Cap. 19 - Rubi!
Estava em casa sozinho, pensando na vida, na conversa que tive com meu pai e na que tive recentemente com meu irmão. O Rafael esteve em minha casa me contando que havia conhecido uma mulher maravilhosa e estava num relacionamento sério. Claro que junto a isso veio uma cobrança velada de eu arrumar alguém.
Sempre amei meu irmão e vê-lo encontrando a garota dos seus sonhos me fazia muito bem. Ele sempre foi um romântico incurável, então se ele diz que agora é para compromisso, eu não duvido nada. Quero sempre o seu melhor.
Conversamos bastante como há muito tempo não fazíamos. Eu sentia falta dele e imagino que ele sentia a minha falta. Sempre fomos muito próximos, mas infelizmente não conseguia mais manter meus relacionamentos como antes. Incluindo a minha família. Isso me deixava muito triste, mas era desnecessário manter relacionamentos se só faria com eles sofressem quando eu partisse.
Deitei pensando em nossa conversa, pensei na Cecília e em meu filho, que estaria agora já falando e andando.... não pude conter as lágrimas, que insistiram em cair. Não podia dar o braço a torcer, não podia parecer frágil. Eu não estava frágil, era apenas um sentimento que me acometia às vezes, sou humano afinal.
Enquanto pensava, sem que eu pudesse explicar, minha mente foi povoada por imagens de uma bonita moça de cabelos avermelhados dançando, seu sorriso iluminava tudo ao redor. Nunca mais a vi, nunca mais soube dela. Lembro do aperto no coração que senti ao ver meu amigo aos beijos com ela naquela boate e no repentino alívio ao saber que não tinham passado disso. Era uma sentimento que eu não sabia explicar, por alguém que eu sequer sabia o nome.
Passei os próximos minutos imaginando um nome que combinasse com tanta beleza. Não a vi de perto, mas sabia reconhecer uma mulher bonita quando via uma.
Vários nomes passaram pela minha mente, mas descartei todos: não combinavam com ela. Suzana, Jenifer, Cassandra, Fernanda, Michelle, Angélica, Mariana, Denise, Carolina, Marcele, Cláudia, Rosane, Iris, Tarsila.... definitivamente, não eram nomes feios, mas não tinham nada a ver com a a Rubi. Sim, esse nome combinava com ela, e era tão peculiar!
Com já tinham acontecido antes, sonhei com ela, mas não exatamente como das vezes anteriores. Ela estava em perigo e eu não conseguia salvá-la, foi tão angustiante!
Acordei suado e assustado com o sonho. Fui na cozinha tomar um copo de água tentando lembrar detalhes do sonho, mas não fui capaz. Não consegui mais dormir, nem sob efeito dos remédios. Saí para a varanda fumando e pensando.
Assim que o dia amanheceu, comecei a sentir os efeitos do remédio. Como não tinha cliente agendado pela manhã, liguei para o Tiago e disse que iria a tarde, explicando superficialmente o que tinha acontecido. Ele concordou dizendo que se precisasse poderia tirar o dia todo de folga, mas achei melhor não. Precisava deixar tudo em ordem e parecia que este dia nunca chegava. Quanto mais eu me organizava, mais tinha para fazer, não conseguia entender!
Dormi um pouco, um sonho perturbado e acordei bem antes do almoço. Resolvi tomar um café reforçado feito pelas maravilhosas mãos da dona Diva, que não me abandonava e era super paciente com minhas crises. Chegando no escritório, deixei o carro na minha vaga e fui em direção a uma drogaria próxima para comprar o remédio que havia acabado na noite anterior. Também, havia tomado os três únicos restantes, ainda bem que tinha uma receita reserva para esse tipo de eventualidade.
Acabando de sair da drogaria, ouvi um rebuliço e ao verificar o que se tratava, senti uma fúria invadir meu ser: um homem segurava forte a mão de uma moça, que tentava desesperadamente se soltar. Analisando a situação rapidamente, percebi que ela havia derrubado algumas sacolas e que ninguém fazia caso do que acontecia, passando de largo inclusive. Fechei o punho com raiva. Era inacreditável que um homem pudesse tratar uma mulher indefesa daquela forma em plena rua e ninguém se mover para ajudar. Me aproximei vendo os fios ruivos da moça e pensei logo na Rubi. Balancei a cabeça afastando esse pensamento, quando ouvi a moça gritar:
— Me solta, Jonas!
