Capítulo 2 - Seja consolado
Eu segui as orientações da mamãe e arrumei as "malas" com tudo que eu precisaria para passar o fim de semana e o primeiro dia de aula.
Minha mente estava nublada, eu me sentia enjoado e com pensamentos distorcidos. Eu não conseguia falar com o Taehyung pelo celular, simplesmente porque estava à beira de um colapso. Precisava de apoio físico, se eu começasse a falar do assunto iria surtar e em casa não é o melhor lugar.
Não me atrevi a sair do meu quarto mais, não queria correr o risco de continuar escutando barbaridades que acabariam com o meu psicológico.
Preferi ficar reparando no ambiente totalmente conhecido por mim. As paredes em tom de lilás, uma janela saliente, o acolchoado dela coberto por um lençol azul, as almofadas em tons de rosa, amarelo e laranja, tudo em tom pastel. Minha escrivaninha ficava à direita dela, perto da porta. Minha estante de livros ficava à direita, ambos os móveis de madeira branca que eu tinha enfeitado com desenhos de folhas e galhos. Um tapete felpudo rosa ficava no centro dessa parte e eu lia bastante deitado nele. Minha cama ficava abaixo da janela centralizada do cômodo, de madeira escura e o jogo de cama atual era verde pastel, repleta de almofadas coloridas. A frente da minha cama tinha o meu guarda-roupa, ele era roxinho com branco também e tinha um espelho no centro. Tinham minhas duas mesinhas de cabeceira e adivinhem a cor dela? Isso mesmo, roxo! E do lado direito da minha cama, havia a minha penteadeira e por um milagre, ela é branca, porém eu fiz uns desenhos do lado dela para combinar com a estante. E por fim, a segunda porta do meu quarto ficava do lado dela, que dava acesso ao meu banheiro. Para completar o teto era de gesso, meus abajures eram azuis e o piso de madeira escura.
Reparei no meu quarto pacientemente até o pai do Taehyung chegar para me buscar, ele cumprimentou brevemente os meus pais e eu me despedi calorosamente da minha mãe, não quis contato físico com o meu pai e acho que ele agradeceu por isso.
Depois de cinco minutos em silêncio dentro do carro, tio Jihoon me olhou, parecendo pensar se diria algo ou não e no fim ele optou por perguntar:
— Aconteceu alguma coisa, Ji? Você normalmente é bem falante, já era para estar tagarelando desde que passamos pela porta da sua casa. — Ele riu, as rugas da testa ficaram mais aparentes e seus olhos quase se fecharam.
Tio Jihoon era um alfa muito tranquilo, vê-lo bravo ou estressado era muito raro. Existiam questões muito pontuais que o tiravam do sério e por mais estranho que pareça, fico feliz de eu ser uma delas. Taehyung e eu nos conhecemos no jardim de infância, nós nunca nos largamos e isso fez com que eu tivesse uma relação muito forte com os pais dele. De fato, eles sempre me trataram como um filho e existem algumas questões na nossa sociedade que são complicadas.
Existem três classificações dentro da espécie: alfas, betas e ômegas.
Nós temos uma alma viva dentro da gente, como um segundo coração, sendo ele o nosso lobo e quando nascemos, eles mostram aos nossos pais a qual classificação ele pertence.
Os alfas são a figura de proteção e liderança de uma alcateia. Eles são biologicamente mais fortes e mais resistentes.
Os betas são a figura de equilíbrio e resiliência. Atualmente é a classificação que menos têm nascido.
E os ômegas são a figura do cuidado e infelizmente os mais rebaixados dentro das alcateias, resumidos ser responsável pela prole.
Antigamente, os cientistas estimam quinhentos anos atrás, só existiam alfas machos e ômegas fêmeas e de repente, começaram a nascer ambos os sexos com classificações diferentes do esperado. Isso gerou alguns estudos e escândalos principalmente.
E o motivo disso é o simples fato de que somos estéreis. Eu sou um ômega, mas diferente de uma ômega fêmea, não posso gerar uma criança e nem engravidar alguém. Da mesma forma funciona com as alfas fêmeas.
Mamãe me conta que faz pouco tempo que a sociedade começou a aceitar melhor essa questão, justamente porque a questão da reprodução nas famílias é muito importante e somos vistos como defeituosos.
O Taehyung é como eu, nós dois somos dois ômegas machos e olhares tortos, ou insinuações maldosas e principalmente preconceituosas tiram o tio Jihoon do sério. Meu pai e ele não se dão muito bem, mas tentam manter as aparências e eu agradeço por meu pai não me proibir de ver o meu melhor amigo, eu seria obrigado a deixar a minha mãe e fugir de casa.
— Eu só... não tive um dia muito bom, acho que é um daqueles dias que não acordamos muito motivados. — Dei de ombros, soltando um suspiro.
— Isso tem a ver com o seu pai, por acaso? — Uma coisa que eu admirava no tio Jihoon era que ele sempre sabia deduzir bem as coisas. — Pela sua cara, já sei a resposta.
