CAPÍTULO 25
Estamos de ida até a casa de Ayden para almoçar e não preciso dizer que estou super nervosa.
Sua mãe é um amor, mas mesmo assim fico morrendo de vergonha, ainda mais por ela saber que eu e o seu filho bem... que nós dormimos juntos.
Sinto uma mão na minha perna e fico um pouco mais tranquila.
É incrível como apesar de nos conhecermos há pouco tempo, Ayden sabe exatamente o que estou sentindo.
É uma conexão que nunca havia experimentado com ninguém, nem mesmo com Phillip.
— Se prepare para comer até estufar, mamãe tem uma mania de cozinhar para um batalhão. - Sua voz me traz de volta e sorrio com o dado.
Mamãe também tem o mesmo costume e sinceramente, eu nunca reclamei. Comer é vida.
— Bom, a comida dela é deliciosa, então por mim está perfeito. - Brinco e ele segura minha mão levando-a até os lábios e beijando suavemente minha pele. Meu corpo inteiro se arrepia apenas com esse toque e penso em como apenas sua proximidade me afeta.
Viajamos por mais alguns minutos até que finalmente chegamos na sua casa.
Descemos do carro de mãos dadas e nos dirigimos até o jardim que fica atrás da casa.
Segundo Ayden é aí que eles almoçam cada domingo, meio que uma tradição familiar.
Isso me deixa pensando se essa tradição existia antes de que seu pai os abandonasse ou se foi criada depois. É bem provável que seja a segunda opção, caso contrário ele não ficaria tão alegre assim.
Conforme vamos entrando, escutamos vozes e uma música de fundo bem parecida a um jazz tranquilo.
Uma risada gostosa retumba no ar e tanto Ayden quanto eu sorrimos.
— Angel. - Sussurramos ao mesmo tempo.
Outra risada reverbera e meu sorriso se desfaz imediatamente.
Não estou acreditando nisso.
Ayden me lança um olhar tão surpreso que entendo na mesma hora que ele não sabia que Karen viria.
— Lily não fui eu que a convidei. - Solta e balanço a cabeça.
— Tudo bem, provavelmente sua mãe a convidou e não ligo, afinal é sua casa, não minha. - Beijo seu rosto bem a tempo de sermos vistos por três pares de olhos.
— Lily, você veio! - Angel corre até ficar diante de mim e abraça minhas pernas.
Me ajoelho para ficar na sua altura e beijo sua bochecha rechonchuda.
— Estava morrendo de saudades, até parece que deixaria de vir! Acho que mereço um abraço não é mesmo? - Sussurro e ele envolve seus bracinhos no meu pescoço. Devolvo o abraço e depois de brincar um pouquinho com o garotinho, me levanto percebendo que Ayden e Karen sumiram.
Nego com a cabeça. Não vá por esse caminho Lily! Eles são amigos.
Para o meu alívio, a mãe de Ayden aparece e vou até ela.
— Obrigada por me convidar, Catarina. - Digo algo tímida e ela sorri me abraçando como se me conhecesse da vida toda.
Esse ato me faz lembrar de mamãe e do quanto sinto saudades dela.
— Ayden me contou que você mora aqui apenas para estudar, então você está convidada para almoçar todos os domingos com a gente, se quiser é claro! - Seu sorriso fica ainda maior e minha vontade é de chorar.
— E-eu adoraria. Obrigada.
— Você sempre será bem vinda, meu amor. Nunca vi Ayden tão feliz. - Diz baixinho como se estivesse contando um segredo. — Falando nisso, onde ele está? - Passa o olho pelo lugar e dou de ombros não querendo pensar em com quem ele está.
De repente ele e Karen passam pela porta e sua mãe observa tudo sem dizer nada.
Ayden me abraça por trás enquanto Karen me lança um olhar tão mortal que fico com medo.
— Oh não vi que tinha chegado querida! - Catarina abraça a amiga do filho e aproveito que elas estão distraídas conversando para averiguar o que foi esse sumiço.
Puxo Ayden para um lugar mais afastado e tento falar o mais baixo possível.
— Aconteceu alguma coisa? - Pergunto rezando para que ele não ache que estou com ciúmes.
