O Passar dos Dias e os Incômodos Amenos
No cair da noite do terceiro dia da estadia de Diaval na ilha das fadas negras, Malévola se sentia incomodada com os pesadelos que o seu amigo andava tendo e hoje pareciam ainda piores. Não era a primeira noite que ela precisava usar sua magia para fazê-lo retornar ao sono, algo estava errado e ela não saberia dizer o que. Será que era a sua presença que o estava atormentando ou será que era a sua recente ausência que havia deixado medo no coração do homem-corvo? A resposta para suas questões ela não possuía, e sabia que precisava contar a alguém sobre aquilo. Sabia exatamente a quem precisava contar. No decorrer do dia, enquanto Diaval estava fora na companhia de Udo e Malek, apenas Malévola permaneceu em seu ninho, Nazca havia feito a ela uma visita e fez questão de deixar claro que se algo estivesse a atormentando, que ela poderia sempre contar com a anciã.
Malévola sentiu o arrepio de sempre descer gelado por sua espinha, dessa vez mais forte, abalou até mesmo sua magia. Diaval parecia tranquilo agora que ela tinha usado sua magia para ajudá-lo a voltar a dormir.
Os ventos mágicos eram os que a mantinha tranquila, sempre lhe dando informações sobre como andava a vida da rainha de Moors. Aparentemente agora Aurora estava constantemente acompanhada por uma outra mulher, os ventos não lhe dava tantos detalhes, mas o coração da fada negra temeu de novo, e se essa tal mulher desconhecida quisesse tomar-lhe Aurora como a rainha Ingridh havia feito?
Afastou a preocupação quando sentiu braços fortes abraçando seu corpo. Estava ficando mais recorrente a proximidade entre ela e Diaval, mesmo que somente na segurança de seu ninho ela se permitisse ser embalada. O cheiro do homem-corvo entorpeceu seus sentidos arrastando pra longe a aflição no coração da mulher. Malévola se permitiu sorrir já que não haveriam testemunhas de tal ato.
(...)
Malévola despertou em meio a madrugada. Tomada por uma vontade incontrolável a fada tocou o rosto adormecido logo ao lado do seu. Os lábios fechados e o rosto sereno eram belíssimos. A camisa que estava sempre aberta pelo menos três botões mostrando parte do torso. Diaval não tinha ideia do quanto era bonito! Malévola aproximou os lábios da boca alheia e selou os juntos, a eletricidade que sentiu não era angustiante, era maravilhosa. Um mar de sensações flutuou em seu estômago. Deixou os dedos esguios e gelados tocarem o peitoral exposto de Diaval e seus olhos brilharam quando ela viu a pele abaixo de seus dedos se arrepiar. Parou as investidas com um sentimento de culpa martelando em sua cabeça. Diaval merecia algo melhor, uma mulher jovem, quem sabe até uma mulher menos quebrada. Malévola apenas se deitou ainda dentro do abraço que a fazia se sentir protegida, e voltou a dormir algum tempo depois.
(...)
Diaval acordou sorrindo, o calor já costumeiro de Malévola ao lado de seu corpo o abraçou sereno. O sol iluminava o ninho de uma forma aconchegante. O homem-corvo sentiu uma leve agonia em seu peito, mas de seguida uma sensação boa, como se estivesse completo! Decidiu ignorar e focar sua atenção na fada que dormia serena ao seu lado.
Quando ela despertou, seus olhos verdes logo foram engolidos pela escuridão dos olhos de seu ex servo. Ela se permitiu sorrir de leve, Diaval se aproximou de sua ex senhora de maneira atenta. Sem esperar ela prever seu ato o homem-corvo tomou os lábios da outra para si.
