》Prólogo 《


O cenário se desenrola diante dos nossos olhos, com uma grande nuvem de fumaça negra que sobe no horizonte, emanando da distante fábrica de tecidos em chamas. 

A floresta Amazônica exuberante e imponente, fornece um contraste impressionante para essa visão perturbadora.

No coração da densa floresta, um grupo de heróis embarcou em uma missão para desmantelar o tráfico de trabalho escravo em uma fábrica de tecidos. Enfrentando perigos, e confrontos mortais, os heróis conseguiram libertar as vítimas da opressão.

Maicon, era a liga que unia o grupo heterogêneo, habilidoso em artes marciais e armado até os dentes, tinha um objetivo pessoal: resgatar Helena, sua esposa. Sua destreza nas artes marciais combinada com precisão letal o tornava uma força a ser reconhecida.

Cristina, a chefe de polícia, apoiava Maicon, utilizando sua própria habilidade afiada com a arma para garantir a segurança do grupo.

Joe, com sua câmera em mãos, era o olhar atento da missão, registrando cada momento crucial para documentar as atrocidades e a vitória contra o tráfico. 

Charles, foragido da justiça e leal amigo de Maicon, era voraz e destemido. Sua abordagem implacável eliminava os oponentes sem piedade, consolidando-se como uma peça vital no quebra-cabeça da missão.

Luma foi o guia que manteve o grupo seguro por caminhos mais rápidos  através da densa vegetação, antecipando aos movimentos dos inimigos e permitindo que todos ficassem ocultos quando necessário. Habilidoso no uso de arcos e facões, seu conhecimento em sobrevivência fez com que ganhasse o respeito e admiração de todos.

Cada membro do grupo, com suas habilidades únicas, contribuíu para a sinergia que levou à vitória parcial, mas não sem custos.

Na densa floresta Amazônica, próximo a uma pequena estrada de terra, Maicon estava sentado no chão, o corpo sujo e machucado encostado em uma das muitas árvores da densa floresta.

Seus olhos, pesados e sonolentos, começaram a se abrir com uma lentidão delicada, como se tivessem sido cobertos por uma névoa. Sua fragilidade era reconhecível. 

O zunido em seus ouvidos começou a diminuir, dando lugar ao som da floresta ao seu redor – o canto dos pássaros, o zumbido dos insetos e o farfalhar das folhas.

 Com esforço, ele olhou ao redor, tentando entender onde estava.

Enquanto ele recobrava a consciência, ouviu vozes alegres e vivas, provenientes de um grupo de mulheres há pouco libertadas do trabalho escravo da fábrica. Elas se reúniam debaixo das árvores, vestindo roupas simples e coloridas que contrastavam com o verde exuberante ao redor. Seus olhares são cheios de esperança e solidariedade, e suas vozes ecoavam na floresta.

Logo seu olhar é atraído para o meio da estrada, onde um guarda gordo e distraído, operava um pequeno controle remoto. Seus olhos estão fixos na fábrica em chamas ao longe, capturando a cena em meio ao caos. 

“ Onde estou?!” 

O homem se questiona, perdido, e faz um esforço hercúleo para se levantar, buscando apoio no tronco sólido do arvoredo, mas suas pernas tremem com fraqueza, e ele cai de volta ao chão. A dor se espalha por seu corpo, e ele franze a testa em agonia.

Uma das mulheres, rápida e determinada, corre para ajudá-lo, segurando-o com firmeza. Seus olhos refletem preocupação e compaixão, ela diz olhando em seus olhos: 

— É melhor ficar quieto aí!

Com urgência em sua voz, grita pelo guarda. O nome surge num estalo em sua mente confusa: 

- Joe! Que diabos estamos fazendo parados aqui? Temos que resgatar Helena! - O rosto delicado de sua esposa também vem em sua mente, seguido de seu propósito por estar ali. As memórias retornavam aos poucos. 

Joe responde com um alívio perceptível em sua expressão:

- Finalmente, você acordou! A situação está terrível. A fábrica está em chamas, e quando o fogo encontrar os cilindros que Cristina descobriu no subsolo, tudo explodirá! - Ele faz um gesto de explosão para enfatizar o perigo iminente. - Graças a Deus que ela me deu a missão de auxiliá-lo para chegarmos até aqui e escapar daquele inferno. Você deve sua vida ao luma que te carregou nas costas pela maldita selva até aqui.  Você ficou desorientado devido à pancada que recebeu na cabeça.

Maicon leva a mão à nuca e vê-a suja de sangue, confirmando o que Joe estava dizendo.

