Cap. 22 - Perdão!


Definitivamente não deveria ter saído de casa hoje. Se bem que se não tivesse saído, não teria encontrado a Rubi. Espero que esse encontro consiga compensar tudo que estava acontecendo. Pensei comigo sem imaginar o que ainda estava por vir.

Chegando ao escritório com a Rubi, quer dizer Raquel, vejo a Celeste sair rapidamente da sala do Tiago, colidindo nela. Antes que pudesse dizer algo, vejo a preocupação nos olhos da minha secretária ao ver a mão dolorida da moça e vir com tudo pra cima de mim:

- Não acredito que o senhor machucou minha amiga novamente, Dr. Miguel Bretas!

Várias coisas passaram pela minha mente, mas uma palavra martelava e me deixava confuso: NOVAMENTE? O que ela queria dizer com isso? Mas a pergunta que falou mais alto foi: Ela realmente acha que eu machucaria uma mulher? Que machucaria a Rubi?

A fúria veio sobremaneira de forma que não consegui me controlar; não conseguia imaginar que minha secretária pudesse pensar que eu seria tão vil em tocar numa mulher!

O que eu não esperava era que a Rubi fosse reagir como reagiu. Por um momento pensei que ela fosse saltar em cima de mim, agredindo-me para que eu não falasse com a Celeste daquela forma. Confesso que passei dos limites, mas jamais diria em voz alta, seria fraqueza e não posso mostrar fragilidade.

A Raquel não é uma moça baixa, é quase da minha altura e eu senti a força de suas palavras vindo diretamente em meu rosto quando disse não ter medo de mim. Ela não tinha medo de mim! Se ela pudesse ao menos imaginar o que penso a respeito dela, da vontade que cada vez mais crescia de tomá-la em meus braços, de.... sim, ela teria medo de MIM. Sou uma pessoa quebrada, no fundo do poço - ela era uma força vibrante que iluminava a todos ao redor. Se eu a trouxesse para junto de mim, a quebraria também. Ou não.

Mas sim, ela deveria ter medo de mim.

Assustei-me ao perceber que havia exposto parte de meu pensamento em voz alta. Ainda bem que não foi alto o bastante para que entendessem, mas não me admiraria se ela tivesse me ouvido e só quisesse confirmar. Ela só me surpreende a cada momento.

Pigarreando, tentando voltar a razão, pedi desculpas pelo mal entendido, que não foi totalmente esclarecido. Queria saber a razão da explosão da minha secretária e o termo novamente que retorna com tudo em minha mente.

Enquanto pensava nisso, o rosto do homem que tentou atacá-la reaparece. Ele teve muita sorte de ter desaparecido, ousou tocar numa mulher, numa linda mulher por sinal, mas isto não vem ao caso.

Olhei novamente para sua mão ferida, sendo massageada a mão boa sem perceber e de repente uma vontade de protegê-la acertou forte em meu peito, como um murro bem certeiro, deixando-me completamente atordoado.3

O que é isso? Eu iria protegê-la, principalmente de mim. Especialmente de mim.

Adentrei em minha sala com ela e a Celeste em nossos calcanhares. Arrastei uma cadeira e sentei-me ao seu lado, pedindo permissão para tocar sua mão. Estava marcado, mas não parecia grave.

- Se eu apertar um pouco assim, dói muito? - perguntei tocando devagar sua pele.

Senti que ela se arrepiou ao meu toque, exatamente como eu!

- Dói sim, mas não muito. A questão é que este braço foi machucado há pouco, acho que por isso ainda dói - disse ela simplesmente, sem olhar em meus olhos, bem diferente da leoa que havia enfrentado-me tão ferozmente há alguns minutos.

- Então - comecei pigarreando e levantando meu olhar em direção à Celeste - o que quis dizer com "outra vez"?

Ela ficou confusa, mas logo percebi quando entendeu a que me referi, pois seu rosto ficou rubro, deixando-me curioso.

- Bem, como a Raquel disse, ela machucou o braço. E isso aconteceu justamente aqui no escritório, o senhor não se lembra? - indagou ela.

Por que eu deveria me lembrar? Antes que expusesse minha dúvida em voz alta, como um clarão, ouvi nitidamente a voz do Tiago:

- Esta é a amiga da Celeste que você praticamente esmagou, Miguel.

Balancei a cabeça e vi que ele havia entrado na sala.

Não podia ser!

Quando a ficha realmente caiu, percebi o motivo do temor da Celeste e seu cuidado com a amiga! Eu era um crápula! Havia sim, machucado uma mulher e não qualquer mulher, mas a Rubi!

Olhei no rosto da Celeste, cético, levantando-me sem saber o que dizer ou fazer, vendo o sorriso no rosto do Tiago, mas não tinha coragem de olhar no rosto da Raquel. Eu a feri, não era nenhum pouco melhor que aquele covarde que a agrediu!

- Eu... eu... - as palavras não saíam deixando-me mais nervoso.

Nem vi quando ela se levantou, colocou suas mãos em meu ombro e disse baixo:

- Calma, foi um acidente. Eu tinha até me esquecido disso...

Voltei-me imediatamente:

- Como pôde ter esquecido? Eu machuquei você, Rubi, eu te feri. Mesmo não sendo intencional, apenas machuco as pessoas - queria afastá-la de mim, mas ela não permitiu.

- Você não estava bem, não pode ser responsabilizado se foi tão vítima como eu. Foi apenas uma fatalidade - ela falava baixo, sua voz reverberando em todo o meu ser.

Não suportei a dor e a vergonha de tê-la ferido e soquei a parede com força. Mal vi quando ela pegou a minha mão, aproximando-se de mim, abraçando-me. Agarrei-me a ela como um sedento ao encontrar água no deserto. Ela passava a mão em minhas costas, confortando-me baixinho, enquanto eu pedia perdão, mesmo sabendo que não merecia.

- Perdão, perdão... não mereço, mas me perdoa, por favor. Por favor, Rubi.... - não percebi quando começou, mas quando dei por mim, estávamos sozinhos na sala abraçados, enquanto minhas lágrimas molhavam seus cabelos e meu corpo explodia em espasmos e soluços.

Eu estava perdido, mas realmente me senti confortado em seus braços. E isso me deixou muito assustado!

*****

Que bom que vim hoje!

As coisas vão se movimentar de forma interessante nos próximos capítulos. Aguardem!

Bjs


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