Capítulo 10 - Seja um bom aluno

A viagem em Haeundae não poderia ter sido melhor. Ganhei uma festa surpresa e vários momentos em passeios para recordar, mas infelizmente tudo que é bom acaba rápido e já estávamos de volta a rotina normal da escola e para complementar, meu pai já tinha começado o dia me dando sermão por eu ter pego ele voltando da casa da amante, como se eu tivesse culpa de sair sempre no mesmo horário de casa, nunca mais cedo ou mais tarde. Estava quase explodindo de pura raiva, entretanto, minha dose de serotonina diária logo estava me abraçando e acalmando.

— Esse rostinho irritado... não vai me dizer que o Jungkook fez alguma merda!

— Não, ele não fez nada. — Soltei um suspiro ao responder e Taehyung nem precisou falar sobre o meu pai para entender que era exatamente isso que estava me chateando. — Porém, ele realmente não fez nada.

— Desculpa não ter ficado tanto contigo na viagem, mas achei que dando espaço, as coisas entre vocês fluiriam melhor.

— Ah, eu também pensei. — Cruzei os braços. — Mas só nos beijamos na festa mesmo e depois continuou igual a sempre foi...

— Acha que vamos ter que mudar o alvo? Tipo, ele só teve uma queda por você?

— Sinceramente, espero que não... — Olhei para o alto. — Mas vamos ver como as coisas evoluem hoje, estou até otimista.

— Estou torcendo para isso, mas e aí, tem algum plano para chamar a atenção dele?

— Até tenho, mas é tão infantil que chega me dá náusea.

— Que seria?

— Provocar ciúmes, aí eu saberia o nível de interesse dele em mim.

— Ah, o teste do interesse... — Negou com a cabeça, estalando a língua. — É Mimi, acho que vai ter que fazer isso mesmo, pois se tivermos que mudar de alvo, vai ter que ser rápido.

— O foda é eu me apaixonar por outro do dia pra noite, né?

— Sim, mas isso é um mero detalhe. — Empinou o nariz. — Mas vai dar certo, não precisa ser algo muito exagerado, só fica perto de um alfa que está interessado em você e ele fará o trabalho.

— E quem seria esse alfa?

— O Taemin, doido. — Revirou os olhos. — Ele beija o chão que você pisa.

— Odeio essa ideia.

— Eu também, mas é isso ou você terá o mesmo destino da sua mãe!

Cheguei na sala indignado, mas o Taehyung tinha certa razão. Eu não concordava com esse passo, mas na maioria dos sites que eu li, dizem que ciúmes em alfas é algo bom, afinal só estando muito interessado para ficarem inseguros. Para mim, isso é balela, todavia, o que eu penso no momento não é totalmente relevante, até porque por mim eu nem teria começado isso.

— Bora, você tá tão linda! — Chaewon entrou na sala, empolgada ao ver a namorada com um novo corte de cabelo. — Ficou perfeito em você.

— Obrigada, princesa. — Bora sorriu dando um beijinho na boca dela.

— Vem comigo lá na minha sala? Prometo que é rapidinho.

— Melhor ser rápido mesmo, porque o Seokjin é insuportável com atrasos. — Jungkook avisou vindo até a minha mesa e as duas saíram da sala com cara de quem iria aprontar. — Bom dia, gente!

— Vou atrás dos meus boys, um beijinho de bom dia é sempre necessário. — Taehyung praticamente voou para fora da sala.

— Quanta pressa... — Jungkook piscou algumas vezes, surpreso e se sentou ao meu lado. — Tá tudo bem, Ji?

— Tá sim, ele só ama demais aqueles dois. Famoso fogo no cu. — Jungkook não conteve o riso.

— Hormônios, entendo. — Assentiu em concordância. — Nosso trabalho de história já foi enviado para professora, recebeu o e-mail?

— Sim, tá tudo certinho, agora é só esperar nossa notinha! Acho que o dez vem, hein?

— Sim e o Taehyung não ficou chateado de eu ter roubado o parceiro dele?

— Não, como a gente fez o trabalho em uma das nossas tardes de estudo, ele achou tranquilo. Fora que ele gosta de fazer dupla com a Bora, eles ficam discutindo sobre o casamento.

— Inclusive, ele tá chegando, né? Me sinto ansioso.

— Eu também, vai ser mais divertido que os ensaios.

— Com certeza, vamos estar vestidos a caráter e o plano é sair da festa quando o sol do dia seguinte nascer.

— Aja energia.

— A gente toma alguns energéticos, só não podemos misturar com álcool. — Acabamos rindo em conjunto. — Queria te perguntar uma coisa.

— Pode perguntar. — Meu corpo tencionou. Será que ele finalmente vai falar sobre o beijo?

— Você tá livre hoje de tarde? A gente tem prova de gramática amanhã. — Se arrumou na cadeira, me encarando um pouco mais de perto. — A gente podia estudar junto na biblioteca?

— Menino, tinha esquecido desse teste! — Bati a palma na testa. — Preciso mesmo revisar a matéria!

— Então, nos encontramos as três?

— Yeep!

— E lá vem o Seokjin. — Se levantou, correndo para sua carteira e o Taehyung nunca entrou tão rápido na sala.

— Quase levei bronca!

— Moscando logo com o Seokjin? — Bora entrou atrás, recuperando o fôlego. — A gente é louco!

— Saudades da primeira aula com o Namjoon, uh? — Comentei e eles riram.

Mi vida

Falaram sobre o beijo?

Se beijaram de novo?

[Enviada às 07:45]

Não, não rolou nada

Só vou estudar com ele depois da aula

[Enviada às 07:45]

Mi vida

Vocês são lerdos pra caralho!

[Enviada às 07:45]

>>>

Depois do primeiro período fomos para o intervalo, onde Taehyung me empurrou para o refeitório, me fazendo de vela, pois o trio de ouro ficava mais meloso que mel algumas vezes. Comi quietinho no meu cantinho, pensando se deveria ou não usar a ideia do interesse, mas o destino aparentemente queria que eu fizesse pois Taemin grudou em mim o intervalo inteiro.

