Capítulo 18 - Seja um bom ômega.

O tempo, meus amigos, é um ótimo remédio para curar feridas e colocar as coisas no lugar. Meus últimos dois meses de aula começaram um pouquinho conturbados por conta dos últimos acontecimentos familiares, mas agora já estava tudo bem. Meu pai tinha saído de casa, bem, ele foi obrigado a isso e enquanto eu estivesse na escola e se entrasse na faculdade, teria que manter minha mãe e eu. A casa foi transferida para o nome dela, assim como o carro e ele levaria um tempo para conseguir quitar a multa que devia a ele por conta das traições.

Não falei mais com ele desde aquela fatídica noite e foi melhor assim, minha mãe relatou que para mim, ele tinha apenas xingamentos a dizer e eu não queria mais um momento ruim para recordar, então coloquei um ponto final em nossa relação.

Minha mãe, estando livre de um alfa abusivo, perguntou se estaria velha demais para estudar e a resposta mais óbvia era que não, então dona Minji tinha retornado aos estudos e me contou que tinha vontade de cursar moda.

Enquanto eu finalizei os vestibulares e o ensino médio. Estava feliz após deixar a equipe de torcida com uma última apresentação no final do campeonato de basquete. Nossa escola tinha levado a melhor em todas as competições, sem dúvidas.

Estar entrando na escola para o último dia de aula foi realmente uma sensação estranha. Meio que pareceu mais uma visita simbólica, pois os professores não iriam passar mais nada nas nossas turmas e foi notório a diminuição no fluxo de pessoas pelo ambiente.

Taehyung já começou aquele dia chorando, estava emotivo por conta das despedidas que faria e elas realmente não foram simples.

No fim de setembro, naquela mesma noite contei tudo que tinha acontecido. Sua reação a princípio foi explosiva, mas com o passar dos minutos se acalmou e mais uma vez, ofereceu sua casa para ser o meu lar, coisa que algumas horas depois, tio Jihoon e tia Hyunsoo também fizeram.

"Você foi o segundo filho que eu nunca precisei gerar, Jimin. Lumina deu um irmão maravilhoso para Taehyung por mim."

Foram as palavras que tia Hyunsoo me disse, mas eu realmente estava bem com a minha mãe, agora não tínhamos mais meu pai para atormentar nossas vidas.

Eu consegui aproveitar todas as festas que tivemos, cada segundo sem todo aquele medo de ser pego, pois tinha idade suficiente para cuidar do meu próprio nariz e ao mesmo tempo que era assustador, me deixava animado.

Meus últimos meses como um aluno do ensino médio, apesar da pressão dos estudos me trouxeram o aconchego das relações pessoais. Fiquei muito mais próximo da Chaewon, da Bora e principalmente da Haneul, o que me deixou contente. Não existia a necessidade de uma rivalidade tóxica, ela respeitava o meu namoro e eu amizade que ela e o Jungkook tinham.

Todas as fotos que não tirei durante o ano, tirei nesse meio tempo, principalmente na formatura. Meu parceiro de baile obviamente tinha sido Jungkook e agora podíamos postar fotos de casais, inclusive meu plano de fundo era um desenho que fiz de nós. No desenho, eu estava de joelhos perto da borda da piscina e ele apoiado com os braços nelas, enquanto nos beijávamos.

Taemin veio me pedir desculpas pouco antes do fim do quarto bimestre, ele reconheceu que não foi uma atitude correta e que nunca mais faria algo do gênero. Prometeu respeitar meus sentimentos e é com o coração limpo que digo que perdoei. Apesar de ter ficado chateado com suas ações, não tinha porque guardar ressentimento para o resto da vida, eu apenas não conseguiria ser igual a antes com ele.

— Chegamos, Ji. — Jungkook chamou minha atenção e eu pisquei um pouco surpreso, descendo de sua moto.

Seus pais tinham dado como presente de formatura sua carta de motorista e sua avó tinha lhe dado a motocicleta. Ele vivia para cima e para baixo com sua nova filha e devo dizer que estava sempre me convidando para passeios, mesmo que hoje em específico tenha sido ele a me trazer para o culto da Lua.

— Se perdeu em seus pensamentos, foi? — Riu da minha expressão perdida, entrelaçando nossos dedos enquanto andávamos para dentro do acampamento.

— É, mais ou menos por aí. — Dei de ombros com um leve sorriso. — É uma das primeiras vez que você me trás na sexta.

— Você não pede para vir, aí... sei lá. As vezes só quer ficar por aqui de sábado para domingo, mas meus pais sempre vem sexta à noite, consequentemente eu também.

— Amor, se você me pedir para ir a Tombuctu contigo, eu vou. — Jungkook riu, colocando rapidamente a mão direita no meu rosto, deixando um beijo rápido nos meus lábios.

— Fofo!

— Ah... eu preciso saber, você trouxe camisinha?

— Perdão?! — Piscou um pouco atordoado.

— Não dá para fazer safadezas na tenda sem proteção.

— E nós vamos fazer safadezas na tenda?