— Eu só fui perguntar para Karen se ela tinha algo contra você. - Confessa e minha vontade é de lhe dar uns tapas.
— Não acredito que fez isso!
Levo os dedos até a minha testa tentando me acalmar.
— Lily, não precisa se preocupar. Karen me disse que está tudo bem. - Beija minha boca suavemente.
— Você não entende, amor. É agora que ela vai me odiar mesmo, porque sabe que eu sei que ela não gosta de mim e que eu falo disso com você! - Murmuro e ele franze o cenho confundido. — Só... não diga mais nada para ela okay? - Peço e ele concorda antes de voltarmos para a mesa.
O almoço fica pronto em minutos e todos nos sentamos para comer.
Catarina faz uma oração breve e posso sentir Karen me fuzilando com o olhar.
Engulo seco e espero que todos se sirvam antes de colocar um pouco de comida no meu prato.
Como já imaginava, está tudo maravilhoso e faço questão de dizer a Catarina como ela cozinha bem.
Percebo de soslaio que Karen faz uma careta e para sua infelicidade, Ayden também vê o mesmo que eu.
Ele levanta uma sobrancelha para a amiga que finge que não está acontecendo nada.
O resto do almoço corre bastante tranquilo, brincamos com Angel, corremos para todos lados e quando já está quase anoitecendo, resolvemos ver um filme e me ofereço para fazer pipoca de microondas.
Vou até a cozinha e procuro o pacote onde Ayden me indicou.
Retiro o plástico e coloco o envelope dentro do microondas selecionando os minutos indicados na embalagem.
Encosto no balcão esperando que passe o tempo até que Karen entra de repente indo até a geladeira e pegando uma garrafa de suco.
Estou super desconfortável e não consigo dizer nada.
Ela se aproxima de mim estendendo a mão para o armário e pega um copo. Antes de se afastar, escuto sua voz no meu ouvido e tenho que me controlar para não fazer besteira e arruinada tudo com Ayden.
— Você pode até achar que está com a vantagem, mas eu conheço um lado de Ayden que ele jamais vai te contar, por mais que ele goste de você. E sabe por quê? - Franzo o cenho sem responder nada. — Porque eu e ele passamos coisas que você não consegue nem chegar a imaginar. - Completa e abro a boca para mandá-la a merda, mas Ayden entra bem na hora.
— Está tudo certo por aqui? - Diz se aproximando de mim e beijando minha testa.
— Sim, amor. - Esfrego seus braços e o microondas apita indicando que a pipoca já está pronta.
Karen só falta soltar fumaça pela boca e Ayden a observa com uma expressão estranha.
Voltamos para a sala e damos play no filme. O clima está tão tenso que pode ser cortado com uma faca.
Não quero brigar com ele de novo então tento relaxar.
Agradeço aos céus quando o filme acaba.
— Será que você pode chamar um táxi para mim? Amanhã cedo tenho que apresentar um trabalho e acho melhor ir para casa. - Sussurro para Ayden que nega veementemente.
— Eu te levo Lily. - Ressopra e Karen pigarreia.
— Será que pode me levar também gatinho? - Meus olhos vão parar direto na sua mão que descansa na perna do meu namorado.
Mas quem essa garota pensa que é?
— Na verdade eu tenho outros planos com a Lily. Posso chamar um táxi para você se quiser. - Ayden solta surpreendendo tanto eu quanto Karen.
— Qual é Ayden, vai me deixar na mão assim? - Ela resmunga e escondo um sorriso.
Toma essa vaca!
— Hoje não vai dar pra te levar Karen, sinto muito. - O garoto se levanta, pega tudo o que está sujo e leva até a cozinha.
— Que seja. - Karen pega o celular e liga para alguém. — Estou na casa do Ayden, tem como você me buscar? - Resmunga impaciente. — Anda logo que eu não tenho todo o tempo do mundo não. - Pragueja e desliga o telefone.
Quando Ayden volta da cozinha, nos sentamos para esperar que quem quer que seja venha buscá-la.
No final das contas é seu pai quem aparece e me impressiona saber que ela o trata mal para caramba.
Karen se despede do amigo e entra no carro sem nem me dizer adeus.
— Vamos? - Murmuro e pego minha bolsa esquecida em cima do sofá.
