Capítulo 05

[Arquivo original - Sem Revisão]

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Filippo Aandreozzi

Encontrar com Luiz Otávio hoje mais cedo foi uma coisa totalmente inesperada, jamais poderia imaginar que ele residiria justamente no bairro onde eu estava comprando os terrenos. Tinha decidido sair para me encontrar com o José Pereira com um único pensamento "fechar a maldita venda", saiba que esse senhor era ambicioso e queria mais dinheiro do que foi lhe oferecido, e sabia também que Samuel era um infeliz incompetente de marca maior e não tinha mão de ferro para acabar isso, para que eu possa começar o trabalho que tinha que ser feito. O meu encontro com proprietário foi rápido e prático, no mesmo instante ele já tinha lido e assinado tudo o que eu queria sem aumentar ou diminuir nada.

Depois da tentativa frustrada de uma conversa sem sentido algum, fui convidado a conhecer um pouco mais o local, conversei com Elijah para que fizesse uma formação adequada com os outros seguranças, pois não aceitaria erros de forma nenhuma, primeiro que era minha primeira vez ali, eu de fato era o inimigo que estava comprando suas casas e não estava afim de ser atacado.

Ao andar com José só me deu mais certeza que ali era o lugar ideal para os meus planos e que foi uma excelente negociação, mas ao olhar em determinado lugar vi um rapaz lavando uma motocicleta, não entendia o porquê aquilo estava chamando minha atenção de tamanha forma e ao me aproximar percebi que conhecia aquele perfil, me surpreendi ao saber que era o garçom, não esqueceria do seu rosto por nada desse mundo esse rosto me assombra constante e isso me irrita e depois de ver ele dançando de uma maneira muito ridícula e ao mesmo tempo leve e descontraída, me encanta e me irrita mais ainda, ta tudo tão confuso em mim

Meu contato com ele não foi um dos melhores, é claro que não seria, o cara tinha acabado de descobrir que eu estava o colocando para fora de sua casa, mesmo não sendo diretamente, não sei o que me deu quando eu vi seu rosto chocado e sua expressão de pura decepção, mas alguma coisa rompeu dentro de mim e eu me sentir mal. Mal? Sim, acho que foi isso que senti e é tão estranho sentir essas coisas por alguém que conheço, conheço não, vi em uns dias.

Depois disso sair de lá o mais rápido possível sem me dar o trabalho de falar nenhuma palavra com ninguém. Voltei a empresa e lá me afundei ao trabalho, fui a reuniões, fiz videoconferências, li e reli vários contratos e licitações. Mas teve uma hora que eu parei e não conseguir pensar em mais nada a não ser no rosto decepcionado de Luiz Otávio, me desliguei totalmente do trabalho e liguei para Marco decidido a fechar logo essa sociedade, sabia no fundo que estava pouco me fodendo para ser sócio desse estabelecimento e que só o simples fato de ter aquele específico garçom lá, já era um bônus muito grande.

Passei o restante do dia terrível, não tive mais vontade de continuar na empresa, tenho que confessar que essa situação está me deixando indignado, fui para casa e me deixei relaxar com um bom vinho. Quando deu o horário marcado por Marco, cheguei no restaurante e involuntariamente corri os olhos por todo lugar. E lá estava ele com o sorriso e postura profissional que todos os garçons tem, não me deixei levar e caminhei com Marco até seu escritório.

Não posso mentir e dizer que prestei atenção no conteúdo da reunião, minha mente maldita estava em outro lugar, falei o que tinha que falar, assinei onde tinha que assinar e sair. Ao chegar no salão a cena que vi me fez enlouquecer, tinha um bastardo com as mãos imundas em Luiz Otávio, o seu desconforto era bem nítido, não pensei em nada, meu corpo e mente estava condicionado a afastar o bastardo.

Depois que eu conseguir livrar Luiz Otávio do aperto do infeliz me virei para encara-lo, e passei meus olhos rapidamente na mesa e me sentei na cadeira vaga.

- Agora é você e eu. Nunca mais, ouviu bem, nunca mais encoste suas mãos nojentas no meu piccolo. – Meu piccolo? De onde isso saiu não sei e também não é hora de descobrir. Voltei minha raiva ao pervertido.

