Fevereiro foi um mês intenso.

No meu colégio, quem é do terceiro ano tem uma regalia, nossa formatura é um sonho, com vários passeios programados com a turma pelo ano. Alguns desses passeios influenciam no calendário de aulas, o que gera a maior consequência: alguns dias na semana ficamos umas horas a mais, fazendo trabalho de compensação e revisão, além de ter que ajudar nos eventos festivos.

O Carnaval foi uma farra, é claro que quem teve que decorar a escola inteira fomos nós, o bendito terceiro ano. O lado positivo é que o nono que limpa tudo, aí enfim os refrescos.

Mas não foi só de festa que vivemos o último mês, os professores estavam a todo vapor. Perdi a conta de quantas redações e trabalhos entreguei no mês passado e para esse a gente já tinha uma apresentação!

Saúde mental? Isso é de comer para minha escola.

Mas hoje eu não estou preocupado com a escola e sim com que roupa usar para a festa de aniversário do Yoongi. Ele é o primeiro do trio maravilha a fazer dezoito, teve uma cerimônia muito lindinha na alcatéia que eu não pude comparecer, mas Taehyung me mandou todos os vídeos dele passando da túnica amarela para a vermelha. Aí, noivos boiolas, a melhor parte foi o Hoseok vermelho de tanto chorar, ele é meio emotivo demais. Foi muito fofo a fotinho que eles tiraram, Yoongi no meio, de vermelho e Taehyung e Hoseok lindinhos de amarelinho, abraçadinhos.

— E então? Já escolheu? — Taehyung perguntou, do outro lado da linha.

— Não, eu ainda tô procurando uma roupa legal. — Suspirei, olhando pro meu guarda roupa. — Sério que o tema tinha que ser discoteca?

— Põe uma calça boca de sino, uma blusa de botões que é sucesso Jimin. — Ele parecia já sem paciência pela minha indecisão.

— Vou ver se a minha mãe tem, porque eu não uso esse tipo de calça.

— Capricha nesses cachos e faz um delineado show!

Revirei os olhos ao desligar e segui para o quarto dos meus pais. Felizmente meu pai estava viajando, foi para casa dos meus avós. Ou melhor, é isso que ele diz, mas tenho certeza que não é com o pai que ele tá. Por isso minha mãe estava tranquila, deitada assistindo um programa culinária.

— Dona Minji... — Chamei seu nome de forma manhosa e ela me olhou com um sorriso.

— Que foi, meu pequeno? — Prontamente se sentou, me encarando de forma prestativa.

— Você tem alguma calça boca de sino? — Mordi os lábios, me sentando ao lado dela. — Eu quero usar na festa...

— Hum... eu acho que tenho sim. — Se levantou, abrindo seu guarda-roupa. — Deixa eu ver... — Tirou umas peças e depois me estendeu uma peça verde. — Essa é a única que eu tenho. Se colocar aquela blusa social branca e um colete... — Voltou para a parte de roupas do meu pai. — Bom, isso não serve nele a uns bons anos. — Me mostrou o colete verde e ele combinava perfeitamente com a calça. — Acho que vou ter que apertar um pouco para caber em você. Você é muito titico.

— Mãe!

— Ah, Ji. Não tenho como mentir, né? — Riu do bico que eu fazia. — Vai lá tomar um banho e ficar bem gatão, que a mamãe arruma os detalhes para você.

— Mãe, brigada por me deixar ir. Eu não agradeci antes, mas realmente quero ir nessa festa.

— Não tinha porque não deixar. Você é sempre tão bonzinho, é um ótimo aluno, me ajuda em tudo. E eu acho importante você se divertir, eu já tive a sua idade. — Voltou para cama, se sentando ao meu lado.

— Já foi em muitas festas?

— Sim, quando mais nova, seu avô perdia os cabelos, sabe? Eu gostava tanto de sair para dançar, filho. Me sentia tão bem nos bailes, era muito divertido.

— Faz tempo que você não sai, né mãe?

— E nem posso, eu sou uma ômega casada, filho. Tem coisas que não posso mais fazer, não é correto.

— Então, correto é o meu pai sair comendo novinhas por aí e te deixar definhando nessa casa? — Me irritei com sua fala, de maneira que nem percebi o que dizia.