— Okay. Só me deixa avisar a dona Catarina senão ela vai acabar me batendo. - Sai rapidamente da sala e desaparece.
Passam alguns minutos e nada de Ayden.
O que esse garoto está fazendo?
Me sento outra vez e acabo me distraindo com um jogo no celular.
Vinte minutos depois ele volta com uma expressão irritada.
— Vamos gata. - Puxa minha mão até a saída.
Durante todo o caminho de volta, Ayden não disse absolutamente nada o que me deixa preocupada.
Estacionamos na entrada do dormitório e tiro meu cinto de segurança. Ayden não faz nem menção de que vai descer.
— Está tudo bem? - Indago e ele nega com a cabeça.
— Sim, linda. - Responde aéreo.
— Okay, então nos vemos amanhã. - Beijo sua boca rapidamente e desço do carro.
— Lily espera. - Escuto sua voz aflita e paro de andar. Ele não fala nada por alguns minutos e nego com a cabeça.
Dou um pulo com o barulho da porta do carro se fechando e segundos depois, dois braços musculosos rodeiam meu corpo e respiro profundamente sentindo o peso desse abraço.
— Não vou poder ficar mais, mas não tem nada a ver com você okay? - Sussurra no meu ouvido.
— Não estava pensando isso, Ayden.
— Okay... te pego no mesmo horário amanhã. - Me viro e aperto seu corpo no meu. Beijo sua boca uma última vez e o empurro delicadamente até o carro.
Espero ele ir embora para entrar no dormitório indo direto até o banheiro.
Tomo um banho rápido e me deito para dormir.
Imagens do almoço e das expressões de Karen me atormentam durante todo o meu sono e uma voz diz que tenha cuidado com ela, uma e outra vez.
Acordo com o som estridente do alarme e me arrumo sem vontade.
Saio até a porta para encontrar Ayden estacionado no lugar de sempre, mas agora ele está com a moto novamente.
O cumprimento com um beijo e partimos para a faculdade no mesmo clima estranho de ontem.
— Então a vaca foi até o almoço? Mas que sem vergonha! - Rachel exclama dando um tapa na própria perna.
— A mãe dele convidou ela, acho que ela não sabe como a Karen é realmente. - Resmungo comendo um pedaço da barrinha de cereais que Lucy me deu.
— Pode até ser, mas essa vaca maldita só pode estar querendo roubar seu homem. - Tamara contesta e solto uma risadinha.
— Ele não é meu homem e para ser sincera, acho que nem Ayden sabe como a Karen pode ser uma naja. - Continuo jogando a embalagem vazia no lixo.
— E isso é ainda pior. Se essa garota fizer alguma coisa com você, é só nos chamar que vamos correndo, entendeu? - A morena ameaça e meu coração se alegra um pouquinho que seja. Quem tem amigas assim, tem tudo.
Acabamos o nosso lanche improvisado bem a tempo de escutar nosso nome sendo chamado pelo professor.
Respiramos fundo e colocamos em marcha nossa apresentação.
A manhã passa voando e graças aos céus fomos super bem no trabalho.
Só não tiramos nota máxima por conta de Lucy que é tão tímida que quase não conseguiu falar a sua parte. Tentamos distrair o professor quanto a isso, mas ele não deu o braço a torcer.
No final das contas nem ligamos, Lucy é um amor e não é sua culpa realmente.
Caminhamos até o restaurante para almoçar enquanto conversamos sobre a apresentação de mais cedo.
Meu celular começa a tocar e o procuro na bolsa sem deixar de caminhar até que acabo batendo de frente com alguém.
— Caramba, me descul... - Paro de falar ao ver o rosto de Phillip me encarando com um sorriso no rosto.
— Está tudo bem, Ruivinha. Não foi nada.
Mas que droga, por que ele insiste em me chamar assim?
— Okay... - Contorno seu corpo para acompanhar minhas amigas, mas ele segura firme no meu braço me impedindo de passar.
— É assim que vai ser? - Pergunta ferido.
— Já conversamos sobre isso, Phillip. Me solta. - Puxo meu braço, mas o maldito é bem mais forte do que eu.
— Lily, eu quero que as coisas voltem a ser como antes. - Sussurra. — Sinto saudades de você, de nós... - Seus olhos se enchem de lágrimas e tento impedir meu coração de não sentir pena por ele, afinal fomos amigos durante tantos anos.
