Um ser Diferente

Malévola foi a primeira a aparecer em seu ninho aquela noite, não podia conter seu sorriso e nem a agitação em seu peito, estava disposta a contar a Diaval tudo que ele precisava saber, a começar pelo quanto que ela o amava. Malévola soube disso no aniversário de 16 anos da sua Praga, quando deu em Aurora o beijo que a livrou da maldição e percebeu alí que Diaval nunca sairia do seu lado, não porque ele era seu servo, mas porque ele era seu único e melhor amigo. O olhar do corvo para ela se tornou mais brilhante a partir daquele dia, mas sua negação, por culpa do que vivera com Stephan, não a permitiu deixá-lo entrar. Então Diaval cavou seu próprio caminho. E Malévola... Ela o amava. Sim ela estava mais do que pronta para admitir.

(...)

Era quase nove quando o pequeno pássaro preto pousou no ninho que ambos dividiam, por incrível que pareça, Malévola ainda não havia perdido sua determinação. Sabia que o episódio de mais cedo entre eles, e a reação dela de fugir, poderia ter magoado o pássaro profundamente, talvez Diaval nem a quisesse mais. Nem como amiga. Mas ela estava tão empolgada, a imagem de seus pais ainda era fresca em sua cabeça, vê-los e saber que não fora abandonada em vão, foi porque eles a amavam. A fada então agitou as mãos e sorriu tímida assim que Diaval assumiu sua forma de homem. Ele ainda não havia se dado ao trabalho de olhar pra ela, mas isso não a parou.

- Diaval. - ela suspirou tentando acalmar seu coração agitado. - Eu sei que não nos falamos desde o ocorrido no desjejum. Eu não te procurei antes pois sabia que precisaria do seu espaço e porque eu estava... Estava com medo. - admitir aquilo era como tirar uma pedra de toneladas de cima de seus ombros. - Medo de assumir pra mim mesma o que eu sinto por... Por você. - enfim o homem-corvo se moveu de onde estava. A entrada do ninho e a luz da lua abandonavam a silhueta do homem aos poucos. Ele enfim estava próximo para que Malévola pudesse vê-lo por inteiro.

- Não acho que devemos seguir por esse caminho. - a voz do corvo era fria, distante. A filha da Fênix ousou olhar nos olhos negros do seu melhor amigo e sentiu as pernas fracas ao não encontrar nada neles, nem um mínimo brilho dos sentimentos que Diaval sempre tinha nos olhos. Estavam negros como carvão escuros como a noite sem nenhuma estrela.

- Diaval... - ela tentou voltar a sua fala mas uma risada de escárnio a fez arrepiar de pavor.

- Diaval. - o homem-corvo a imitou. - O que vai me dizer agora? Que se arrependeu? Que percebeu que eu não sou tão inútil e que sem mim sua vida é um buraco vazio?- ele divagou vagarosamente. Malevola o olhava com os olhos arregalados, Diaval estava diferente. - Você deixou claro que não me deseja. Eu entendo. - ele ainda tinha um sorriso diferente desenhado no rosto. - Deve ter reparado que você não é a minha única opção. Vir pra essa ilha foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado. Você pode seguir com a sua vida de amarguras, culpando qualquer homem da terra pelas coisas que Stephan te fez. - ele suspirou teatralmente se aproximando mais da fada, enquanto olhava as unhas com desdém. De dentro de Diaval Gilic observava admirado o seu poder de manipulação para com o corvo, o estrago que estava causando na cabeça de sua irmã era notável. A filha da Fênix havia se tornando uma mulher linda, e Gilic adoraria tomá-la para si, sem Diaval em seu caminho seria muito mais fácil. - E eu posso começar uma vida nova agora, a vida que eu mereço e que você deixou bem claro que não viverei ao seu lado. - Diaval se afastou deixando um espaço maior do que o que era visível entre ele e Malévola. Para qualquer um eles estavam a apenas meio metro de distância, mas para a fada havia se criado um precipício profundo entre eles. O corvo estava distante, frio. Não era seu Diaval. Pelo jeito ela havia ferido o amigo mais do que imaginara.

- Eu sinto muito. - Malévola sentiu seus olhos arderem com força. Um nó tentando impedir suas palavras de saírem de sua boca. - Você está certo Diaval. Merece uma vida nova, longe de mim e da bagunça que eu sou. - Diaval sentiu a escuridão em seu interior, ele queria abraçar Malévola, mas não podia falar nem mesmo se mover, estava assistindo o amor de sua vida escorrer pelos seus dedos sem poder reagir. Seja qual for a maldição que possuía, era muito pior do que ele achava que merecia. Era como se não pudesse controlar suas ações. E realmente não podia. Juntando uma força que ele não sabia possuir Diaval tentou anular a escuridão em seu coração. - Eu não... - por uma fração de segundos Malévola viu Diaval mudar, o brilho reluziu em seus olhos negros novamente, e então sumiu. - Eu não acho que precisamos estender essa conversa. Você acabou de dizer tudo que eu disse. Se estamos de acordo é melhor assim, mas não se acanhe em me procurar se tiver alguma... Necessidade especial. - a malícia nas palavras não se pareciam com uma coisa que o homem-corvo diria.

A fada então se afastou, sob o olhar faminto do seu "amigo". Se sentiu observada a noite toda, até que Diaval enfim dormiu. Foi a primeira vez que Malévola se sentiu em perigo dormindo ao lado do corvo, que pediu a ela que o mantivesse em sua forma humana durante o restante de sua estadia na ilha, de novo. A fada não conseguiu dormir, ficou observando mesmo na distância o peito do homem-corvo subir e descer. Até mesmo o cheiro de Diaval estava diferente, um leve aroma de sangue era o que ela sentia nele. Enfim ela balançou a cabeça afastando sua decepção e a dor que sentia em seu coração, uma dor muito mais forte do que ela imaginou que fosse possivel. Diaval não seria seu, nunca mais seria.

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E aí galerx o negócio tá piorando mais rápido do que começou a melhorar. Agora o coração da fada está partido, só lhe resta Aurora. Será que resta?

Deixem os comentários, se estiverem confusos com alguma coisa é só me mandar uma mensagem que aí podemos conversar sobre. Vou adorar conversar com vocês. Mas sem spoiler.

Beijos de luz e bora de fortalecer a gang.

Até a próxima!

❤️

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