Cap. 1 - Raquel e Jane

Ela experimentava o vestido justíssimo e mirava sua imagem no espelho, virando de um lado para o outro, verificando tudo minuciosamente. O vestido era vermelho e bem sensual, o que a fazia se sentir poderosa. Fez caras e bocas, jogou os cabelos de um lado para o outro, mandou beijinhos pra si mesma e riu sozinha de suas palhaçadas.

 Procurou um sapato que combinasse bem com o vestido e separou um salto nude, bem alto. No momento em que tirava o vestido, ouviu batidas na porta e perguntou quem era, enquanto escondia o vestido no fundo do guarda roupas e vestia rapidamente um outro mais simples e contido. Era a sua mãe.

 — Raquel, está tudo bem por aí? — Perguntou a senhora enquanto batia na porta, achando estranho o fato da filha estar trancada no quarto.

 — Sim mãe! — Respondeu enquanto rolava os olhos impaciente — Estava trocando de roupa — Abriu a porta colocando a melhor expressão e deu um beijo no rosto da mãe, fazendo a mesma sorrir com o gesto, pensando na sorte que tinha pela filha ser tão amorosa. 

 Bagunçou um pouco os cabelos castanho avermelhados da filha e retribuiu o beijo. Estava feliz e não percebeu as caretas de impaciência que a filha fazia ao tocar no seu rosto. Expressão que logo se transformava quando a mãe olhava em sua face.

 — Tenho que ir mãe! A Jane está me esperando para tomarmos um sorvete.

 — Filha, sabe o que penso de sua amizade com essa moça. Ela não é cristã e tem uns hábitos que não são costumes para nós. É muito diferente isso — A mãe tentou atentou aconselha a filha sobre sua amiga.

 — Sim mãe, eu sei! Mas eu estou trabalhando para levá-la para a igreja. Ela pretende ir comigo um dia. Não se preocupe! — Raquel repetiu seu discurso, já ensaiado com a amiga, para conseguir enrolar seus pais.

 A família de Raquel era cristã e ela sempre esteve com eles frequentando a igreja. Mas ela não se sentia parte dali, queria experimentar coisas diferentes. Via os jovens da sua idade indo para festas, namorando, se divertindo e achava-se injustiçada por ter que viver uma vida "careta" com a sua família. Isso durou até conhecer Jane e receber da mesma um empurrãozinho para iniciar sua rebeldia.

 — Mas Jane, eu não posso ir contra meus pais assim tão descaradamente. Minha família inteira iria pegar no meu pé! Odeio gente enchendo o saco! — Bufou ela, sentindo-se cada vez mais seduzida pelas ideias da amiga.

 — Mas quem disse que você irá contra eles descaradamente? A gente se diverte sem eles precisarem saber e você continua indo na igreja para que ninguém desconfie. Ninguém vai perceber. Você vai ver! — Afirmou a amiga seguramente.

 Aquilo entrou no coração curioso da então adolescente de 16 anos e aos poucos ela foi cedendo. Primeiro uma festa, aos poucos provando e se acostumando a beber, beijou várias bocas desconhecidas e foi cada vez mais se aprofundando, à medida que os tabus eram ultrapassados. Sempre possuia a desculpa de dormir na casa de Jane para estudar a Bíblia com ela, com isso aproveitavam da ingenuidade dos pais de Raquel e iam "caiam na farra".

 Moravam numa pequena cidade do interior, mas sempre conseguiam um jeito de ir à cidade próxima, onde se acabavam em baladas, muitas vezes confiando em estranhos. Se sentiam ótimas fazendo isso.

 Enquanto ia ao encontro de sua amiga, Raquel pensou em como estava cada vez mais difícil arranjar desculpas para aproveitarem a noite. Chegou na sorveteria com um propósito em mente e não demorou a expo-los à sua companheira de divertimentos.

 — Jane, está cada dia mais complicado isso! Minha mãe já está desconfiada de nossos estudos que não resultam em nada. Você também nem me ajuda frequentando a igreja comigo! — Disse Raquel nervosa com a situação.

 — Ah não! Aí já é querer demais, né, Kel! Eu posso ir de vez em quando, mas não quero ficar vendo os olhares em minha direção e as pessoas vindo sempre me cumprimentarem, me convidando a voltar. Eu custo esperar acabar, fico pensando em muitas coisas durante o culto.... Não! Não dá para ficar indo sempre. Me cansa isso! Sabe que não é minha vibe, né amiga? 

— Eu sei. Eu também não estou mais suportando sabe. Mas é por pouco tempo, vou dar um jeito nisso. Inclusive, ao vir para cá, tive uma ótima ideia. — Disse tentando fazer suspense.

— Fala logo sua vaca! Que seja algo bom, porque seu repertório de desculpas já está fraco até para mim... — Quis saber a amiga. Raquel semicerrou os olhos, suspirou e disse.

— Vou ter que arrumar um namorado, de preferência um que frequente a igreja e que não more aqui nesse fim de mundo! — Disse enquanto analisava a reação da amiga.

 — Você tá doida? Um namorado careta? Como isso resolve nosso problema? — praticamente griou a amiga cuspindo sorvete na mesa. Raquel sobressaltou-se e esclareceu.

 — Calma, Jane! Não será um namoro de verdade. Vou te explicar tudo tintim por tintim. — Se aproximou da amiga enquanto esclarecia seu plano infalível para conseguir enganar os pais por mais um tempo.


||Capítulo revisado por SrtaVitoriaFerreira ||

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Raquel dando as caras e não vem sozinha, traz sua amiga Jane. Nos próximos capítulos vamos conhecer mais sobre essa moça, mas tentem não odiá-la, apesar de eu saber que ela vai aprontar muito!!!!

Nos vemos nos próximos capítulos, bjs

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