O Fim de uma Guerra 1


Malévola não saberia dizer o que estava vendo, não podia descrever quem ou melhor, o que era aquilo. Não tinha nada de seu Diaval ali mais, nada. As cicatrizes estavam contornadas em vermelho sangue, como se tivessem sido reabertas. O rosto tinha o formato antigo, mas os olhos e a boca cortada até as orelhas deixavam claro que não era mais Diaval. O corpo era diferente, mais forte, mas não parecia mais belo, não pra fada. Uma tristeza inexplicável tomou o coração mágico, Gilic havia roubado sua vida na infância e agora estava roubando sua felicidade novamente. Ela não sabia onde estava Aurora, onde estava Phillip e Diaval já não existia mais.

Segurando toda a dor ela se levantou, entrando no campo de vista do que deveria ser seu amigo.

"A filha mais amada, a criança desaparecida." A voz era profunda e sombria como se falasse dentro da cabeça de Malévola. A sensação que a filha de Fênix sentia era horrível. Ainda era no fundo a voz do corvo.

"Amada por quem? Eu fui deixada, uma órfã. Graças a sua ganância." A frieza na voz da fada surpreendeu até mesmo Gilic que ainda estava de costas pra ela.

"Não parece ser assim tão diferente de mim, uma pessoa sensível estaria... Aos prantos a essa altura." Ele enfim olhou a irmã nos olhos. "Olhe ao seu redor, o cheiro do sangue o barulho da morte. Quase posso ouvir os corações que param de bater. O choro dos infantes, posso sentir o cheiro da sua Aurora." Gilic sorriu ao ver a fúria brilhar nos olhos frios da irmã.

Malévola sentiu sua magia fluir como uma água selvagem em seu corpo, ela o mataria, nem que morresse no processo.

"Que bom que ainda pode sentir tantas coisas, é muito bom saber que vai sofrer quando eu te matar." A magia da Fênix se mesclava a magia de Malévola como se fossem um.

"Você não vai, mas vai poder se juntar aos seus familiares. Estão todos aqui." Gilic afundou a unha afiada bem em cima de seu peito. "É como um cativeiro. Estão todos aqui, e se eu morrer, todos morrem."

Malévola deu seu melhor ao parecer não abalada com as palavras do outro, mas a ideia de que toda sua família jazia viva dentro de Gilic, era cruel ao mesmo tempo que era boa. Como salvaria eles se precisava matar o mal que os portava? A tristeza dentro da fada a levava para a beirada de um precipício.

"Contanto que voce morra, eu não me importo."

O primeiro ataque veio por parte da mais jovem. Acertou Gilic no rosto, mas mal arranhou o fada negra. O olhar altivo do fada mudou, a raiva brilhava nos amarelos intensos. A magia que era como uma fumaça escura, foi em direção a Malévola como uma bala. Ela tentou desviar, usou sua magia para tentar amenizar o impacto e aguentou o ferimento que sucedeu. Um corte em seu braço direito, não tão profundo mas o veneno da magia de seu irmão fazia a ferida doer mais do que deveria.

"Vai ter que fazer muito melhor do que isso irmãzinha."

Levantando vôo Gilic lançou novamente sua magia contra a outra, e os ferimentos surgiram rápidos. Um corte nas costelas e um inchaço na bochecha esquerda. O rosto antes imaculado da irmã agora tinha uma elevação vermelha arroxeada. Malévola estava assustada, mesmo que não deixasse transparecer. Revidou os ataques e sua magia parecia nem existir. Em uma tentativa desesperada de tentar atingir seu irmão a fada voou para cima dele, com as unhas afiadas em sua direção. A magia dela era poderosa e munida pela raiva Malévola iniciou uma seção de golpes. Gilic achou engraçado no começo, até ele perceber que não conseguia revidar, não com a irmã tão empenhada em mata-lo. A determinação da filha da Fênix mostrou resultado quando sua magia abriu um corte na bochecha de Gilic. Algo havia o deixado mais vulnerável.

Aproveitando o leve descuido de seu irmão, Malévola envolveu o pescoço alheio com as mãos. Apertando enquanto sua magia fazia o trabalho de sufocar ela mal podia enxergar tão consumida pelo ódio. Sabendo que estava vulnerável pelo fato de que um de seus demônios morrera, Gilic usou da arma mais poderosa que possuía. Mutou novamente seu rosto tomando a aparência de Diaval novamente. Malévola soltou-se tão depressa que quase caiu no chão. Era Diaval? Era porque por mais que tentasse Gilic nunca se pareceria com ele, a aparência apática e cansada mostrava que seu amigo não estava nada bem.