Eu tentei não fazer careta, eu juro que tentei. Suspirei mais uma vez, desviando o olhar para as minhas mãos e depois olhei para ele, mordendo os lábios.
— Ele disse algumas coisas desagradáveis para minha mãe, eu acabei escutando... — Optei por contar parte da verdade. — É novamente sobre ela ter dado um menino ômega para ele.
— Eu sinceramente não sei porque pessoas como o seu pai existem. — Os dedos dele se apertaram contra o volante. — Eu sei que não é fácil ouvir essas coisas, Ji e que é muito difícil não ficar remoendo elas, mas você não é um defeito, está bem? Você é um menino maravilhoso e não importa se pode ou não fazer bebês, pense pelo lado bom, não precisa se preocupar com gravidez na adolescência e tem que ficar ligado apenas com as IST's.
Gargalhei, jogando a cabeça para trás, segurando para não bater as pernas pela crise de riso que me tomou.
— Aí, tio... só o senhor mesmo. — Neguei com a cabeça, recuperando o fôlego, ouvindo ele rir comigo. — Bom, o senhor pode pensar assim, mas... é mais difícil um alfa me querer dessa forma.
— Me admira você me falar uma coisa dessas, esqueceu o que o seu melhor amigo aprontou? — Ele me olhou sério e eu desviei o olhar, mordendo os lábios para não voltar a rir. — Se um alfa não te quiser somente pelo fato de não poder reproduzir, então ele não te merece. Não aceite que alguém te reduza a um objeto. Você nunca vai poder ter um filho com o seu DNA, mas existem outras formas, barrigas solidárias, adoção e existe a possibilidade também de não querer filhos.
— É sobre isso e tá tudo bem? — Ele riu da minha fala e assentiu.
— Se eu comprar pizza para jantar, você vai se sentir consolado?
— Tio, você é simplesmente o melhor alfa que existe, minha pessoa favorita no mundo inteiro! — Me inclinei pro lado, abraçando-o de forma desajeitada.
— Eu vou contar isso pro Taehyung...
— Não! Você quer que eu morra?!
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A residência do meu melhor amigo ficava a quarenta minutos da minha casa, em um bairro nobre, sim ele é um burguês safado. Passamos pela portaria do condomínio e depois de alguns metros o carro foi estacionado na residência luxuosa. A casa possuía dois andares enormes, a pintura externa no tom creme e as janelas e varandas eram brancas. Havia algumas roseiras na parte da fachada e eu já levei muita bronca da tia Hyunsoo por brincar no meio delas.
Desci do carro, com a mochila nas mãos, enquanto o tio Jihoon pegou a outra bolsa que eu tinha trago do porta malas. Sem precisar de cerimônias, eu destravei o portão com a senha e depois eu fiz o que mais gostava de fazer quando estava ali, colocar a minha digital na tranca da porta e ela abrir. Sim, eu me vangloriava muito por isso.
— Porra, finalmente! — Mal entrei e Taehyung se manifestou, levantando do sofá cinza.
Ele estava trajando um belíssimo pijama de carneiro, o preto destacava sua pele clara. Ela estava estranhamente brilhante, suspeito que ele tenha se entupido de hidratante.
— Taehyung, o que eu disse sobre palavrões em casa? — Tia Hyunsoo desceu as escadas, olhando irritada para o filho.
— Aí mãe, me deixa ser jovem, puxa. — Ele fez bico, mas ela ignorou dando atenção para mim.
Tia Hyunsoo era uma mulher alta, com 1,96 de altura. Ela tinha a pele mais clara que a do Taehyung, seu corpo tinha um porte atlético e não era para menos, uma jogadora de basquete profissional.
— É tão bom te ver querido. — Ela abriu os braços ao se aproximar e me abraçou. Eu com meus mero 1,69 me sentia uma formiga, mas me senti aconchegado por seus braços. — A última vez que te vi foi no ano novo, esqueceu que tem família?
— Meu pai me encheu as paciências, tia. — Justifiquei e ela riu, se afastando e colocando ambas as mãos na minha bochecha. — Está muito magrinho para o meu gosto, não andou tomando suplementação?
— É a falta que a sua comida me faz.
— Mãe, será que dá pra você largar ele? — Taehyung pediu, um pouco irritado. — Ele é meu melhor amigo, eu convidei ele.
— Grande bosta. — Hyunsoo não se abalou, revirando os olhos para o ciúmes do filho.
— "O que eu disse sobre palavrões em casa, Taehyung?" — Repetiu, afinando a voz para ficar parecido com a dela. — Eu também não vejo ele desde o ano novo.
— Calma gente, tem Jimin pra todo mundo. — Ouvi o tom divertido do tio Jihoon e o barulho da porta fechando.
— Ji, me diz, o que quer pro jantar? — Tia Hyunsoo perguntou se distanciando mais, Taehyung não perdeu a oportunidade de me agarrar e apertar bem forte. Eu sorri e retribui o carinho, me escondendo no peito dele.