— Ah... Jimin. — Ela soltou um suspiro, segurando na minha mão e não parecia brava. — O que o seu pai faz, eu não concordo, mas ele é um alfa... e alfas são dessa maneira. Não há o que fazer.

— Não, mamãe. Alfas não são assim, pessoas sem caráter são.

— E infelizmente eu me casei com um sem caráter, filho. — Ela acariciou meu rosto. — Mas eu tenho você e isso para mim é o mais importante. Eu não tenho um bom casamento, mas eu tenho um ótimo filho. Sendo assim, Jimin, enquanto não tem como mudar essa situação, ver você feliz me basta!

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Eu ainda estava chateado com a conversa que tive com a minha mãe enquanto estava a caminho da festa. Pois eu me sinto revoltado com tudo, afinal, como ela pode falar tão naturalmente "Alfas são assim", e soar como se fosse o certo?

As coisas só pioraram com o passar dos dias. A cada noite eu tinha pesadelos com a pessoa que meu pai escolheria. Pois só sendo muito bobo para acreditar que ele escolheria alguém diferente dele, afinal com a mente de azeitona que ele tem, um pensamento divergente é o suficiente para descartar o candidato.

— Jimin, anjo? — Me assustei com a mão de Taehyung no meu ombro. — O segurança disse que tinha um menino loiro parado na frente da porta, puto da vida.

Eu olhei para o meu melhor amigo, surpreso pois eu nem sequer notei que já tinha deixado o carro e o motorista tinha ido embora a muito tempo. Soltei um suspiro, me acalmando, não queria deixar ele preocupado.

— Você tá lindo, Taehyung. O conjunto jeans ficou lindo em você.

— Obrigado, o Yoongi achou que eu viria diferente, mas bem... nem tudo é como ele quer. — Soltou um riso nasalado e deslizou sua mão por meu braço. — Mas vai, me diz, aconteceu alguma coisa?

— Minha mãe me disse uma coisa sem cabimento e fiquei com certo ódio de alfas, na verdade não de todos, mas... alfas como o meu pai. — Mordi o lábio ao explicar, sentindo sua mão se entrelaçar à minha.

— Vamos acalmar os ânimos, tá bem? — Pediu com um sorriso meigo, ficando próximo e me abraçando. — Vamos lá para dentro, ficar com o pessoal. As músicas estão incríveis e tem muita coisa gostosa para comer.

— Já tem muita gente?

— Menino, eu jurava que não viria quase ninguém nesse horário, mas tá cheio. — Me puxou para dentro do salão. — Hoseok disse que a maior parte que o Yoongi convidou já está aqui.

— Estão mesmo! Oiê, Mimi! — Hoseok surgiu atrás de nós e eu tomei um susto, mas Taehyung já parecia acostumado. — Você tá lindo.

— Valeu, Hoseok. Você também tá um pitel, Taehyung é um ômega de muita sorte. — Brinquei arrancando uma risada dos dois.

— Sortudo sou eu, mas não vamos entrar em papo meloso. Vem loirinho, vou encher você de comida para te deixar feliz!

— Hum?

— O segurança achava que você tava armado menino, tava fazendo mó cena para gente. — Hoseok riu e Taehyung revirou os olhos.

— Ele tava parecendo uma bomba, mas o Mimi é mocinho, um lorde, ele não suja as mãos de sangue.

— Exatamente, eu deixo o serviço difícil para você.

— Me conhece tão bem! — Taehyung apertou os braços ao meu redor.

— Lumina me proteja. — Hoseok nos encarou divertido. — Quer sentar? Você pode ficar com o Taehyung, daqui a pouco eu tenho que ir lá pro palco.

— Vamos ter apresentações? — Me empolguei.

— Sim, o Yoongi não ia deixar de nos exibir na festa dele. Mas hoje vamos tocar apenas covers! — Explicou com um sorriso nos lábios.

— Estou louquinho para ouvir uma música autoral de vocês!

— Em breve, Mimi. Em breve! — Prometeu e se afastou.

— Você adora o Hoseok, né? — Taehyung comentou de repente e eu o olhei confuso. — O que?

— Eu adoro seus namorados, Taehyung. Eles são muito legais comigo.