Joe joga um pedaço de raiz em seu colo e fala achando graça: — Você deve estar com fome...  sei, é estranho, mas é a nossa única fonte de alimento. Luma conseguiu pra gente. Ele voltou lá atrás, está muito preocupado com Cristina e Charles que até agora não deu sinal de vida. 

 Maicon tenta se levantar novamente, desesperado. 

- E quanto a Helena? Precisamos voltar lá para resgatá-la!

A mulher ao seu lado o impede e diz com pesar:

- Você não está em condições para isso, sinto muito.

Joe dá mais detalhes, seu rosto estava carregado de preocupação:

- Sua esposa... ela não sobreviveu. Você não se lembra? 

Algumas lembranças e cenas distorcidas de horas atrás vêm de repente em sua mente. Mas não são suficientes para o fazer recordar do relato que Joe contava. 

- Você parece estar com uma pequena amnésia. - Joe analisa o homem percebendo o quão estranho está. 

A mulher, olhando séria para Joe, intervém:

- É melhor não entrar em detalhes, Joe, veja como ele está abalado.

A notícia devastadora pesa sobre Maicon, enquanto ele tenta processar essa perda em meio ao caos que os cerca. Sem tirar os olhos do guarda, pergunta curioso o que ele estava fazendo. Joe responde animadamente: 

- Estou controlando um drone. Como preciso registrar tudo, posso fazer isso remotamente. As imagens estão ficando incríveis! Somos heróis cara, resgatamos as mulheres!

A conversa entre eles foi interrompida pelos gritos alarmantes de Luma que vinha correndo ao longe:

— Depressa, corram! Eles estão vindo! Um helicóptero está vindo! Mexam-se seus idiotas!

O grupo se alarmou. Ofegante e cansado, o guia parou no meio do caminho e dobrou um dos joelhos no chão. Joe correu até ele para lhe ajudar. Luma não conseguia falar. Joe diz preocupado:

— Calma cara, respira fundo e nos diz o que está pegando.

Com dificuldade, Luma se esforçou falando gaguejante enquanto cuspia sangue pela boca: 

— Co-Corram seus tolos... — E caiu lentamente para frente. Quando seu corpo tocou o chão a gravidade revelou a extensão de seus ferimentos. As costas de Luma estavam devastadas. As balas tinham rasgado sua camisa, deixando buracos irregulares. O sangue escorria livremente dos ferimentos, formando poças vermelhas e escuras na terra abaixo dele.

Maicon e Joe se entreolharam, o horror se instalou nos seus olhos.

Joe se virou para trás com o rosto pálido e interrogou: — Que barulho é esse?

Maicon entendeu imediatamente do que se tratava. O som crescente das hélices se aproximava. Ele gritou para o grupo:

— Levantem-se, corram! Para a ponte, vamos!

Um alvoroço começou. As mulheres, ainda tremendo de medo e exaustas, se ergueram e começaram a correr. Joe ajudou a levantar as que estavam mais feridas, enquanto Maicon liderava o caminho, mantendo um olho atento no céu.

O som do helicóptero se intensificou. Maicon sabia que tinham pouco tempo. Os passos rápidos do grupo ecoavam pela densa vegetação, o medo os impulsionava para frente. 

— Não parem! — Maicon incentivava, com sua voz firme cortando o pânico. — Continuem correndo!

A ponte de ferro surgia à vista, uma estrutura antiga, mas a única esperança de cruzarem o rio em segurança.

As mulheres, com olhares apavorados, aceleravam o passo, tropeçando nos galhos e raízes que cobriam a pequena estrada de terra. O som do helicóptero se intensificava ainda mais, e logo a sombra da aeronave pairava sobre eles. A ponte de ferro, seu único refúgio, ainda estava a algumas centenas de metros.

— Maicon, eles estão se aproximando rápido! — Joe alertou, olhando para trás, mesmo acima do peso mantinha o ritmo correndo com a câmera em mãos. 

O helicóptero surgia atrás deles, os hélices cortava o ar com um som ensurdecedor. Do alto, um dos traficantes começou a atirar com uma metralhadora. As balas atingiam o chão ao redor, levantando terra e folhas. Uma mulher gritou ao cair, atingida de raspão.

— Para os troncos das árvores, se protejam! — Maicon ordenou, empurrando as mulheres para os lados da estrada, onde podiam se esconder entre as árvores.

Outra rajada de tiros passou arrancando lascas das madeiras. Joe estava visivelmente assustado, mas continuava a correr, tentando manter a calma enquanto fazia algumas imagens com sua câmera. As mulheres se espalharam, procurando refúgio atrás das árvores grossas, enquanto Maicon 
ajudava uma mulher ferida a seguir adiante.

