CAPÍTULO 27
Phillip encara Ayden com um sorriso provocador no rosto e só consigo imaginar que uma catástrofe está por acontecer.
Em uma última tentativa de acalmar as coisas, seguro o braço do meu namorado que não afrouxa o aperto por um segundo sequer.
— Ayden já chega, você acabará sendo expulso. - Sussurro no seu ouvido, mas ele nega com a cabeça.
— É Ayden, escuta a ruivinha. Ela sempre foi a voz da razão mesmo. - Phillip provoca e a fúria invade o corpo de Ayden outra vez.
— Phillip, por uma vez na vida, cala essa maldita boca! - Grito e ele solta uma gargalhada.
— Então a gatinha na verdade resultou sendo uma leoa. - Olha diretamente nos meus olhos e franzo o cenho.
Esse não é o Phillip que eu conhecia.
— Escuta aqui seu merda, não a chame de ruivinha, não chegue perto dela, sequer pense nela, entendeu? - Ayden ameaça com uma voz sombria e sinto meu corpo estremecer. O que deu nele? Jamais o vi assim tão alterado.
Olho ao redor e percebo que um grupo de curiosos se reúne ao redor e cochicham entre eles. Bando de desocupados.
Puxo novamente o braço de Ayden, mas seus músculos são duros como pedra e não consigo movê-lo nem um centímetro.
O desespero começa a me invadir e procuro meu celular outra vez na bolsa, suspirando de alívio ao finalmente encontrar o aparelho, no entanto, o sentimento volta com força ao perceber que ele está completamente descarregado.
Mas que droga!
De repente escuto uma voz conhecida pedindo permissão para passar e Karen aparece no meu campo de visão.
Ótimo, era só isso que faltava.
— Ayden, ficou maluco? - Grita dando um tapa no ombro do garoto e Phillip a observa atentamente ainda sob o aperto que na verdade nem parece incomodá-lo. Ela se aproxima do seu ouvido e começa a dizer algumas coisas que parecem surtir efeito e Ayden finalmente libera Phillip.
A cena a seguir passa diante de mim em câmera lenta.
Karen envolve seus braços no corpo de Ayden, que devolve o abraço e assim ficam por alguns minutos.
Não consigo deixar de ver tudo e Phillip aproveita para apertar ainda mais a ferida.
— Está vendo, ruivinha? Te disse que uma hora ou outra ele ficaria entediado com você. - Sussurra no meu ouvido e meus olhos se enchem de lágrimas.
Preciso sair daqui.
Me viro sem que eles percebam e caminho até a saída da faculdade, rezando para que algum ônibus passe, não importa o destino.
Só quero ir para bem longe.
Não consigo evitar o ciúme que me assola cada vez que lembro do fato de que Karen foi a única que conseguiu controlar Ayden, que ela de alguma forma sabe as palavras certas a dizer e eu apenas servi para provocar toda essa maldita cena ridícula.
As lágrimas caem livremente pelo meu rosto e não dou a mínima se me vêem chorando ou não.
Sinto meu peito se apertar ao perceber que apesar de estar namorando com Ayden, eu realmente quase não o conheço, mas isso não impede meu coração de desejá-lo com força.
— Lily! - Escuto um grito quando estou quase chegando no ponto de ônibus.
Continuo caminhando e resistindo à tentação de me virar.
Seguro minha bolsa com força com uma mão e limpo as lágrimas com um lenço de papel com a outra.
— Lily, por favor! - Ayden insiste, mas não quero conversar com ele no momento, no entanto, sei que ele não se dará por vencido.
— Me deixa sozinha... - Resmungo e ele segura meu braço delicadamente.
— Linda só me escuta, por favor. - Persiste e me viro furiosa.
— Você quer que eu te escute? Há minutos atrás eu implorei para você parar e você não deu a mínima, mas quando Karen chegou, ah, foi como um passe de mágica! - Grito e ele coça o pescoço envergonhado.