Logo estávamos na aula de educação física e muito coincidentemente a sala do Taemin ficou de aula vaga e trouxeram eles para a quadra, bem na aula do mês em que era livre, ou mais comum dizendo: aula em que os alfas jogam qualquer coisa que gostem e os ômegas olham. Não que a gente não pudesse jogar, mas existe uma coisa chamada "amor a sua vida" e não gostaríamos de ser agredidos por aquelas feras em campo. E eu não estava afim de me juntar aos meus colegas do time de torcida para treinar naquele momento, até mesmo a Yerin tava quietinha no canto dela.

— Eles ficam uma delícia nesses uniformes, não é? — Taehyung olhava para os namorados, enquanto comia balinhas de açúcar. — Yoongi vai acabar com geral da nossa turma.

— Os meninos da nossa sala jogam muito bem, Taehyung. Não é bom comemorar antes da hora.

— Vamos fazer uma aposta? — Propôs e eu assenti, gostava desses joguinho entre nós. — Se a nossa sala perder, você se declara até o final do segundo período pro Jungkook e se ganhar, eu faço um lap dance na frente da sala toda

— Você vai ser suspenso. — Coloquei a mão sobre a boca para abafar a risada.

— Só se a nossa sala ganhar eu confio totalmente no taco do meu Yoyon, ok? Aposto no Hoseok também, mas o Yoyon é superior no basquete e todos reconhecemos isso. — Ele passou a língua pelos lábios. — E então o que me diz? — Me estendeu a mão.

— Vou amar te ver fazer um lap dance no Yoongi ou Hoseok na frente da sala inteira! — Apertei sua mão com vontade.

— Vai pensando na sua declaração gracinha.

Eu podia me ferrar bonito, mas eu acreditava mesmo na minha turma, eles eram bem competitivos e bem, tinha o meu moreninho no meio, me declarar não seria o fim do mundo no fim das contas também, afinal poderia colocar as cartas na mesa de uma vez por todas. Coloquei meus fones, clicando no aleatório e meus olhos seguiam Jungkook enquanto ele se locomovia pela quadra. Eu não tinha ideia de quanto tempo perdi ali, até pegar a minha garrafinha e ver ela vazia. Mesmo com preguiça, desci das arquibancadas na intenção de ir até o bebedouro, mas só na intenção mesmo.

Aconteceu de uma forma que meu cérebro não soube acompanhar, pois quando dei por mim, estava indo ao rumo do chão, não demorando para sentir o impacto, tendo quase plena certeza de quebrar o cóccix e sentir uma dor enorme na coxa esquerda sentindo o impacto da bola batendo contra ela. Soltei um grito mudo e senti meus olhos encherem d'água.

— Jimin? Meu Deus, você tá bem? — Taemin se aproximou rapidamente, me analisando. — Yuhan eu é um idiota mesmo. Tá doendo muito? — Quando ele se aproximou, senti meu lobo se encolher ao sentir um azedo numa fragrância muito conhecida por mim.

— Jimin! — Ouvi a voz de Jungkook atrás de mim, iria olhar para trás, mas ele se ajoelhou ao meu lado. — Os malucos da sua sala não tem cuidado, não? — Ele olhou feio para Taemin e eu abracei a minha coxa, porque sinceramente ela estava doendo e eu não tinha tempo para pensar sobre a briguinha que ia formar.

— Foi um acidente, acha mesmo que fariam isso de propósito? Ele é meu amigo! — Taemin segurou o rosnado. — Baixa a sua bola.

— Sem brigas aqui meninos! — A professora interveio e eu agradeci, tentando não chorar muito na frente da turma toda. — Me deixa ver. — Ela pediu e eu deixei que ela tocasse. — Inchou muito rápido, tem que ir para a enfermaria.

— Mimi! — Taehyung brotou do nada ao meu lado, me olhando espantado. — Eu levo professora!

— Ele não deve conseguir andar, Taehyung. — Ela me olhou com pena e eu funguei ao sentir uma pontada.

— Eu levo! — Os dois alfas ao meu redor falaram em uníssono e rosnaram um para o outro ao se dar conta.

— Deixem de ser crianças. — A professora repreendeu ambos. — Jungkook, vocês são da mesma sala, vai indo na frente que daqui a pouco eu estarei lá.

— Certo. — Ele deu a volta no meu eixo e com muito cuidado passou o braço por baixo dos meus joelhos e apoiou uma das mãos nas minhas costas, me levantando como se eu fosse uma pluma. — Tudo bem? — Eu assenti sem muita convicção, segurando fortemente seu pescoço.

Eu não procurei entender o que acontecia ao redor, tentava me focar em não pensar na dor que os solavanquinhos do caminho me causavam. O cheiro de Jungkook tinha se normalizado e agora de certa forma me acalmava. Quando chegamos na enfermaria ele ficou ao meu lado e me tranquilizou conforme a enfermeira me examinava. Ela me deu uma compressa de gelo e um analgesico oral.

— Ainda está doendo muito? — Jungkook perguntou, se sentando de frente para mim na maca.

— Não, já aliviou bastante. Só não entendi como aconteceu e perdi o equilíbrio tão rápido. — Sorri de forma triste e ele mordeu o lábio inferior.

— Também não sei explicar...

— Desculpa ter te feito sair do jogo. — Pedi de forma sincera. — Nem é nada demais.

— Não tem que se preocupar com isso, eu quis vir. — Falou rapidamente, me fazendo sorrir. — Quer que eu faça para você? — Apontou para a compressa e eu que de bobo não tenho nada, assenti e deixei ele segurar para mim. — Espero que não fique um hematoma muito feio.

— Creio que não dá para fugir, mas foi um acidente de toda forma.