— Joe, precisamos de um plano! — Maicon gritou.  A voz era quase inaudível em meio ao barulho do helicóptero.

Joe assentiu, tentando pensar rapidamente. — A ponte está logo ali! Se conseguirmos chegar ao depósito abandonado, teremos uma chance!

— Certo! — Maicon olhou para o helicóptero que fazia uma volta para um novo ataque. Se virou para a estrada vendo os cacos de vidro de um pequeno espelho quebrado que caíra pelo caminho da bolsa de uma das mulheres e falou:  — Eu vou distraí-los. Vocês correm o mais rápido que puderem e alcancem o depósito. Vou servir de isca. Vou atraí-los para longe de vocês!

Joe hesitou, mas sabia que não havia outra opção. — Entendido. Tome cuidado!

Maicon acenou e correu para o meio da estrada pegando um dos cacos no chão. O apontou em direção ao sol poente refletindo a luz  em direção a cabine do helicóptero calsando um brilho intenso que disorientava o piloto. Logo sacou sua arma e começou a atirar rumo a aeronave, as balas marcavam e arrancavam faíscas na lataria, desviando temporariamente a atenção do atirador.

— Vamos, agora! — Joe incentivou as mulheres, tomando a dianteira e guiando-as para a ponte.

O helicóptero, atraído pelo fogo de Maicon, começou a segui-lo, metralhando o caminho a esmo à sua frente. As balas atingiam a terra, levantando nuvens de poeira. Maicon corria e sua respiração já estava pesada, enquanto o som ensurdecedor das balas e do helicóptero o cercava.

Ele alcançou a base sólida da ponte e ficou em pé, esperando pela aeronave que continuava a atirar. As balas atingiam a ferragem da ponte, ricocheteando perigosamente. Maicon olhou para o rio em baixo preparando-se para saltar, mas no momento em que pulou, uma bala o atingiu. Ele urrou de dor, franzindo a testa em agonia.

Joe, ao ver o amigo sendo atingido, arregalou os olhos em horror. — Maicon!

Maicon caiu rumo às águas turvas do rio abaixo e seu corpo encontrou a água com um impacto pesado. O zunido nos ouvidos se intensificou quando ele mergulhou, e logo tudo ficou escuro. Ele apagou. 

Joe e as mulheres alcançaram o depósito, onde fecharam a porta pesada atrás de si. Ofegante, Joe caiu de joelhos, tentando recuperar o fôlego. As mulheres se abraçavam, chorando e tremendo de medo.


Joe e o grupo feminino esperavam pacientes sobre a ponte. Ali seria o ponto combinado para o resgate. O cenegrafista porém, não conseguia tirar os olhos do rio abaixo, ainda abatido pela perda de Luma que também se sacrificou por eles, procurava por qualquer sinal de vida de Maicon. 

Estreitou os olhos vendo a silhueta de um homem surgir ao longe na estrada, emergindo da fumaça que se espalhava pelo ar.

— Maicon?! - Pronunciou esperançoso.

Mas seu coração se apertou ao perceber que se tratava de Charles. Ele se aproximava do grupo, carregando uma maleta de aço em uma das mãos. O loiro alto e forte, com os cabelos compridos amarrados em um rabo de cavalo, estava visivelmente cansado. Seu corpo suado e sujo, com alguns arranhões no rosto, denotava a dureza das condições que enfrentara. Ele se apresentou no início da ponte, com semblante sofrido e ofegante, fitando Joe com um olhar divertido.

— Não vai me dar um abraço? - Disse com desdém.

Joe sentiu uma onda de raiva misturada com preocupação. Ele olhou para Charles com uma expressão séria.

— Como pôde deixar Cristina para trás?! - Questionou com sua voz carregada de reprovação.

Charles desviou o olhar por um momento, parecendo desconfortável. Ele coçou a cabeça, buscando por palavras.

— Eu... eu fiz o que pude, Joe. Ela... ela ficou para garantir que a gente conseguisse escapar. Eu juro que não a deixei sozinha por vontade própria. — Ele tentava se explicar e sua voz soava vacilante.

Joe apertou os punhos, lutando para controlar a raiva. Ele sabia que não era hora para confrontos, mas a preocupação com Cristina pesava em seu coração. Afinal era sua parceira de rota de longos anos.

— E quanto a Helena? — A voz máscula soou do outro lado da ponte.

