No caminho até a loja, peguei outro táxi. Nem preciso dizer que o motorista ficou espantado quando entrei com um "homem semi nu" dentro do carro. Essa foi a primeira impressão que o outro teve até virar o corpo sobre o banco e gargalhar por causa do manequim realista.

- Esses malucos inventam cada coisa. Que bizarro... - murmurou o senhor, olhando mais uma vez pelo retrovisor empoeirado.

Não gostei quando o mais velho chamou Jimin de "coisa". Por educação, não corrigi o taxista.

Em sua defesa, Jimin era uma criatura perfeita demais para ser intitulada como algo tão chulo, sem valor, então tentei cobrir seu corpo, puxando o saco bolha pelos ombros estreitos, para escondendo parte do tórax com alguns músculos que estavam à mostra. Contudo meu rosto esquentou quando, acidentalmente, esbarrei os dedos em seus mamilos eriçados... Pois é, até nessa parte o seu criador foi caprichoso, e eu fiquei tão constrangido que quase pedi desculpas em voz alta se não fosse um moleque que apareceu de repente na janela que estava com o vidro abaixado.

- Compra uma balinha, aí moço? É só cinquenta wons!

- N-não, o-obrigado.

O menino fez um bico chateado, quando as buzinas indicavam que o tráfego já havia sido liberado.

- E você, hyung? Não quer uma balinha? - olhou para o ruivo com expectativa, mas logo entendeu que não era uma pessoa. Sua expressão foi um tanto engraçada. - Aish... Além de gago é doidinho de pedra.

O carro começou a se movimentar novamente e a brisa gelada do mar, fazia o calor amenizar, mas a sensação boa não era apenas no ambiente externo. Algo estava mudando dentro de mim, não sabia se boa ou ruim, mas me deixava bem inquieto.

Eu tinha acabado de completar dezenove anos. Meu rosto liso, livre de pelos, olhos grandes e expressivos, nariz avantajado, lábios finos e uma postura um tanto encurvada, sempre mirando o chão parecia de um colegial retraído, não negava. Mas uma coisa não passou despercebida por mim: se o garotinho chamou Jimin de "hyung", é porque ele parecia mais velho que eu, certo?

Olhei para o lado engolindo em seco e admirei manequim de perfil. Sim, o moleque tinha razão, Jimin poderia ter vinte e um anos, no máximo vinte dois. Ele era tão viril e másculo, ao mesmo tempo que transmitia calmaria pelo olhar de íris acinzentadas, que confundia meus sentidos.

Suspirei.

Minhas mãos coçavam para querer lhe tocar. Ficava cada vez mais nervoso, como se o mesmo fosse me impedir de ser tão impulsivo se cedesse meus impulsos, então com certa hesitação ajeitei a mexa fininha que caía em seus olhos e por fim sorri mais relaxado, passando repetidas vezes as mãos que transpiravam pela calça jeans, não deixando de lhe encarar um só segundo.

"Como você pode ser tão lindo, Jimin?", pensei impressionado com beleza surreal do outro.

"Está exagerando, é apenas um boneco, Jungkook, não faça tanto estardalhaço!", balancei a cabeça para afastar aqueles pensamentos sem nexo, me sentindo cada vez mais patético.

Mas como uma resposta dos céus, na curva seguinte o carro deu uma guinada e Jimin deslizou no banco, fazendo seu corpo tombar para o lado e sua a cabeça articulada cair sobre meus ombros tensos.

O tempo parou... pelo menos para mim.

Prendi a respiração, não ousava sequer me mexer ao ver, de rabo olho, a cabeleira ruiva roçando no meu nariz e sua fragrância doce emanar dali.

"O que ele quer me dizer? Será que também se sente como eu: ansioso, nervoso... encantado?".

Entendi que sim.

Com um pouco mais de coragem, passei sutilmente meu braço direito por seus ombros, o puxando para mais perto de mim. Assim evitaria qualquer incidente ao longo do percurso e, de quebra, teria um motivo real para tê-lo mais próximo.

- Por favor, ajushi, vá mais devagar. Não tenho pressa.

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O que acham dos capítulos assim, mais curtinhos?
Dessa forma eu consigo atualizar todos os dias.