- Não estou entendendo o seu interesse em um simples garçom Filippo. - Disse Vasconcelos cruzando os braços.

- Para você é senhor Aandreozzi, mas se não quiser parecer menos formal pode ser Aandreozzi. - Falei casualmente fazendo ele endurecer no lugar. - Voltando ao assunto, o meu interesse em qualquer coisa que seja não lhe diz respeito.

- Então o meu interesse em foder um simples garçom, não tem nada a ver com você. Se já falamos tudo eu tenho que ir. - Quando ele tentou se levantar eu joguei novamente na cadeira. E foda-se a calma!

- Vou lhe dizer uma vez, e você ficará bem quietinho bastardo infelice. - Falei entre dentes fazendo o mesmo se assustar. - Se você assediar mais algum funcionário nesse estabelecimento eu pessoalmente serei encarregado de acabar com sua empresa, ela vai afundar e você não vai nem perceber. Mas não se engane com minha boa vontade, pois se você falar, fizer qualquer coisa ou tocar em Luiz Otávio eu acabarei com sua vida. SIM! Não me olhe com essa cara, até eu estou surpreso com a minha atitude. Assedie ele novamente e será um homem morto.

- Você não pode vir me ameaçar assim sem mais nem menos. Entenda que você está chegando agora. – Disse com os punhos fechados com muita força.

- Ora meu caro Vasconcelos, é por isso mesmo que você tem que fazer o que eu estou lhe propondo. – Falei recostando minhas costas na cadeira.

- Não entendi onde você quer chegar.

- Estou a pouco tempo no Brasil, sendo assim você não me conhece e não sabe o que eu sou capaz. – Disse calmamente, quando ele ia falar mais alguma coisa eu levantei a mão o impedindo. – Poupe-me palavras vagas e desnecessárias. Tenho dito, fique longe. Não seja um pervertido e sua vida e empresa ficaram intactas.

Pedir licença e levantei da cadeira sobre o olhar assustado de Miguel Vasconcelos, sair do restaurante e peguei meu carro, fiquei sentado esperando Luiz sair, não sei quanto tempo fiquei lá parado, em um certo tempo o vi sair sem seu habitual uniforme e com uma bolsa nos ombros, não perdi tempo e fui ao seu encontro.

- Boa noite Luiz Otávio! Como está se sentindo depois do inconveniente. - Falei o fazendo pular.

- Boa noite senhor, desculpe não tinha visto o senhor chegar. - Disse e soltou a respiração.

- Obrigado por intervir, mas eu já estou acostumado com esses tipos de comportamento de clientes.

- Você sabe que aquilo é assédio sexual e que poderia muito bem denunciar. - Disse severamente.

- Não há necessidade disso senhor, se eu fosse denunciar a cada cliente que fizer isso. - Falou timidamente.

- Isso acontece com frequência? - A irritação nas minhas palavras era evidente.

- Olha senhor, para nós pobres assalariados que ficam frente a frente a certos tipos de cliente é bem normal isso acontecer, posso te dizer que estou acostumado. - Falou soltando um risinho sem graça e tenho certeza que estou fazendo cara de bobo.

- Certo você quer carona para casa? - De onde saiu isso? Não tenho a mínima ideia. Esse não sou eu.

- Não há necessidade tenho minha moto e estou esperando uma pessoa. - Disse olhando para baixo.

- Quem é essa pessoa? - Fui chegando mais perto dele, a cada passo que eu dava ele tentava andar para trás.

- O que o senhor está fazendo? - Perguntou sussurrando.

- Não faço a mínima ideia, mas não consigo me controlar. Isso está me deixando louco. - Falei encarando descaradamente sua boca rosada e vi o quanto estava com vontade de beijá-lo.

- O senhor não pode fazer isso... Isso está errado. - Percebi que seu corpo estava quase entregue e isso me deixou com o pau muito rígido.

- Não importa, eu sei quando quero algo.

- Caraca Luti! Estou cansadão hoje irmão, bora pra casa? - Disse uma voz fazendo eu me afastar abruptamente.

-Vamos sim Beto, eu só estava te esperando - Falou desnorteado assim como eu estava, mas me recuperei rapidamente.

- Então beleza. Opa! Boa noite senhor. Está perdido? - Perguntou o cara que se não me engano é o manobrista.