— É que... sua opinião sobre eles sempre contou muito para mim e eu gosto de saber que vocês se dão bem assim, saca? Você é literalmente a pessoa mais importante no mundo para mim. E você e eles correspondem a uma parte muito grande no meu coração, é o irmão que meus pais nunca me deram.

— Ah, Taehyung! — O abracei apertado. — Somos irmãos de pais diferentes, me sinto assim também. Mas sim, gosto muito do Hoseok, assim como gosto muito do Yoongi. Eles são alfas incríveis, não podia estar mais feliz por você ter eles como seus companheiros.

— Sabe, quero te ver longe da situação do seu pai logo, vou chegar no Jungkook e mandar ele te agarrar!

— Não, assim vai colocar todo meu plano no lixo.

— Que plano? — Hoseok perguntou, colocando o pratinho cheio de salgados e dois copos com refrigerante na minha mesa.

— De dar uns beijinhos no Jungkook. — Taehyung respondeu e eu o olhei ultrajado.

— Ah, vai na fé, Mimi. — Hoseok sorriu de maneira cúmplice. — Prometo que não faço que nem o meu namorado e não conto para ninguém o seu segredo.

— Noivo, Hoseok, noivo! — Taehyung corrigiu.

— Oh, frescura. — Revirou os olhos, indo até meu amigo e beijando seus lábios. — Já sei, lindinho. Não precisa me lembrar o tempo todo, eu te pedi em casamento, eu lembro.

Taehyung o afastou, fazendo bico. Quando estavam separados não via problema em serem chamados de namorados, mas quando estava com um ou os dois noivos, gostava que usassem o termo mais correto para situação, em sua opinião.

— Enfim, vou lá para o palco. Daqui a pouco a gente começa com os covers, o Yoongi disse para você não se sentir mal por ele não ter vindo te receber, Jimin. Depois da apresentação ele vem, tá?

— Fala para ele ficar tranquilo, sei que ele deve estar que nem uma barata tonta com tanta gente para dar atenção.

— Você tá certo... — Taehyung falou, colocando o cabelo para trás. — Bichinhos tá indo de um lado para o outro para não fazer ninguém se sentir mal.

— Vivi é um neném. — Hoseok completou apaixonado e então me olhou. — Cuidado para não babar muito, o Jungkook tá de tirar o fôlego!

Revirei os olhos para a provocação, sentindo o constrangimento me dominar por um momento. Sabia que o Hoseok não iria contar, ele definitivamente leva segredos muito a sério, pelo menos aqueles comprometedores. Taehyung me fez tirar inúmeras fotos dele, alegando que precisava de ajuda para sair perfeito em seu post. E depois eu fui sua vítima, não era como se ele tivesse mais de cinco álbuns com nossas fotos conjuntas, não que isso, um absurdo.

— Ai minha Deusa, ai minha Deusa!

Taehyung e eu pulamos animados quando as luzes apagaram e um segundo depois o palco foi iluminado e a voz melodiosa da Chaewon começou a inundar o salão. Ela não tinha o baixo como o esperado em seus braços, agitava o pandeiro no ritmo da música.

Seus cabelos azuis estavam presos em dois rabos, volumosos com cachos feitos por Babyliss. Seu macacão azul escuro brilhante trazia uma sensação de sensualidade enquanto ela pronunciava a letra de Despacito¹.

Taehyung me puxou para a pista de dança, me fazendo dançar com ele ao ritmo da música, enquanto a multidão junto a nós se agitava conforme ela performou.

Chaewon é conhecida como a ômega modelo da escola. Bonita, inteligente, pró-ativa, educada e a capitã do time de vôlei. Se algo perfeito existisse eu definitivamente diria que era ela.

Sua voz acalentava o coração, mas trazia agitação para o nosso corpo. Quando ela chegou no terceiro refrão da música o palco todo foi iluminado e todos os integrantes da Caramelo apareceram. Chaewon tirou o microfone do suporte, batendo o pandeiro contra seu corpo, conforme andava até o Jungkook que tocava o baixo dela. Quando os microfones se aproximaram, eles cantaram juntos animadamente e a bateria cresceu, me fazendo pular no lugar junto ao meu melhor amigo.

— Eu amo eles! — Taehyung gritou contra o meu ouvido e eu concordei.