— Acidente? Aquele pessoal do B que não sabe jogar de forma saudável. — Ele estava com raiva e eu nem vou negar que me senti bobinho por isso.

Tentou me distrair, falando sobre coisas aleatórias até a enfermeira aparecer e passar uma pomada analgésica, entregando a liberação e uma cartelinha com quatro comprimidos que ela me pediu para tomar se sentisse dor. Como Jungkook e eu ainda estávamos com o uniforme de esportes, tivemos que ir ao vestiário e eu não me importei de entrar na ala dos alfas, estávamos só eu e ele, então não pensei que teria problema. Peguei minha roupa no armário e ele pegou uma toalha, sabonete e a muda de roupa.

— Não vou demorar, tá bom? — Me olhou. — E se não se sentir confortável, ali naquele canto não tem como ver do chuveiro ou eu saio e volto quando você terminar.

— Não se preocupe. — Sorri e mal sabe ele que o que eu mais precisava era que ele me puxasse para o box junto com ele, assim anunciava o nosso casamento pros meus pais hoje mesmo.

Esperei ele ir e quando ouvi o barulho da água, troquei de roupa rápido, mas com cuidado. Demorou mais ou menos sete minutos para voltar e já estava vestido, não seria hoje o dia de ver aquele abdômen. Por mais dolorosa que tenha sido aquela bolada, pelo menos eu não precisei fazer nada para ter certeza que acima de tudo ele tinha certo ciúmes do Taemin comigo.

— Temos que voltar para aula. — Ele comentou, se sentando na minha frente, com uma perna de cada lado do banco, enquanto eu estava com as penas em formato borboleta, me aproveitando do analgésico.

— Ou podemos ficar aqui até alguma turma aparecer.

— Que feio, me levando para o mal caminho. — Provocou e eu o olhei entediado. — Tá, tá eu sei que fui eu quem te levou pro caminho das trevas...

— Acho que você é uma má influência. — Ele revirou os olhos, soltando um suspiro.

— Fiquei com medo de você ter se machucado muito. Os primeiros jogos estão chegando e sei que você gosta das apresentações de torcida.

— É gosto bastante, apesar de ter entrado por ser obrigado. — Neguei com a cabeça, a lembrança já não sendo algo ruim. — A Yerin ia matar quem jogou aquela bola, ela tá dando tudo de si nas novas coreografias.

— Quando um de nós sai, parece que não estamos completos... — Pegou na minha mão. — Talvez não goste que eu fique tocando nesse assunto, mas eu sou muito grato por ter me ajudado com a Haneul.

— Eu só disse o básico, não mereço todos os créditos. Vocês só precisavam se dar a chance de uma conversa sincera e olha só, agora estão resolvidos. — Acariciei as costas de sua mão. — Diálogo é a solução para a maioria dos problemas no mundo.

— Bom... sendo assim, eu queria confessar uma coisa, mas... promete que não vai sair correndo dessa sala se eu falar? — Seus olhos encontraram os meus e sentindo como se tivesse gelo na minha barriga, eu respondi que sim. — Eu quero muito te beijar agora.

Se o meu sistema tinha dado pane? Com certeza, definitivamente não estava esperando ouvir isso agora, nesse contexto e tão de repente. Meu coração acelerou e eu repassava a informação em looping na minha mente para ter certeza que não tinha ouvido errado. Jungkook me olhava com os olhinhos brilhando e eu podia desmaiar ali mesmo. Pensei que teria que fazer muito mais para ter esse momento novamente, mas não podia ficar tão feliz assim, porque um beijo é uma coisa, o meu anel de noivado é outra e eu preciso das duas.

— Então está esperando o que? — Perguntei-lhe olhando de modo sério.

Jungkook pareceu notar a impaciência no meu tom e se aproximou, colocando as mãos sobre as minhas bochechas, dando aquele sorriso apelão, olhando no fundo da minha alma. Tinha certeza que meu cheiro entregava o quanto eu queria que ele me beijasse, mas eu finjo ter alguma dignidade e nem que ele queira eu vou desviar o olhar. Me respeita que eu fico sem estruturas, mas finjo que elas estão aqui.

Me inclinei um pouco para frente, sem ser realmente eu a tomar o primeiro passo. Apesar de não ter problemas com isso, alfas são dominantes e gostam de ter o controle da situação e por hora iludam os vossos parceiros fazendo eles acharem que é assim mesmo.

Acariciou minhas bochechas com cuidado até pressionar os lábios sobre os meus com carinho e somente quando eu passei os braços ao redor de seu tronco, ele aprofundou o contato, fazendo nossas línguas se enrolarem sem aviso prévio. Não era nada rápido, diria que estávamos conhecendo o nosso ritmo.

Sim, no momento eu me encontrava no céu, sentindo as borboletas festejarem que nem loucas na minha barriga, parecendo competir para quem batia as asas mais forte e mais rápido. Não tive como controlar o sonzinho frustrado que saiu de mim, quando ele se separou de mim em três selinhos.

Ok, ponto para ele.

Abri os olhos devagar, com medo de isso na verdade ser um sonho e nem ter acordado pela manhã. Para minha sorte era real e ele tinha as bochechas vermelhas, me analisando, parecendo tão desconcertado quanto eu. Pensei em dizer alguma coisa, mas ele me abraçou, praticamente enterrando o rosto em meu pescoço, me provocando arrepios por ser uma área muito sensível do meu corpo.

Passei a acariciar de leve as suas costas. Eu estou nas nuvens, beijei o Jungkook mais uma vez, chupa sociedade! Agora tinha que fazer ele beijar de novo e de novo e então mais infinitas vezes.

Ele se afastou depois de uns dois minutinhos e voltou a me olhar nos olhos, ok está bem difícil sustentar o olhar.

— Você tá todo coradinho... — Quase me matei por falar isso, mas para minha sorte ele não se irritou, apenas sorriu e assentiu.

— Você me deixa sem jeito. — Confessou e foi a minha vez de corar. — Melhor irmos para sala.