Ao ouvir seu tom desesperado, resolvi intervir. Contive-me ao máximo para não partir logo para cima do patife e disse com os dentes trincados:
— Eu acho que a moça pediu para você soltar a mão dela!
A fúria foi crescendo à medida que percebi que nenhum dos dois reagiu a minha tentativa de interrupção. Imediatamente fui em direção ao dois e com apenas um golpe, o tal Jonas se assustou e soltou a mão da moça que caiu no chão. Não consegui ter nenhuma reação, no momento em que ele se voltou com raiva em minha direção, mas curiosamente vi seu semblante mudar para o respeito. O que estava acontecendo? Enquanto ele dizia algo sobre a moça ser sua namorada, eu não consegui dizer nada, não confiava que fosse conseguir me controlar.
Olhei para moça que ainda estava no chão segurando o pulso, mantendo uma pequena distância, perguntei se estava bem. Neste momento ela levantou a sua cabeça em minha direção e tive a impressão de estar num sonho. Rubi! Em carne e osso diante de mim! Seus olhos pareciam temerosos e notei uma nota de reconhecimento neles. Fiquei sem saber o que fazer, o que dizer, estava fora de mim! Ela também não dizia nenhuma palavra e notei seus olhos deslizando sobre mim,deixando-me quente! Se ela continuasse com aquela inspeção não sei o que poderia causar, pois conseguia mexia comigo com apenas um olhar. Dei uma pequena tossidela para chamar a sua atenção e ela felizmente voltou a me olhar e se ruborizar. Belíssima! Ela não dizia coisa com coisa, o que me fez pensar que estivesse em choque.
Fui em sua direção para ajudá-la a se levantar e tardiamente reconheci o meu erro de me aproximar tanto. Comecei a conversar com ela para trazê-la de volta a si, mas não consegui continuar quando seu rosto ficou próximo do meu, ruborizado, os cabelos ruivos que eu tanto desejei tocar próximos de minhas mãos e aquela boca tão próxima da minha. Foi um esforço sobre-humano para não tomá-la nos meus braços como queria... e para minha condenação, ela me fita com aqueles olhos enormes e verdes e mordisca sua boca....Ah minha querida Rubi, querendo testar os limites de um homem! Como eu queria beijá-la, muito, intensamente, insanamente.... mas providencialmente alguém esbarrou em mim e pude voltar à razão. Onde eu estava com a cabeça, ela tinha acabado de ser atacada!
Perguntei se ela estava bem e ao tocar seu pulso, ouvi seu gemido e a raiva novamente tomou conta de mim. Ele havia machucado a minha Rubi! Eu iria matá-lo e....o infeliz havia desaparecido. Sorte dele, covarde!
Me apresentei a ela e gentilmente a conduzi ao escritório para analisarmos os danos de seu pulso e levá-la a um hospital se necessário. Prestes a entrar percebi que ela não havia me dito seu nome e quando perguntei, ela respondeu com uma simples palavra:
— Raquel.
Raquel. Repeti baixinho e senti tudo se encaixando. Raquel definitivamente combinava com ela, mas para mim ainda seria a minha doce Rubi. Sorri com esse pensamento....ah se ela pudesse saber em que eu pensava naquele momento, com certeza correria para longe de mim!
Com isso me mente, adentrei o escritório com ela, mal sabendo que as surpresas daquele dia só estavam começando!
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Oi gente, olha só quem apareceu hoje por aquiii!!! Não consegui me conter e vòila.
Não se esqueçam que o Miguel é um homem que não é cristão, Deus vai trabalhar na vida dele de maneira especial, mas ainda é um homem!
Então, para quem estava me cobrando, nada de beijos por enquanto.... eu disse POR ENQUANTO!!!
Até o próximo e surpresas virão (não para nós que estamos acompanhando tudo, né?)
Beijos.
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