Capítulo 17 - Seja forte

O capítulo a seguir tem cenas de agressão, cuidado ao ler.

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As primeiras semanas do terceiro bimestre passaram rapidamente. Ficamos focados nos estudos para os vestibulares que aconteceriam pouco antes do fim das aulas. Me sentia um pouco ansioso, agora tinha a garantia que simplesmente poderia escolher o que e como quisesse, pois Jungkook era sensato e não iria me proibir de nada. Ele inclusive, passou algumas tardes estudando comigo.

Em outras ficamos ambos ocupados. Ele com os treinos e competições de natação e eu com os treinos de líder de torcida e campeonatos que participamos. Yerin estava a todo vapor como nossa capitã, o vôlei já estava na classificação final, basquete nas eliminatórias, natação teria sua segunda competição e futebol estava finalizada há uma semana. Todo mundo estava um pouco tenso, mas fizemos um bom trabalho e enfim nossa escola ganhou o troféu. Acompanhei Taehyung nas partidas de xadrez e me orgulhei ao vê-lo derrotar cada adversário, esfregando sua inteligência na fuça de alfas nariz em pé que duvidam da cognição de um ômega.

Atualmente eu terminava de me hidratar, Jungkook tinha classificado com as melhores notas para a próxima etapa da competição, minha garganta doía de tanto que eu gritei, meus pompons ainda estavam presos ao meu pulso, quando o time estava pulando em cima dele, felizes e ele se desvencilhou com agilidade ao meu ver. Correu na minha direção, me levando e eu envolvi minhas pernas ao redor de sua cintura, antes de aceitar seu beijo.

Eu tinha prometido que lhe daria um beijo se ele vencesse. Não que isso fosse difícil dele conseguir, mas nos últimos tempos tínhamos nos concentrado nas tarefas disponíveis e ficava pouco tempo para namorar como gostaríamos.

Ouvimos exclamações eufóricas e eu me separei um pouco envergonhado. Suas bochechas estavam um pouco vermelhinhas, mas havia um olhar sereno e ao mesmo tempo desnorteado em minha direção. Me colocou no chão com cuidado, não resistindo em deixar mais um beijo sobre meus lábios.

— Foi o melhor prêmio do mundo, viu? — Falou bem baixinho, arrancado-me uma gargalhada.

— Bom, pode ganhar mais se quiser. Inclusive... podíamos fazer mais que isso.

— Não sabia que você curtia fazer isso ao ar livre...

— O que?! Claro que não, seu besta! — O empurrei brevemente, ele riu afastando para comemorar com o time, mas não sem antes me mandar um beijo com a mão.

— Ele é gamado em você, hein. — Yerin comentou, parando ao meu lado. — Toma algo pra garganta, amanhã a gente tem vôlei. E não sei o que a Chae tem contigo, mas ela quer você na formação.

— É que agora ela quer me roubar do Taehyung, sabe? — Brinquei. — Tô namorando o vocalista da banda dela, acho que ela quer manter os olhos em mim.

— Tão falando de mim? Ouvi meu nome. — Os cabelos azuis esvoaçantes eram inconfundíveis. — Se estiverem falando mal, me chama que eu sei uns babados!

— Estou dizendo que você me quer amanhã porque está me espionando.

— Como descobriu?!

Sua encenação arrancou risadas gostosas.

Tudo parecia que iria fluir da maneira que esperávamos, isso claro, se meu pai não tivesse o poder de estragar simplesmente tudo. Em um dia normal, ele jogou a bomba que tinha escolhido uma família e que iriam jantar em casa no sábado a noite. Fui obrigado a me arrumar contra a minha vontade, de acordo com ele, eu tinha que estar o mais atraente possível. Isso me deixou profundamente irritado, pois uma coisa era eu querer me produzir para me sentir bem comigo mesmo ou para arrancar suspiros do Jungkook, não de um alfa qualquer que ele tenha escolhido.

Entretanto, até aí, meus amigos, estava tudo até tranquilo. Ficou difícil quando quem passou pela minha porta foram Taemin e seus pais. Fiquei embasbacado, minha mãe pareceu muito surpresa, mas a princípio manteve as aparências. Meu pai insistiu para irmos logo para a mesa e após sermos servidos, a tortura começou.

— Jimin, vê como tem sorte? Encontrei alguém que está nos meus padrões e ainda por cima aceita suas circunstâncias.

— Minhas circunstâncias? — Me fiz de desentendido.

— Ele não se importa de você não lhe dar filhos.

