Regra número 17 - Cuide sozinho de seus machucados

Okay, a situação não poderia ficar pior do que já estava. Acabara de ganhar um olho roxo e três adolescentes irritados com minha decisão. Por que ninguém entende minha posição? Não é tão difícil perceber que minha decisão é completamente compreensível quando levamos em conta tudo o que Connor já fez com as antigas namoradas. Aposto que se Lizzie soubesse ficaria com um pé atrás. Qualquer um ficaria com um pé atrás. Talvez eu devesse contar para o meu pai, assim tudo seria resolvido facilmente e alguém me apoiaria. Com um homem persuasivo me apoiando, a guerra estaria no papo.

Com tal pensamento na cabeça, virei-me para encarar Elizabeth. Ela encarava a capa de seu DVD, parecendo nada preocupada com meu machucado. Eu poderia muito bem cuidar sozinho de mim, mesmo que quisesse a atenção da pequena britânica. Sentei-me no sofá dando um longo suspiro. Não queria pedir ajuda à Lizzie, mas gostaria que ela percebesse que eu estava machucado de verdade. Talvez assim se voluntariasse para ser minha enfermeira particular. Se bem que eu já tenho uma, o problema é que minha mãe não estava ali naquele momento. Sem mamãe, sem curativos ou beijinho para sarar. Será que Elizabeth me trataria como se fosse minha mãe? Quero dizer, sem o beijinho, é claro. A característica em questão seria o carinho da minha mãe. Será que Lizzie é uma enfermeira carinhosa? Será que me perdoaria se eu demonstrasse precisar de ajuda?

- Ai. - Resmunguei enquanto encostava na pele ao redor do meu rosto. Eu sabia que ia doer. Já tive muitos olhos roxos e sempre coloquei gelo sobre eles. Poderia ter feito isso, mas não, preferi olhar para Lizzie com o canto do olho até ver ela esboçar algum tipo de preocupação. Funcionou, mas poderia ter sido o mais desastre existente.

- Você está bem? - Perguntou com a voz carregada de culpa. Ahá, acho que consegui o que tanto queria: Lizzie prestando atenção em mim. Talvez o sentimento de culpa a faça cuidar de mim até que eu esteja completamente curado. Ou até o momento que eu disser que estou curado. Inteligente, certo?

- Não. - Sussurrei enquanto fazia minha melhor cara de dor... Ou melhor, pior cara de dor. A que mais deixava minha mãe com pena.

- Dói tanto assim? - Se aproximou para me olhar nos olhos.

- Connor tem uma mão pesada. - Foi apenas o que comentei.

- Não é a toa que é conhecido por acabar com quem o irrita. - Lizzie disse se levantando. O que, será que ela vai me deixar sozinho? Caminhou até a cozinha sem dizer mais nada. Sério? Ela me deixou mesmo com dor? Sozinho e com dor? Sozinho, com dor e sem saber o que fazer? Okay, okay, sem drama Kennedy. Respira e pensa no que deve fazer. Pegar gelo. Pegar gelo e mostrar para Elizabeth que ela está sendo maldosa. Me levantei e dei dois passos. - Onde pensa que vai, Kennedy? - Lizzie perguntou, voltando a ficar ao meu lado. Olhei-a confuso. Passei meus olhos por cada parte do seu corpo e percebi que ela estava com um pano na mão. Um pano com gelo. Bem, retiro tudo o que disse antes. Ela só estava indo pegar gelo para mim. - Senta aí. Vou te ajudar com esse olho roxo.

Sorri e fiz o que ela pedia, apenas esperando para ver como a britânica se saía no papel de enfermeira. Lizzie sentou ao meu lado, com o corpo bem próximo ao meu e as pernas cruzadas. Colocou o pano em meu olho. O choque térmico me fez grunhir.

- Sinto muito. - Lizzie murmurou. - Vai doer um pouco.

Ela tinha razão. Doeu por um tempo, mas para amenizar a dor Lizzie acariciou meu rosto. Sentir seus dedos macios em minha bochecha deixava a situação bem mais aturável. Era uma sensação gostosa até. Uma sensação que me acalmava. Poderia até dormir se o gelo e o olho roxo não estivessem me incomodando. E pena que a sensação não durou muito tempo.

- Pronto, agora deve estar melhor. - Lizzie disse minutos depois, colocando o pano molhado na mesinha de centro. - Sua mãe faz mais ou menos assim, certo?

- Uhum. Só falta o beijinho para ver se sara. - Comentei como quem não queria nada.

- Ah é? - Ela deu uma risadinha e surpreendeu-me com um beijo na bochecha, próximo ao olho roxo. - Feliz?

Eu deveria ter ficado feliz por ter recebido o beijo que queria, mas eu queria mais. Não saberia explicar o motivo para isso. Meu coração disparou sem explicação alguma, minhas mãos começaram a soar e minha cabeça estava cheia de possibilidades. Isso nunca havia acontecido comigo. Nem o que aconteceu em seguida.

Sendo levado por um impulso encostei meus lábios aos de Lizzie. Não passou de um selinho, e nem sequer durou tempo suficiente para me dar formigamento já que Lizzie me afastou e se levantou. Em poucos segundos tinha pegado todas as suas coisas e fugido pela porta da frente.

O que eu havia feito? E por que eu tinha feito isso? Por que Lizzie fugiu? Será que não gostou? Será que cometi o maior erro da minha vida? Não sabia como responder nenhuma das perguntas, só tinha em mente que se fosse um erro, eu gostaria de repeti-lo. Várias e várias vezes. E gostaria de sentir tudo relacionado a um beijo de verdade. Só não tinha ideia de quando teria outra chance.

Eu esperava que não demorasse muito

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