- Boa noite, licença tenho que ir. - Disse virando e saindo.

- Senhor Aandreozzi, espera! - Parei mas continuei virado de costas. - Não sei o que está acontecendo conosco, mas seja o que for só queria que o senhor soubesse que eu também estou sentindo isso. - Sentir um toque bem leve nas minhas costas e fez meu corpo inteiro se arrepiar.

- Meu nome é Filippo, me chame assim.

Não dei o trabalho de falar nada e nem olhar para trás, sair e entrei no meu carro. Cheguei em casa procurando não pensar em nada do que foi dito ou sentido. Verificando meu celular percebi que tem ligações de Enzo meu irmão, tenho que retornar senão ele pegaria o jato da família e estaria aqui em dois tempos, não só ele como Lucca e Luna também.

- Perché non rispondere alle mie chiamate Lippo (Porque não atendeu minhas ligações Lippo?) - Perguntou Enzo assim que atendi.

- Buona sera a voi troppo fratello. (Boa noite para você também irmão.) - Falei seriamente.

- Ahh .. Cazzo Bastardo! (Ahh.. Foda-se Bastardo!) - Disse Enzo irritado que quase me fazendo rir. - Vuoi sapere chiamerò gli altri e non spegnere (Quer saber vou ligar para os outros e não desligue.)

É muito normal essa preocupação que nós temos uns com os outros, crescemos no meio de constantes ameaças. Quando cada irmão decidiu seguir seu rumo em país diferente papai quase surtou, mamãe ameaçou se matar, foi uma confusão daquelas, nonna ficava rindo de todo drama. Depois de muita luta, muita promessa e gastos desnecessários com jatinhos, conseguimos seguir adiante com nossos planos, mas era fundamental seguir todos os protocolos de segurança e atender sempre o chamado da família. Mesmo sendo eu o mais velho e totalmente independente, para minha família isso não existe.

Depois de um tempo esperando na linha, a conferência feita por Enzo com todos os irmãos concluídos. Meus ouvidos foram carregados com diferentes línguas faladas ao mesmo tempo.

- Inferno, parem de falar ao mesmo tempo e com línguas diferentes! Como eu sou o mais velho eu escolho, vamos falar em português. - Disse muito sério sem dar a chance para ninguém questionar.

- Não fique se achando o velho, porque Enzo é só meses mais novo que você. - Diz Lucca me provocando. Já disse que eles não me respeitam?

- Obrigado irmãozinho me poupou uma fala. - Não preciso nem dizer quem é. Enzo quando quer sabe ser chato.

- Por favor parem com isso estamos perdendo tempo. O que aconteceu com você que não atendeu o celular Lippo? - Perguntou a princesa da família, tão doce, mas não se engane ela sabe bater como ninguém.

- Não aconteceu nada, eu simplesmente esqueci o aparelho em casa. - Falei sem interesse e percebi que a ligação ficou muda por algum tempo. - Ei irmãos ainda estão na linha?

- Deixa ver se eu entendi. Você Filippo Aandreozzi, o filho de Donatello mais parecido com ele e mais controlador que existe, logo você está nos falando que esqueceu o celular, celular esse que você nunca desgruda, deixou em casa. Só isso? - Perguntou Enzo usando uma sutileza que eu sei que não tem.

- Sim, isso não tem nada demais! Só esqueci a porra do celular em casa. - Disse quase gritando.

- A situação está complicada, estamos esperando ir te ver na semana do seu aniversário, mas estou vendo que teremos que adiantar. - Falou Luna apressadamente. E percebi que tinha esquecido que meu aniversário é daqui a algumas poucas semanas. Não ligo nada para essa data, mas minha família jamais me deixaria sozinho.

- Como? Não! Se vocês vierem antes mamãe vai achar que tive algo. - Falei com impaciência.

- Pode falar o que há irmão? - Perguntou-me Lucca em um tom baixo.

- Isso deve ser mulher, não sabe como o irmão mais velho adora foder uma bucetinha nova. - Diz Enzo com malícia e isso fez meu corpo entrar em alerta.

- Pare de falar besteira Enzo, nem todo mundo é um canalha como você. - Falou Luna irritada.

- Desculpa irmãzinha esqueci que você estava na linha.