— Hey, boa noite, pessoas! — Chaewon falou assim que a música acabou, ganhando mais gritos de animação. — Vocês cobraram e finalmente estamos aqui. Bem-vindos ao presente de aniversário do nosso querido guitarrista, a pessoa que luta diariamente para que continuemos com esse sonho na música. Feliz aniversário, Yoongi!

Não tivemos tempo de ouvir a resposta dele, pois Bora começou a tocar o teclado e a voz do Jungkook soou pelos altos falantes.

— Hearts on fire. We're no liars. So we say what we wanna say I'm awakened. No more faking. So we push all our fears away... — Olhei espantado para o Taehyung quando a bateria crescia, descrente.

— Eu não acredito que eles estão cantando Finally Free². — abracei meu melhor amigo, totalmente empolgado.

— Eles são os patrões, Jimin! — Taehyung gritou contra o meu ouvido e eu mal podia acreditar na energia que eles emanam do palco.

Às vezes me parecia loucura que eles podiam não se tornar uma banda de verdade. Com direito a discos, shows em casas lotadas, videoclips, documentários. Pois era nítido que quando cantavam estavam em casa, faziam com todo coração e dali onde eu estava eu conseguia ver o aniversariante radiante de tão feliz.

Senti Taehyung me apertar mais no abraço e eu sabia que estava prestando atenção nas mesmas coisas que eu.

— Essa é oficialmente nossa primeira aparição do ano e obrigado a todos pela presença, não só pelo meu aniversário, mas também porque vocês vibram com a gente, esse é o melhor presente que eu poderia ganhar.

— A Caramelo voltou, cambada! — Bora anunciou animada. — A gente ensaiou muito para deixar a noite de vocês incrível. Aproveitem, se soltem e sejam livres!

O pedido de uma Deusa é uma ordem, por isso me permiti literalmente fritar enquanto eles cantavam. Taehyung e eu ficaríamos rouco, mas não estávamos nos importando muito com isso, assim como não ligamos se começamos a suar, pois enquanto nosso foco fosse a Caramelo, nada no mundo poderia nos atingir e eu simplesmente sou fascinado pelo que a música causa no nosso corpo.

— Jimin! — Me surpreendi quando Taemin me chamou parado ao meu lado. — Quer dançar?

A música que eles cantavam agora, era mais lenta e era perfeita para uma dança a dois e eu não vi motivos para negar, por aquela noite eu era livre para aproveitar. Avisei a Taehyung e segui Taemin por uma parte mais confortável e envolvi meus braços ao redor do seu pescoço.

— Você tá lindo, não que seja novidade! — Ele sussurrou contra o meu ouvido.

— Valeu, você também tá um gato. — Respondi rindo baixinho. — Chegou faz tempo?

— Me atrasei um pouquinho, sabe? — Me encarou um pouco culpado. — Espero que o Yoongi não tenha dado minha falta.

— Acho que para a sua sorte ele tava bem ocupado, Taemin.

— Oh glória, Lumina é maravilhosa para mim, sempre escuta meus pedidos!

— Nossa Deusa é perfeita.

— Os treinos da torcida já começaram? — Mudou de assunto.

— Começam essa semana, o primeiro jogo é futebol, animado?

— O time tá bem ansioso, a gente vai ter a copa entre as escolas, vai ser maravilhoso! — Se empolgou e eu assenti, compartilhando da animação.

— A equipe de torcida vai estar preparada para dar apoio moral! Yerin já deve estar com todas as coreografias na cabeça.

— Ah, mas eu não me importo com a equipe de torcida, desde que você torça por mim, vou estar feliz. — Aproximou mais o rosto do meu e falou em um tom mais rouco.

Pisquei algumas vezes de surpresa, sentindo minhas orelhas esquentarem. Engoli em seco, verdadeiramente descrente e soltei um leve riso, tentando assimilar sua fala e proximidade.

— Vou dar o meu melhor... — Respondi me afastando, agradecendo pela música ter acabado.

Fui até o bar, pedindo um drink sem álcool de morango. Não pretendo decepcionar a minha mãe, ela me deu autorização para vir e a gente consegue sair mais vezes se seguir as regras, sério, não fode com tudo logo nas primeiras vezes, cria uma boa base de confiança.

