muito feliz por estar aqui também, obrigada por me convidar.
– Que é isso Bianca, te conheço desde pequena, te considero uma filha também já. Mas agora vamos entrando, podem sentar onde quiserem.
Falei com o pai de Cah, que foi um pouco menos simpático, mas eu sei que é somente o jeito dele. Nos afastamos dali e fomos colocar os nossos presentes em volta da árvore de natal muito bem decorada. Quando colocamos os presentes, Cah me cutuca com o cotovelo e diz.
– Não disse amiga. Meus pais te amam.
Sorri em resposta. Escolhemos sentar em uma mesa lá no terraço. Era mais afastada da conversa central na sala e ainda era em um local bem mais ventilado. Cah conversava comigo sobre a faculdade, quando uma voz grossa nos interrompe.
– Oi abacaxi – era o Isaac falando com a minha amiga, e deu um jeito para bagunçar o seu cabelo.
– Abacaxi? Porque isso? Enlouqueceu cabeção? – ri da maneira como eles se tratavam, senti falta de ter um irmão ou uma irmã para poder ter esses momentos também. Acho que é por isso que sempre pensei na Cah como uma irmã de outra mãe.
– Verde e amarela com esse cabelinho bem arrumadinho aí, você está parecendo a casa do bob esponja – Isaac começou a rir ruidosamente.
– Sai daí cabeção, você está é com inveja de não conseguir ficar tão lindo assim!
– Nunca – Isaac a fez levantar da cadeira e a puxou para um abraço apertado. – Senti sua falta amarelinha.
– Também. Ah! Nem tive a oportunidade de te falar pessoalmente, mas meus parabéns cabeça! Finalmente fez alguma coisa de útil na vida – Cah fala, rindo muito.
– É mesmo. Parabéns Isaac – falei, entrando um pouco na conversa. Ele tinha passado em uma faculdade de turismo e ia começar agora nesse semestre.
– Vale Bianca – ele me responde e sorri pra mim.
Parei.
Tenho que explicar uma coisa. Eu tenho uma pequena grande queda pelo irmão mais novo da minha melhor amiga. E pra completar o clique do romance da sessão da tarde, a Cah não faz a menor idéia de como eu me sinto.
Primeiro, por ele ser mais novo, ele não era bem mais novo, só tinha um ano e alguns meses de diferença, mas mesmo assim são maturidades diferentes. Segundo, não quero estragar a minha amizade com a Cah, não consigo ficar muito tempo com um cara, e se eu o magoasse ou se ele me magoasse, iria mudar a dinâmica da nossa amizade com certeza. Terceiro, eu nem sabia se ele gostava de mim, se olhava pra mim desse jeito.
– Ei, e o meu obrigada cabeção? – Cah pergunta e cruza os braços, esperando uma resposta do seu irmão.
– Pra você não tem, você não fez mais do que a sua obrigação de ficar feliz por mim. Sou seu irmão. Posso sentar aqui? – ele pergunta apontando para uma cadeira vazia do meu lado.
– Não – Cah fala com uma falsa raiva, mas ele nem dá ouvidos, senta do mesmo jeito.
– Você vai mudar de idéia quando ver o que eu comprei pra você amarela...
– Assim espero!
A conversa continuou animada. Várias tias, tios, primas e primos foram chegando e eu fui ficando cada vez mais calada. Por incrível que pareça eu fui sentindo uma falta insuportável da minha família.
Minha amiga saiu da mesa e foi namorar com o imprestável e uma a uma as pessoas foram saindo da mesa. Até que fiquei sozinha com o Isaac. Bebi algumas coisas e minha mente começava a clarear. Minha garganta queimava com lágrimas não derramadas. Ele falava alguma coisa que eu não conseguia prestar atenção. Só concordava com a cabeça. Até que para de falar por alguns segundos e me analisa.
– Ei Bia, você está bem? – ele perguntou. Depositou a sua mão sobre a minha e foi tudo o que eu precisei para descarregar as minhas lágrimas. Perfeito! Estava chorando, com a minha queda do barranco e ainda para completar tudo, tinha álcool suficiente no meu sangue para meu juízo vacilar.
Consigo negar com a cabeça, mas não consigo falar nada.
