Final🎭
— Hyuuuung, a campainhia! — grunhi, enfiando o travesseiro nos meus ouvidos. Só depois lembrei que o compositor tinha saído mais cedo para resolver o negócio do passaporte. — Inferno... JÁ ESTOU INDO!
Chutei o ar, logo pulando da cama à contragosto. Se tem um som mais irritante que esse em pleno domingo de manhã, desconheço.
Tateando cegamente as coisas ao meu redor, fui meio que tropeçando nos meus pés até a sala. Ainda tinha o hábito de dormir com meias e pijama, por isso, não me incomodei a frieza do chão sem carpete ao deixar meu edredom quentinho.
— Aaah desgraça! — fui praguejando. O dedo da pessoa não parava de apertar o botão, então abri a porta na força do ódio, pois quem quer que estivesse tocando a campainha tão cedo iria escutar umas boas verdades. — VAI TIRAR O PAI DA FORCA COM ESSA PRESSA?!
— O-oi?
— Jimin?! — prendi o ar vendo a razão do minha insônia ali, ao meu alcance. Seria possível? — Uou, entendi! — bati palmas, rindo. — Já sei! Deve ser aquele troço de sonho lúcido... — bocejei, coçando os olhos, porque na frente não estava um, mas dois Jimin's. — Quase acreditei. — entortei a cabeça e toquei no seu nariz de botão. O ruivinho, a versão humana, sorriu pequeno. — O que foi? Parece um pouco tenso...
— Posso entrar?
— Claro, entra aí! Poderia te oferecer alguma coisa, enrolar mais por causa da minha timidez, mas não vai demorar para alguém me acordar, prefiro gastar esse pouco tempo conversando com você... — bocejei outra vez, dando espaço para os dois entrarem. — Jimin-do meu-sonho.
— Então me ajuda aqui, ele é bem pesado.
— Certo.
Ajudei o empresário a levar o Jimin Number One até o sofá. Logo ajeitamos as pernas dobráveis do manequim, sentando ele no sofá pequeno.
— Olha só, parece tão realista que até estou suando. — me abanei com as mãos, sentando também. — Mas me diz... — apoiei os cotovelos nos joelhos para analisar as bochecha rosadas do homem de terno. Lindo, lindo. As madeixas ruiva estavam com gel, relevando mais a pele de porcelana. — Jimin-do-meu-sonho, como conseguiu chegar aqui? Essa eu faço questão de ouvir. — sorri, bobo e ele desviou as órbitas cor de mel. — Tímido de novo? Oh, que fofo!
— Na verdade, eu consegui com seu colega da loja há alguns dias, mas como um covarde, adiei o máximo que pude... — murmurou, coçando a nuca, sem jeito. — Até receber, praticamente, uma intimação do tal Kim. Aquele cara sabe ser assustadoramente convincente quando quer.
— Taehyung te disse onde eu morava? — repeti surpreso. — Uau... — entortei a cabeça. — Devo ter ficado até altas horas criando teorias de como te veria de novo. Essa foi a mais genial, parabéns, subconsciente! — fiz uma sinal de positivo, orgulhoso de mim mesmo.
— Não é um sonho, Jeon. Eu estou realmente aqui. Quer dizer... nós estamos. — se referiu a seu sócia que estava entre nós espremido no sofá.
— Ah é? — cruzei os braços, o desafiando. — Pois prova!
— Provar?
— Sim.
— Certo...
O ruivo se aproximou, esticando o tronco para inclinar em minha direção. Estremeci quando sua mão quentinha segurou a curva do meu pescoço. Meus olhos foram para sua boca e ele lambeu os lábios volumosos. Suspirei ansioso. Automaticamente fechei os olhos, fazendo um bico e esperando um beijinho gostoso, mas o que recebi foi um peteleco no meio da testa.
— Eu só apanho nessa história?! — choraminguei, meu rosto latejando de dor. Quem diria que aqueles dedinhos causavam tanto estrago? — Espera... Dor? — assimilei, parando de massagear o local para encarar o outro. Agora sim tinha plena certeza que estava muito acordado, que os Jimin's estavam mesmo ali! — Caramba, caramba!
Meu corpo deu um solavanco do sofá, a consequência foi cair de bunda no chão.