Eu precisava me entupir de líquido, pois o nervosismo me tomou. Eu não sou inocente para pensar que aquilo não foi um flerte, mas também fico confuso, pois talvez eu esteja sendo muito prepotente e imaginando que ele estava dando em cima de mim. Talvez eu seja só um amigo especial, não necessariamente o Taemin tá gamado em mim, afinal isso seria absurdo, né?

— Vai sair fumaça da sua cabeça. — Pulei no banquinho ao me assustar com a voz tão próxima à minha orelha. — Aí, desculpa! Eu fiz de novo, né? Não me acha estranho, por favor!

Olhei para Jungkook, engolindo o acúmulo de saliva. Ele estava lindo com os fios longos, metade soltos, metade presos e a maquiagem um pouco mais exagerada por conta da temática e do show que estava fazendo a pouco.

— Eu... — Fiquei sem voz, não sabia como parar de admirá-lo de tão perto.

— Eu não queria te assustar de novo... vou tentar parar de chegar de fininho, tá? — Jungkook parecia verdadeiramente envergonhado.

— Hey, tudo bem. Sabe, acontece? Mas assim, vou amar se você não ficar testando se eu sou cardíaco. — Coloquei a mão em seu ombro. — O show foi incrível.

— Obrigado, a gente tava bem nervoso. Voltar para os palcos é sempre... uma emoção nova. — Respondeu com um sorriso tímido nos lábios. — Gostei de ver que estava curtindo.

— Ah, você reparou em mim? — Arrisquei e mesmo com pouca luz, pude contemplar suas bochechas ganhando um tom mais avermelhado.

— Foi meio inevitável... — Coçou a nuca, mordendo os lábios.

— Eu entendo, impossível não colocar a atenção em ti, quando a sua voz é a mais bela que existe e tudo que você canta, transborda sentimentos. Inclusive, Julie and the Phantoms³? Não imaginava.

— Eu amo as músicas, amo a série. Finally Free tem uma mensagem que toca meu coração. E vou tentar não prestar atenção aos elogios, ou vou explodir de vergonha.

— Deve saber receber elogios, Jungkook. — O olhei de forma sincera. — Eu também gosto muito da série, eu diria que a minha música favorita é Stand Tall⁴.

— Ficar firme por conta dos seus sonhos... faz sentido, combina com você.

— Mesmo? — O encarei surpreso.

— Sim, você sempre me passou a imagem do tipo de pessoa que vai contra o mundo se isso significar correr atrás do que acredita. Você simplesmente entrou pro time de torcida, mesmo que não tivessem mais vagas, só porque não queria ficar em nenhum outro esporte.

— Mas só por isso?

— Por muitas coisas que... bem, mesmo de longe eu acabo notando e você sempre passa essa mensagem, sabe? Yoongi às vezes se abre com a gente e ele sempre diz que você apoiou muito a relação dele com o Hoseok e o Taehyung, afinal quem é a sociedade perto do amor deles?

— Quem é a sociedade para definir o que é válido sobre o amor ou não? Se você sente, é válido e ninguém tem o direito de falar que ser feliz ao lado de quem ama é errado.

— Você passa muito a energia de Stand Tall, Jimin. Inclusive, se quiser, eu canto ela... já que você acha a minha voz bonita.

— Acho mesmo, sua voz é maravilhosa, Jungkook. — Me aproximei um pouco mais dele. — Eu... obrigado pelo que disse agora, eu fico feliz que considere essas coisas sobre mim.

— Mas é que são fatos, entende? — Sorriu meio encabulado e eu assenti. — Ji, eu tenho que te confessar uma coisa...

— O que?

Meu coração palpitou.

Será que ele me diria que tinha voltado com a Haneul?

— Não sei o que te levou a ficar mais próximo de mim esse ano. Sabe, eu sempre achei que você não falava muito comigo, porque me achava... sei lá, chato. E fico contente que agora estamos conversando mais, eu gosto da sua companhia.

— Jungkook, eu nunca te achei chato, isso seria impossível. Você é o garoto mais fofo e legal que eu conheço e bem... sei lá, acho que eu só tinha vergonha de me aproximar mesmo. — Umedeci os lábios. — E quem diria que uma caça ao tesouro e uma dúvida em matemática conseguiria quebrar um dos meus medos?

— Que medos? — Me encarou curioso.