— Bom, nós queríamos netos, mas Taemin só sabe falar sobre você, querido. — A Sra. Lee sorriu gentilmente. — Achamos que podemos facilmente quebrar essa barreira.

— Até porque, a irmã de Taemin já deu um neto já e diz que quer ter o segundo. — Seu pai completou, contente.

— Então, se ele fosse filho único, não aceitariam? — Minha mãe perguntou.

— Minji... — Meu pai murmurou, enraivecido.

— Oh, nos desculpe. Não queremos passar essa impressão, queremos que nosso filho seja feliz. Eu acho que seria feliz com um neto adotado.

— O senhor acha? — Franzi as sobrancelhas, indignado.

— Jimin!

— Está tudo bem, senhor. Eu gosto do jeito espontâneo do Mimi. — Taemin afirmou com um sorriso no rosto. — Ele é perfeito para mim.

— Não te falei, Jimin? Você tem sorte!

O jantar não foi nada agradável para mim, consegui entender perfeitamente de onde vinham as falas errôneas que Taemin soltava. Seus pais eram bem parecidos com o meu e minha mãe parecia que explodiria em nervoso, mas eu continuei fazendo pose, até conseguir ficar sozinho com Taemin.

— Ficou doido?! — Gritei em um tom sussurrado.

— Por que a pergunta, Mimi?

— Ora, como assim "por que"? Você não está esquecendo de nenhum detalhe importante?

— Qual detalhe é mais importante do que o meu desejo em me casar com você? Eu sou um alfa bacana, somos amigos a muito tempo, nos gostamos.

— Nos gostamos como amigos!

— Eu não gosto de você só como um amigo!

— Mas eu sim! Eu namoro o Jungkook, se lembra?

— Ahn, meio que isso não me importa muito. Jeon é irrelevante e você entenderá isso no futuro. Ele não honrou a Haneul e espero que ele não tenha te desonrado.

— Me desonrado?! — Indaguei perplexo. — Virgindade não é uma honra ou um troféu e não é da sua conta com quem eu transo, ou deixo de transar.

— Na verdade é sim, porque quero me casar com você.

— Mas eu não quero. Taemin, pelo amor da nossa deusa...

— Não envolva Lumina, nisso... por favor. Mimi, você não entende? Eu estou apaixonado por você há anos e você nunca me deu uma chance.

— Porque eu não posso te iludir! Não posso ficar com alguém que eu não gosto. Nós sempre fomos só amigos para mim.

— Teremos que deixar de ser. Vai ter que parar de ver o Jungkook, pois seu pai já decidiu que seu noivo será eu. Já deixei que ele ficasse com você tempo demais.

— Taemin, sinto muito, mas não é meu pai que decide com quem eu vou me casar.

— Como é Jimin? Está afrontando seu noivo? — Meu pai voltou à sala de jantar muito nervoso ao escutar minha fala. Minha mãe rapidamente veio até nós.

Eu simplesmente respirei fundo, me preparando para o que viria depois que eu soltasse a bomba, mas bem, ela já tinha sido guardada a muito tempo.

— Não posso me casar com o Taemin, porque eu dormi com o Jungkook.

— Como é?! — Meu pai arregalou os olhos, ficando vermelho. Os pais de Taemin ficaram horrorizados. — Quem é Jungkook?

— Eu não me importo, de verdade não me importo. — Taemin interveio, com um sorriso pendurado nos lábios.

— Meu filho-...

— Como você ousa, Jimin?

— Como eu "ouso" o que, pai? Todo mundo faz sexo. E eu transei com o meu namorado, somente isso.

— Somente isso? Ah, como se você não tivesse feito uma afronta! Desobedeceu minhas ordens.

— Na verdade, não. Eu cumpri elas. — Ele me olhou confuso e eu sorri mordendo os lábios. — Você me disse para não usar supressores no cio.

— Menino, ele abusou de você? — A mãe de Taemin perdeu a cor.

— Jungkook? Ah, não senhora. Eu sentei nele porque quis mesmo. — Dei de ombros e ela ficou igualzinha a um palmito.

— Que menino de boca mais suja! — O pai de Taemin ficou ultrajado. — É com esse tipo de pessoa que você quer se casar?

— Ahn, sim... — Taemin respondeu encolhendo os ombros.

— Bom, mas vai ficar querendo. Porque eu não posso me casar com o Taemin. É a lei dos lobos, ao me deitar com Jungkook, me tornei noivo dele.