– Quer sair daqui e procurar a minha irmã?
Assenti com a cabeça e me levantei da cadeira. Segurei sua mão e segui com ele pela casa. Ele evitou falar com todo mundo, e chegamos na cozinha vazia. Ele pegou um copo de água, jogou uma colher de açúcar, mexeu e me entregou.
Aceitei de bom grado e tomei um gole enorme. Me acalmou tanto aquele gesto. Não sei se foi a água, ou a preocupação dele comigo. Agora fomos em direção ao quarto da Cah. A porta estava trancada. Ah safada!
– Putz, menina sem noção – Isaac coçou a cabeça. Virou na minha direção e continuou a falar. – Se você quiser, pode ficar no meu quarto enquanto se acalma... Mas assim, só se você quiser, senão posso bater aqui na porta e atrapalhar o que quer que esteja acontecendo lá dentro – Zac fez uma cara de nojo, o que me fez quase rir.
O álcool respondeu por mim e eu concordei com a cabeça. Duas portas do lado era o quarto dele. Isaac abriu a porta e indicou com a mão.
– Bem, desculpe a bagunça, mas não estava esperando alguém aqui... Pode sentar onde você quiser. Quer dizer, onde você conseguir.
Procurei onde sentar e deixei a minha bolsa em cima do seu criado mudo. Sentei na ponta de sua cama e analisei seu quarto. Era bem bagunçado. As paredes tinham desenhos pintados a mão com um fundo azul. Roupas espalhadas por todo o lugar. Isaac ainda estava parado perto da porta.
– Você quer alguma coisa? Quer que eu saia do quarto? Quer que eu fique? Quer falar o que lhe aflige? Sei que não conversamos muito, mas você pode falar comigo se você quiser...
– Você... Poderia ficar?
– Claro – Isaac sentou ao meu lado e não falou uma palavra.
Estranho, mas sua presença ali me acalmou. Tá, não tão estranho assim. Aos poucos eu não sentia mais saudade dos meus pais. Só sentia que ali era o meu lugar. Encostei minha cabeça no seu ombro e absorvi a sensação. Não tinha mais lágrimas.
Percebi que já eram quase meia noite e que já já viriam nos procurar para jantar e trocar os presentes.
– Obrigada Zac. Você me ajudou muito.
Enterrei meu desejo por ele em algum lugar da minha cabeça. Isaac sorriu para mim. Vendei meu desejo também. O que os olhos não vêem, o coração não sente!
– Não há de quê Bianca, se bem que eu acho que eu não fiz muita coisa...
– Você fez sim, obrigada mesmo. Você subestima o poder de um ombro amigo...
Nos levantamos e fomos para a sala. As pessoas já começavam a se reunir para jantar, e ter as celebrações. Começaram a se perguntar onde estava a minha amiga. Ufa! Ainda bem que ninguém sentiu a nossa falta!
● Isaac ●
Cheguei em casa depois de passar na casa de uns amigos meus. Falo com os velhos e dou uma olhada na casa para ver quem já chegou. Procuro a minha irmãzinha para perturbar seu juízo. Fecho os punhos quando a vejo toda de papinhos e amores com aquele engomadinho de merda.
Mas minha raiva passa quando pouso os olhos na minha bonequinha preferida. Linda, com um vestido meio bege, sei lá, realçando suas belas curvas até a linha de cintura. Porque ela tinha que ser a melhor amiga daquela amarela? E porque eu inha que ter um relacionamento tão legal com a minha irmã?
Depois de me descontrair um pouco com minha irmão, sentei ao lado da minha boneca e seu cheiro de melancia era tudo o que eu conseguia pensar entre as minhas conversas.ela foi ficando mais e mais calada.
Minha maninha saiu para falar com o Luís – arg! – e a mesa foi esvaziando até que fiquei às sós com ela. Minha mente pensava em um milhão de assuntos para falar com ela. Mas minha bonequinha estava distraída, até parecendo triste. E quando eu vi seus olhos se encherem de lágrimas, nenhum assunto pareceu importante.
Perguntei o que ela queria fazer e então partimos na busca da amarela. Passei na cozinha e lhe entreguei um copo de água com açúcar. Não chore minha bela! A sensação de segurar a mão dela era incrível, seria melhor se ela não tivesse não triste assim...