— Combinei de comprar pizza para ele. — Tio Jihoon sorriu ao responder por mim.
— Não podia ser uma opção mais saudável? — Fez uma carranca para o marido.
— Um dia não mata não, mãe. — Taehyung revirou os olhos. — Essas ômegas atletas, tsc, tsc... — Ele me olhou, fingindo decepção e eu ri, ainda preso nos braços dele. — Nós vamos lá pro meu quarto, botar a fofoca em dia.
— E por que não podem fofocar na nossa frente? — Tia Hyunsoo nos encarou indignada.
— Porque não podem saber, oras. Meus planos malignos são secretos. — Taehyung empinou o nariz.
— Como se embebedar e ficar com dois alfas em uma única noite? — Tio Jihoon não pode deixar de alfinetar.
— Exatamente isso, Pai. O plano é incentivar o Mimi a ir pro mesmo caminho.
— Você ainda não é louco Kim Taehyung!
— Mal sabe ela... — Murmurei baixinho e logo depois estava sendo puxado para o segundo andar.
O quarto do Taehyung era enorme, ele tinha realmente de tudo. Dava pra morar no quarto dele, tipo você não precisa sair para nada. Ele gosta de coisas bem neutras, mas o azul escuro dominava todo o papel de parede e alguns móveis.
— Eu pedi para limparem o seu quarto, mas assim... você vai dormir comigo, não quero saber. — Deu de ombros, se tacando na cama após deixar as coisas em cima da cadeira.
— Isso tudo é saudade? — Cruzei os braços, me jogando na cama ao seu lado.
— Tô sem meus dois namorados pra dormir de conchinha, então, meu melhor amigo paga o pato.
— Ah não, conchinha não! Isso já é abusar do nosso laço de amizade. Vou dormir no meu quarto.
— Eu te tranco aqui, vai sair como?
— Você deixa de ser besta!
— Não deixo, mas e aí, porque tá com cara de quem chorou por horas seguidas? Eu sei que você tava doido para me ver, mas chorar já é demais!
Inicialmente, eu soltei um riso sobre seu comentário, mas depois eu comecei a encarar ele e é uma merda, porque a pessoa a minha frente era o meu porto. Eu não tinha uma barreira sequer com ele e os olhinhos castanhos dele me encarando daquele jeito preocupado, como se eu fosse a estabilidade do mundo dele, me fez desabar.
— Mimi, seus olhinhos de duas cores vão ficar inchados... não chora, não! — Eu me taquei contra o seu peito, sentindo seus braços me acolherem. — Não faz assim comigo não, eu choro também...
Despejei todo sentimento preso dentro de mim, apertando meus braços ao seu redor enquanto falava tudo que tinha acontecido. Meus soluços eram altos e frequentes, não sei o quanto ele conseguiu entender, mas o meu desespero com certeza tinha sido notado. Taehyung ouviu tudo bem quietinho, deixando com que eu tivesse o meu momento, provavelmente eu estava tendo uma crise de pânico e quando meu estado parecia piorar em uma explosão de lágrimas e sentimentos, ele interferiu.
— Mimi, respira. — Ele pediu com calma, segurando meu rosto entre suas mãos grandes e me olhou de forma terna. — Me acompanha, tá bem? — Pediu e eu assenti, puxando o ar com um pouco de dificuldade quando ele o fez, segurei por uns segundos e soltei. — Muito bem, mais uma vez.
Suas mãos macias acariciavam meu rosto em um gesto calmo. Tinha um sorriso triste e os olhinhos carregavam preocupação e depois de me fazer repetir o exercício de respiração mais quinze vezes, envolveu os braços ao redor dos meus ombros, me deixando apoiar a cabeça no seu.
— Eu não quero casar com alguém que eu não amo, Taehyung. — Falei em um tom baixo. — Eu não quero um casamento forçado. Não quero um alfa como meu pai.
— Eu sei, nós vamos dar um jeito, tá bem? Cara, eu dei um jeito de ficar noivo de dois alfas, a gente consegue dar um jeito no seu pai.
Por um momento eu senti uma ponta de esperança, pois realmente, Taehyung tornou o impossível possível. As regras que a sociedade impõe, que as famílias seguem à risca são claras, porém podemos achar uma brecha e bem, ele achou. Meu melhor amigo sempre foi apaixonado por dois garotos, ele demorou muito tempo para conseguir se entender, no começo se considerou promíscuo, achava que era algum tipo de alienígena - ele é meio dramático - por ter o coração fisgado por dois alfas.
Yoongi é um alfa de altura mediana, pele clara, extremamente pálida, os olhos cor de café, cabelos escuros e sardas concentradas na região do nariz e das bochechas.
Hoseok é um alfa alto, o corpo com músculos bem definidos. Cabelos ondulados e atualmente tingidos de vermelho, olhos castanhos-claro e a pele branca, porém mais escura.
