A Carta
O rei de Austed andava de um lado ao outro no corredor, esperando anciosamente sua esposa que estava no quarto com uma parteira trazendo sua pequena filha ao mundo.
Foram longas cinco horas até que finalmente um choro foi ouvido. O rei parou de andar e olhou com os olhos arregalados para a porta dupla do quarto. Seu comandante da guarda e melhor amigo estava com ele; o parabenizou, e rapidamente Phillip correu abrindo a porta com as mãos e entrou no quarto para se aproximando da cama onde sua esposa Aurora segurava emocionada, um pequeno ser em seus braços. O bebê estava enrolado em uma manta branca e macia, tinha a pele tão clara quanto a da mãe e assim também os olhos. Phillip ajoelhou ao lado da cama e observou seu filho, logo olhou para sua esposa e a beijou com emoção.
-É uma menina. _Disse a rainha Aurora entre lágrimas. _-Nós temos uma linda garotinha, meu amor.
-A nossa pequena Audrey. _disse Phillip e logo sorrindo para a filha. _-Ela é tão linda quanto você, meu amor. _o rei acariciou o rosto da amada que se curvou ao toque e fechou os olhos.
-Uma perfeita junção de nós dois. _disse a rainha voltando a abrir os olhos e sorriu.
-Precisamos avisar o reino e todos os outros reinos. Austed está em festa!_Phillip se levantou e pegou a parteira que ainda estava presente no quarto e a conduziu em uma pequena valsa no quarto fazendo sua esposa sorrir feliz._-Precisamos avisar sua madrinha também. _ele parou de dançar deixando a parteira com um sorriso envergonhado e voltou para sua esposa. _-Ela precisa ser a primeira a saber. Eu lhe fiz essa promessa.
-Claro, meu amor. _concordou a rainha_-Precisamos mesmo avisar minha mãe. Ela deve estar com as outras fadas.
-Sim. Mandarei um dos nossos mensageiros pra lá, hoje mesmo.
E assim, Phillip fez. Ele ditou uma mensagem para seus escribas e pediu para seus mensageiros entregarem para todo o reino e os reinos próximos. Malévola seria a primeira a receber seu recado como lhe fora prometido.
Após ditar a mensagem, Phillip ficou sozinho em seu escritório no Castelo. Aurora estava descansando junto a sua filha, então ele se afastou para não incomoda-las.
O Rei olhou para a mesa do escritório vendo o livro de anotações que pertencera sua mãe, Ingrith, que até então continuava amaldiçoada como bode na cocheira do reino.
Phillip se aproximou da mesa e tocou o livro de capa escura de couro. Ele havia em mãos o diário particular de sua mãe má. Ele o leu tentando entender tudo que Ingrith fez ao longo dos anos, e foi naquele livro que ele soube que sua vida não passava de uma mentira. Ingrith havia mentido para ele sobre a morte de sua única prima. S/n era dois anos mais velha que Phillip e sempre cuidou dele quando o principe nasceu. Foi ela quem o ensinou a lutar com espadas porque seu pai, rei naquela época, não tinha muito tempo para ele. S/n fora a primeira e única mulher a comandar um exército, desde que seu pai, o primeiro comandante da tropa, morrera em um confronto quando ela ainda tinha cinco anos. Sua mãe era uma simples camponesa e por causa disso, Ingrith nunca gostou da garota. Afinal, o irmão do rei tinha se apaixonado logo por uma mulher de classe inferior causando uma vergonha ao reino de Austed por quebrar as regras.
Naquele diário, Phillip havia descoberto que S/n não tinha morrido em uma guerra. Ela tinha sido ameaçada e expulsa do reino pela própria Ingrith após sua mãe morrer de Tuberculose. Ao descobrir que S/n estava viva em algum reino distante, o rei ordenou que seus homens procurassem por ela. Mais meses haviam se passado, e sua prima não tinha sido encontrada; até o momento.
Phillip suspirou e andou até a janela da sala e ficou a olhar o horizonte enquanto recordava de sua infância. De repente, ouve dois toques na porta e o rei permitiu a entrada, logo depois um de seus guardas com um mensageiro se aproximou.
