A Reencarnação sob as Asas

Diaval nunca havia sentido tamanha tristeza. Não era culpa de ninguém. Não era como se ele pudesse culpar alguém pelo seu coração dolorido. Talvez ele tenha apenas criado espectativas demais, talvez foram expectativas de menos... Talvez ele devesse ter aceitado sua liberdade quando a ganhou e ido embora em busca da sua própria espécie... Mas ele sabe que não poderia viver longe de Aurora, e muito menos longe de Malévola.
Quando pensou em piar uma dor forte tomou seu corpo e sua forma começou a mudar. Será que a fada tinha voado até ali? Quando menos imaginava Diaval estava em sua forma humana novamente, mas Malévola não estava por perto.

- O que aconteceu? Como isso aconteceu? - o homem-corvo estava ocupado demais olhando seu próprio corpo humano agora.
- Destinados! - sentiu um arrepio em seu corpo quando escutou a voz. Ele não saberia dizer aonde estava ou de onde a voz veio.
- O que? Quem é você? - Diaval escutou a própria voz falhar e aquela sensação de estrangulamento voltou.
- Eu sou você. Você me pertence agora. - seus pés caminharam contra sua vontade até a beira do rio que passava ali. Ele viu seu reflexo na água e nunca poderia se reconhecer. Ele sabia que os olhos o olhando de volta eram dele, mas ao mesmo tempo não eram. Era como se Diaval tivesse preso em uma caixa dentro de si mesmo, e cada segundo em que sua garganta era mais apertada menos ele se sentia dono de si.
- Eu... - Diaval sentiu seu cérebro se desligando devido a falta de oxigênio.
- Você agora é Gilic, o cruel. Tomará dela a magia que me pertence e dominará céus e terra. - a voz reverberava em seu interior. - Lavarei a terra com o sangue dessas pessoas, e o coração dela, a filha da Fênix, será meu. - os olhos que antes se pareciam com os de Diaval brilharam por segundos num amarelo intenso e então se apagaram. Diaval perdeu a consciência e apagou.

Gilic triunfou naquela manhã, o corpo do homem-corvo não era o que ele desejava, mas ele sempre foi o mais vulnerável ali. E nenhuma outra fada negra possuía a opção de trocar de formas como o homem em que ele habitava possuía. Testou se transformar em animais grandes e selvagens, e a transformação era maravilhosa, ele não sentia dor, talvez o pássaro sentisse, mas ele não poderia se importar menos. Não precisaria de Diaval por muito tempo, só até matar e tomar a magia de Malévola, a criança mais amada. E depois poderia fazer o que quería ter feito a muitos anos atrás, eliminar todo e qualquer ser vivo sobre a terra.

Diaval que ainda estava inconsciente, podia sentir uma escuridão se apossando lentamente de seu coração. Uma dor lascinante para ser sincero. Era como tê-lo sendo partido diversas e mais vezes. Como quando saiu voando de onde estava com Malévola e três vezes ainda pior. Ele não entendia o que estava acontecendo ali, o que estava acontecendo com ele. Mas não conseguiria lutar contra algo tão forte. Ou ele achava que não conseguiria.

Gilic voltou, usando de sua magia para se metamorfozear em  sua forma de corvo. Estava faminto, tantos e tantos anos vagando como espírito vingativo e num corpo etéreo que não o permitia fazer mais do que manipular as mente mais vulneráveis. Assumindo sua natureza mais cruel ele avançou veloz contra um outro pássaro que voava despercebido, se alimentou da carne e do sangue do outro enquanto ele ainda piava, tentando lutar contra. Para a sorte de Diaval ele ainda estava inconsciente, mas em breve ele despertaria, e Gilic queria que ele estivesse desperto no seu último ato.
Depois de comer tudo que o pássaro tinha a oferecer, Gilic saiu voando abandonando a carcaça ali mesmo.

Diaval se viu em seu ninho o mesmo que dividia com Malévola, se sentia cansado e um gosto estranho no bico. Ainda estava na sua forma de pássaro e sentindo uma pontada dolorosa em seu peito, uma dorzinha leve.
Olhou ao seu redor buscando pela fada, mas ela não estava ali. Saiu voando em busca de água, estava com sede, mas sem fome ainda. Se deparou com Borra a meio do caminho e sentiu um ódio tão forte dominar sua cabeça. Uma coisa ruim, tanta maldade que ele mesmo nunca havia sentido. Contra todos seus instintos ficou encarando o fada das trevas pelas costas até que ele desaparecesse no horizonte. Uma chama queimava em seu peito, como se na menor das oportunidades Diaval fosse matá-lo, podia se imaginar arrancando os olhos da cabeça dele de uma forma cruel e dolorosa. Talvez usasse as garras para cavar um buraco no peito do outro até poder ver seu coração... Diaval balançou a cabeça afastando os pensamentos cruéis. Ele não estava bem.

Gilic sorriu da escuridão onde estava descansando. Ser um corpo real agora o deixava muito cansado, e enquanto ele desejasse poderia confundir a cabeça do pássaro fazendo o se lembrar apenas do que ele queria que o outro se lembrasse. Colocando ódio  no seu coração polido. Diaval era fraco, muito suscetível a influência de Gilic, era como uma criança aprendendo tudo pela primeira vez. Gilic adoraria ensiná-lo a odiar, e a matar. Seria uma boa experiência para os dois, e se não fosse boa para o corvo, Gilic o mataria também.
Ele riu deixando sua risada ecoar dentro de Diaval, este se arrepiou em pavor.

Destinados!

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Meu pai hein. Tá feia a coisa. Espero que estejam gostando!

Aparentemente Gilic só sabe matar e matar e odiar.

Quero saber a opinião de vocês. Deixem ai seus comentários e aquela curtida braba 😎 pra fortalecer a gang!

Até o próximo!

❤️

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