Eles se declararam juntos para o Taehyung e foi nesse dia que meu melhor amigo descobriu o romance secreto deles, pois na nossa sociedade, apenas betas tem "permissão" para ficar com pessoas da mesma classificação, dois ômegas e dois alfas é um completo absurdo, pois alegam não ser completares.
Papo furado, eu sei.
Após a declaração, que pegou Taehyung de surpresa, pois ele não esperava que propusessem um relacionamento a três, veio o X da questão, o fogo no rabo, mais conhecido como os hormônios da adolescência que a maioria dos adolescentes tem. E isso é mais complicado do que parece, ômegas no geral são vistos como objetos pela sociedade e devemos seguir um padrão de comportamento diferente dos alfas. A virgindade de um ômega é como um prêmio, um pequeno troféu e o alfa que o tiver deve honrá-lo, se casando com ômega em questão.
Meu melhor amigo, pretendia esconder quando tomasse esse passo no relacionamento, assim como fazia com o namoro. Somente eu e algumas pessoas do nosso ciclo social sabíamos do romance proíbido deles. O problema, no entanto, foi quando ele foi imprudente o suficiente, para se alcoolizar junto dos outros dois amantes e os três patetas transaram. Pior, aqui mesmo na casa do Taetae meus tios chegaram pela manhã, pegaram e ah! Foi uma confusão danada.
Por mais abertos que meus tios tentem ser, foi algo realmente surpreendente, o pequeno príncipe deles - o neném de dezesseis anos como eles gostaram de afirmar na época - transava e não era com uma pessoa, e sim duas. Perderam muitos cabelos naquele dia. Eu tive que inventar uma bela desculpa para o meu pai, pois recebi uma ligação desesperada de Taehyung me pedindo para vir advogar ao seu favor.
Como se eu tivesse poder para alguma coisa...
Eu vim e sério, foi caótico. Meus tios estavam catatônicos, parecia até que um presidente genocida tinha ocupado a presidência do país e tinha um bando de gado que vestia roupas da bandeira da Coréia aplaudindo ele.
A regra era clara, o alfa que tivesse sido o primeiro a... - Cristo, é constrangedor narrar isso, é humilhante também... mas pera, vou conseguir - a penetrar o meu amigo lá embaixo, sabe? Deveria se casar com ele.
Um casamento a três não seria aceito, mas o Taehyung é a porra de um gênio, pois ele pensou muito rápido, não deixou que Yoongi ou Hoseok se pronunciasse, ele disse que não lembrava quem tinha sido e os outros dois seguiram com essa versão. Ele disse que os três estavam muito bêbados, totalmente alterados e que por isso, não se lembravam.
Foi a terceira guerra mundial, uma reunião de família com os pais dos outros dois que pela Deusa da Lua, durou três dias seguidos e eu não estou brincando, eles passaram três dias discutindo possibilidades e soluções. No fim, como não sabia quem tinha sido o primeiro, mas sabiam que tinha sido um dos dois, Taehyung burlou a sociedade e conseguiu ser oficialmente noivo de dois alfas.
A sociedade teria que engolir que três pessoas teriam de se casar legalmente e que duas delas são da mesma classificação sem ser betas e um ômega teria dois alfas. Um estrondo e algo que gerou muitos burburinhos, mas que no fim, pouco importava pois em julho, nas férias, Taehyung se casaria com seus dois amores. Bem novo, aos dezoito anos, mas infelizmente nem tudo dava para burlar e regras idiotas e sem sentido teriam de ser seguidas.
— Não sei se consigo fingir que bebi até não me lembrar nem do meu nome e dormir com alguém.
— Mas eu não bebi até esquecer o meu nome, eu só fiquei animado. Ninguém precisa saber que o Yoongi foi o primeiro a meter, no fim não importa, pois sexo não é só isso.
— Eu sei, mas nossa sociedade não pensa assim. — Me afastei um pouco, já respirando melhor. — Eu só... eu não queria me casar agora. Eu vou fazer dezoito ainda, casamento é algo sério, eu nunca nem namorei.
— Nós vamos pensar em uma solução, ok? Seu pai não vai achar nenhum pretendente agora. — Ele olhou para o teto, se afastando de vez.
— Eu não duvidaria, ele tem bastante amigos no escritório, conhecidos aqui e acolá, e se ele me aparecer com alguém segunda-feira?
— Calma, não se pensa nada no desespero. Pelo menos algumas coisas estão ao nosso favor, você é um ômega macho.
— Você tá querendo se referir ao preconceito sobre nós sermos estéreis? Como isso está ao meu favor?
— Jimin, você normalmente é mais rápido. Seu pai tem duas opções, ou ele encontra uma família que o filho alfa não se importe com o fato de você não poder gerar, ou te casar com uma alfa.
— Eu não me sinto atraído por alfas fêmeas, seria um pesadelo! — Afundei o rosto em minhas mãos, subindo pela cabeça, até parar na nuca. — Mas acho mais difícil, as famílias atuais não gostam muito da ideia de adoção, vão prezar que tenha ao menos uma chance de progredir com o sangue da família.
