Cap. 18 - Olhos Azuis

Dormi um sono perturbado por sonhos estranhos. Um sonho em que misturava a confusão na danceteria e o homem que caiu em cima de mim, o advogado. Ele aparecia no sonho e me tirava da confusão, sempre sorrindo pra mim.

Acordei pensando nisso e logo de manhã, como quem não quer nada, perguntei à Celeste como eram seus patrões, enquanto tomávamos café da manhã. Eu não iria sair de casa hoje, já que o hematoma ainda estava forte, mas no outro dia teria que dar um jeito, porque tinha muitas coisas para resolver.

Assim que perguntei, vi a careta que a Celeste fez, que me deixou intrigada.

— Como eu já te disse, são dois. O Doutor Tiago é bem tranquilo, está sempre com um sorriso no rosto. Acho que nunca o vi triste, sabia? Já o Doutor Miguel.... bem, ele é meio complicado. Sinceramente ainda não sei como lidar com ele, pois nunca se sabe qual será o seu humor. Já o vi chegar feliz e por nada começar a ficar nervoso, bater na mesa, sei lá. Aquele ali tem um problema sério viu.

Fiquei pensando no que ela me disse e insisti:

— Mas ele não sorri nunca? É quase sempre carrancudo?

— Bem, se ele sorri, nunca o fez pra mim. Já ouvi gargalhadas na sala dele quando o Dr.Tiago vai lá, mas ele é educado, isso conta né?

Rimos um pouco e depois que a Celeste foi para o trabalho, fiquei sozinha tentando entender porque ele havia aparecido nos meu sonho.

Senti falta do Jonas, não mandou mensagem, não apareceu. Achei estranho, mas não sabia direito como lidar com sua ausência: ora me sentia aliviada, ora preocupada. A preocupação falou mais alto naquele momento e resolvi mandar uma mensagem: oi, tudo bem com você?

Aguardei, mas não tive nenhuma resposta e suspirei frustrada. A Celeste chegou mais cedo do trabalho e assistimos uma série ótima juntas. Cada dia mais nossa amizade se fortalecia ela era uma ótima amiga.

No outro dia eu teria uma entrevista de emprego num shopping, como atendente numa boutique e nisso eu tinha um pouco de experiência adquirida na minha cidade. Teria que abusar da maquiagem para ocultar qualquer indício de hematoma.

Combinei com a Celeste de almoçarmos juntas, assim que eu terminasse a entrevista na loja. Antes de sair de casa, mandei outra mensagem para o Jonas, dizendo que estava preocupada com ele, mas novamente não tive nenhuma resposta.

Fui em direção ao shopping, fiz a entrevista e consegui o emprego, começaria no outro dia. Aproveitei para bater perna em algumas lojas e comprar alguns acessórios que necessitava. Faltando pouco para o horário combinado com a Celeste, ajeitei minhas coisas e me dirigi ao escritório de advocacia que ela trabalhava. Dobrando uma esquina, já no quarteirão do escritório, senti alguém segurando forte o meu braço. Virei-me, surpresa, já puxando o braço e mais ainda ao ver que se tratava do Jonas. Ele parecia estranho, assustado, olhando para os lados, como se não pudesse ser visto.

— Solta o meu braço, Jonas! Você me assustou! — disse, puxando forte o braço, mas ele não soltava.

— Calma, Raquel, precisamos conversar. Mas não aqui — falou sem olhar no meu rosto, como se procurasse um lugar para irmos.

— Calma você! Não é assim que as coisas funcionam comigo, sabia? Primeiro, solta o meu braço, você está me assustando! Segundo, te mandei várias mensagens, você não me responde e de repente me aborda na rua e age como se tudo estivesse normal? Não está, eu fiquei preocupada com você, mas pelo visto você não teve o mesmo em relação a mim, não é, Jonas? — cuspi as palavras em seu rosto, se eu não falasse poderia explodir.

Finalmente ele olhou em meus olhos e não gostei do que vi nos dele. Não sei explicar, mas seus olhos não pareciam normais.

— Eu não podia procurar você! Entenda isso! — gritou de repente, me fazendo dar um pulo de susto.

— Não podia me procurar? Por quê? E por que não respondeu minhas mensagens? — já estava me irritada.

— Não podemos conversar aqui, já disse! Vamos para outro lugar — foi dizendo e me puxando, o que me deixou um pouco assustada

— Pára, me solta! Não vou a lugar nenhum com você, não com você me tratando desse jeito! Se quiser conversar, conversaremos mas não assim. Me solta, Jonas! — elevei o meu tom de voz, pois parecia que ele não me ouvia, mas mesmo assim continuou me puxando.