- Tudo bem, vamos mudar de assunto. Estaremos aí o quanto antes Lippo e sem carranca, xingamentos, brigas, e frieza, sabe muito bem que com a gente não cola isso. -  Falou Luna decidida, só me fez soltar um suspiro. Posso falar o que for mas sei que meus irmãos me fazem falta.

- Ok! Qual o assunto que você queria falar Lu? - Perguntei tentando mudar o foco de mim.

- Haaa.. Isso quem vai falar é Zuco. Ele sabe a mais nova de nonna. - Zuco é o apelido que Luna chama Enzo desde pequena.

- O que foi que nonna aprontou dessa vez? - Perguntou Lucca apreensivo como todos nós ficamos quando se trata de nossa avó

- Bem, nonna se inscreveu para fazer aulas de Pole dance.

- O QUÊ? - Um coro gritando foi se ouvido. Eu não poderia imaginar que vovó quer fazer uma coisa dessas.

- Oh, mio ​​Dio! Papai deve estar em tempo de morrer. Ele odeia quando nonna inventa essas coisas. - Luna falou soltando um suspiro.

- Não me lembre viu, vocês deveriam estar aqui para ver a gritaria desses dois. Nonna Francesca dizendo que pole dance vai deixar o corpo dela durinho, papai dizendo que o que caiu não sobe mais, mamãe desmaiando à toa para parar a briga. Vive un inferno sulla terra! (Vivi um inferno na terra!)

- Enzo você fez o que para parar a briga, porque nós sabemos que se não intervir eles continuam. - Perguntou Lucca.

- Nada demais, só disse que ao nosso pai que quando eu for ver Filippo levarei nossa amada vovó comigo. - Falou o miserável com ar de riso.

- NÃO! Você não pode fazer isso, sabe que o esporte preferido de nonna é me atormentar. - Falei apertando bem minha mandíbula de raiva.

- Você e papai são tão parecidos, deixa nossa avó ficar um pouco com você. - Falou Luna risonha.

- Por que não você Luna ou até mesmo você Lucca? - Perguntei já sabendo a resposta e ouvindo os três rirem.

- Perché avete bisogno di un po 'più di amore (Porque você precisa de um pouco mais de amor.) - Disse os três em uníssono. Essa é maldita frase que vovó sempre fala para me provocar.

- Muito engraçado, mas eu tenho mais o que fazer do que ficar conversando com vocês.

- Tudo bem Filippo, você pode até ser esse chato. Somos seus irmãos e percebemos que você está estranho. - Falou Lucca

- Falando em estranho soube por papai que a louca da Antonella foi procurar mamãe no escritório dela. - Disse Enzo e já percebi que ele ficou sério, todos meus irmãos odeiam Antonella.

- O que essa cagna (vadia) foi querer com nossa mãe?! - Perguntou Luna.

-Não já sabe! Cobrar o bendito casamento que não vai existir. - Falei com o ar cansado.

- Já te falei antes e te digo novamente foi bom você parar de foder com essa mulher. - Disse Lucca.

- Ela veio me atormentar aqui, eu simplesmente a mandei embora. Deve ser por isso que ela foi fazer queixa a nossa mãe.

- Verdade irmão! Agora me diz quem é a vadia da vez. - A imagem de Luiz Otávio veio na minha mente e isso me irritou profundamente.

- NÃO HÁ NINGUÉM! Mesmo se tivesse não te diz respeito.

- O caso está sério, vamos aparecer o quanto antes Lippo. - Falou Luna o que me fez revirar os olhos.

- Tudo bem, vou preparar o quarto de vocês. - Mesmo que eu diga que não eles vão vir de qualquer maneira.

- Te amamos, para tudo e por tudo! - Disse Enzo.

- Eu sei também amo vocês.

Desliguei a ligação com meus irmãos e seguir para meu quarto. Nunca me questionei em gostar de ficar sozinho, sempre adorei a solidão ela me ajuda ter a concentração que tanto necessito, mas pela primeira vez não estou querendo ficar sozinho. E para piorar tudo, espero ansiosamente a vinda da minha família louca para minha casa. O que está acontecendo comigo? Eu definitivamente não sou assim.

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Espero que gostem..

Tenho que confessar que estou me divertindo horrores. 

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Beijo GIGANTE!

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