— Bando de bobocas! — Taehyung soltou um rosnado e eu concordei com um aceno. — Piora quando as famílias são as escolhidas para cuidar dos cultos da lua.
— Eu sou a ovelha zumbi da família Park. — Soltei um riso amargurado. — Meu pai, o primogênito da matilha, filho perfeito, se casou com uma ômega maravilhosa, mas com baixa fertilidade e que deu a ele um filho ômega.
— Seu pai deveria ter vergonha de culpar você e a sua mãe por ter perdido a indicação a alfa lúpus da alcateia.
— Meu pai nunca aceitou que meu tio, sendo total oposto dele, agora é o líder da alcatéia, e aí ele desconta na matilha dele. — Revirei os olhos.
— Você sabe que te considero da minha matilha, né? E adoraria que você viesse para minha alcateia. — Me puxou novamente para seus braços e eu assenti. — Você pode vir morar comigo, depois do meu casamento, vou ter a minha casa e vou estar com dezoito anos, Yoyon e Hobi não vão se importar, eu tenho certeza.
— Não, claro que não! — Me apressei em dizer. — Você vai começar a sua vida de casado e... eu não posso deixar a minha mãe assim, meu pai judia demais dela.
Taehyung ficou em silêncio e me soltou, levantou e saiu do quarto. Eu não consegui entender se ele tinha se sentido irritado com a minha resposta, mas eu apenas disse a verdade. Eu não queria estar no meio do começo da vida solo dele, assim como não podia deixar a minha mãe sozinha, sem algum amparo. Meu pai ultimamente mal dava as coisas para gente, pagava a minha escola e a comida, de resto gastava com a amante de vinte anos dele.
Me deitei na cama, a minha mente voou em muitas possibilidades, em trezentos pretendentes e eu rezava para que pelo menos fosse um menino, pois meninas em nada me atrai, mesmo que alfas.
E foi me perdendo nesses pensamentos, que a ideia mais maluca, genial e arriscada, surgiu.
— Jimin, eu tenho uma ideia! — De repente a porta do quarto abriu e Taehyung entrou com um pacote de bolacha de leite em mãos, já com uma na boca e outra na mão, andando de um lado pro outro.
— Você tá ansioso? Anjo, não pode comer quando-...
— Quietinho, calado, nem um pio! — Apontou a bolacha na minha direção. — Você precisa transar.
— Tá louco, Taehyung? Do nada isso.
— Como você é lento, puta que la merda! — Resmungou, parando de repente, me olhando sério. — Seu pai não vai poder escolher um pretendente, se você passar na frente dele e escolher.
— Meu pai me odeia e ama controle, ele não vai aceitar mesmo que eu consiga a mão de um príncipe.
— Só que ele não vai ter escolha se o alfa que você escolher tirar o seu cabaço! É regra mon amour, se eu consegui um casamento triplo a partir dela, quem é o seu pai na fila do pão?
— Então a sua ideia é que eu seduza um alfa, para ele ser obrigado a casar comigo? — Perguntei, após completar o raciocínio. — Mas eu não quero me casar com qualquer um, se for pra casar, eu quero amar a pessoa.
Taehyung soltou uma risada e me encarou, cerrando os olhos, colocou mais uma bolacha na boca e andou na minha direção. Preciso me lembrar de mais tarde conferir se ele não estava usando drogas.
— Lindinho, você esqueceu da existência do Jungkook? — Ele questionou com um tom maligno, igual aos vilões de desenhos animados.
Eu abaixei a cabeça, sentindo minhas bochechas quentes. Jungkook era o meu crush de infância, no começo foi um encanto de criança, ele me defendeu de uns valentões do fundamental I. Na verdade ele apanhou pra me defender, eu tive que levar ele na enfermaria. Naquela época, eu lembro dele ter ficado bem vermelhinho por eu ter ajudado com as compressas em sua pele e foi adorável. Desde então eu sempre reparei nele e gosto dele.
— Eu não quero que ele seja obrigado a se casar com quem não ama, faz só um ano que a Haneul foi embora... — Brinquei com as minhas mãos para descontar o nervosismo.
Haneul é a melhor amiga e atualmente ex-namorada de Jungkook. É meio trágico a lembrança que eu tenho do início do namoro deles, porque eu descobri no mesmo dia em que ia me declarar para ele. Bobo por romance como sou, eu escrevi uma carta, com sete páginas, listando os motivos pelos quais eu gostava dele e relembrando alguns dos poucos momentos que tinha passado ao lado dele, explicando como me sentia. Eu tinha catorze anos, tínhamos a última aula vaga, a escola não quis liberar a gente para ir embora e eu iria aproveitar para entregar a carta para ele, estava com ela em mãos, tremendo e quando entrei no pátio, contemplei o exato momento em que ele beijou ela debaixo da árvore principal.
