Cap. 21 - Não tenho medo de Você!
Céus! Ultimamente tenho arranjado confusão, uma atrás da outra! E como se não bastasse acabo de incluir minha amiga numa delas! Apesar do Doutor Miguel ter me ajudado com o Jonas, me acudido com tanta gentileza, ainda me lembrava do temor que a Celeste confessou ter dele e de seu inconstante humor!
Agora ali, diante de ambos, eu começo a visualizar o mundo ruir! Minha amiga ao me ver chegar ao lado do chefe e machucada, entendeu errado e como uma leoa defendendo os filhotes, partiu pra cima dele, incriminando-o. Nunca vi minha amiga daquele jeito! Não conhecia bem seu chefe, mas pelo olhar dele previ que não viria coisa boa. E não estava errada.
— Não acredito que o senhor machucou minha amiga novamente, Dr. Miguel Bretas!
Assim que a Celeste, com seu arroubo de lealdade, tentou me defender, mesmo que da pessoa errada, vendo que havia se enganado, ficou pálida como se estivesse prestes a desmaiar. Notei que sua boca se abria como se tentasse dizer algo, mas não saía nenhum som.
Os olhos do Doutor Miguel neste momento pareciam duas labaredas de fogo, a raiva emanando dele de tal forma, que estando ao seu lado podia sentir o calor. Previ uma explosão e ele não deixou por menos:
— Como ousa? Como... — parecia se engasgar, baixou o tom de voz, mas rosnando entredentes — como ousa se dirigir a mim dessa forma, Celeste? É isso que pensa de mim? — começa a bater palmas sarcasticamente e continua com ironia — bom saber o excelente conceito que nossos funcionários tem de nós. Parabéns por deixar clara a sua opinião, parabéns!
A Celeste não sabia onde se esconder, conhecia a minha amiga. Ela parecia diminuir diante da fúria do chefe e eu comecei a achar injusta toda a situação.
— Calma, vamos nos... — não pude continuar, pois o Dr. Miguel estendeu a mão em riste direcionada a mim, impedindo-me de falar.
— Calma? Calma? — elevou novamente o tom de voz.
Neste momento, o Dr. Tiago saiu de sua sala, acompanhado de uma senhora.
— O que está acontecendo aqui? — quis saber — os gritos podem ser ouvidos da minha sala, Miguel.
Seu olhar relanceou nossos rostos e vi uma sombra de preocupação transpassando-os quando fitou a Celeste. Imediatamente fiquei alerta.
— Bem....me perdoe — tentou dizer a Celeste, mas foi interrompida pelo furacão em forma de homem lindo, digo, homem chamado Miguel.
— É o excesso de liberdade que damos aos funcionários, fazendo-os perderem o respeito! Totalmente! — dizia exasperado, passando as mãos nos cabelos, deixando-o atraente.
Eiiiiiii, foco!
— Ainda não entendo! Alguém pode por favor me explicar o que está acontecendo? — Até o Doutor Tiago começava a se impacientar.
— Na verdade, foi tudo minha culpa! — comecei e no momento em que o Doutor Miguel tentou novamente me impedir de falar, perdi completamente a razão.
— Calma aí, doutor! Baixa o tom, baixa muito bem o tom! Não te dei liberdade, como o senhor mesmo disse há pouco, para me mandar calar a boca! Respeito é uma via de mão dupla, se não sabe respeitar, não adianta exigir respeito. Só vai conseguir que as pessoas tenham medo de você! — praticamente gritei.
Todos ficaram em silêncio, menos a senhora que acompanhava o doutor Tiago, que dava risadinhas baixas. O Doutor Miguel, sem ter mais onde ficar vermelho, ainda tentou dizer algo:
— Medo de mim? Mas... — o tom de sua voz tinha baixado consideravelmente.
— Sim, medo de você. Mas que fique claro, que eu não tenho medo de você! N-Ã-O T-E-N-H-O M-E-D-O D-E V-O-C-Ê! — Os lindos olhos azuis dele arregalaram-se enquanto eu soletrava as palavras olhando-o firme, sem piscar.
Gente, que coragem é essa que me acometeu? Socorroooo!
— Pois deveria ter — disse baixinho.
— O que disse? — semicerrei os olhos em sua direção.
— Nada...não disse nada — pigarreou — Bem, me desculpem. Isso tudo foi um tremendo mal entendido, pelo visto. Celeste, eu...eu não quis gritar com você...eu sinto muito.
— Eu também preciso pedir desculpas, Dr. Miguel. Eu os vi juntos e já fui tirando conclusões precipitadas, não tinha o direito de falar com o senhor como falei.
— Muito bem, crianças — disse o Dr. Tiago batendo palmas — todo mundo amiguinho de novo! Assim que eu gosto!
Percebi que a Celeste não conseguia olhar nos olhos do Doutor Tiago e fiz uma anotação mental para saber dela posteriormente o que havia acontecido. Ela se aproximou de mim, preocupada, perguntando baixinho o que havia acontecido com o meu braço. Apenas uma palavra foi o suficiente para que ela entendesse e logo seus olhos estavam duros, soltando faíscas: Jonas.
— Um homem estava tentando arrastá-la na rua e ela gritava pedindo ajuda — disse o Miguel olhando para a minha mão, alheio à nossa intensa troca de olhares.
Apenas com o olhar tivemos uma intensa conversa e o que não pôde ser discutido sem palavras, deixamos para falar em casa, sozinhas.
— Venha, vamos para a minha sala, vou olhar seu pulso.— disse o Miguel um tanto constrangido, sob os olhares atentos dos presentes — venha também, Celeste, para garantir que a integridade física da sua amiga permaneça como está.
Acho que ele tentou fazer uma piada, mas não foi muito feliz. O único que riu de verdade foi o Doutor Tiago, a Celeste e eu apenas demos um sorriso amarelo e seguimos o Doutor Miguel, vulgo gato de olhos azuis até sua sala.
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Primeiro a Raquelzinha dando as caras, mas nosso Miguel já já chega. Ouvi um Amém?
Taí Miguel, uma moça destemida que não tem medo de você, vamos ver o que você vai fazer com relação a isso. Sugestões?
Bjs, até mais tarde, ou amanhã se não conseguir postar hoje ainda.
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