Cap. 43 - Arrependimento!?
A consciência foi-me voltando aos poucos e eu senti uma dor muito forte no rosto e no corpo inteiro, sendo neste último menos intenso.
Estava difícil abrir os olhos e quando o fiz percebi que ainda estava no apartamento do Jonas. Ele parecia estar falando com uma foto, num desvario estranho que não entendia muito bem.
Esforçando-me bastante, tentei localizar a Jane, mas ela não parecia a vista. Fechei novamente os olhos para que o Jonas não percebesse que eu havia despertado. O gosto metálico de sangue em minha boca me deixou com um pouco de pânico, mas permaneci quieta, lutando contra o medo e a dor.
Aos poucos as palavras foram fazendo sentido e confirmei alarmada que ele falava com uma fotografia. Da posição em que estava não conseguia ver, mas percebi que ele falava com uma voz suave, carinhosa até. Continuei inerte, enquanto suas palavras foram ficando cada vez mais claras:
— Minha linda, eu ainda sinto tanto a sua falta! Mas aquele advogadozinho vai pagar por tudo, por ter matado você e nosso filho! Quem ele pensa que é? Você era minha e ele me tomou a única mulher que amei....ah, Ceci! Como você me faz falta, minha loira! Faltava tão pouco para você deixar aquele imbecil do seu marido e a gente ia viver muito feliz com nosso Júnior. Pensa só, ia ser um nome bacana, Joel Dantas Júnior....
Joel? Eu não estava conseguindo acompanhar a conversa. As dores estavam me distraindo e era necessário muito esforço para não gemer. Por um momento fiquei sem saber discernir se estava sonhando... tudo parecia tão irreal, um sonho ruim que não acabava nunca.
Pensei ali nos meus pais, no quanto me orientaram no melhor caminho, nos meus amigos, principalmente no Ariel que sempre esteve comigo desde quase sempre, minha nova melhor amiga, a Celeste, com quem falhei tanto em não confiar, ela que sempre esteve ao meu lado...e no Miguel...ah Miguel, o homem atormentado que Deus me mandou ajudar e o fiz mal e relutantemente.... não imaginei que ia perder o coração no trajeto e iria magoá-lo. As coisas desandaram de vez ao pensar no quanto eu fui tola em manter amizade com a Jane. Só de pensar nela meu sangue fervia e a vontade de acabar com aquele sorrisinho infame em seu rosto, nossa.... Realmente, voltando um pouco no tempo, os conselhos que ela me dava, tudo ia na linha contrária aos ensinamentos de meus pais, que ao contrário dela, sempre pensaram no meu bem, tanto físico quanto espiritual.
Não consegui me conter e as lágrimas insistiram em sair. Quando uma fungada escapuliu, tentei prender a respiração para que o Jonas não percebesse que estava consciente. Ele logo saltou de onde estava, aproximou-se e chutou minha costela.
— A princesinha resolveu acordar? - ao ver que eu chorava começou a rir, parecia um louco - ah, é tão bom vê-la assim, subjugada a mim. Queria que aquele infeliz do Miguel estivesse aqui para ver sua namoradinha no chão...
Tentei me mexer, mas além da dor na boca e cabeça, sentia uma dor forte nas costelas...era complicado.
— Não vai falar nada? Ah..a boquinha tão linda está dodói, né meu amor? Isso vai ser bom, porque não vai gritar quando eu finalmente ter você...porque não vai ser com carinho, meu bem, vai ser com raiva...mas ainda não é a hora, preciso de um certo espectador e ele já está quase chegando...a Jane, sua amiga, está neste momento dando um jeito de trazê-lo aqui....- abaixou-se e passou a mão no meu pescoço, descendo em direção à minha barriga, arrancando-me um gemido de dor ao passar rente às minhas costelas - hmm, não precisa ficar ansiosa, minha pequena, não vai demorar muito.
Meu choro intensificou-se ao imaginar que tudo o que passei para evitar que o Miguel fosse atingido foi em vão. Não queria admitir para mim mesma que eu iria morrer de uma forma tão indigna, causando ainda mais sofrimento ao Miguel. Meu coração se entristeceu ao perceber que estava agindo tão contrário à vontade de Deus em minha vida e consequentemente atraindo o Miguel para a tempestade que me rodeava.
Eu sabia que pouco tinha a fazer, mas teria que reverter a situação de qualquer forma, mas como? Tentei me mexer, mas o Jonas colocou o pé em cima da minha barriga, impedindo-me. Ele ainda segurava uma foto, que olhava constantemente. Por um momento, quando abaixou a mão, vi rapidamente que se tratava de um linda mulher, loira, que me era totalmente estranha.
Meus pensamentos formaram o rosto do Miguel assim que vi o rosto na foto e fiquei sem entender. O que aquela mulher teria a ver com o Miguel?
Fechei os olhos e implorei ao Senhor para não deixar que o Jonas tivesse exito em seus malfadados planos. Eu tinha sido responsável por tudo, o Miguel não tinha culpa de nada, não podia admitir que algo lhe acontecesse por minha culpa.
Orei, orei ao SEnhor, mas os minutos passaram e nada acontecia. A minha aflição já era maior que a minha dor. Num certo momento, o Jonas trouxe água e aproximando-se, perguntou se eu tinha sede. Ao ver minha afirmativa, ele bebeu a maior parte da água do copo, sob meu olhar sedento e fazendo um gesto característico de quem se saciava, mostrou-me o restante da água no copo e novamente perguntou se eu queria. Quis dizer que não, mas realmente estava como muita sede. Balancei com muito custo a cabeça e ele fingiu que iria beber o restante, mas ao ver meus olhos ansiosos, bem devagar foi virando a água no meu rosto, quase me afogando.
— Tá ai a água, bebe.... - deu uma gargalhada e saiu.
Fechei os olhos, humilhada, incapaz de acreditar que isto poderia estar me acontecendo. Quis morrer, com muita vontade mesmo....mas antes que eu conseguisse formular uma frase pedindo para me matar, a porta do apartamento abriu-se e vi quando a Jane entrou, com sua pose de rainha do Egito, seguida pelo...Ariel?
*****
Galera, como prometido, o capítulo. Ele tá bem curto porque achei melhor cortar, a continuação dele (cap. 44) vai estar enorme porque juntei com o capítulo seguinte para fazer mais sentido.
O próximo capítulo está recheado de revelações e fortes emoções, aguardem e não me odeiem por favor.
bjs a todos.
Cíntia D - 18/01
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