— Não acredito que fez isso, Jimin... — Taemin me olhou chateado.

— Taemin, você é... muito legal, mas eu realmente amo o Jungkook. É dele que eu gosto, sempre foi ele.

— Acho que não temos mais nada para fazer aqui! — Aparentemente os pais dele resolveram intervir antes da situação piorar.

— Eu os acompanho até a porta! — Minha mãe se prontificou, saíram os quatro, ficando apenas meu pai e eu.

— Você não deveria ter feito isso, Jimin! Não deveria... — Eu sentia sua raiva daqui. — Ligue para esse garoto, quero ele e os pais dele aqui e rápido.

Soltei um suspiro, mas não discordei. Uma hora isso iria acontecer e eu já tinha avisado para o Jungkook ficar esperando e já ter deixado seus pais cientes de tudo. Ele demorou pouco menos de uma hora para estar aqui em casa, com meus sogros. Yohan tinha um sorriso no rosto, Jiwon por outro lado, parecia descontente, no início pensei que fosse comigo, mas ela me deu um grande abraço após entrar. Apontei para a sala e fiquei um pouco para trás, sendo envolvido pelos braços do meu namorado.

— Tá tudo bem, ok? — Ele disse baixinho contra o meu ouvido. — Vou assumir qualquer responsabilidade.

Assenti, confiando em suas palavras, puxando-o até a sala, onde nossos pais estavam aconchegados. Preferi ficar em pé e Jungkook permaneceu ao meu lado, mesmo eu dizendo que ele poderia se sentar ao lado dos pais. Minha mãe estava na poltrona, bem longe de Jisan.

— Suponho que saibam o que o seu filho fez. — Meu pai começou, em um tom acusatório.

— Hum... foi uma pessoa normal? — Fernando arriscou, em um tom de bom humor, mas meu pai pareceu endurecer.

— Ele profanou o meu filho!

— Eu não profanei ninguém! — Jungkook respondeu irritado com a palavra. — Sim, eu fiz sexo com ele, mas não dá forma suja como o senhor insinua. Eu não o forcei a nada.

— Certamente o seduziu!

— Na verdade quem fez isso fui eu... — Apertei a mão do meu namorado.

— Cala boca, Jimin!

— Não fale dessa forma com ele! — Jiwon repreendeu.

— Ele é meu filho!

— Exatamente, merece respeito. O que os dois fizeram foi extremamente natural e se quer saber, eles vão continuar fazendo pelo tempo que quiserem.

— Foi desta maneira idiota que criou o seu filho?

— Criamos nosso filho para ser respeitoso com os outros, coisa que o senhor, não é. Inclusive, Minji deve ser a única responsável por Jimin ser tão gentil e educado. — Yohan falou com o tom mais duro.

— O filho de vocês vai assumir essa desonra! Não quero saber de mais nada.

— Sim, ele vai. — Jiwon concordou. — Mas não agora.

— O que?! Está louca?

— Não. Jimin e eu apenas decidimos que somos novos demais para nos casar.

— Mas pelo visto ele não se achou novo demais para dar para você. — Meu pai respondeu ríspido. — Isso é contra as nossas leis.

— Não, é. Posso lhe garantir, contra nossas leis é o senhor ficar traindo sua esposa com outra ômega. — Jiwon apontou calmamente. — Inclusive, andei estudando o contrato de casamento de vocês e existe uma cláusula traição. Você terá de pagar uma multa a Minji.

— Você... como...?

— Jimin me pediu ajuda, mesmo sendo muito ocupada, eu realizei seu pedido. Ele queria saber se tinha como Minji se livrar de um alfa horroroso como o senhor e bem, você até tentou esconder isso, mas uma hora a verdade teria de aparecer.

— Você não pode chegar aqui e fazer essas acusações.

— Fique feliz que estou fazendo apenas estas. Estávamos esperando por esse dia. É final de setembro e bem, os meninos vão se formar em dois meses, depois vão para a faculdade e vão se casar em um, dois, três, sete anos, quem decidirá são eles. Não vai ser o sexo que determinará a data. — Jiwon declarou de modo confiante. — Minji vai entrar com os papéis do divórcio e você terá de sair desta casa, pagar uma multa e pagar pensão ao Jimin no tempo em que ele estiver na faculdade. E além da multa pela traição, diz que a sua família é obrigada a arcar com todos os gastos da casa. Imagino que você tenha pensado nesta cláusula para caso a Minji viesse a te trair, você teria uma carta na manga, não é? Pelo visto o tiro saiu pela culatra.