Segurei o revirar de olhos que queria dar e beijei ele de novo, pouco me importando se ele acharia ousado ou não. Retribuiu para a minha felicidade e o não constrangimento, mas não durou muito.

— Queria mesmo ficar aos beijos contigo, mas tem uma turma vindo e vamos nos encrencar se nos flagrarem. — Se levantou e me ajudou a levantar, no mesmo momento a turma de alfas entrou junto da professora.

Bendita seja essa audição de alfas.

— Jimin, está melhor? — Ela se aproximou enquanto a turma do segundo me olhava.

— Estou sim, professora. Não foi nada tão grave. — Sorri para passar confiança. — E me perdoa por ter interrompido a aula.

— Oras, nem foi culpa sua, fique tranquilo. O importante é que você está bem e obrigado por ter cuidado dele, Jungkook.

— Que isso professora, não foi nada. — Negou com a cabeça. — Temos que ir, boa aula!

Ele me puxou para sairmos dali rapidamente e diminuiu a velocidade assim que chegamos nos corredores. Nossas mãos estavam juntas e eu ainda estou surtando pelo que aconteceu no vestiário.

— Consegue subir? — Apontou para as escadas.

— Acho melhor pelas rampas.

Andamos um pouquinho mais para chegar até as rampas e pelo menos a minha perna não doeu, o que era um bom sinal, esperava que não voltasse a doer tão cedo. Não falamos sobre nada, mas o silêncio não era incomodo. Chegamos na sala, todos os olhares em nós dois, porém ignorei entregando o papelzinho da enfermaria para a professora, indo para o meu lugar e Jungkook fez o mesmo.

— Como você está? — Taehyung não demorou para se virar, me olhando de forma angustiada.

— Estou bem, não se preocupe. — Segurei em sua mão. — No máximo vai ficar um hematoma bem feio, mas nada que vá me matar.

— Ah que bom! — Suspirou em alívio. — Já pensou você quebra a perna?

— Deixa de ser doido! — Ri baixinho. — Quem venceu o jogo?

— O terceiro B. — Sorriu de forma diabólica para mim e eu ri novamente. — Tá rindo de nervoso, é?

— Claro. — Abaixei a cabeça, fazendo teatro na cara dura. — Até o fim do período, né?

Assentiu e se virou de volta.

Eu apenas me foquei na aula, correndo para anotar tudo tendo noção que a minha letra não estava das melhores, mas por fim alcancei o Namjoon antes dele começar a explicação. No fim, pediria para Jungkook me explicar de novo, ele era muito melhor em matemática e não sei, gostava da aura que o rodeava quando estava ensinando, sexy demais na minha opinião. Quando o sinal tocou, a turma saiu quase que desgovernada, isso sim era pressa de ir embora. Taehyung me olhou, com um sorriso perverso e mexeu as sobrancelhas de modo sugestivo. Suspirei terminando de guardar minhas coisas, tendo a sorte de na sala ter só nós dois, Bora e Jungkook. Quase comemorei, mas logo Yoongi e Hoseok entraram na sala, indo até o meu melhor amigo e a Chaewon veio atrás, andando até Bora.

Puxei o ar, andando até a mesa do meu moreninho, ele já estava de pé e terminava de fechar o zíper da bolsa.

— Ainda vamos estudar gramática? — Ele perguntou em um tom mais baixo. — Se estiver com dor a gente pode fazer por vídeo chamada.

— Estou bem, não foi nada muito grave. — Tentei de verdade não ficar nervoso. Ok, a gente se beijou, ele sente ciúmes, são sinais de interesse. — Preciso te dizer uma coisa.

— Pode dizer. — Ele tencionou, colocando as mãos no bolso da calça.

— Eu... sabe... bem... — Respirei fundo, empurrando meu óculos mais para cima e disse de uma vez: — Gosto de você, Jungkook. Gosto muito, muito mesmo de você.

— Puta que pariu, Jimin, que susto! — Ele soltou o ar e tirou as mãos dos bolsos pegando as minhas mãos. — Eu pensei que você fosse me dar um fora. — Me puxou para perto, abraçando a minha cintura.

— Desculpa! — Posicionei meus braços em seus ombros, tentando esquecer da plateia que olhava a gente.

— Deixa de enrolação e beija logo! — Olhei por cima de seu ombro, vendo Chaewon de braços cruzados parecendo impaciente ao lado de Bora, depois olhei para trás e Taehyung tinha as mãos batendo uma na outra devagarinho sem fazer barulho, ansioso, enquanto Hoseok estava abraçando Yoongi por trás.

— Me sinto num drama, bota uma musiquinha de fundo, quem sabe não ajuda a ir mais rápido? — Yoongi sugeriu e Jungkook riu.

— Parece que somos uma nova atração do cinema. — Ele comentou e eu neguei com a cabeça ao voltar a olhar para ele.

— Você é bem mais bonito que os mocinhos do cinema. — Amaciem o ego do alfa de vocês, até porque é fundamental elogiar o seu parceiro.

— Deixa de ser fofo por um segundo! — Me apertou, ao ponto de me deixar sem ar.

— Não quebra as costelas dele não! — Ouvi a voz de Taehyung e ele parecia segurar a risada.

Para acabar com o teatrinho ou só porque ele quis me beijar mesmo, Jungkook afrouxou o aperto e uniu nossos lábios. Não foi nada demorado, mas foi o bastante para me deixar mole, eu me derreto que nem sorvete no deserto por ele, mas isso vocês já estão cansados de saber. Dessa vez ele nos separou mordendo de leve o meu lábio inferior. Ouvimos palminhas e foi a minha vez de me esconder no pescoço dele e ele acariciou a minha cintura.

— Também gosto de você. — Declarou em um sussurro contra o meu ouvido.