Foi uma merda, meu coração acelerou e eu senti uma onda de choque ruim se espalhar pelo meu corpo. Guardei a carta de volta na minha mochila e pelo resto dos anos eu apenas observei de longe, me sinto muito trouxa por até hoje não ter superado.
— Não faz só um ano, já faz um ano. — Deu ênfase nas palavras. — Agora o coração dele já deve estar curado, é a sua chance!
— Não sei, não quero me iludir, talvez ele nem curta ômegas machos.
— Ah que isso, Jimin, Jungkook não me passa isso, aliás eu posso perguntar pro Hoseok, certeza que ele consegue respostas com a Chaewon.
— A namorada da Bora? Por que ela saberia?
— Peste, eu sou o único amigo nesse mundo que guardo os segredos do meu melhor amigo. Chaewon deve saber desses pequenos detalhes pois além dela namorar a Bora, que é melhor amiga do Jungkook, ela também tem amizade com ele.
— Tá bem, mas o que te faz pensar que ele me daria uma chance? Acho que se ele gostasse de mim dessa forma, algo já teria rolado.
— Quanto pessimismo, Lumina dai-me paciência. — Bufou. — Você pode conquistar ele, usa os charmes de um ômega ao seu favor. Deve ter uma listinha na internet de como um ômega deve ser pra seduzir um alfa.
— Um manual de como ser bom ômega? — Perguntei, achando que meu melhor amigo tava viajando na maionese.
— Gostei do nome, se der bom a gente faz um livro e você fica rico, eu já sou herdeiro. — Riu da própria brincadeira e eu revirei os olhos.
— Cê 'tá doido. — Neguei rindo com a cabeça e ele deu de ombros. — Mas e se ele não me quiser?
— Por isso que você vai conquistar e seduzir, o não você já tem, consiga o sim e se for impossível, bem... a gente acha outra vítima. — Sorriu de forma consoladora. — Mas eu tenho certeza que ele vai cair de amores por esses seus olhinhos bicolores.
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Fiquei muito pensativo depois da brilhante ideia que o Taehyung apresentou. Era viável, podia dar certo, mas ao mesmo tempo eu me sentia muito inseguro. Pois eu enfiei o meu crush no Jungkook na vala mais funda do oceano, a gente conversava de vez em quando, quando por ventura nossos grupos de amigos se misturaram. Porém, no geral, eu o admiro de longe.
Jungkook é o capitão do time de natação da escola e eu faço parte da equipe de torcida, o que significa que em praticamente todos os eventos envolvendo esporte, estou presente. Meus treinos às vezes batem com os dele e o pessoal prefere ensaiar no gramado perto da piscina, então confesso que já fiquei babando um pouco no corpinho sarado dele. O mais escondido possível para ele não perceber e não ficar constrangido.
Também não reparo só no corpo, gosto de ver no modo como ele comanda a equipe junto do treinador e acho fascinante a forma como ele nada. Se estivéssemos em um livro do Rick Riordan, ele seria um olimpiano e filho de Poseidon, sem a menor dúvida!
Desde que eu vi o beijo entre ele e a Haneul, coloquei os meus sentimentos por ele em um nível impossível, como se ele fosse um personagem 2D dos animes que eu amo assistir. Ele me parece inalcançável e talvez eu devesse tentar com outra pessoa, pois será que eu tenho os "dotes" ideais para seduzir um alfa? Será que eu consigo fingir ser um ômega do tempo das cavernas submisso a um alfa? E se eu conhecer ele a fundo e descobrir que é um completo babaca?
— Jimin, você tá encarando a parede fixamente a mais de vinte minutos, tá me preocupando. — Taehyung parou a minha frente, inclinando o corpo para direita, para ficar com a cabeça no mesmo nível que a minha apoiada no travesseiro da cama. — Você conseguiu dormir essa noite?
— Com você me agarrando foi até fácil... — Fechei os olhos, murmurando em resposta. — Você me trás aconchego.
— Um, meu colo é melhor que o da sua mãe, é? — Soou maldoso e revirei os olhos em resposta.
— Nenhum colo é melhor que o da minha mãe. — Respondi, soltando um bocejo.
— Ah, mas! — Taehyung me encarou indignado. — Saí, anda, vai embora do meu quarto, sai da minha casa!
— Uhum, espera sentado.
— Às vezes eu te odeio.
— Também te amo...
— Você tá com uma cara de desânimo... — Ele me empurrou um pouco para o lado, sentando no espaço da borda da cama, perto da minha barriga. Como se não tivesse o outro lado inteirinho pra ele deitar, óbvio que tinha que ser em cima de mim.
— Eu não tenho como ficar animado, eu não queria me casar cedo, isso é tão milênio passado... — Manhei, ouvindo Taehyung rir de mim.
— Eu entendo, meu príncipe, de verdade eu entendo. Eu também não queria me casar agora, mas... infelizmente é a consequência da escolha que eu fiz.
— Não, é consequência de você ter sido pego.
— Da na mesma, Mimi. — Foi a vez dele de revirar os olhos. — Pelo menos nossos filhos vão poder escolher a idade ideal e se vão poder casar.