A porta do quarto da minha irmã estava trancada. Tenho que lembrar de capar o engomadinho! Mas agora eu tenho coisas mais importantes para fazer do que me preocupar com o que a minha irmã pode ou não estar fazendo...
Perguntei se ela gostaria de entrar no meu quarto, para poder se acalmar. Ela concordou. Puta merda! Meu quarto estava de pernas pro ar, mas era muito tarde pra voltar atrás. E a ver, sentada na minha cama tão triste era de cortar o coração.
Queria poder consolar o seu coração devidamente. Queria que ela me falasse o que aconteceu. Mas fiz tudo o que estava no meu alcance e respeitei seu silêncio. Respeitei a sua vontade de guardar aquele sentimento.
Quando Bianca encostou a cabeça no meu obro, meu coração descompassou! Puta que pariu! Não! Como eu não tinha percebido antes? Eu estava apaixonado pela melhor amiga da minha irmã! Isso daria um bom livro ou um enredo pra novela das seis.
Ela me despertou dos meus pensamentos, me agradeceu e pediu para que voltássemos para a sala. Só espero que ela goste do meu presente. Não é por nada não, eu faria de novo quantas vezes fossem necessárias, mas estou desde novembro procurando em várias lojas em vários shoppings até que eu fui capaz de encontrar algo digno de lhe dar.
● Bianca ●
Hora de trocar os presentes.
Entreguei o da minha amiga, os dos pais dela e fui entregar o que eu tinha mais me preocupado.
Entreguei o grande envelope de papel para o Isaac, e esse me entregou uma caixa comprida e leve. Abri para ver o conteúdo da caixa e vi uma pulseira delicada e dourada com quatro pingentes pendurados. Um 'B', um coração, uma seringa e uma cruz. Linda.
– Obrigada Zac, é linda. Agora acho que o meu presente foi muito simples – falo muito chateada com a minha escolha.
– Tá brincando Bianca? Esse foi um dos presentes mais atenciosos que eu já ganhei em toda minha vida. Gostei muito, muito obrigado – diz ele segurando o desenho que eu tinha feito de uma foto da família dele. Ele ainda não tinha visto o outro que eu fiz dele. Ele estava lindo. – Você que fez?
– Sim – falei envergonhada.
– Você leva muito jeito pra isso Bianca, a riqueza de detalhes aqui é incrível! Se você não gostasse tanto de enfermagem, eu ia te obrigar a fazer desenho!
– Obrigada Zac. Você é um amor.
Fomos interrompidos por diversos "que lindo" " o que foi que você ganhou?" " obrigado" e algumas despedidas. Jantei pouco, e de tempos em tempos me pegava olhando com uma cara boba pra minha nova pulseira.
Resolvi dormir aqui na Cah. Ela me convidou tão animada que não consegui dizer não, quer dizer, eu também não queria voltar para o nosso dormitório vazio. A noite terminou sem nenhum problema, e todos foram embora bem animados. A festa tinha sido incrível e tirando minha tristeza isolada, eu me diverti muito.
Tomei banho e coloquei um pijama emprestado da Cah. Ele ficou grande, pois esqueci de crescer e tudo ficava longo demais em mim. Sentamos na sua cama e passamos alguns momentos conversando. Camila me perguntou como tinha sido a minha noite, e conversamos sobre os presentes que ganhamos.
Camila me mostra a cesta enorme que o Luís deu para ela de Natal. Chocolates, bichinhos de pelúcia, corações, tudo o que é óbvio e manjado estava ali dentro. Okay, tinha ficado lindo, mas eu tinha que arrumar um motivo para implicar com o Luís. Ela me mostra também o presente que o irmão dela deu.
Uma calculadora gráfica científica de última geração com todo um equipamento de desenho industrial. Camila estava nas nuvens. Ela estava realmente precisando daquilo, mas custava uma nota. Ela estava quase pedindo a ajuda dos pais dela para comprar. Ela pediu para mostrar meus presentes.
Os pais dela tinham me dado um faleço branco bem bonito, com sapatilhas brancas. Mas quando mostrei o que o irmão dela me deu, ela quase que não me deixa em paz.