Joe se virou para trás e sorriu ao avistar Maicon, que vinha rumo a eles mancando a passos lentos.

— Maicon, seu filho de uma puta com sorte! - Joe foi interrompido por uma mistura de alívio e brincadeira, contente por ver que seu amigo estava bem.

Maicon levantou uma das mãos em saudação, mas Joe logo notou o sangue que escorria do ferimento de bala em sua coxa, manchando sua calça e deixando uma trilha vermelha no chão.

O sorriso de Joe desvaneceu enquanto ele corria para ajudar Maicon, apoiando-o e examinando o ferimento com preocupação.
Maicon soltou um suspiro cansado, mas tentou sorrir para tranquilizar Joe.

— Terei que perguntar novamente, Charles?! - Maicon questiona o amigo recém chegado, agora de semblante mais sério.

- Sinto muito, mas não pude trazer o corpo dela.

- Não pôde trazer minha esposa, mas uma maleta cheia de dinheiro você conseguiu... - Maicon o confronta e o coloca contra a parede. senta-se no chão e leva as mãos à coxa dolorida.

Charles, tenta ser convincente: 

- Sua esposa já está morta, Maicon! Não valeria a pena trazer o corpo pesado por toda essa distância.

Maicon, incrédulo com a situação, Cerra os punhos ao lado do corpo. 

- Não valeria a pena?! - Questiona irritado. 

Uma das mulheres se tira o lenço de seus cabelos e o amarrava na coxa de Maicon para conter por hora o sangramento.

Charles se aproxima do parceiro e entrega-lhe a maleta, dizendo:

- Abra e olhe você mesmo... é muita grana! Nós vamos mudar de vida! Essa é a nossa recompensa por nos arriscarmos nesta missão idiota. - Com olhar esperançoso espera o veredito do amigo. 

Maicon pega a maleta e a abre devagar diante de todos. Joe e as mulheres ficam impressionados com a grande quantidade de dinheiro. Ainda deslumbrados ouvem os gritos desesperados de Cristina ecoando pelo ambiente e rasgando o ar tenso da cena:

- Maicon! Maicon!

Charles fecha os olhos em frustração, sussurrando com raiva:

- Maldição!

Cristina se aproxima, mancando e com uma das mãos pressionando sua barriga, indicando um possível sangramento. Joe, aliviado e feliz por vê-la viva, corre em sua direção e lhe dá o apoio que precisa para terminar a caminhada. 

- Não acreditem nele! Ele nos traiu! Deixou o chefe do tráfico escapar por dinheiro! O permitiu fugir em seu helicóptero. Eu tentei impedi-lo, mas Charles se colocou no meu caminho e me baleou. - A agente Franze a testa sentindo muita dor e se apoia na lateral da ponte, recuperando o fôlego. 

- Você está bem, Cristina. - Maicon se preocupa ao ver o estado da mulher. 

- Na medida do possível. - Responde ainda com semblante de dor. 

Charles imediatamente se defende, tentando justificar suas ações:

- Maicon, você precisa entender o meu lado... Eu precisava de alguma recompensa por essa maldita missão! Joe se tornará um herói por ter registrado as imagens. Cristina será promovida a delegada. Você não conseguiu resgatar Helena com vida, mas pelo menos descobriu toda a verdade. Vai ter a pena pelos seus crimes reduzida e, de quebra, ainda vai levar a policial sexi pra cama...

Cristina, indignada com as insinuações, troca olhares com Maicon. 

- Cale essa maldita boca, cara! Você está ferrado! Vai pegar uma perpétua! 

_ No Brasil?! - Charles debocha e não se abala, continuando com as insinuações: 

- Pensam que não percebi que está rolando um lance entre vocês?! O único que sairia perdendo nessa história toda seria o bonitão aqui. Ou você pensou que eu faria tudo em nome da nossa amizade? Acha que realmente me importo com esse bando de mulheres?! - Olha para o grupo feminino com olhar de desprezo. 

- Sinto muito, meu brother, mas uma vez mercenário, sempre mercenário. Agora, devolve a minha maleta. - Ele estende a mão aberta rumo ao parceiro ao chão. 

- Eu sabia que não deveríamos ter confiado nesse cara! - Joe comenta indignado. 

Maicon encontra forças e se levanta, apoiado nas barras de ferro, afastando-se de Charles com determinação:

- Você não ficará com ela! Você não sabe o quanto Helena significa pra mim! Você tirou de mim e de minha filha o direito de darmos um enterro digno a ela! Seu corpo sem vida vale mil vezes mais do que esse seu dinheiro sujo!

