Mais tarde, ao entrar em casa, tentei me esquivar da Celeste, em vão. Sorte a minha que ela estava muito entusiasmada falando sobre o culto e claro, sobre o Ariel, que não percebeu como eu estava prestes a explodir. Foi com muito custo e esforço que consegui me conter até chegar ao meu quarto e enfim desabar num pranto que não parecia ter fim.

Depois de uma noite quase perfeita, aquele encontro havia minado todas as minhas forças e minha esperança de redenção. Não conseguia evitar o nojo de ter sido tocada por aquele infeliz e suas palavras ainda ecoavam em meus ouvidos, mesmo tentando esquecer.

— Então você achou mesmo, gata, que eu ia deixar você soltinha por aí, sem ficar de olho no que é meu? — dizia o Jonas enquanto me abraçava, passando o nariz no meu pescoço.

A vontade que tinha era de dar uma boa joelhada, mas meu corpo parecia paralisado pelo pânico. Só conseguia pensar no Miguel e no mal que ele poderia fazer a ele.

Sentir as mãos do Jonas sobre mim não era nem um resquício do sentimento que emanava quando sentia o toque do Miguel. A cada vez mais eu tinha certeza que estava apaixonada e lamentava o quanto fui tola ao me envolver com o Jonas. Mesmo tendo se passado poucos meses, conseguia agora ver com clareza que a minha imaturidade me levou até o momento em que estava.

Ao ver que eu não respondia, o Jonas colocou a mão na minha garganta e aproximando meu rosto do seu, lambeu minha face, fazendo-me sentir náuseas.

— O gato comeu a sua língua, foi? — o sarcasmo escorria em sua boca e eu apertava os olhos, querendo estar em qualquer lugar, menos ali — talvez você esteja com medo por eu ter visto você se esfregando como uma vadia no advogadozinho. Ah, boneca, você não sabe como fiquei bravo, como quis matá-lo naquele momento por tocar na minha mulher...

— Eu não sou sua mulher...— disse fracamente, tentando me soltar, em vão.

Estremeci com a risada de escárno que ele deu. Parecia sentir prazer com meu medo.

— Bem, não de fato, né? Mas isso vai mudar logo, logo. Eu vou fazer de você minha, só minha...quando eu terminar, duvido que aquele doutorzinho vai querer algo com você.

Não consigo expressar em palavras o que senti naquele momento. Um torpor me invadiu e fiquei dividida entre querer que o Miguel voltasse para me tirar das mãos daquele infeliz e o medo disso acontecer e o Jonas ferí-lo. Ele poderia estar armado.

— Isso nunca vai acontecer... eu, eu...

— Você o quê, minha linda? Eu vejo em seus olhos que está com medo, mas sei que você vai gostar...não tanto quanto eu, mas vai gostar sim. Você está impregnada em mim, quer goste ou não.

— Não...

— Pára com isso! — ele começou a rosnar, deixando-me mais amedrontada — você é minha! Mesmo que aquele doutorzinho tenha ousado beijar você, vou retirar todo resquício dele em você....

Dito isso, beijou-me à força, eu tentando a manter a boca fechada, mas ele foi passando a língua sobre meus lábios, machucando-me e acabei mordendo sua boca. Ele se afastou com a mão na boca, os olhos crispados de ódio.

— Sua cadela! Tá se achando a gostosa porque um playboy metido a besta beijou você? Ele só quer o que todos querem, sua idiota! Mas apenas eu posso te dar o que você precisa. Não resolvo agora, porque tenho umas paradas para resolver. Amanhã conforme combinado, no meu apartamento.

Aproximou-se com as mãos no meu rosto, apertando, fazendo-me lacrimejar.

— E ai de você, gata, se não aparecer. Eu mato aquele advogado. Na sua frente, para ser mais emocionante. E se cacarejar, mato você também...após me esbaldar com seu corpinho, claro. Entendido? — como não respondi devido ao nó imenso em minha garganta, ele puxou meu cabelo aproximando nossos rostos — Não ouvi sua resposta!

Ainda sem poder falar nada, apenas assenti com a cabeça. Ele riu do meu medo e deu um tapa em meu traseiro, fazendo-me entrar no prédio assustada.

Não consegui dormir aquela noite. Não quando as imagens que apareciam à minha frente sempre remetiam ao Miguel sendo machucado ou mesmo morto por aquele monstro. Nem chorar conseguia mais.