O avanço de hoje não está escrito e eu não posso estar mais contente, no entanto ainda não vencemos a guerra, pois preciso de um noivado. Talvez consiga ele hoje, me pergunto se o Jungkook é do tipo que gosta de se aventurar no sexo. Quantos problemas íamos arrumar se fizéssemos na biblioteca? Seríamos expulsos? Bom sendo expulso, mas casando com quem eu sou apaixonado, para mim tá tudo certo.

— Jungkook tá amarrado de novo! — Bora comentou animada. — Amanhã te trago a coleira de presente, tá bom?

— Vai ver se eu to na esquina aproveita e toma no cu, Bora! — Ele riu, mostrando o dedo do meio pra ela, e o casal não demorou para se retirar.

— Até amanhã, pombinhos! — O trisal desejou de mãos dadas, saindo da sala.

— Tenho que ir para casa. — Finalmente sai do meu casulinho e olhei nas minhas jabuticabinhas, querendo morrer de amores por esse garoto. — Eu ainda estou cheirando a maracujá certo?

— Sim, precisa de mais que isso para ficar com o meu cheiro. — Tirou uma mexa do meu cabelo, deixando um beijinho no meu queixo. — Seus pais são o problema?

— Mais ou menos, na cabeça deles eu nunca nem beijei, sabe?

>>>

Cheguei em casa tendo certeza que se estivesse dentro de uma animação, emojis de coelhinhos com olhos de coração rodearam a minha cabeça. Eu beijei o Jungkook de novo, disse que gosto dele e ele disse que gosta de mim! Se esperava que fosse acontecer agora? De forma alguma, na verdade achei que teria que apelar muito para ele me notar, mas pelo visto ser como um gato, agir com compreensão, conversar e averiguar a veracidade dos fatos já eram ótimos passos. A trilha para o meu noivado ainda era grande, ou não, vai depender do quanto vou ter que apelar para conseguir arrancar as roupas daquele alfa.

Mas também tinha que ter muito cuidado, Jungkook parecia ser um alfa bem mais descontraído, porém não sei exatamente até que ponto. Já pensou ele é um esquerdo alfa? Mas se for, a gente dá um jeito de ensinar o jeito certo, todo mundo sede a terapia de choque, não é mesmo?

Estou brincando, pelas divindades.

— Que sorriso... — Minha mãe comentou ao me ver. — Por que está contente assim?

— Porque os meus esforços têm dado muito lucro mamãe, estou extremamente positivo de que passo nos vestibulares da faculdade. — Não era bem por isso que estava sendo recompensado, mas finjamos que sim. — Quer ajuda com o almoço?

— Não já estou terminando, suba e tome um banho, sim?

— Certo e amanhã tenho prova de geografia, combinei de estudar com um colega, tudo bem para a senhora? — A olhei em expectativa.

— Tudo pelo bem da sua educação, qualquer dia traga ele para estudar aqui.

Ah mamãe, qualquer dia eu trago ele junto da bomba de que vou me casar com ele e ter os netos que a senhora tanto sonha, quem sabe até o Natal do próximo ano a senhora não esteja com ele nos braços?

Mas acho que um processo de adoção demora mais que isso...

Fui até o meu quarto, deixando minha mochila na cadeira da escrivaninha e fui direto para o banho, apesar de amar o cheiro do Jungkook eu infelizmente não podia deixar um rastro sequer da fragrância dele, minha mãe pode não ter sentido, mas meu pai tem um olfato muito melhor que o dela. Passei uma pomada no local onde tinha sido atingido, depois de ter me secado e olhei para o meu guarda-roupa.

Optei por uma roupa folgada, era na verdade um conjunto lilás, dizem por aí que tons claros são os tons dos ômegas e como estamos enganando a sociedade, vamos fingir que acreditamos que tem classificação até nas cores. Me achei uma graça na blusa de mangas longas, lisa que não era quente o suficiente para me sufocar, mesmo que já fosse outono o calor era grande. Depois de me arrumar, organizei a bolsa e deixei somente os materiais para revisão.

Desci na intuição de ver se minha mãe precisava de ajuda, mas encontrei meu pai no fim da escada e ele me chamou com a mão, indicando que eu deveria segui-lo. Não vinha coisa boa, tinha certeza disso. O segui bem a contragosto, chegando ao escritório que eu pouco entrava, já que na cabeça dele direito não era para ômegas, como ele permitiu que eu estudasse ainda me era estranho visto o quão arcaico eram seus pensamentos.

Sentei na cadeira a sua frente, ele estava sério e eu comecei a me sentir ansioso, sendo sincero, queria gritar socorro para minha mãe, mas não sei se adiantaria muita coisa.

— Como foi na escola? — Começou, passando a mexer em seus papéis.

— Foi bem, nada de novo aconteceu, mas os projetos de inverno estão chegando e-...

— Suas notas estão altas, espero que continue assim. — Me cortou, segurei o revirar de olhos que daria. — Tenho estudado as opções.

— Que opções? Disse que eu poderia escolher a minha faculdade. — De repente veio o frio contra meu corpo.

— Você pode escolher o que quiser, desde que esteja de acordo com o que o seu futuro alfa deseja. — Ele não me olhava, como se eu não merecesse a atenção dele. — Andei estudando seus pretendentes, todos ótimos, precisamos apenas melhorar algumas coisas em você.

— Melhorar? — Tombei a cabeça para o lado confuso.

— Não tenho visto você treinando junto da sua mãe na cozinha, faz tempo que não serve a mesa, não tem limpado a casa, coisas básicas que você vai passar a fazer todos os dias. — Falou tudo em uma naturalidade tão grande. — Sua mãe me disse que ganhou peso, dependendo de quem escolhermos isso será um problema e por fim, marquei uma consulta com o médico da família.

— Mas eu não estou doente, pai.

— Não está doente, mas temos problemas o suficiente com a sua infertilidade, já é difícil um alfa aceitar que não vai ter filhos, preciso testar a da saúde ao máximo para não ter o risco de imprevistos. — Riu. Ele riu. — Eu mesmo achei que seus avós tinham me enganado, sua mãe teve trezentos problemas para finalmente engravidar de você e ainda sim me deu um único filho. É minha responsabilidade que você se case com o alfa o deixando ciente das probabilidades.