— Escuta aqui seu loiro oxigenado, nem venha com essa cara de cachorro arrependido que com a gente não cola. Se toca, a Lily já está em outra. - Tamara rosna para o garoto que sorri preguiçoso.
— Você continua sendo a mesma né Tammy, ainda sinto seu cheiro delicioso no meu quarto, sabia? - Phillip diz tão próximo da minha amiga que bastaria apenas um movimento para que eles se beijassem.
Arregalo meus olhos ao processar o que ele acabou de dizer e tanto Rachel quanto Lucy estão com a boca tão aberta que só faltam babar.
O som do tapa no rosto de Phillip chega fazer eco, rompendo o silêncio que sua declaração causou.
— Eu não sei o que tinha na cabeça quando dormi com você, seu verme. Fico com pena da Kat por namorar alguém tão imprestável. Deixe em paz a Lily ou juro que dá próxima vez não vou pegar tão leve com você. - Tamara diz enraivecida.
Phillip tem a cara de pau de sorrir para ela antes de finalmente entender o recado e ir embora.
Continuamos nossa caminhada até o restaurante em silêncio, cada uma no seu mundo e provavelmente todas pensando no fato de que Tamara dormiu com Phillip.
Quando estamos quase chegando, ela segura no meu braço e me olha envergonhada e amendrontada ao mesmo tempo.
— Lily quando eu dormi com aquele idiota, eu não sabia que você gostava dele...
— Ei não precisa se preocupar, eu não ligo para isso. Agora estou com Ayden e é isso que importa, além do mais de qualquer jeito o Phillip nunca gostou de mim romanticamente, então não faz nem diferença. - Tranquilizo-a e nos abraçamos sendo acompanhadas das outras duas malucas em um abraço quádruplo.
— Eu amo vocês meninas, obrigada por estarem sempre do meu lado. - Digo sentindo as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
De repente todas começam a chorar e segundos depois começamos a rir como hienas, lembrando do tapa que Tamara deu no idiota loiro.
Entramos no restaurante entre risadas e cochichos, atraindo a atenção de alguns alunos que almoçam ou pelo menos tentam almoçar com o tempo escasso.
Compramos nossa comida e nos sentamos na mesa de sempre, comendo e conversando ao mesmo tempo.
Ayden aparece alguns minutos depois e se junta a nós, se sentando do meu lado beijando meu rosto e colocando sua mão em cima da minha perna.
Contamos o ocorrido e posso ver que ele só falta querer esganar Phillip.
— Cuidado Tamara, que ele pode querer revidar. - Diz e minha amiga balança a mão como se não fosse nada.
— Ele que se atreva. - Declara levando um enorme pedaço de carne à boca.
— Só tenha cuidado amiga, sério. - Lucy concorda e todos balançamos a cabeça.
Acabamos conversando sobre outras coisas até que sem pensar, levo minha mão até o pescoço e toco o colar que ganhei.
— O que é isso? - Rachel praticamente grita, puxando minha mão para revelar o pingente.
— É um colar oras. - Digo me fazendo de boba.
— Eu sei que é um colar sua boba... oh é um coração, que fofo. - Fala com uma voz manhosa.
— Sim, foi um presente, de Ayden. - Confesso e escuto um coro de "oh".
— Você é um fofo garoto! - Lucy diz para ele e pela primeira vez vejo seu rosto ficar vermelho igual um pimentão.
— Okay, já chega de falar assim com ele, senão vão descobrir que ele não é o bad boy que aparenta ser. - Brinco e ele dá um tapinha na minha perna.
— Engraçadinha. - Rouba um beijo e as meninas só faltam se derreter. — Falando nisso, eu esqueci de te dizer uma coisa. - Sussurra no meu ouvido. — Mandei escrever algo atrás do pingente. - Revela e imediatamente pego o coração e dou a volta lendo a frase sentindo meu peito se encher com cada palavra.
"Meu coração é seu."
NOTA DO AUTOR
Bom dia amoresss espero que gostem do capítulo, não se esqueçam de votar e comentar!
Uma linda terça feira para todos, beijinhossss
BF ❤️
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