-Majestade!_Disse o guarda e o mensageiro, fazendo uma reverência _-Trouxemos notícias sobre sua prima, senhor.
-Mesmo?_Phillip se empolgou_-A encontraram?
-Sim, senhor!_Disse o mensageiro _-A encontramos no Reino de DunBroch na Escócia.
-Escócia?!_Phillip pensou o quão longe estava de seu reino_- E...ela está bem?
-Sim! Ela comanda os guardas daquele reino, junto com Merida, a Princesa, que se tornará rainha em breve. Soubemos que elas são como irmãs.
-Eu não posso acreditar. Minha prima está realmente viva!_disse o rei sorrindo com a idéia. _-Por favor, _se virou para o mensageiro _-Leve um recado para ela do nascimento de Audrey. Espero que ela aceite o convite para o batizado e venha se juntar a nós nesse dia tão especial.
Phillip rapidamente pegou um dos pergaminhos e entregou ao mensageiro.
-Vá! Não perca tempo. Quero minha prima ao meu lado o mais rápido possível.
-Certo alteza. Eu irei cavalgar dia e noite para entregar a mensagem. Com licença.
O mensageiro fez uma reverência e saiu acompanhado do soldado deixando o Rei com um belo sorriso para trás.
Mais tarde ele contou a novidade para sua esposa. E a noite, ambos foram surpreendidos pela chegada ilustre da fada a quem Aurora chamava de mãe.
Malévola e Diaval, o corvo, chegaram no castelo e foram os primeiros a conhecer a Princesa Audrey que dormia pacificamente no berço de
Ouro no quarto dos pais.
Quebra de tempo
Phillip estava ansioso durante todo o dia. Havia se passado uma semana desde que o mensageiro saiu para DunBroch indo atrás de S/n para entregar-lhe a mensagem.
Mal o rei poderia esperar por uma resposta positiva. Aurora tentava acalma-lo, mais era um trabalho impossível diante as circunstâncias. Afinal, faziam quase vinte anos sem notícias da única prima, sangue do seu sangue.
Foi então que a tão esperada resposta chegou. Seu mensageiro havia retornado com uma carta e ele a entregou a Phillip que rapidamente a abriu sentando-se ao lado de Aurora no sofá da sala de estar do castelo enquanto o reino preparava para a cerimônia de batizado no fim de semana.
-Leia o que está escrito, querido. _Pediu Aurora o incentivando enquanto tocava a mão direita do marido.
-Eu...eu devo estar sonhando. É mesmo a letra dela! Eu jamais me esquecerei de sua caligrafia perfeita. _O Rei sorriu e olhou para Aurora que lhe deu um beijo carinhoso na bochecha.
"Querido Primo Phillip".
Eu estou feliz em receber notícias suas. Fiquei ainda mais feliz ao saber que se tornou Rei, se casou e agora tem uma linda garotinha. Eu queria tanto poder estar aí agora para lhe dar aquele abraço de anos.
Sinto muito nunca ter lhe procurado para esclarecer meu paradeiro, mais espero que entenda que eu não pude me arriscar com Ingrith vigiando meus passos. Ela tinha olheiros fiéis no reino, então preferi zelar por minha vida e das pessoas inocentes do Reino de Austed, pois Ingrith sempre quis prejudicar à todos. Enfim...estou mais tranquila em saber que ela recebeu uma merecida punição e agora eu posso escrever-lhe como eu sempre sonhei. Agradeço a você e a Rainha Aurora por me convidarem para a cerimônia de batizado da pequena Audrey. Podem ter certeza que darei a graça de minha presença, pois também quero matar a saudade que sinto de você, Phillip.
Sinceramente, S/n S/sn
Capitã secundária da guarda real de DunBroch na Escócia. ♡"
Phillip terminou a leitura com um sorriso sincero que foi retribuído pela esposa.
-Ela virá para a cerimônia! Aqui no verso diz que ela estará viajando hoje mesmo. Eu estou tão contente, querida!
-E eu estou igual por você, meu amor.
E foi assim que Phillip passou o dia, cuidando das duas mulheres de sua vida e sorrindo feliz por saber que S/n em breve chegaria ao reino de Austed.
♧♧♧
Continua?...
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