— Pai, eu não-... — O olhei incrédulo, como meu próprio pai podia me falar essas coisas?

— Não quero ter problemas de devolução, nem todos têm o coração bom como o meu, sabe quantos teriam trocado a sua mãe nos primeiros seis meses? — Elevou o tom, não me deixando falar.

Levantei, engolindo em seco e respirei fundo. Todos os xingamentos que eu iria proferir foram sufocados, deixados no fundo da minha alma. Não valia a pena naquele momento.

— Entendi, não queremos surpresas no futuro, sim? — Sorri de modo falso. — Vou almoçar, tenho que ir estudar e garantir o meu futuro.

Não esperei permissão para sair, inclusive pouco me importei em esperar uma resposta. Também não esperei minha mãe terminar o que é que faltasse, simplesmente me servi e comi o mais rápido que conseguia engolir. Depois escovei os dentes e saí de casa, me perdi na minha própria mente de novo e quando cheguei à biblioteca, eu nem tinha realmente vontade de ver o Jungkook. Ele não tinha culpa de nada, mas eu queria matar todos os alfas que existiam naquele momento.

Estava distraído com um livro e não me viu chegar, muito menos notou quando eu sentei ao lado dele.

— Que susto! — Declarou ao me ver ao seu lado, quando eu comecei a pegar as minhas coisas da mochila. — Tem estudado a arte ninja?

— Não. — Neguei com a cabeça sem olhar diretamente para ele. — Com qual capítulo começamos?

— O cinco. — Respondeu sem se abalar. — Mas você já quer começar?

— Eu prefiro.

— Certo, eu peguei uns livros a mais além do nosso, eles falam mais a fundo. — Apontou para a pilha e eu assenti.

Talvez ele tenha entendido que eu não queria conversar e começou a falar sobre a matéria, mostrando as anotações que tinha feito e eu tentava ao máximo interagir, mas a cada segundo ali, eu queria muito chorar, me sentia um objeto descartável resumido ao único propósito de servir a alguém. Não importava a minha opinião, eu tinha que ser para alguém que não eu mesmo e isso me matava aos poucos, me sufocava a ideia de casar com alguém como meu pai.

— Jimin. — Jungkook tocou no meu braço e eu me afastei bruscamente, fazendo ele recuar por um momento. — Hey, tudo bem? — Ele se levantou, se aproximando de forma cautelosa. — Alguém fez alguma coisa com você? — Se agachou, ficando bem mais baixo que eu. — Você demonstra estar assustado, seu cheiro me transmite angústia. A sua reação... alguém tocou em você?

Ele tinha um olhar que demonstrava tudo e mais um pouco, estava preocupado, mas seu tom era brando. Suspirei, olhando pro alto, deixando uma lágrima cair, seguida de outra, até que o choro veio com força.

— Se você não quiser ou não conseguir falar, tudo bem, eu não vou insistir. Porém eu estou aqui e não vou te fazer mal, se quiser que eu saia, eu fico te esperando do lado de fora, se quiser um abraço ou que eu apenas segure a sua mão, eu seguro. — Ele nem sequer piscava enquanto falava. — Quer que eu ligue pro Taehyung? Pros seus pais?

Limpei meu rosto com as mangas da blusa e o olhei mais uma vez, o corpo dele estava relaxado apesar de até o cheiro dele transmitir estar em alerta. Eu queria muito um abraço, queria me sentir seguro e pelo modo como ele falava, o olhar e tudo que ele me transmitia, esqueci da raiva irracional que estava sentindo dele somente por ele ser um alfa e me joguei nos braços dele. Me envolveu com cuidado, em um aperto firme.

— Pode por pra fora. — Acariciou meu cabelo e eu desabei de vez.

Demorou bastante tempo até finalmente me acalmar. Jungkook tinha se arrumado, estava com as costas na parede, as pernas esticadas e eu estava sentado em suas coxas, talvez elas já estivessem dormentes por conta do meu peso, mas ele não parecia incomodado. Meu corpo dava leves solavancos por conta dos soluços e eu não queria sair da bolha que tinha entrado, poderia facilmente dormir ali. De fato ele me trazia um conforto sem igual, era como se nada importasse, poderia vir o que for naquele momento, ele iria me proteger. E não é como se eu fosse de açúcar, simplesmente estava desestabilizado por tudo que tinha escutado e de certa forma vivenciado.

— Quer tomar água? — Foi a primeira vez em muito tempo que escutei ele falar alguma coisa.

Assenti, me afastando de seu ombro e fungando, observei ele puxar a mochila com agilidade, tirando uma garrafinha azul de dentro dela e me estendendo.

— Não é a coisa mais higiênica do mundo, mas bem... já trocamos todas as bactérias possíveis mais cedo, certo? — Tombou a cabeça para o lado, me fazendo rir e finalmente pegar a garrafinha da sua mão.

— Não desromantiza nossos beijos. — Pedi, abrindo a tampinha e bebendo o conteúdo, deixando pela metade e entreguei de volta pra ele, que não demorou a colocar ela de volta ao seu lugar.

— Se sente melhor? — Afirmei com a cabeça em resposta, ele suspirou e novamente passou com cuidado os braços pela minha cintura, observando as minhas reações. — Quer me contar o que aconteceu?

— Fisicamente não ocorreu nada. — Falei de uma vez, pois ele estava pensando em algo muito grave e com toda gratidão do mundo não tinha sido isso. — Meu pai me disse algumas coisas...

— Ele sentiu meu cheiro em você? — Ele arregalou as jabuticabinhas e meu coração palpitou por um momento. Ficava totalmente sem estruturas quando ele se mostrava tão atencioso.

