Companhia Para o Desjejum

A noite chegou depressa naquele dia, Diaval se sentia exausto, tanto fisicamente como emocionalmente. Muitas coisas ele não havia dito, mas talvez não fosse o melhor momento, talvez nunca haveria o melhor momento. No fim tudo ficaria como era, ele sempre seria somente o amigo de Malévola e ele podia se satisfazer com isso. Era melhor do que arriscar perdê-la. Malévola percebeu o quanto Diaval estava calado, não precisava ser um gênio para notar o quanto o pássaro estava cansado. Ele se assustou um pouco quando a fada o segurou cuidadosa entre as mãos e levantou vôo. Pousaram em um lugar desconhecido pra ele, mas aparentemente muito pessoal para ela. Era um grande ninho, iluminado divinamente pela lua que brilhava gigante no céu. Diaval teria feito algum comentário se estivesse em sua forma humana, mas estava muito cansado e Malévola sabia que ele descansava melhor em sua forma original. Ela repousou o pássaro na parte mais distante da janela, onde o frio não o incomodaria. Não demorou se quer um segundo para que a bela criatura de penas negras estivesse adormecida, Malévola ainda ficou por um tempo ali. Quando percebeu que ele estava no seu sono mais profundo usou sua magia para transformá-lo em homem novamente. Diaval para sorte dela permaneceu adormecido. A fada se deitou ao lado do homem-corvo a quem chamava de amigo e ficou uns bom minutos admirando a sua figura adormecida. Sem perceber, ela mesma acabou caindo no sono. Ela não admitiria, mas suas noites de sono nunca seriam tranquilas sem a presença de Diaval por perto. Não mais.

Diaval despertou aquecido na manhã seguinte. Notou um peso leve sobre seu peito, e isso só o fez perceber o quanto sentira falta da outra. Seu coração estava devidamente aquecido agora, ele até temeu que a agitação no seu peito fizesse a fada acordar, mas não fez. Malévola respirava tranquila abraçada a sua cintura. Diaval penteou algumas mechas bagunçadas do cabelo castanho da mulher de volta pro lugar enquanto observava o semblante tranquilo dela. Pelas penas dos corvos, Malévola era linda!
Quando ela despertou um tom leve de vermelho pintou as bochechas saltadas, mas não demorou para se recompor e vestir novamente a cara impassível. Tossiu tentando não focar no sorriso engraçado que Diaval tinha no rosto e deu as costas ao amigo.

- Deve estar com fome. - falou caminhando em direção a saída do ninho.
- Estou sim senhora. - ele respondeu sem deixar de sorrir. Ela era ainda mais adorável embaraçada.
- Vamos tomar o nosso desjejum e então poderá conhecer os chefes das tribos dos filhos das trevas. - ela olhou impaciente pra ele. - E tire esse sorriso presunçoso do rosto. - Diaval fez cara de sério desta vez temendo ser repreendido de forma mais severa.
Quando ela voou, ele foi transformado em corvo e ambos saíram em busca do café da manhã.

Aparentemente os lugares mais isolados ainda eram os preferidos da fada, Diaval foi trazido a sua forma de homem novamente quando pousaram em um lugar quase vazio. Se não fossem por duas ou três crianças que aproveitavam a variedade de frutas que havia ali. Diaval observou os olhos da fada brilharem quando uma pequena menina se aproximou de Malévola sem nenhum receio, estendeu uma maçã tão vermelha pra ela que Diaval pode sentir o cheiro da fruta madura mesmo estando longe. A mulher sorriu agradecendo a criança e a pequena se foi sorrindo. Era claro que as crianças sabiam quem Malévola era, e isso as deixava encantadas com a mesma intensidade que elas pouco se importavam para a cara fechada da fada, se bem que para as crianças Malévola tinha sempre o sorriso que fazia o coração do corvo errar algumas batidas.

- Eu não vou dividir. - Malévola falou tirando Diaval do transe.
- Não é o exemplo certo para dar para as crianças, você sabe, a coisa sobre dividir o que tem. - ele brincou se aproximando da fada. - Um pedacinho só não vai fazer tanta diferença assim, olha o tamanho dessa maçã. - o homem corvo continuou se aproximando sob o olhar divertido da outra.
- Se eu te transformar em um verme então você vai poder ter a maçã toda pra você. - ela ergueu a mão e a magia dourada flutuava pelos dedos. Não foi ameaça suficiente para parar a investida do homem.
Antes que Malévola pudesse pensar corretamente, estava presa entre Diaval e o chão. A maçã firmemente segura em sua mão esquerda havia quase sido esquecida - por ela claro, ter Diaval assim tão perto não era seu plano para nenhum momento dessa semana que precisaria estar entre os seus - o homem-corvo prendeu a mão esquerda da sua senhora contra o chão, o mais perto deles quanto pode. Ainda sorrindo deu uma mordida significativa na fruta e saboreou ainda com a fada presa abaixo de si. Nem mesmo a risada das crianças conseguiu quebrar a bolha que eles estavam envoltos.
Malévola estava com a mente em branco, seus olhos verdes focaram na boca de Diaval de uma forma que ela não poderia explicar. Cada detalhe dele naquele momento estava sendo gravado em sua mente. - o maxilar que endureceu com o ato de mastigar, os lábios finos e avermelhados, o odor da fruta, a gota solitária do suco que escorreu pelo canto da boca do outro. Cada detalhe. - E só então a mente da fada expandiu para perceber a situação em que estavam. Diaval estava praticamente deitado sobre ela, o braço direito segurava o peso do corpo, tensionado até o limite. As pernas, uma em um lado e a outra apoiada entre as pernas da fada. O cabelo - mais comprido que o costume e sedosamente desordenado - formava quase uma cortina negra que os escondia do mundo. Os olhos reluzindo um brilho que não vinha do sol, vinha de dentro dele. Malévola perdeu o ar, o coração parecia arranhar dentro do seu peito. Isso a assustou e muito. Rapidamente a fada escapou do laço de Diaval e o empurrou para longe se levantando.

O coração não havia desacelerado, mesmo que a bolha tivesse sido quebrada por ela, ela ainda sentia toda eletricidade correndo pelo corpo.
- Da próxima... Te transformo em um verme. - ela não olhou pra ele. Apenas saiu caminhando em direção as árvores ainda com a maçã mordida na mão. A risada leve que Diaval soltou só fez a fada tensionar ainda mais.
Diaval levantou-se enfim do chão e seguiu para onde a fada já havia sumido. Apenas apreciando o cheiro dela que havia ficado preso nele. A eletricidade que corria pelo corpo não era mais novidade pra ele, mas decidiu ignorar, ignorou até o barulho do seu coração acelerado. Ele estava bem em ser apenas um amigo, ainda mais se pudesse ter mais momentos como esse.

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Eae tô de volta. Mais um pra vcs e dessa vez um momento mais fluf (se é assim que escreve)
❤️
e aí gostaram?

O corvo tá ousado e não tá percebendo que tá empurrando a musa pra beira. Uma hora ela perde o controle!

Bom, deixa os coments e aquele like pra fortalecer a gang 👏🏾

Até o próximo

❤️

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