— É... eles vão ter pais muito legais. — Concordei com um sorriso.
— Vamos fazer assim, primeiro você seduz o Jungkook e depois adia a data de casamento o máximo possível, mesmo que o máximo seja Janeiro do ano que vem. — Acariciou meu braço, tentando me confortar. — Vem neném, vamo lá tomar café, daqui a pouco a veia grita.
Taehyung gostava de brincar com a morte, se a tia Hyunsoo ouvir ele chamando ela assim, ele é finado. Meu ursinho saiu me puxando pela casa, até o andar debaixo, não me soltando nem quando chegamos à sala de jantar.
— Bom dia, meus bebês! — Tio Jihoon desejou sorridente, terminando de colocar os pratos na mesa. — Você vai lavar a louça Taehyung.
— E o Jimin secar. — Tia Hyunsoo completou, trazendo um bolo redondo com um furo no meio.
— Nossa mãe, você deixando a gente comer doce, logo de manhã? — Taehyung indagou ácido, me empurrando para sentar na cadeira do meio e se sentou ao meu lado.
— Se dependesse de mim, você sabe que não seria assim. Mas seu pai conversou comigo e ele me contou que o idiota do pai do Ji, o chateou.
— E eu também disse que é legal afogar as mágoas em doces, é um ótimo consolo.
— Fazer exercícios é bem melhor. — Ela rebateu, mas soltou um suspiro, me olhando. — Qualquer merda que aquele vagabundo te disse amor, não é verdade. Você é um menino maravilhoso, está bem?
— Obrigado, tia. Eu vou sempre tentar me lembrar disso. — Ela sorriu com a minha resposta e se sentou.
Começamos a comer e falar coisas do dia a dia, Hyunsoo começou a contar as histórias dos bastidores dos jogos e era sempre muito legal ouvi-los. Paramos de comer de repente, quando a campainha tocou, tio Jihoon foi atender e quem passou pela porta foi o Yoongi.
— Yoyon! — Taehyung se levantou imediatamente, indo de encontro aos braços do namorado. — Você não me falou que vinha!
— Taehyung, eu amo você, mas para de me chamar de Yoyon. É ridículo. — Fez bico retribuindo o abraço. — Eu decidi de última hora, espero que não tenha problema, sogrinhos.
— Não tem, querido. Já tomou café? — Tio Jihoon perguntou ao voltar a se sentar.
— Ainda não, então vou ter que aceitar comer a comida maravilhosa de vocês. — Respondeu gentilmente, recebendo um beijo na bochecha do Taehyung. — Oiê, Mimi!
— Tudo bom?
— Uhum, faz tempo que eu não vejo você, sumido. — Taehyung finalmente o soltou e ele sentou do lado da tia Hyunsoo, que sorriu para ele.
— Meu pai, Yoongi, meu pai. — Justifiquei e ele pareceu irritado, bom eu também estou. — Na verdade, ele só me deixou vir porque eu disse que você e o Hoseok não estariam aqui.
— Eu vou cortar o pau do seu pai. — Tia Hyunsoo indignou-se. — Destratar meus meninos assim é demais.
— Ele acha a situação promíscua. E eu não vejo assim, não tá? Só pra deixar claro.
— Seu pai deveria cuidar da vida dele. — Taehyung soltou, mordendo um pedaço de pão com manteiga.
— Infelizmente muita gente vê a minha relação assim, mas tipo, já taquei o foda-se, o que me importa é o Hoseok e o Taehyung.
— Você brigou com o Hobi? — Tio Jihoon perguntou, estranhando a forma como ele chamou o outro parceiro.
— Yoongi, sem falar palavrão. — Tia Hyunsoo o repreendeu, mas logo suas bochechas ficaram vermelhas pela afronta a um alfa.
— Não faz nem um minuto que a senhora falou "pau" na mesa de café mãe. — Taehyung revirou os olhos, tentando descontrair.
— Não foi uma briga exatamente, eu só não gostei de uma fala dele. — Yoongi explicou, começando a cortar um pão. — Mas não precisa se preocupar, eu continuo amando ele, sogrinho.
— O que ele falou? — Não consegui segurar a curiosidade.
— Eu vou poupar vocês dessa vez, de verdade. — Me olhou com um sorriso triste. — Vai ficar aqui por quanto tempo, Mimi?
— Até segunda.
— Podia vir morar com a gente. — Tio Jihoon sugeriu.
— Eu vivo falando isso pra ele, pai! Tá vendo, Jimin? É um desejo de todos, você tem que vir morar comigo.
— Taehyung, a partir de agosto você não vai mais morar aqui. — tia Hyunsoo recordou e havia melancolia em seu timbre.
— Yoyon, você se importa do Mimi morar com a gente? — Perguntou fazendo olhos de gatinho.
— Não, me importo que você fique me chamando de "Yoyon"!
— Viu, Jimin? Você pode morar com a gente!