— Acredita agora?
— S-sim. — respondi trêmulo. As bolotas do meus olhos pulando do manequim para o humano. Lado a lado era bem perturbador. Engatiei até os pés do boneco. — Ele está vivo... digo, inteiro? Mas você disse que tinha derretido...
— Eu menti.
— Por que? — minha voz não passava de uma sussurro. Minhas pernas se transformaram em gelatinas. Com uma certa dificuldade consegui me apoiar no sofá e sentar na pontinha do estofado. Toquei nas mãos macias de silicone, nos braços coberto por uma blusa de seda e fui subindo até chegar no rosto perfeito. Ele continuava do mesmo jeitinho que o vi pela última vez. Fiquei feliz por vê-lo, por isso suspirei aliviado, porém o silêncio persistia, então olhei para o empresário esperando alguma resposta, bem no minuto que o mesmo desviou o olhar. — Por que disse que tinha derretido ele? — insisti.
Seu pomo de Adão subiu e desceu.
— Se coloca no meu lugar: um cara bonito invade uma das minhas fábricas, reivindicando um boneco que eu nunca quis que existisse... Fiquei receoso no início, não sabia de suas reais intenções. — murmurou. — Iria mesmo dar fim nele, no entanto não tive coragem sabendo que você gostava de verdade do manequim, então... — puxou o ar, abaixando ainda mais o tom de voz. — fui pessoalmente no RH e descobri os dados do remetente e... o resto você pode deduzir.
— Ainda sim, não faz sentindo. Por qual razão não disse isso quando eu estava lá? Deixou eu ir embora com um coração partido por nada. Por que? Eu não entendo.
— POR INVEJA! — esbravejou de uma vez, em seguida se encolhendo no sofá. — Um boneco de plástico recebia mais amor e atenção do que o presidente de uma empresa! Claro que eu posso ter quem eu quiser, o dinheiro pode comprar companhia, mas... — mordeu a boca, finalmente voltando a me fitar. — Mas o carinho que você tem por ele, todo apreço e paixão genuína, eu desejei para mim. Eu desejei ser ele.
— Hã?
— Além disso, você também não é de se jogar fora... — bufou, revirando os olhos. — Okay, vou ser mais direto: também o envejei por ter um namorado tão bonito, porque... porra, me senti atraído por você desde que te vi. Isso nunca tinha acontecido. Não consegui parar de pensar em você desde aquele dia.
— Mas você recusou meu beijo... — acusei em um fio de voz, minha cabeça rodando com tanta informação.
Ele negou.
— Porque você queria beijar ele, não eu.
— Também me senti atraído por você, Jimin-sshi.
Ele riu sem humor, negando outra vez.
— Não. Você se sentiu atraído por ele. Eu não sou o seu "ruivinho".
— Ele é uma copia perfeita sua, Jimin. Você não entendeu? — no segundo seguinte estava aos pés do empresário, tomando suas mãos pequenas, cheias de anéis, entre as minhas. — Já pensou nisso: talvez tenha sido uma prova do destino para nos colocar frente à frente. Olha só, nem a escritora mais talentosa, que tivesse a imaginação mais fértil, escreveria um romance inusitado assim. Nós somos incomum, mas o diferente não é ruim... Você pode ser o meu rádio!
— Nem nós conhecemos, Jungkook. Isso nem faz sentido. — fez menção de levantar, porém pressionei mais seus dedos nos meus, fazendo ele desistir. — Certo, digamos que eu topasse. O que aconteceria a seguir?
— Combinaríamos de sair... Mas por enquanto nada de restaurante caro, estou desempregado. E nem pense em dizer "Não precisa se preocupar com dinheiro, Junghuck". — imitei sua voz fina, levando o chute fraco na canela. — Sério. Como sou eu que estou convidando, faço questão de pagar. — emendei em meio a uma risada ao vê-lo inflar as bochechas. — Gosta de espetinho de peixe e de andar de mãos dadas pela praia, Jimin-sshi?
— Eu... Sim, mas... — analisou meu rosto ansioso. — o que vai ser dele?