– Amiga, que coisa mais linda que o cabeção te deu... Mas porque ele te deu isso?
– Ah não sei amiga, fiquei foi sem graça depois... Meu presente foi tão michuruquinha...
– O que você deu pra ele?
– Um desenho meu. Fiz baseado numa foto de família de vocês.
– Ai que inveja dele. Amiga, você desenha tão bem... Estranho isso...
– O que amiga? – ihhhhh, me lasquei, a Cah descobriu tudo...
– Estranho, o Luís disse que vinha me pegar mais tarde pra passar a noite com ele, mas até agora não me ligou... – respirei aliviada, ela não percebeu.
– Ah, então foi por isso que você colocou esse pijama todo lindo e sexy. Pensava que você ia usar isso pra dormir aqui comigo.
– Nada Bianca, deixa de bobagem, comprei especialmente pra noite de hoje, junto com esse – Cah tira um sobretudo preto de uma sacola e coloca por cima do pijama. Coloca uma sandália altíssima e senta na cama.
– Amiga, é lindo demais. Vai arrasar!
– Obrigada, é que ele me chamou para ir na casa dele. Os pais dele não vão estar lá, aí você sabe né?
– Ah eu sei, mas se bem que a falta de prática está quase me fazendo esquecer...
– Mas vou conversar com o Zac, quero saber quais são as intenções dele com você te dando uma coisa assim tão atenciosa e bonita. Pensava que ele ia te dar uma saboneteira, de tão ruim que ele é pra dar presentes!!!
– Ah, vai ver que ele aprendeu, olha o presente que ele te deu...
– É, vai ver foi isso mesmo...
O celular da Cah começa a tocar e ela vai olhar toda feliz e saltitando. Ela atende.
– Oi meu amor. Sim. Pode deixar, já estou descendo – Camila desliga o telefone e segura minhas mãos. – Amiga, você vai me fazer um favorzão. Se meus pais te perguntarem alguma coisa, ou se ágüem aparecer aqui, você dá uma desculpa, diz que fui no banheiro, sei lá, mas você me cobre?
– Claro que sim sua tarada! Agora vai, antes que alguém escute a nossa conversa...
– Obrigada Bia linda. Você é a melhor. Te devo uma. Volto antes do café da manhã.
– Aproveita safada! Não faça nada que eu não faria!
Cah piscou um olho pra mim e saiu por sua janela. Ela dava para a saída de incêndio do prédio. Escutei seus saltos batendo no metal da escada enquanto ela descia. Maluca esse minha amiga! Só ela mesmo pra sair assim escondida!! Mas se bem que eu fazia muitas coisas parecidas em casa. Casa. Droga! Eu não queria ficar sozinha lá no dormitório,mas acabei sozinha aqui!
Rolei de um lado para o outro da cama tentando adormecer, mas não conseguia. Sentia falta de alguma coisa. Procurei minha bolsa para pegar meu celular, ver se alguém da minha família tinha lembrado de mim carinhosamente, não somente como o saco de pancadas da família.
Puta merda! Agora que eu lembrei que eu não tinha pegue ela lá no quarto do Isaac. Estava lá em cima do criado mudo! Merda, mil vezes merda! Ele já deve estar dormindo, e outra não vou lá no quarto dele sozinha e carente de noite, não confio no que posso fazer.
Levantei frustrada e fui até a cozinha pegar um copo d'água. A porta da geladeira estava aberta e eu só conseguia ver um bumbum redondo e bonito abaixando, mexendo em alguns depósitos que estavam na geladeira.
Um Isaac lindo, sem camisa e cabelo desarrumado fechou a porta da geladeira, segurando uma jarra de suco. Deu um pulo de susto quando me viu.
– Ah Bianca, é você. Pensei que fosse minha mãe. Ela ia me matar se visse a bagunça que estou fazendo aqui. Estou fazendo um sanduíche com tudo o que tem direito, quer?
– Não obrigada Zac, só vim mesmo pegar um copo de água.
– Você que sabe, acho que é uma das poucas coisas que eu ainda sei fazer na cozinha é sanduíche. E em modéstia parte, sou muito bom – Isaac me lança um sorriso e quase eu aceito só por concordar com ele, mas estava muito cheia, não ia mais agüentar comer nada.