— Sua vad-...

— Ela é juíza, eu não recomendo ofendê-la. Ela pode mandar te prender por desacato. — Yohan advertiu.

— Minji... — Meu pai observou minha mãe. — Você não vai querer o divórcio, vai? Sua família... o que eles vão dizer?

— Que eu me livrei de um monstro. — Minha mãe sorriu ao dizer. — Quero o divórcio a anos, Jisan. Anos! Se eu soubesse desta cláusula antes... Jimin e eu não estaríamos à mercê de você a muito tempo!

— Jungkook, tira o Jimin daqui, por favor. — Yohan pediu. — Vamos ter uma conversa de adultos de agora em diante.

Jungkook obedeceu o pai, me puxando pela casa até o andar de cima. Estava totalmente habituado a minha casa pelos dias que passamos juntos. Entramos no meu quarto e eu tranquei a porta, indicando a cama para ele se sentar. Ele prontamente aceitou, achei uma boa oportunidade para contar que a escolha do meu pai tinha sido Taemin. Como o esperado, Jungkook não ficou contente, mas não demonstrou surpresa.

— Muita cara de pau saber que a gente namora e simplesmente, simplesmente age como um babaca! — Deu um soquinho na cama. — Ele ainda teve coragem de insistir?

— É... ele meio que deixou claro que não se importava. Eu não ia revelar agora, ia tentar fazer uma sabotagem, mas meu pai escutou a nossa conversa. Então, não tinha como eu mentir, entende?

— Você não precisa se explicar, Jimin. A gente sabia que a qualquer momento, a gente teria que contar. Pelo menos agora, você já pode ir dormir tranquilamente, pode parar com dietas sem sentido também.

— Sai várias vezes por sua causa, e não tenho como agradecer mais. — Sorri ao andar em sua direção e o abracei. — Estou feliz que a gente se entenda, que queremos as mesmas coisas...

— O que um não quer, dois não fazem. Vai sim ter o casamento, mas quando nós dois estivermos prontos para isso. Gosto de ser seu namorado, mesmo que, em tese, sejamos noivos.

— Mero detalhe. E eu também-...

Parei de falar, me separando bruscamente dele quando ouvimos um estrondo no andar debaixo. Meu primeiro instinto foi tentar ir até a porta, mas Jungkook não deixou. Segurou nos meus braços, negando com a cabeça.

— Mas e se ele estiver machucando alguém?

— Se meu pai pediu para subirmos, é porque não era para vermos. Não tem que se preocupar, meu pai passou pelo rito de se tornar um lúpus, ele tem a força física muito superior a do seu pai. — Acariciou meu rosto com cuidado. — Deixa que eles cuidem disso.

Vocês não podem sugerir isto! Eu quem comprei essa maldita casa, é do meu dinheiro que estamos falando! Meu filho não vai ser um desonrado, não vai, me escutou?

Meu pai esbraveja alto, conseguimos ouvir sons de vidro quebrando, coisas indo ao chão, até o momento em que escutamos uma sirene e isso nos preocupou. Primeiro achei que fosse uma ambulância, mas era a polícia. Pela janela do meu quarto, observei meu pai ser levado à força e os Jeon seguiram a viatura em seus carros. Uns minutos depois, ouvidos batidas na porta, eu corri para abrir.

Os cabelos loiros de minha mãe estavam levemente bagunçados, mas não haviam hematomas em seu corpo. Ela esboçou um leve sorriso, abrindo os braços e eu me abriguei neles antes de procurar por machucados.

— Tá tudo bem, Ji. Eu estou bem, ele não me fez nenhum mal.

— O que aconteceu, Minji? — Jungkook perguntou e ela enfim entrou no quarto, me soltando e se sentou na cadeira da minha escrivaninha.

— Bem, foi uma conversa complicada... Jisan não queria entender, não quis aceitar que eu quero o divórcio e muito menos que Jimin além de não noivar com quem ele escolheu, não vai casar agora. — Mamãe contou calmamente em um tom brando. — Yohan e Jiwon foram argumentando, mantendo a paciência, até o momento que... Jisan quis me agredir por, em suas palavras "não ter criado meu filho ômega de maneira correta". Yohan intercedeu... apenas desviando dos golpes violentos. Enquanto isso, Jiwon já estava chamando a polícia e bem... eles disseram que iriam cuidar de tudo.

— A senhora não deveria ter que ir junto? — Jungkook perguntou, mordendo os lábios, parecendo preocupado.