Eu havia me metido naquela situação e colocado o Miguel junto a mim. Novamente eu teria que me afastar de todos. Isso ficou mais evidente quando vi duas mensagens do Miguel no meu celular na manhã seguinte.

Durma bem, minha Rubi. Tenha lindos sonhos, bjs. M

Bom dia, flor do dia! Dormi e acordei pensando em você, quando vamos nos ver novamente? Bjs. M

Lágrimas vieram sem que eu pudesse evitar. Era notório que algo havia mudado entre nós, por um momento me permiti vislumbrar uma esperança de um futuro juntos, uma vida em comum, onde nós dois regenerados pela graça estaríamos dedicando nossas vidas ao Senhor.

Assim como as imagens vieram em minha mente, foram afastadas pela cena do Jonas me tocando sem minha permissão, tentando me beijar, "me fazer dele" como ele mesmo diz e uma tristeza apoderou-se de mim.

Logo agora que o Miguel estava baixando a guarda, presenciei o seu quebrantamento, só faltava sua entrega total. E nosso envolvimento? Eu estava totalmente apaixonada e ele não me parecia tão imune a esse sentimento.

Infelizmente não poderia envolvê-lo nesta confusão que se tornou a minha vida. Era a recompensa por ter me afastado dos caminhos do Senhor e me envolvido com tipos como o Jonas? Como me arrependo de ter sido leviana a esse ponto!

Mas meu arrependimento não me livraria de ter que encarar o Jonas hoje a noite e não sei o que aconteceria! Deus, me ajuda! Será que ainda podes me ouvir?

Não rendi muito no trabalho, claro. Qualquer barulho diferente fazia-me saltar assustada. Pior era não poder dar as respostas que tanto queria para as mensagens que o Miguel me enviava, que faziam-me suspirar.

Como está sendo o seu dia? O meu está estressante, mas é só fechar os olhos e lembrar de sua doce voz cantando que eu me acalmo, é instantâneo. Bjs, M.

Está muito ocupada? Atrapalho você? M.

Estou ficando preocupado com seu silêncio. Respostas lacônicas que não me convencem. Sou advogado, esqueceu? M.

Rubi, Rubi. Fala comigo, por favor. M

Eram muitas mensagens e eu resolvi dar um gelo para que ele se afastasse de mim e ficasse fora de perigo, porém não conseguia entender: quanto mais o refutava, mais ele mandava mensagem! Já não sabia mais o que fazer!

Cheguei em casa desanimada, sem saber o que fazer. A vontade que tinha era de arrumar minhas coisas e ir para a casa dos meus pais, no interior. Mas isso não deteria o Jonas, ele sabia onde meus pais moravam e lá seria o primeiro lugar onde me procuraria.

Em meio a essa confusão toda, meu primo JM ficou me ligando o dia todo: ele estava montando uma loja em parceria com o Zac, no shopping que eu trabalhava. Queria que o ajudasse com uma surpresa para a Sara. Ajudei como pude e ele a pediu em casamento e foi surpreendido porque ela lhe fez uma surpresa também. Foi lindo, como em filmes românticos melosos e enquanto ficava feliz por meus primos, me entristecia ao saber que nunca aconteceria o mesmo comigo.

Nisso meus pensamentos me levaram em direção ao Miguel e nos momentos fofos que já passamos juntos. Suspirei ao imaginá-lo dedicando esse tipo de surpresa pra mim, mas balancei a cabeça, rindo tristemente. Eu era mesmo uma pobre iludida.

Troquei de roupa e fui ao encontro do destino. Sentia no fundo do meu ser que não deveria ir, mas prossegui. Estava despedaçada, mas resignada, porque o importante era manter o Miguel longe de minhas burradas, e com certeza meu envolvimento com o Jonas era a maior delas.

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Oi gente linda do meu core,

Eu não consegui postar ontem, não estava bem. Hoje quase não deu pra postar, mas resolvi postar a parte que já estava pronta aqui no watts e o restante incluo no próximo capítulo.

Mas me digam, quem tá querendo matar o Jonas?

E quem está de olho no MEU MIGUEL? hein Katleen3101? rsrs

Me digam o que estão achando que vai acontecer nos próximos capítulos.

Beijos caramelizados para vocês!

Cintia D. 06/01