– Não, estou ainda bem cheia do jantar. Mas quem sabe outra hora? – falei e fui em direção ao armário, procurando um copo.
– Tem como você pegar dois? Queria um para colocar meu suco. Nem suco você quer? É de maracujá, e está uma delícia...
– Acho que o suco eu vou aceitar – vai ver que com esse suco eu consiga dormir...
– Voilá – Isaac me mostra seu sanduíche que tem no mínio quatro dedos de altura, e realmente parece delicioso.
– Zac, acho que a minha bolsa ficou lá no seu quarto. Depois posso dar uma olhadinha lá? É que meu celular está lá dentro e gostaria de mandar algumas mensagens ainda antes de ir dormir...
– Claro que sim Bianca, sem problemas. Você me espera só terminar aqui?
– Tudo bem.
Peguei meu copo de suco e me sentei numa cadeira em frente a ele. Isaac comeu seu sanduíche enorme a uma velocidade impressionante. Nunca vi alguém comer tão rápido. E a quantidade de coisas que ele sujou foi mínima. Ele mesmo lavou e guardou tudo no local. Ele era um cara tão legal... Fomos então para o seu quarto para buscar a minha bolsa.
Ela estava lá, ainda em cima do criado mudo. Exatamente onde eu tinha deixado. Seu quarto estava mais organizado e todas as roupas que estavam lá espalhadas estavam fora de vista. Ele deve ter dado uma geral no seu quarto antes de ir se deitar.
– Obrigada Zac. Ah, e eu gostaria de agradecer novamente a pulseira, ela é realmente muito linda...
– Não há de quê. E como pode ver também gostei muito do seu – ele fala e ponta para uma escrivaninha. Na frente de várias coisas estava o retrato que eu desenhei dele. Estava muito bem apoiado na frente de um porta retrato.
– Que bom que você gostou... – falei, me sentindo envergonhada. – Bem acho que agora vou indo. Boa noite Zac.
Dei um abraço nele. Decisão errada Bianca. Ele pareceu surpreso no começo, mas depois já me abraçou forte e ficamos assim por alguns momentos. Minha cabeça batia bem no seu coração e esse batia com intensidade. Por um momento eu pensei que fosse pelo motivo que eu queria.
● Isaac ●
Antes de sair do meu quarto ela me surpreendeu me dando um abraço apertado de boa noite. A abracei por mais tempo que é necessário, mas não queria largar de jeito algum. Senti seu sorriso abrindo no meu peito nu e tive que me controlar para não fazer nenhuma bobagem.
– Acho que era desse abraço que eu estava precisando para conseguir pegar no sono.
– Dificuldades para dormir? – queria tanto que ela se abrisse comigo, mas sei que isso iria demorar a acontecer...
– Sim, acho que é a saudade de todo mundo, não gosto de ficar sozinha...
– Sozinha? E minha irmã não está lá com você? – que história é essa? Ela tinha saído de cassa aquela hora?
– Está sim. É porque ela dormiu cedo e eu não consegui dormir nem tinha ninguém pra conversar, ou alguma coisa pra me distrair. Acho que foi por isso que eu acabei entrando na cozinha.
– Ah bom – falei mais aliviado.
– Obrigada Zac. Você foi uma surpresa boa hoje.
Queria ser uma surpresa boa sempre.
– Mesmo achando que eu não fiz nada pra merecer sua gratidão, obrigado.
– Já te disse que você subestima a importância de um bom ombro amigo e um momento de silêncio na hora certa – ela fala retirando sua cabeça do meu peito e olhando diretamente em meus olhos.
– Não precisa agradecer. E quando você precisar...
– Obrigada – os olhos dela se encheram de lágrimas. O que foi que eu tinha falado? Fiz alguma coisa pra ofendê-la?
– Ei, não chora Bianca – falei, enxugando uma lágrima que corria solitária pelo seu rosto. – Foi alguma coisa que eu fiz?
– Não não Zac, você é um amor. Isso é só besteira da minha cabeça mesmo.
– Você sabe que pode me contar se quiser... – meus dedos que tinham enxugado suas lágrimas agora seguravam aquele lindo rosto.
– É só coisa de família mesmo Zac, é que eu vejo vocês tão felizes com a de vocês e a minha só serve pra trazer o pior de mim.