— Não, eu tomei banho logo que cheguei em casa. — Resolvi tirar as mãos dele da minha cintura e me levantei por um momento, colocando as mãos em seus joelhos, afastando suas penas e sentando no espaço que tinha ficado vago, apoiando minhas costas contra o seu tronco e colocando as mãos dele em volta de mim novamente, segurando-as e apoiando a cabeça em seu ombro. — Ele disse algumas coisas que me fizeram sentir como um objeto, disse que eu teria que ir ao médico verificar se eu sou saudável o suficiente para ser devolvido, que o meu marido escolheria a minha profissão... além de uma forma subliminar de me mandar treinar tarefas domésticas. Disse que minha mãe tinha sorte dele ser um alfa tão bom, ao ponto de não abandoná-la por ela ter problemas de fertilidade, na verdade ela quase morreu para que eu pudesse nascer...

— Seu próprio pai te disse essas coisas? — Ele me soou indignado e eu dei um riso sarcástico nasalado, assentindo mesmo que a pergunta fosse retórica. — Bem, se ele voltar a falar isso, diga que seu futuro marido não vai desfazer de você por coisas bobas, que ele vai te dar total apoio no que você desejar estudar e tarefas domésticas? Tem funcionários para isso e qualquer coisa ele não se importaria em dividir. — Ele me encarava com os olhinhos brilhando. — E completa dizendo que ele não está fazendo mais que a obrigação dele ao ser assim.

— Eu provavelmente apanho se falar essas coisas para ele. — Ri de nervoso, negando com a cabeça, meu pai era bem capaz de me espancar com a desculpa de me disciplinar.

— Ele não tem direito algum de levantar a mão para você e tudo bem, eu mesmo digo a ele, não tem problema. — Reforçou o aperto das nossas mãos.

— Então, você cogita casar comigo? — Fechei os olhos, usando um tom divertido.

— É um dos caminhos que um namoro pode chegar. — Deixou um selar na minha testa. — Porém sim, na verdade, é mais que cogitado, quero me casar com você. Ainda é cedo para falarmos disso, eu sei... veja bem, eu apanhei por você no fundamental I!

— Foi nobre da sua parte. — Abri os olhos. — Obrigado mesmo por aquele dia.

— Não fiz nada mais que a minha obrigação. — Negou com a cabeça. — E olha, eu não sei se você viu, mas se não... — Pegou a mochila novamente e tirou de lá uma caixa de chocolates. — Eu pensei em comprar um buquê, mas fiquei com medo de me atrasar e não ter como colocar na bolsa. — Me mostrou a caixinha enfeitada, eram todos trufados. — Planejava te ver chegar todo alegre e então eu ia te abraçar e te dar um beijo, depois a gente ia estudar um pouco e quando você cansasse, ia dizer que tinha algo para ti e então iria te perguntar: quer namorar comigo?

Pisquei algumas vezes pegando a caixa e sorri, voltando a olhar para ele.

— Hum... deixa eu pensar... — Fingi ser uma coisa muito complicada de responder, mas não durou muitos segundos. — Sim, eu quero namorar com você.

— Obrigado Lumina, ele finalmente me notou! — Fingiu orar e eu o olhei confuso.

— Como assim?

— Poxa Jimin, eu sou caidinho por você desde que a gente se conhece. Começou com coisa boba de criança, mas aí eu fui crescendo e crescendo...

— Mas e a Haneul?

— Você só me esnobava, eu tentei ir em frente. — Disse de forma bem humorada, me fazendo rir e negar com a cabeça em pura descrença. — Me agarrei ao primeiro novo sentimento que apareceu e não me arrependo.

— No dia em que vocês se beijaram na frente da escola inteira, eu ia me declarar para você. — Contei, afinal aqui trabalhamos parcialmente com a verdade.

— Pera, o que? — Questionou de forma impactada e eu ri mais uma vez.

— Eu fiz uma cartinha a mão dizendo todas as suas qualidades, defeitos, deixando bem claro que era caidinho por ti. — Ele me olhou espantado. — Aí quando eu estava indo entregar, você beijou a Han.

— Você tá brincando comigo, não é? Não podia ter entregado antes?

— Me faltou coragem. — Dei de ombros. — Apesar do "não" ser tão consequente quanto o "sim", eu tinha medo da sua resposta. Por um lado foi bom, você viveu um romance incrível com a sua melhor amiga.

— Jurava que você só sabia da minha existência por sermos da mesma sala. — Ele parecia estar pasmo e eu tive que rir, deixando um beijo sobre a sua bochecha.

— Não, desde o dia que você bravamente apanhou para me defender, eu reparo em você, se bem que com o tempo se tornou uma paixão platônica. — Declarei e os olhinhos dele acenderam como nunca antes. — Mas bem parece que finalmente o universo fez você me notar.

— Você merecia um pedido de namoro mais bonitinho, desculpa se falhei na missão.

— O importante não é que agora a gente namora? — Me afastei e levantei, estendendo a mão para ele. — Deixemos essas coisas de lado por um momento e vamos ser responsáveis e estudar?

— Boa ideia. — Se levantou, mas me abraçou pela cintura, acho que as pernas falharam um pouco. — Mas só se você estiver melhor agora.

— Estou sim, você me acalma. — Acariciei suas bochechas e ele se inclinou, selando nossos lábios de forma prolongada.

— Então vamos estudar!

>>>

De fato estudamos bastante, bem mais do que eu imaginei, mas era gostoso fazer isso com ele. Definitivamente evoluímos no dia de hoje, agora eu não só tinha dado uns beijinhos no crush, como era namorado dele. Entretanto, venci apenas a primeira batalha, pois o problema principal ainda existia. Vou ter que fazer esse namoro virar um noivado bem antes do que o Jungkook planeja e antes do meu pai conseguir averiguar suas opções.

Eu poderia tentar apresentar ele para a minha família e assim me casar com ele sem brigas e escândalos? Claro que podia, isso se meu pai não fosse um louco controlador que pensa que pode mandar em tudo na minha vida. Como preciso de um ultimato e não vou arriscar, eis que conto com os hormônios desse jovem alfa.