— Mas tem o Hobi pra concordar, querido. — Jihoon pontuou, recebendo uma carranca do Taehyung.
— Nada que uma greve não resolva.
— Kim Taehyung! — Tia Hyunsoo repreendeu, enterrando o rosto nas mãos.
— Mãe, a senhora tem que superar, eu transo e transo mui-...
— A gente sabe, more. — Coloquei a mão na boca dele, vendo a tia Hyunsoo começar a ficar roxa de tanta vergonha, o vermelho já não era mais o suficiente.
Apesar de tia Hyunsoo ser uma ômega que em muitos quesitos não tem tabus, ela ainda está aprendendo. Digamos que ela tenha um aprendizado seletivo, normalmente é mais fácil para ela entender uma situação, quando essa situação é um problema dela. Por exemplo, ela é uma ômega alta e atleta, a trinta anos atrás isso era um absurdo e ela lutou para conseguir ter reconhecimento. Ou quando ela teve um filho ômega que por coincidência nasceu macho e existe um estigma muito grande em cima dessa questão, logo ela tendo um filho assim, teve outra visão de como as coisas são e teve que lutar para tentar deixar o mundo melhor para o Taehyung viver.
Mas como eu disse, algumas coisas ainda prendem ela aos costumes. Como por exemplo, às vezes ela solta palavras de baixo calão, mas isso não é bem visto em um ômega, assim como um ômega expressar desejos sexuais ou falar abertamente de sexo. Ela vivia constantemente numa briga interna, pois ao mesmo tempo que se orgulha muito de quem o filho dela é, ainda se prende aos costumes que foi criada.
Tio Jihoon por outro lado é muito mais tranquilo e não é de ficar corrigindo esse tipo de comportamento do Taehyung, justamente por isso ele é mais aberto com o pai e infelizmente gera certa chateação na Hyunsoo.
— Às vezes parece que não te dei educação, Taehyung. — Ela olhou de forma severa para o filho. Taehyung revirou os olhos e ela ficou ainda mais irritada. — Não revire os olhos para mim!
— Mamãe, meu amor, minha vida, meu lar... eu preciso que você entenda, você me deu sim muita educação, mas eu estou rodeado de pessoas que tenho intimidade. Não é novidade para você ou o papai que eu não tenho problemas em falar de sexo, ou dar a minha opinião quando não concordo com algo. Jimin é meu melhor amigo desde que me entendo por gente e assim, é muita inocência não pensar que eu não converse dessas coisas com ele. — Nós definitivamente conversamos várias vezes sobre isso e devo dizer que Taehyung não poupa detalhes. — Quanto ao meu bebê, bem... ele me ama do jeitinho que eu sou.
— Amo mesmo, dona Hyunsoo. Fica tranquila que o Taehyung é muito respeitoso com todos, é legal ele ser um ômega mais aberto e sem medo de se expressar. — Yoongi completou, lançando um sorriso apaixonado pro meu amigo. — Sei que para a senhora é um pouquinho complicado, mas é esse jeitinho espontâneo dele que faz ele ser extraordinário.
— E tia, de verdade, o Taehyung é um exemplo de ômega, ele luta pelo que acredita como a senhora nos ensinou. Sim, ele fala de forma despojada, ele fala palavrão, ele se expressa, ele mostra seus desejos, ele é um livro aberto e todo mundo tinha que ser como ele. Taehyung só está vivendo a vida dele sendo feliz e enquanto ele não fizer mal a ninguém, não há nada de errado. — Não consegui ficar calado, pois eu sentia que aquela era minha família também e as opiniões formadas da tia Hyunsoo em relação aos ômegas me atingiam diretamente. — Ele pode não ter os traços que você desejava para ele, mas ele é doce, companheiro, gentil e faz de tudo por quem ele ama. E essas características são a definição que cobram da nossa classificação, mas se me permite dizer, alfas e betas deveriam ser cobrados disso também, pois é o mínimo.
Agora eu estou ofegante e vermelho, eu devo estar um tomatinho. Yoongi tinha um sorriso brilhante na minha direção, tio Jihoon me olhava com doçura e a tia Hyunsoo assentiu e se levantou, ela provavelmente iria pensar no que acabou de acontecer. Estava pronto para dar ao meu melhor amigo um olhar nervoso, mas quando o olhei, Taehyung tinha o rosto banhado em lágrimas. Ele se levantou e me abraçou fortemente.
— Obrigado, obrigado, obrigado, obrigado!
— Tá me agradecendo pelo que? — Questionei, mas quando ele se afastou um pouco para me olhar nos olhos eu entendi.
Somos o ponto de apoio um do outro e foi muito importante para ele escutar aquelas palavras de mim, pois tenho quase certeza que a minha opinião pesava muito. Sei disso porque a dele também era assim para mim.
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Boa noite, pulguinhas.
Tudo bem?
Aqui tivemos o segundo capítulo da história reescrita e espero que vocês tenham gostado dos detalhes novos, pois eu sou apaixonada por eles!
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