– Creio que tal coisa não exista Bianca, acho que não tem mal algum em você... – falei, triste pelos seus sentimentos, mas um pouco feliz por ela se abrir nem que seja um pouco comigo.
– Gostaria que você continuasse a pensar assim...
– Pode deixar. Vou fazer um esforço... – tentei brincar com ela. Bianca abriu um sorriso fraco e voltou a esconder seu rosto no meu peito.
– Você é um cara especial Zac. A menina que tiver você vai ter muita sorte.
A mulher que eu quero está nos meus braços agora.
– Gostaria que você continuasse a pensar assim... – devolvi as suas palavras e finalmente Bianca voltou a sorrir. Voltou a olhar pra mim e tinha um sorriso estampado no rosto. – Assim, está bem melhor – passei meus dedos em seu rosto novamente enxugando o resto das lágrimas que ainda existiam.
– Obrigada por me escutar Zac – Bianca fala e fica na ponta dos pés para me dar um beijo na bochecha. Ou pelo menos é isso o que penso que ela ia me dar.
Mas o que eu senti foram seus lábios quentes e macios me darem um selinho muito carinhoso. Meu corpo esquentou de imediato. Eu tinha sentido isso mesmo ou era somente um sonho?
● Bianca ●
Fui levada pelo momento e acabei dando um selinho nele. Os lábios dele ainda tinham gosto de maracujá. Até eu me impressionei com a minha atitude. Mas me pareceu uma coisa tão normal. Me senti tão bem fazendo aquela coisa errada. Que não era bem errada, mas com certeza não era certa.
– Isaac, desculpa eu... – e Isaac me calou com um beijo. Então ele não se sentiu incomodado com aquele beijo.
Ele tinha retribuído. Retribuído! E agora nós estávamos nos beijando com uma intensidade, mas com uma lentidão. Os movimentos pareciam estar em câmera lenta. Meu cérebro e meu coração estavam trabalhando juntos para que eu nunca mais pudesse esquecer aquela noite.
Idade, amizade, tudo isso foi desligado do meu cérebro e eu só sentia a paixão do momento. Eu não estava magoando ninguém. Se alguém ia sair magoada naquela história seria eu, mas não me importei. Passei minhas pernas ao redor da sua cintura e momentos depois senti a maciez do colchão abaixo de mim.
Se para todos os efeitos a Cah estava dormindo no seu quarto, eu também estava lá, dormindo ao seu lado. A madrugada foi maravilhosa. Nunca pensei que passar a noite com o irmão mais novo da minha melhor amiga pudesse ser tão maravilhoso assim.
Nós não só fizemos sexo. Conversamos, brincamos e conheci um lado totalmente novo do Isaac. A parte ruim da noite foi o nosso trato daquela noite não se repetir, e nem ser contada a mais ninguém.
Quase como as doze badaladas da Cinderella, o raiar de um novo dia veio nos informar que a noite acabou, e teríamos que voltar a nos tratar normalmente.
– Zac, obrigada pela noite. Mas é melhor eu voltar para o quarto, antes que a Camila acorde e sinta a minha falta.
– Essa noite foi inesquecível – Isaac me dá um último beijo e eu saio de seu quarto.
A casa está silenciosa, e quando abro a porta do quarto fico aliviada pois a minha amiga ainda não tinha voltado. Vou ao banheiro, olhar meu rosto, quando escuto a janela sendo aberta.
– Oi Cah, a noite foi boa pra chegar só agora...
– Ai Bia, foi maravilhosa, estou nas nuvens aqui... E como foi a sua noite, dormiu bem?
– Ah sim, dormi.
– Mas o que a senhorita faz acordada agora? Eu sei que não te acordei, porque você estava no banheiro...
– Acordou não amiga, acordei só apertada para fazer xixi...
– Ah bom. E ninguém sentiu minha falta não né?
– Não amiga, não sai do quarto e ninguém veio aqui... – menti.
– Que ótimo amiga. Mas agora deixa eu tentar cochilar um pouquinho, não quero parecer um zumbi na hora do café da manhã – vou tentar fazer o mesmo.
– Okay amiga, bom sono.