— Claro que vamos. — Dei de ombros com um sorriso. — Agora a gente pode, esqueceu?

— Eu sei que podemos, mas tenho certeza que deve ter preservativos por lá.

— Eu trouxe, de qualquer modo. Minha mãe vive dizendo que é melhor prevenir do que remediar.

— A sogrinha acha que a gente faz isso em qualquer lugar?

— Hum, acho que sim. Mal sabe ela que já estamos juntando teias... — Revirei os olhos, negando com a cabeça enquanto chegamos à tenda de sua família.

— Mas agora estamos sem vestibular e sem qualquer outra coisa que nos impeça de fazer as safadezas que você quer.

— E você também.

— Meninos, bem-vindos! — Jiwon saudou, me fazendo ficar vermelho por ela provavelmente ter escutado a conversa. — Bom... tomem. — Ela estendeu para nós dois sacos plásticos.

— Isso são túnicas vermelhas? — Jungkook indagou ao pegar.

— Sim. Bom, são as regras, não é? Noivos que já não sejam mais filhotes, usam túnicas vermelhas. — Jungkook e eu nos entreolhamos. A ômega se apressou para continuar: — Sob a lei de Lumina, vocês já são noivos.

— Ainda bem que o Jimin fica lindo de vermelho, mãe. Porque vou ver ele durante um bom tempo usando esta cor.

— Certamente. — Ela sorriu para nós. — Fiquem tranquilos, tá? Isso não é para apressar vocês nem nada, é só...

— Faz parte do rito, a gente sabe. — Fui rápido em confortá-la. Jiwon seria a última pessoa no universo a querer que nos casássemos agora.

— Bom, tem uma ômega em trabalho de parto, ela quer a minha presença, vocês tem a tenda para vocês. Até depois!

Após Jiwon nos deixar sozinhos, fomos para o quarto de Jungkook e deixei minha bolsa com meus pertences lá, pois já faziam muitos finais de semana que eu deixei de dormir na tenda da família Kim.

— Meu pai conversou comigo... — Jungkook iniciou, ainda de pé, parecendo incerto.

— Sobre o casamento? — Franzi o cenho, devido ao assunto repentino.

— Não, não... — Riu baixinho um pouco nervoso. — Ele queria saber se... se eu queria iniciar os estudos para ser o lúpus da alcatéia.

— E o que você respondeu?

— Que iria conversar com você.

— Comigo? O que eu tenho a ver? — Me sentei na cama, observando suas feições.

— Bom, se eu aceitar, quando e se eu me tornar um lúpus, você vai ser o príncipe da alcatéia. — Explicou um pouquinho nervoso. — Você gostaria?

— De ser o seu príncipe? Claro que sim, amor! — Engatinhei até estar perto de seu corpo. — Quantos anos levam a formação de um lúpus?

— Cinco... sabe que a gente tem que casar para isso, não é?

— Sei sim. Em cinco anos eu já terminei a faculdade de design e acho que é uma ótima época para começarmos a vida a dois... — Mordi os lábios e fui surpreendido, quando ele praticamente pulou em cima de mim, me deitando na cama e me enchendo de beijos. — Faz cócegas, Jungkook!

— Amo você, sabia? — Questionou com os lábios contra os meus.

— Te amo mais, meu moreninho. — Baguncei seus cabelos, antes de beijar seus lábios verdadeiramente.

— Obrigado por ter feito um plano para me seduzir. Obrigado por ser você, com esse jeitinho maluco, que está sempre me apoiando nas minhas escolhas doidas, tipo não fazer faculdade e apostar tudo na música.

— Não fiz nada mais que o dever de um bom ômega. Mas vem cá, você não acha que eu deveria escrever um livro?

— Um livro? — Riu e franziu as sobrancelhas. — Como assim, meu amor?

— Fazer o Manual do bom ômega não ser apenas uma coisa minha, imagina que egoísmo da minha parte desperdiçar minhas dicas de ouro?!

— Você sabe que só funcionou porque eu já gostava de você, não é?

— Isso é só um detalhe, ok?!

Rimos em conjunto, rodando em sua cama, até começarmos a desviar os olhares para nossas bocas e depois voltarmos aos olhos. Eu não precisava de um manual naquele momento para entender o que queríamos e desejávamos e enquanto nos beijávamos, só pude ser grato por dezembro estar começando tão bem.

Eu sentia o fim de uma fase se completar, quando começamos a tirar as roupas. Vislumbrei algumas possibilidades do futuro, mas tentei não fazer tantas teorias sobre o que viria daqui em diante. Confiava nas sementes que plantamos e a colheita de certo seria a melhor possível.

E aqui, termino dizendo ao Jimin do início que as coisas acabaram bem melhor do que o esperado:

Minha vida e meus sonhos são meus e ninguém, nem mesmo um alfa poderia tirar isso de mim.

Fim.

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Agradeço aqui a cada leitor que acompanhou a história.
Muito obrigada por cada votinho e comentário que deixaram para me apoiar 😊❤️
Amo todos vocês 🥰


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