— Não é o que está pensando...
— E o que eu estou pensando Ayden? Me diz, porque estou perdida. - Murmuro e as lágrimas caem novamente. Caminho para longe mas ele me alcança em segundos.
— Por favor, não faça isso. - Tenta me abraçar, mas me afasto chateada.
— Não fazer o quê? Não ficar brava com o fato de que eu praticamente nem fiz diferença?
— Você sabe que isso não é verdade Lily. - Diz ofendido e me arrependo imediatamente.
— O que quer de mim Ayden? - Abro os braços desesperada.
— E-eu já te disse que não tive um passado tranquilo. Não consigo te contar ainda... só favor não desista de mim. - Murmura com a cabeça baixa e balanço a cabeça. Me aproximo do seu corpo e toco seu rosto suavemente.
— Eu não vou desistir de você, é só que sinto que você não confia em mim o suficiente e ver Karen te controlando e te abraçando mais cedo só piorou as coisas. - Confesso e ele arregala os olhos.
— Me desculpa, eu não sei o que deu em mim. Quando me contou o que Phillip fez com você, a única coisa que passou pela minha cabeça foi arrebentar a cara daquele idiota. - Ressopra e nego outra vez.
— Você não pode resolver as coisas assim. Não parou para pensar nas consequências? - Repreendo-o e ele se encolhe. — Não pensou no que eu faria se acontecesse algo com você? Em como eu me sentiria culpada? - Continuo e ele respira fundo. — Só me deixa sozinha por hoje, amanhã conversamos com a cabeça fria. Angel deve estar te esperando. - Murmuro e agradeço aos céus por um ônibus aparecer bem na hora.
Sem me despedir, passo pela porta enquanto Ayden observa tudo calado. A tristeza no seu olhar me faz sentir um aperto na boca do estômago, mas não quero continuar brigando.
Fico rodando pela cidade por algumas horas, até que começa a anoitecer e acho melhor voltar para casa.
Como o ponto fica a algumas quadras, aproveito para caminhar um pouco e tentar me acalmar.
Quando chego no dormitório, coloco meu celular para carregar e me surpreendo ao ver um rio de ligações e mensagens.
Não quero lidar com isso no momento, então tomo um banho demorado, deixando a água morna escorrer pelo meu corpo, relaxando meus músculos e me fazendo esquecer nem que seja por alguns instantes de tudo o que aconteceu hoje.
Depois de me secar e colocar um pijama confortável, pego o celular para responder todas as mensagens.
Escrevo primeiro para as meninas, avisando que estou bem, depois para mamãe explicando que fiquei sem bateria e por último, com o coração batendo rápido, abro o chat de Ayden.
Começo a ler tudo o que ele colocou e meus olhos se enchem de lágrimas outra vez.
" Olá Lily, eu sei que você pediu para te deixar sozinha, mas eu realmente não consigo. Só de pensar que eu posso ter estragado tudo, sinto meu coração pesar e me sinto um enorme filho da puta.
Você tem razão, eu não devo resolver as coisas daquela maneira, mas eu vi o medo no seu olhar quando pensou que era Phillip quem estava te abraçando e depois que me contou o que tinha acontecido, minha visão ficou vermelha de ódio e não pensei direito, eu... eu não quero justificar a forma como agi, só quero que entenda que você se tornou tão importante para mim, que a única coisa que me importa é que você fique bem. "
Fecho os olhos assimilando cada palavra. É engraçado como posso inclusive sentir a dor dele em cada palavra.
"Eu confio em você com todo o meu coração, eu só não quero te contar tudo o que aconteceu porque tenho medo de que você me deixe ao saber das merdas que eu fiz.
Você é uma pessoa cheia de luz e eu fui escuridão.
Eu mudei, evoluí e me tornei alguém que possa chegar a merecer ser amado, mas houve um tempo em que as coisas eram muito diferentes e Karen esteve comigo nesses dias, me ajudou a sair dessa escuridão, não posso simplesmente me esquecer disso, seria muito egoísmo da minha parte."