Deitei na cama ao lado da minha amiga e todas as sensações dessa madrugada estavam na minha mente. Não consegui dormir de tanta felicidade.
● Isaac ●
A despedida foi a pior. Queria que ela continuasse ali, comigo, abraçada e acolhida em meus braços. Sentei na minha cama tentando entender como meu coração vai conseguir seguir em frente depois dessa noite.
Mas eu nunca ia esquecer dessa noite.
Eu poderia ter várias noites, com várias mulher, mas essa noite deixou uma marca em mim que não vai ter tempo nem outra pessoa para apagar. Olhei para minha cama vazia e o jeito como os lençóis estavam espalhados na cama me lembrava ela.
Bianca.
Como uma mulher tão pequena levou um pedaço tão grande de mim quando saiu? Não posso mais pensar nela. Combinamos que ia ser melhor assim. Mas agora? Como eu ia olhar em seu rosto sem lembrar do seu rosto de desejo enquanto a beijava? Como eu vou sobreviver a esse café da manhã?
Encostei minha cabeça no travesseiro e seu cheiro estava todo por lá. Merda! Vou ter que tomar um banho de água fria e colocar pra lavar todos esses lençóis. Não vou suportar tentar dormir com o cheiro dela aqui. Vai atrapalhar no processo de guardar essa noite na minha mente o mais rápido possível.
Tomei um banho e me deitei no chão do meu quarto. O único lugar que eu não ia lembrar dela. Não consegui dormir. A felicidade transbordava de mim e eu fiquei olhando pro tempo e pro teto. Meu despertador toca as nove horas da manhã e eu me visto e vou para a cozinha, tentando parecer calmo, mas meu coração estava quase saindo pela boca.
Mas a Bianca não estava lá. E nem a Camila. Fiz meu prato de café da manhã, e junto com uma caneca enorme cheia de café, fui me sentar no canto mais afastado possível. Terminei de comer e nem sinal das duas.
Lavei os pratos que sujei e alguns que as minhas tias traziam. Desocupei minha mente. Mas quando escutei minha irmã atrás de mim, meu coração descompassou.
– Mas é um milagre de Natal – minha irmã fala e me abraça por trás.
– Deixa de besteira amarela. Só me deu vontade mesmo...
– Eu sei, só estou implicando com você cabeção. E você já tomou café?
– Tomei sim maninha.
– Ah, que triste, ia te pedir pra fazer companhia pra mim e pra Bia enquanto comemos...
– Mas posso fazer, já comi, mas posso conversar com vocês enquanto comem...
– Então termina logo aí e vá lá pra nossa mesa. Ah – agora Camila começa a falar um pouco mais baixo. – Depois eu quero saber os motivos por trás daquela pulseira Zac, achei muito fofo da sua parte, e você não é assim.
– Deixa de besteira mana, de tanto você me importunar por causa dos presentes que eu te dava, acho que devo ter aprendido alguma coisa...
– Também pensei nisso. Mas não demora não – ela me deu um beijo na minha bochecha e eu me concentrei em terminar logo de lavar tudo.
Fui na direção da mesa das meninas e a Bianca deu um sorriso tímido.
– Bom dia Isaac – Bianca me falou olhando para a comida em seu prato.
– Bom dia Bianca. Dormiu bem? – a pergunta saiu antes que eu lembrasse de todas as implicações que ela trazia.
– Minha noite foi maravilhosa – Bianca fala e olha bem fundo nos meus olhos. E eu entendi o que ela quis dizer.
– Que bom.
A conversa foi fluindo e a intensidade foi diminuindo. Depois de um tempo a conversa ficou leve e descontraída. E eu me arrependi imensamente de ter concordado em ser uma coisa de uma noite só. Eu gostaria de passar mais tempo com ela, ver no que ia dar...
Ai meu Deuuus! O que era pra ser um bônus pequenininho, acabei me empolgando e ele ficou do tamanho de um capítulo! rsrsrsrs. Mas e aí, gostaram de ver o lado da história da Bianca e do Isaac? Gostaram de saber disso? Se vocês gostaram, não se esqueçam de votar ^^ E se quiserem deixar um recadinho com a opinião de vocês, fiquem à vontade ;D Beijos e até o final de semana meus amores ;***
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