Charles sorri nervosamente e insiste:

- Pare com essa lorota e me devolve logo a maleta. Eu não quero te machucar, mais.  me entrega a maleta, eu caio fora, você esquece que eu existo e vida que segue. - Charles parece decidido a não sair dali sem a sua recompensa. 

Maicon se recusa a ceder e, tomado de fúria crescente, Charles avança sobre ele.

- Não me faça perder mais tempo, Me devolve essa droga de maleta agora mesmo, não arrisquei minha droga de vida por nada!

Diante da investida do loiro, Maicon ergue o braço sobre o rio e ameaça soltar a maleta, declarando com satisfação:

- Não dê nem mais um passo! 

- Uou! Muita calma nessa hora, cara! - Charles recua da investida e dá um passo atrás. 

- Todo seu esforço e traição não serviram para nada, Charles. - Maicon faz exatamente o que prometeu, deixando a maleta cair nas águas do rio, onde ela afunda rapidamente. Charles grita desesperadamente, furioso:

- Seu desgraçado, vou acabar com você! - Ele o ameaça e desfere um soco em seu rosto, que cambaleia e se segura na lateral da ponte para não cair. Franze a testa e urra de dor levando uma das mãos à coxa baleada vendo o sangue quente, por debaixo do pano voltar a escorrer novamente. Uma das mulheres corre para o ajudar. Um alvoroço começa entre elas, enquanto Charles completa ameaçador:

- Você não vai á lugar nem um, vou recuperar minha grana primeiro! 

Assim que coloca as mãos na lateral da ponte para subir, Cristina o surpreende o algemando em uma das grades de ferro dizendo com tom de ironia:

- Acho que não vai, não.

Charles se desespera, tentando se soltar a todo custo, enquanto profere ameaças contra Maicon, Cristina e todos ali, jurando vingança e morte. 

O tempo passa e logo dois helicópteros de resgate finalmente chega. As mulheres entram primeiro. 

Charles é levado por dois guardas, com dificuldade para a aeronave, cheio de protestos e ameaças! Maicon posiciona os punhos, cumprindo o acordo que havia feito com Cristina. 

Os dois, antigos colegas de curso em segurança pública, reencontraram-se em uma encruzilhada sombria.

O destino deles, outrora entrelaçado pela academia, divergiu após a graduação. Maicon, assolado por escolhas questionáveis, mergulhou nas sombras da criminalidade, tornando-se um fugitivo da justiça, acusado de tráfico de drogas e assaltos audaciosos.

O eco de suas decisões ressoou na densidade da floresta quando, em meio à investigação de trabalho escravo de mulheres, ele fez um apelo desesperado a Cristina. Seu pedido: ajuda para encontrar Helena, sua esposa desaparecida. Um pedido permeado por um passado nebuloso, mas impregnado de uma esperança que sobrevivia em meio ao caos.

Cristina, agora uma agente de segurança dedicada, aceitou o desafio angustiante, impondo uma condição inabalável. Ela concordou em auxiliá-lo na busca por Helena, mas sob a condição de que, ao término da missão, ele enfrentasse as consequências de seus atos, entregando-se à justiça.

Joe o algema após receber os primeiros socorros. Ele se vira para Cristina que estava imobilizada sobre uma maca sendo levada pelos guardas para o interior da aeronave. 

- Eu sinto muito que tenha que ser assim. - Ela diz com pesar. 

- Tudo bem. O que importa é a consciência tranquila. - Diz dando um sorriso amistoso e completa:

- Cristina... não morra, por favor! 

- Te peço o mesmo. - A moça responde com um largo sorriso de esperança antes de entrar para dentro. 

As aeronaves decolam fazendo as copas das árvores balançarem pela força do vento das hélices. O avião ganha altitude gradualmente, revelando a vastidão interminável da floresta abaixo. 

Enquanto o helicóptero se afasta, Maicon olha tristemente para a fumaça do incêndio da fábrica, frustrado por ter falhado no resgate de Helena. As lembranças confusas daquela missão atormentam sua mente, e ele não consegue compreender como sua esposa morreu ou se realmente morreu.

Enquanto reflete sobre esses mistérios, a fábrica explode de forma espetacular, transformando-se em uma enorme bola de fogo que ilumina tudo ao redor. O estrondo e o clarão da explosão assustam a todos no helicóptero, deixando-os perplexos diante da destruição repentina da fábrica.

O destino de Helena, as memórias perdidas e a verdade por trás de tudo isso permanecem envoltos em mistério. Maicon só espera que sua amnésia não dure por muito tempo. 

   

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top