Malévola sentiu-se sair do chão, a mesma adrenalina de quando se lançava de penhascos altos para alçar vôo no último minuto. Ela não esperou muito para corresponder ao beijo e aprofundar mais. Não sabia se Diaval já havia feito esse tipo de coisa com outra pessoa, mas não a assustaria se a resposta fosse sim. Ansiosa a fada sentou sobre o colo do outro que ainda se encontrava deitado, sem separar suas bocas, enfiou a língua lentamente para dentro da boca de Diaval. Sentia sua pele sensível, e ficou ainda mais sensível quando a mão do outro parou sobre sua bunda. Diaval sentia que seu coração o abandonaria. Fez os movimentos de sua boca copiando os de sua senhora - já havia visto humanos fazendo coisas ainda mais obscenas do que um beijo sabia o que estava fazendo, não que quisesse ver humanos naquelas situações, mas alguns humanos pareciam não ter nenhum pudor quanto aos lugares escolhidos para acasalar. Não que ele estivesse planejando acasalar assim e agora, ou estava? - Ele se quer estava pensando e quando sentiu suas partes baixas ainda vestidas se tocarem de forma bruta com uma parte quente e baixa de Malévola foi como se seu próprio interior estivesse em chamas. Um calor súbito tomou conta de todo seu rosto e a vontade que ele tinha era tocar aquelas áreas novamente. Malévola o olhou e o verde mais brilhante acendeu nos olhos da fada. A boca vermelha parecia ainda mais bela depois do beijo.
Malévola procurava arrependimento ou qualquer outra coisa que não fosse desejo e... Amor no olhos de Diaval, mas ela não encontraria. Nem se procurasse muito. O brilho nos olhos negros era de pura adoração!
Não poderia encher o outro de esperanças. Não se não pretendia reivindica-lo. Ou pretendia? Mas ela sabia que Diaval merecia algo melhor e mesmo contra sua própria vontade Malévola saiu do ninho sem olhar para trás. Seu corpo todo estava queimando, onde Diaval havia tocado e onde seus corpos haviam se tocado. Ela não o transformou em pássaro novamente, precisava se acalmar sozinha, pois sabia que se ele viesse atrás, não resistiria mais uma vez.
(...)
O café da manhã foi silencioso, Diaval sequer estava com fome. Preferiu ficar distante e em sua forma de pássaro. Não poderia não querer tomar os lábios alheios mais uma vez se estivesse em sua forma humana, e uma voz quase oculta na sua cabeça dizia que ela era dele, mas ele ignorou essa voz.
Não entendia sinceramente a rejeição de sua senhora, não era possível que ele era tão inapropriado assim. Ele sabia o quanto Malévola havia sido machucada. Ele já havia provado que nunca a deixaria, já havia deixado o mais claro possível o quanto a amava. Mesmo nunca tendo dito em palavras. Mas ela parecia não ver. Talvez ele fosse realmente inapropriado, afinal ele não era nada além de um corvo idiota, como Borra havia dito. Era impossível pra ele, ainda mais agora que ela estava constantemente cercada pelos seus iguais.
Esse pensamento magoava o coração de Diaval e ele se quer poderia lutar contra. Eram mais de vinte anos ao lado dela, e desde o primeiro olhar ele sabia que seu coração já pertencia a ela. Mas ela não queria, não aparentemente. Um pio dolorido saiu do bico negro do pássaro antes que ele se afastasse de onde Malévola estava. A fada nunca havia escutado algo do tipo, seu coração diminuiu dentro de seu peito. Ela estava ferindo ele, e tinha medo de se arrepender tarde demais, afinal, ela já estava arrependida. O quanto mais Diaval a esperaria?
Se Diaval pudesse ler os pensamentos da fada diria a ela sem remorsos, esperaria a vida toda por ela, Malévola o tinha como e onde quisesse. Ele pertencia a ela, pra sempre.
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E aí galera do mal, vocês aí chorando, perdendo a postura de bandida/do má/mal!
Diaval está de pneus arriados e não nega os fatos, porque a fada não entrega logo os pontos?
Dói viu!
Deixa aquele comentário (porque esse capítulo tá enorme) e aquele like pra fortalecer e gang!
Até a próxima!
❤️
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