— Hyung, você está bem?! — bati outra vez na porta, agora com mais força.

Estava ficando preocupado.

— Aish... Defina "bem" quando se desmancha em bosta de cinco em cinco minutos! — grunhiu de dentro do banheiro, choroso. — Faz alguma coisa útil, Jungkook, e olha aí na internet como para essa droga de dor de barriga! Meu cu já não aguenta mais...

— Não tem o que fazer, é seu psicológico te atrapalhando, por isso não tem "prega rainha" que segure! Tenta não pensar na brasileira por um tempo, ou não conseguirá dar dois passos sem se borrar todo! — falei sincero e logo me afastei da porta ao ouvir a descarga.

— É melhor eu tomar outro banho.

— Concordo. — tampei o nariz, só por implicância, fazendo minha voz sair fanhosa. —  Enquanto isso vou separar algo para vestir, mas não demora muito, está quase em cima da hora, heim?!

— Okay, okay... — resmungou atrapalhado, voltando a entrar no banheiro.

— Ei, hyung!— o chamei antes que fechasse a porto e sorri. — Não fique imaginando no que pode dar errado, apenas curta o momento. Agora a voz, a imagem que via quase todos os dias na tela do computador, será de carne e osso, ao alcance de seus dedos. Quantas pessoas não dariam tudo para estar no seu lugar agora? — puxei o ar para finalizar meu discurso. — É uma oportunidade única, Yoongi, então... só aproveite a companhia dela.

Yoongi ficou alguns segundos em silêncios me encarando. Seus olhos marejados e o sorriso doce que brotou ali, diziam mais do que um milhão de palavras ditas.

— Valeu. — bagunçou meu cabelo e eu me encolhi... Yoongi nunca foi emotivo ou demonstrou algum gesto de carinho e no fundo eu sinceramente esperava que ele tivessem lavado as mãos antes de fazer isso. — Vou me lembrar disso, piralho.

Assenti sem dizer nada, voltando para o quarto na tentativa de achar algo limpo e de bom estado no meio da pilha de roupas aglomeradas no armário compatilhado.

No meio do processo, me flagrei imaginando como seria incrível se eu fosse o branquelo e no lugar da estrangeira, fosse Jimin quem estivesse vindo me ver...

Como seria Jimin em carne, osso e lábios beijáveis? Como seria o ruivo se movendo, falando, sorrindo e mostrando os dentes? Como seria seu humor, sua personalidade, seus defeitos e qualidades? Adorável... Acho que não saberia como lidar com tanta emoção, talvez caísse duro no chão ou saísse correndo e gritando como um louco.

Sim, de alguma forma eu surtaria.

Balancei a cabeça, terminando de colocar a jaqueta de couro e uma calça jeans rasgadas. O mais velho ficaria mais seguro de si vestindo aquelas roupas que transpiravam masculinidade.

Suspirando, passando as mãos no rosto. Nem nos meus sonhos loucos aquilo poderia acontecer, então por que meu coração se agarra àquela sensação de falsa esperança? Jimin não era uma pessoa e teria não poderia reclamar, já que cada um tem a realidade que merece, pois graças a minha insegurança e medo de ser decepcionado, me fechava como uma concha para impedir qualquer tipo de relacionamento.

Foi por isso que, inconscientemente, escolhi me apaixonar por Jimin, afinal, ele não me machucaria, não me enganaria ou mentiria, como todos a minha volta sempre faziam. Mas enquanto não conseguia entender a natureza da minha compatibilidade nada comum com o boneco de plástico a quem me afeiçoei rapidamente, tirei as notas amassadas de dentro do bolso, com uma ideia absurda começando a rondar minha mente: ter um encontro romântico com o ruivinho.

Tinha recebido o extra nó final do expediente e  — pasmem! — uma boa bonificação pelas vendas daquele dia. A loja ficou tão movimentada que mais parecia um formigueiro, então pela "ideia genial somada ao trabalho duro", o coração do velho senhor Cha deu uma balançada e ele me pagou devidamente.

Com alguns wons a mais, me senti tentado a gastar, ao menos uma vez, comigo mesmo. Eu merecia me divertir, certo? Entretanto, para seguir com o plano mirabolante com minha paixão platônica teria que fazer algo que ia contra os princípios do filho do pastor: iria furtar o ruivo por algumas horas, ou melhor... pegar emprestado o manequim sem que o meu patrão soubesse.

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Essa fanfic tem tantas vertentes na minha cabeça.
Uma hora caminha para o cômico, depois fofo e por último o drama. Jungkook tem um trauma é nítido que isso influência na personalidade dele. Mas não vou me aprofundar, quero deixar a estória leve, como deve ser.