— Bom, eu ainda vou... só, não queríamos que vocês ficassem no escuro depois da confusão que escutaram. — Sorriu brevemente e se levantou. — Eu vou me arrumar, não liguem para a bagunça da sala, eu arrumo quando voltar.

— Não, não! Eu arrumo, mãe. Vá tranquila.

— Está bem, mas cuidado, tem bastante vidro... — Soltou um suspiro, indo em direção a porta. — Jungkook, talvez você não saiba, mas seus pais pediram para você ficar aqui com o Jimin.

— Eu não iria a outro lugar, fica tranquila sogrinha. — Mamãe sorriu mais abertamente, abrindo os braços em um convite mudo. Jungkook aceitou de bom grado. — Eu vou cuidar bem dele, prometo.

— Muito obrigada. Jimin, faça alguma coisa para ele comer, tá bem?

— Pode deixar.

Ficamos no meu quarto, até minha mãe sair. Me mantive em silêncio pensativo, engolindo em seco ao chegar na sala e encontrar a televisão quebrada, os vasos de cerâmica da minha mãe todos despedaçados, os livros da estante espalhados pelo chão, alguns rasgados, o painel levemente torto e os retratos fotográficos todos com o vidro quebrado, jogados ao chão. Peguei um, observando-o. Era uma foto de uma lembrança feliz, houveram poucos momentos em que senti que Jisan era realmente meu pai e me amava.

— Onde vocês estavam? — Jungkook perguntou, de maneira cautelosa.

— Na casa dos meus avós paternos. Foi a dez anos, dá para perceber pelo fato de eu ser... como pode ver, bem mais baixinho e estar com uma cara de neném. — Ele riu pelo meu comentário. — Minha mãe estava com suspeitas de gravidez, meu pai só faltava subir pelas paredes de felicidade.

— Mas pensei que sua mãe... não pudesse, sabe?

— E não pode. Eram só suspeitas mesmo, mas serviu para deixar meu pai diferente por alguns dias. Ele não era mais agressivo, estava radiante de felicidade e bem... me tratava como gente. Foi uma viagem feliz, aqui nós estávamos no jardim da minha avó. — Na foto, eu estava agarrado às costas do meu pai, com minha mãe sorrindo deitada no ombro dele, enquanto eu apoiava a minha nos cabelos dele. — Me lembro perfeitamente desse dia. Brinquei muito na piscina, parecia que éramos uma família feliz de verdade. Com pais que estão apaixonados e que os dois amam seu filho.

— Você não sente que seu pai te ama?

— É que pra mim, as atitudes dele não foram de alguém que ama. Independente da criação que ele teve, tio Jihoon, por exemplo, teve a mesma criação e mesmo assim, entendeu os erros da sua geração e não despreza o próprio filho por ser um ômega. — Soltei um suspiro dolorido, sentindo meus olhos arderem. — Esse dia aqui foi uma exceção e essa foto é uma farsa.

— Não vejo assim. — Tocou em meu ombro, me fazendo olhar em seus olhos. — Não vivemos algo definitivo, não é? Nesse dia, no momento desta foto, foi verdadeiro. Os sentimentos bons que você guarda desse momento são relevantes, mesmo que por apenas um dia ou ocasião.

— Lembranças felizes podem se tornar tristes...

— É... Divertidamente explica isso, mas... você pode escolher se quer guardar esse momento com mágoa, ou se quer colocar na aba de exceções das vezes que se sentiu feliz perto do Jisan. Pode detestar ele por todo o resto.

— Tenho direito de guardar uma recordação feliz?

— Todo o direito. — Reafirmou com um sorriso.

Eu coloquei o quadro no chão, procurando seu colo em um abraço e me permiti chorar. Colocar toda a dor que eu sentia naquele momento para fora e mesmo que doesse entender que meu próprio pai não me amava e que seriam poucas as recordações boas que teria dele em minha memória, estava aliviado em saber que tinha acabado. Minha mãe estaria livre em pouco tempo e eu não seria obrigado a viver uma vida que não quisesse.

— Você sempre vai ter uma escolha, tá bem? — Jungkook pareceu ler meus pensamentos, enquanto acariciava minhas costas enquanto eu me derretia em lágrimas.

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E esse foi o nosso penultimo capítulo.

Sim, ele foi intenso.

Eu provavelmente poste o ultimo no dia que a pré-venda do livro físico começar.

Mas não tenho certeza....

Guenta coração.

Mas saibam que o pior já passou. :)

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