Fiquei desesperada, soltei as sacolas no chão e com a outra mão livre, fiz força para que ele soltasse o meu braço, mas ele apertou ainda mais e não soltava, até que ouvi alguém dizer atrás de mim:

— Eu acho que a moça pediu para você soltar a mão dela! — aquela voz forte reverberou atrás de mim, parecendo estar se controlando, mas não pude virar para ver de quem se tratava, pois tentava puxar o meu pulso que estava preso pelo Jonas.

De repente, como o Jonas não fazia caso, o estranho se aproximou rapidamente, dando um golpe no braço dele, que no susto soltou meu pulso, me fazendo cair no chão. Vi quando o Jonas se voltou furioso, mas ao ver quem era, logo mudou sua expressão:

— Desculpe, só estava tentando levar minha namorada para conversamos em um lugar menos movimentado. Não tinha intenção de assustá-la.

O estranho ficou calado apenas olhando para o Jonas, enquanto eu segurava meu pulso, que estava roxo e doendo muito. Nem percebi quando ele se direcionou a mim, perguntando:

— Você está bem, moça?

Ao levantar a cabeça, quase desmaiei ao reconhecer os olhos azuis que estiveram nos meus sonhos e percebi um resquício de reconhecimento neles também. O tempo naquele momento parou, as pessoas sumiram, só havia ele e eu. Devagar meus olhos foram descendo, fazendo uma minuciosa inspeção, desde suas sobrancelhas grossas, seus inquisitivos olhos azuis, seu nariz tão perfeito (nunca tinha visto um homem com um nariz tão lindo!), sua boca que parecia uma linha, pois ele parecia nervoso, seu pomo de adão subia e descia hipnotizando-me, seu terno alinhadíssimo, apesar da gravata estar torta. Antes que terminasse, ouvi uma tosse discreta e levantei novamente os olhos para ele, enquanto ele passava a mão pelos cabelos, que já estavam uma bagunça.

— Des...desculpe, você disse alguma coisa? — perguntei baixinho e confusa.

— Perguntei se você está bem. Você parece em choque.... — foi dizendo enquanto se abaixava para me ajudar a levantar. Com o gesto, ficamos com o rosto próximo do outro e percebi que sua respiração ficou mais pesada e seu olhar imediatamente se dirigiu à minha boca.

Prendi a respiração e não pude evitar, entreabri meus lábios, mordendo-o devagar, sem saber o que fazer. Seus olhos imediatamente ficaram mais escuros e o vi engolir em seco. Em seguida seus olhos azuis focaram nos meus e me perdi ali, por não sei quanto tempo, até que a nossa conexão foi quebrada por alguém que tocou no braço dele, fazendo com que seus olhos ficassem duros novamente e o maxilar travado.

— Você está bem? De verdade? — assenti sem conseguir dizer uma palavra, mas ele pareceu não acreditar, pois suas mãos foram em direção ao meu pulso e assim que ele o tocou, soltei um gemido de dor.

— Está ferida! — disse e já foi se virando furioso em direção ao Jonas, que já não estava ali. Não vimos o momento em que ele desapareceu, mas para mim não faria diferença.

— Covarde infeliz! — disse com raiva e voltou seu rosto para mim — Meu nome é Miguel Bretas, meu escritório é logo ali, vamos lá que a gente olha a sua mão com calma. Se for preciso, vamos até o hospital — dizia enquanto pegava as minhas sacolas.

Eu não consegui dizer nada, apenas assenti e deixei que me guiasse, segurando meu cotovelo. Pouco antes de chegar ao escritório, ele parou um pouco, me olhou intensamente e disse com as sobrancelhas elevadas:

— Você não me disse seu nome....

Fiz um esforço hercúleo para conseguir falar sem gaguejar, pigarreei e por fim disse apenas:

— Raquel.

Ele repetiu meu nome baixinho como se testasse e sorriu como se aprovasse. Arrepiei-me toda ao ver que o sorriso dele era tão lindo e perfeito com no meu sonho. Isso está ficando interessante!

*************

Olá pessoinhas do meu core, mais um capítulo! 

Pelo visto as coisas estão começando a acontecer né, quem será que está curioso para saber como foi esse encontrão do Miguel com a Raquel no ponto de vista do nosso queridinho crush de olhos azuis?

Não vou demorar a postar, porque o Miguel tá doido para publicar sua versão.

Bjs

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