— De você me achar chato. — Declaro e ele solta um riso nasalado, negando com a cabeça. — É sério.

— Acho que somos dois bobos, poderíamos ter construído uma amizade maravilhosa de anos se não fosse os malditos pensamentos paranoicos.

— É, você tem razão. — Concordei, buscando pela sua mão. — Mas podemos mudar isso a partir de agora.

— Vamos compartilhar nossas paranóias?

— Como eu já te disse: diálogo é a chave de tudo!

Jungkook me encarou por uns segundos antes de sorrir abertamente. Desviei o olhar, refletindo o sorriso, para então voltar meus olhos para seu rosto. Tombando a cabeça para o lado, erguendo a mão direita livre na minha direção.

— Você quer dançar comigo?

— Quero! — Ao escutar minha resposta, me puxou para o meio da pista.

— A Chae e a Bora vão cantar uma música em alta. — Jungkook falou no meu ouvido, o olhei curioso e a música mudou rapidamente começando um ritmo animado e o palco tomou minha atenção.

— As vezes eu acho que sou muito idiota por você, Bora! — Chaewon disse antes de começar a cantar.

Olhei sorrindo para Jungkook e deixei ele tomar o primeiro passo e tentei seguir seus passos. Não era necessariamente uma música que não permitisse que a gente dançasse bem próximo. Porém o ponto principal era que eu me sentia extremamente confortável olhando para ele, movendo meu corpo sem me preocupar.

— Eu vou te beijar como um idiota beija. Vou me preparar pro dia em que você já não me queira, mas enquanto você não se cansa... Eu vou te amar como um idiota ama...⁵— Jungkook me puxou para perto após me rodar e cantou o verso contra o meu ouvido.

Pisquei algumas vezes, surpreso com a atitude. Meu cérebro demorou um pouco para processar o acontecimento, como se eu fosse um computador, mas tive que me recompor e sorrir em resposta, admirado por ter um momento com o vocalista da minha banda favorita só para mim.

Chupa mundo, Jungkook cantou "Idiota" no meu ouvido!

Mantenha a pose Jimin, não vamos surtar!

— Odeio o quão rápido essa música acaba... — Reclamei quando ele se afastou, rindo baixinho.

— Concordo, ouviria ela em loop infinito.

Ele me puxou da pista de dança e percebi que seu alvo era mesa de doces.

— Nós podemos pegar doces?

— Hum, não sei, mas... o Yoongi não tá aqui pra brigar. — Ele deu de ombros, sorrindo sapeca.

— Você que pensa! — Tomamos um susto ao ouvir a voz dele.

— Feliz aniversário! — Abri os braços, pulando contra seu corpo, dando tempo para o Jungkook furtar docinhos para nós.

— Valeu, Mimi! — Me apertou. — Cara, ainda não acredito naquela tela.

— Taehyung me disse que você adora aquele desenho. — Me afastei tímido.

— É o meu favorito! Deu muito trabalho?

— Ah, demorei uns dias, mas eu tenho prática já. Foi tranquilo. — Coloquei o cabelo para trás, já envergonhado.

— Tá a própria perfeição!

— Não exagera!

— Tem certeza que sou eu que preciso aprender a receber elogios, Jimin? — Jungkook me abraçou por trás, me surpreendendo com a atitude e palavras.

— Me pegou. — Mordi os lábios, não escondendo a culpa e ri em conjunto a ele.

— Vocês são estranhos... — Yoongi falou nos encarando confuso.

— Somos incomprendidos, vê? Acho melhor a gente fugir antes dele perceber que eu peguei seis brigadeiros! — Brincou, falando alto.

— Jungkook!

Yoongi provavelmente iria brigar conosco, mas o moreno não demorou para me puxar para bem longe dali, com os brigadeiros em um copinho plástico na mão esquerda. Chegamos em uma parte afastada e eu só soube rir contra seu ombro.

— Somos fugitivos agora.

— Eu gosto da ideia de fugir com você, Mimi!

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Canção de Luis Fonsi¹

Canção de Julie and the phantons²

Serie Músical da Netflix³

Canção de Julie and the phantons ⁴

Idiota⁵ - Canção de Jão.

Boa noite, atualização dupla porque amanhã eu não vou conseguir postar! Espero que tenham gostado e até sábado <3