Conforme vou lendo suas mensagens, fico mais e mais desesperada para saber o que aconteceu com ele. Não quero pressioná-lo a me dizer nada, porque deve ser algo difícil para ele, mas ficar nessa incerteza me deixa ansiosa e temerosa.
" Por favor, me responda quando ler essas mensagens, preciso saber que você está bem..."
Ele deve estar bastante preocupado, pelo que decido enviar algo.
Escrevo várias coisas no aplicativo, mas acabo apagando tudo antes de enviar.
Fico assim durante alguns minutos até que o aparelho começa a vibrar e o nome do contato de Ayden aparece na tela.
Será que ele estava com o celular nas mãos esse tempo todo?
Debato por alguns segundos até que finalmente atendo a ligação.
— Eu estou bem, Ayden. Não precisa se preocupar. - Digo antes mesmo que ele possa se pronunciar.
— Lily? - A voz que sai pelo aparelho não é nada parecida com a de quem eu esperava.
— Karen? Aconteceu alguma coisa? - Questiono preocupada e ela demora alguns segundos para responder.
— Eu não sei o que você fez, mas Ayden saiu e não levou o maldito celular. Sua mãe está preocupada e não tenho ideia de onde encontrá-lo, pensei que ele pudesse estar com você. - Um tremor percorre todo o meu corpo ao escutar essas palavras e me sinto terrivelmente culpada.
— E-ele não está comigo, Karen... - Sussurro preocupada sentindo um gosto amargo na boca.
— Se algo acontecer com ele, eu acabo com você. - Diz antes de desligar o celular.
Fico alguns segundos olhando para a tela preta. O que deu nessa garota?
— Onde você se meteu, Ayden? - Murmuro para mim mesma, enquanto coloco uma roupa decente para sair.
Como Tamara é a única que tem carro, ligo para ela pedindo ajuda e ela me acalma dizendo que chegará em minutos.
Vou até a porta para esperá-la, sentindo meu mundo desabando a cada segundo que passa.
Dirigimos pela cidade em uma tentativa de encontrá-lo, mas a cidade é enorme, é como procurar uma agulha em um palheiro.
Passamos pelos lugares que conhecemos, praças e até por alguns restaurantes.
Acabo lembrando do dia que fomos jantar e Ayden encontrou o pai dele. Ele ficou tão abalado e... caramba! Como não pensei nisso antes?
De repente um click soa na minha cabeça.
— Já sei onde ele pode estar! - Grito arrancando um palavrão de Tamara que se assustou.
Explico para ela como chegar no lugar e pegamos o rumo imediatamente.
Durante todo o caminho, meu coração bate rápido carregado de esperança e peço a todas as divindades que ele esteja lá.
— Chegamos. - Minha amiga sussurra estacionando em um lugar qualquer.
Suspiro aliviada ao ver a moto de Ayden estacionada e corro pelo parque procurando-o desesperada.
No dia que ele brigou com o pai, viemos para cá.
Como está escuro, demoro um tempo para avistar sua silhueta parada no beiral do morador.
Ele está parado observando a cidade embaixo de nós.
— Ayden? - Digo me aproximando lentamente.
Ele não responde nada, mas percebo que suspira profundamente.
— Ei... está tudo bem. - Seguro seu rosto e o aproximo do meu, beijando suavemente sua boca. — Não faça mais isso! Você nos deixou preocupadas! - Ralho e ele fecha os olhos encostando sua testa na minha.
— Eu te amo Lily e não quero te perder. Você é o único pelo qual eu me levanto todos os dias.
NOTA DO AUTOR
Bom diaaaa amoressss! Alguém pediu capítulo polêmico? Por que esse de hoje está que arde kkkkk
Espero que tenham gostado, não se esqueçam de votar e comentar viu!
Amo vcs 😍
Bjinhosssssss BF ❣️
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