Até tentei dar uns amassos na biblioteca para começar a atiçar e as coisas evoluirem gradativamente em um próximo dia, mas Jungkook parecia a fim de aninhar, preferia os abraços e carinhos do que me beijar, não que eu tivesse achado ruim, longe disso, mas estou no desespero meu filho, vamo logo, não me lembro de meus colegas falarem ser díficil assim, na verdade era sempre o alfa que queria ir pros finalmente logo de cara.

Ele me levou para casa, me deixando duas casas antes da minha, não paramos na lanchonete porque era bem tarde e eu tinha mesmo que aparecer em casa ou teria sérios problemas.

— Descansa, tá bem? Se seu pai te falar alguma coisa, só sorria e acene. — Me olhou sério. — Quero chegar na escola e te ver sorrindo.

— Você é um fofo. — Tirei a franja de seu rosto. — Vou ignorar na medida que eu puder, tá bem? E espero que seus pais não estejam preocupados.

— Não se preocupe com isso. — Me tranquilizou, deixando um beijo na minha testa e me soltou. — Até amanhã.

— Até amanhã. — Dei tchau com a mão, antes de me virar e ir em direção a minha casa, da varanda eu conseguia ver ele e assim que acenei mais uma vez ele finalmente se virou e eu entrei em casa. — Cheguei!

Estava tudo bem silencioso. Fui em direção a sala e minha mãe não estava ali, presumo que ela esteja em seu quarto e eu não seria doido de procurar problemas, por isso a primeira coisa que fiz quando cheguei ao meu quarto foi entrar no banheiro, trancar a porta e me tacar debaixo do chuveiro, me lavando umas dez vezes para não ter sequer um resquício do cheiro do Jungkook em mim.

Depois de devidamente seco e vestido, levei minhas roupas para a lavanderia e as coloquei para lavar.

— Agora sim. — Sorri de forma aliviada, andando até a cozinha. — Vamos ver o que temos por aqui. — Abri a geladeira, encontrando meu lanche de amanhã já pronto e as sobras do almoço, não pensei duas vezes antes de colocá-las no microondas.

— Oh, quando você chegou, querido? — Olhei de supetão para minha mãe, sorrindo amarelo. — Demorou hoje.

— Me empolguei na matéria. — Expliquei, ouvindo o microondas apitar. — A senhora fez alguma coisa hoje?

— O mesmo de sempre. — Deu de ombros. — Ao menos o seu novo amigo te diverte?

— Oh sim, ele é um anjo. E o papai?

— Trabalhando. — Seu tom foi tão mórbido que eu senti o calafrio se alastrar por toda a minha coluna.

— Entendo, a senhora jantou? — Tentei mudar de assunto.

— Não senti fome, mas farei um lanche mais tarde. — Ela não se prolongou e foi para a sala.

Definitivamente odiava essa situação, às vezes penso no quão melhor teria sido se eu tivesse nascido como um alfa, talvez meu pai não visse mais minha mãe como um objeto defeituoso.

Jantei em silêncio, os pensamentos em toda a situação. Chega a ser imensamente deplorável imaginar que a minha vida dependia de um casamento, mas essa é a minha realidade e eu não tenho como mudar isso. Pais são supremos para os filhos, eles mandam e não duvido que meu pai ache um pretendente para mim antes mesmo da formatura. Ele vai procurar alguém como ele e me trocar como se eu fosse descartável e é por estar sem opção que mesmo não desejando me casar cedo, melhor me casar com alguém que amo e que tem o mínimo de sensatez do que com um completo desconhecido babaca.

Quase quebrei a louça enquanto a lavava, a angústia tinha me tomado de novo e eu não tinha mais Jungkook para me acalmar. Dei um boa noite tão para baixo para minha mãe, que só ela estando deprimida mesmo para não ver. Quando já estava com as costas na cama, procurei meu celular, vendo algumas poucas mensagens do Taehyung e uma do meu namorado.

Sorri com o meu próprio pensamento.

Jungkook

Boa noite amor

Espero que esteja tudo bem, qualquer coisa me liga, ok?

[Enviada às 22:12]

Suspirei bobo, digitando de forma ágil que estava tudo bem e desejando uma boa noite de sono para ele.

Mi vida

E ai, n lembra mais de mim quando está em casa?

[Enviada às 15:40]

Mi vida

Me passa as respostas de história, mó preguiça de fazer

[Enviada às 18:13]

Mi vida

Preciso saber se o senhor está bem!

[Enviada às 21:02]

Mi vida

Jimin????

[Enviada às 22:10]

Me ama mesmo viu

to aqui lindinho

Passo sim, seu folgado

[Enviada às 22:15]

Mi vida

Amém né bb

Achei que tivesse sido sequestrado

[Enviada às 22:15]

Passei a tarde com o Jun

Estudamos para a prova de história

[Enviada às 22:15]

Mi vida

Rolou muita bitoca?

[Enviada às 22:15]

Que palavra mais antiga

Quantos anos vc tem?

[Enviada às 22:15]

Mi vida

Lindinho, se nem a sociedade evolui, pq meu vocabulário teria?

Sou um ômega q aprecia a antiguidade das palavras

[Enviada às 22:16]

aham ai vc acordou

mas vamo lá, não a gente não se beijou tanto

mas estamos namorando!!!!

[Enviada às 22:16]

Não me foi surpresa alguma minha tela ser notificada com uma ligação e eu sorri, antes de aceitar a solicitação.

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Boa noite, minhas pulguinhas, como vocês estão?

Me desculpem por não ter postado ontem, eu estava muito cansada ontem, essa vida de trabalhar não é nada fácil.

Nesse capítulo a gente teve uma citação de tema sensível, mesmo que não com palavras diretas. Espero não ter causado gatilhos em ninguém.

Tenham uma boa noite e até sexta!

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