— Se me permite? — soltei suas mãos para segurar as do Ruivinho. Um calor tomou conta do meu peito e sorri entre lágrimas. Ele era muito especial para mim. — Obrigado por escutar minhas bobagens, obrigado por fazer a solidão ser menos insuportável, obrigado por estar ao meu lado quando achei que ninguém mais estava. Foram dias sombrios, até você aparecer, meu Sol. Agradeço por me fazer perceber que estou vivo, que existe sentimentos bons germinando no meu coração, obrigado por me fazer enxergar que tem pessoas que se importam de verdade comigo. Você foi o sopro de esperança que o vento trouxe e vou ser eternamente grato por isso. Obrigado, hyung.
A voz embargou e abracei o manequim, chorando copiosamente. O empresário também estava emotivo e teve um abraço triplo.
Em meio as fungadas e palavras desconexas, o choro foi diminuindo gradativamente. Em um certo momento o ruivo virou meu rosto inchado pelo choro e começou a distribuir beijinho por todo rastro das lágrimas já secas.
— Você é tão precioso. Não deixe ninguém dizer o contrário. — sussurrou, me dando um selinho demorado. — É muito cedo para dizer que gosto de você?
— Literalemte, sim... Jimin-sshi, ainda nem escovei os dentes.
— Não me importo com bafinho. — voltou a selar sua boca na minha, mostrando que não se importava mesmo. Depois encostou nossas testas e tocou com o indicador a pintinha que tenho abaixo da boca, beijando ali também. — O que faremos com o manequim?
Sorri afetado.
— Primeiro, poderia agradecer por mim ao seu sócio sem noção? Enviar o manequim clonado foi a ideia mais idiota e perfeita que ele teve. — ri soprado, agarrando a cintura do empresário. Ainda estava ajoelhado no chão e ele sentado no sofá, então pude puxá-lo mais, quase fundindo nossos corpos. Nos encaixávamos perfeitamente, era surreal tanto magnetismo. — Acho justo tê-lo conosco, sabe? Afinal, ele foi o nosso elo, por causa dele que nos conhecemos. O que me diz, Jimin-sshi, podemos ficar com o ruivinho? — ronronei mordendo o queixo alheio, tecendo beijos molhados e pequenos chupões pela pele imaculada.
Estava jogando baixo, eu sei, mas cada um usa as armas que tem.
E deu certo.
O mais velho me apertou, totalmente entregue em meus braços. Suspirou alto, agarrando com desespero meu pijama do Homem de Ferro. Seu coração batia tão descompassado que podia sentir.
— S-sim... Faremos isso, Kook-ah.
Em meio ao osculo na sala bagunçada às sete da manhã, sorri vitorioso enfiando meus dedos nos fios avermelhados. Jimin humano chamou meu nome como a voz rouca, me arrepiando por inteiro, antes de atacar minha boca com possessão. Sem pensar duas vezes, correspondi ao beijo afoito entre gemidos e apertos.
Estava no céu, entretanto não eram pensamentos puros que passavam pela minha cabeça, muito menos na dele.
Desde o momento que aceitei que a vida não precisava ser uma bolha de pessimismo, o universo me presentiou com o melhor dos presentes: meu conto de fadas tinha virado realidade.
Me senti fodidamente sortudo.
Em todos os sentidos, se é que me entendem.
Abri meus olhos não deixando de responder ao beijo afobado, onde a língua alheia dava voltas dentro da minha boca.
Jimin era quente, exigente...
Gemi vergonhosamente alto quando ele apertou com força meu bumbum, mas vendo o boneco ali, parado com as iris vidradas de um castanho dourado, tirei minha mão sorrateiramente da cintura fina e tatiei até encontrar a destra do manequim, piscando para ele como se dissesse:
"Ei, ruivinho, não precisa ter ciúmes".
Afinal, quem disse que eu não poderia ter dois rádios, hum?
FIM
🎭
E esse foi o fim, minha gente. Não sei se supriu as expectativa, mas deixa eu agradecer aqui a cada leitor pelos surtos, comentários e votos. Fiquei tão feliz pela forma que abraçaram essa estória. E pensar que aconteceu tudo em menos de um mês, parece loucura, né? Então muito, muito obrigada pelo carinho.
Fica aqui meu coração roxo para vocês >💜<
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