"Diaval?" A fada manteve distância. A magia ainda fluía em seus olhos e corpo. Mesmo ferida Malévola ainda parecia forte.

"Ele está aqui, e vivo." Gilic garantiu resumindo sua magia agora que não estava mais sob as mãos da mais jovem. A marca vermelha ao redor do seu pescoço mostrava o poder da filha da Fênix. "Se eu morrer, ele morre." Malévola estava de guarda baixa quando Gilic a atingiu com uma rajada de sua magia. O rosto da fada ganhou mais duas marcas roxas e sangue desceu de um ferimento em sua testa.

"Você... Por que é assim?" A fada se aprumou novamente tentando não parecer abalada por saber que Diaval ainda vivia.

"Por isso. Olha pra você. Desperdiçou a única chance de me matar porque é fraca. Sentimentos nos tornam seres fracos." O fada riu com escárnio. "Olha ao seu redor. Isso tudo, o cheiro dos amores que se perderam, a dor e o desespero. Isso nos torna mais poderosos, somos filhos das trevas e não da luz. " a magia negra fluía parecia adentrar pelos cortes de Malévola como álcool nas feridas.

"Você era amado. Você tinha chance de se refazer mesmo quando foi deixado. Haveria outra pra te amar, eu amaria você. Eu sou sua família." As palavras da fada pareciam não ter atingido Gilic. O fada riu ainda mais alto.

"Eu não preciso de você. Nem de nenhum desses seres e nem de ninguém." A raiva crescente na voz do mais velho parecia incorporar a sua magia, o rosto já havia voltado ao normal, não se parecia mais com Diaval.

"Então vai morrer sozinho." Ignorando a dor nas suas feridas a fada lançou novamente sua magia contra Gilic e como sempre não fez nenhuma diferença.

Cansado da enrolação Gilic se preparou para por um fim naquilo, aparentemente como foi com Aurora a energia da fada parecia muito mais útil do que o desejo dele de tomar a irmã a força. Sem muito esforço Gilic usou sua magia para fazer a filha da Fênix se curvar aos seus pés. Malévola sabia o porquê de o outro ser tão mais poderoso. Mas ela não se importava de morrer, só queria poder levar o irmão com ela. Igual da primeira vez um abalo do chão fez Gilic se abalar por alguns momentos. Novamente o irmão se fez vulnerável. Um urro de fúria e dor se fez ouvir na ilha toda. O fada negra sabia que mais um de seus demônios havia caído. Mesmo que a queda deles afetasse sua magia e seu novo corpo, ele fingiu que nada grave aconteceu e redirecionou a energia de seu corpo para manter Malévola sob seu controle.

Ainda de joelhos, Malévola viu um trisco de dor iluminar o os olhos do mais velho. Era sua chance! Determinada a fada se levantou mesmo que isso tenha custado o fato de que agora suas feridas se tornaram mais profundas e ela sentia agora o sangue quente escorrer pela pele cortada. Voou para cima do irmão e desferiu socos pelo corpo e rosto do outro, apenas pedindo em sua mente que ele não usasse o truque que usou na primeira vez. Infelizmente mesmo a leve abalada de seu irmão ainda não o tornou vulnerável o suficiente para que Malévola ganhasse na briga. Gilic estava ferido agora, mas conseguiu conter novamente o ataque da fada e voltou a colocá-la de joelhos. O riso era ainda mais assustador. Ele estava cego.

Sem exitar Gilic envolveu o pescoço da fada negra com sua magia e então Malévola começou a sentir o ar lhe faltar nos pulmões.

"Diav... Diaval... Me des..." A fada queria se desculpar pela sua fraqueza, ela sentia a vida se esvaindo. Pelo menos ela sabia que havia tentado o seu melhor. A escuridão começou a dominar os olhos verdes. Então era seu fim?

(...)

Continua...

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E aí meu povo, galerinha do mal. Desculpa a demora, mas não vou enrolar demais. Toma aqui mais um cap.

Nunca tinha chegado nessa parte de uma história, dar final para as coisas é muito difícil.

Obrigada pra quem ainda está aqui, e que me perdoe os que perderam interesse. Espero que voltem a dar uma chance pra essa escritora!

Até o próximo!
♥️

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