Capítulo VII

Agnes

 



Agnes não conseguia dormir. Ela não pensou que um dia diria isso mas a cama era macia demais. Agnes até tentou jogar as cobertas no chão para dormir lá, mas, o chão por sua vez era frio demais. Agnes, tentou e tentou durante algum tempo se ajeitar, mas simplesmente não conseguiu pegar no sono de firna alguma.

A última coisa que ela quer é ir até o quarto de William, e atrapalha-lo a dormir, mas, se ela não o fizesse, ela sabe que passaria a noite insone. E Agnes sabe, quase que instintivamente que precisaria de todas as suas energias no outro dia, e esse é o único motivo que a faz levantar-se, ir até o quarto dele e bater em sua porta.

Ela o ouve deslizar de sua cama, provavelmente tão macia e confortável quanto a sua própria, ela ouve o som dos seus pés movendo-se pelo chão frio demais, ouve-o virar a maçaneta da porta e o rangido da porta se abrindo. Ainda assim, seu coração dispara quando vê William com seu pijama e cabelo bagunçado.

— Desculpe atrapalhar meu lorde, não consigo dormir, a cama é macia demais e eu nãoestou acostumada. — Nunca antes Agnes se sentiu tão desconcertada, soltando palavras e mais palavras, pois não conseguia simplesmente se calar.

— Não precisa se desculpar, e pode me chamar de William. Eu não estava dormindo ainda. Fez bem em vir falar comigo, vai precisar estar descansada amanhã.

Agnes segue William até uma outra porta, um pouco mais distante ele abre e pede que ela entre no cômodo e um novo quarto aparece diante dela, muito parecido com o anterior, mas quando Agnes se senta na cama, esperando que seja como a outra, essa se mostra muito mais firme, ainda macia, mas de uma forma em que não a incomoda, muito pelo contrário quase parece abraçar seu corpo e a chamar para o sono.

— Essa cama é confortável para você?

— Sim, obrigada meu... William. — Agnes se corrije para não parecer tão formal, e alguns segundos após as palavras saírem por sua boca ela percebe como a frase soou e seu rosto cora absurdamente.

William limpa a garganta antes de respondê-la, mesmo na luz baixa Alges consegue ver as maças do rosto dele vermelhas como pimentão, assim como as dela.

— Não precisa agradecer Agnes, eu devia ter imaginado que iria preferir uma cama menos macia, como a minha. Espero que consiga ter uma boa noite de sono agora.

— Boa noite William.  — Ela diz, e  ele se retira do quarto, fechando a porta suavemente.

Agnes logo se deita na cama, e é abraçada e catapultada até um sono profundo e sem Sonhos.

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Logo que o dia amanhece, Agnes ouve a batida firme vinda da sua porta. Ela se levanta, caminha até lá e abre as portas do cômodo, esperando ver William do outro lado, mas ao invés do belo magicae, Agnes se depara com uma velha senhora, muitos centímetros mais baixa que ela, a pele do rosto coberta de rugas e seus cabelos brancos feito a neve presos num coque baixo. Seus olhos perscrutam Agnes, que ainda se encontra com o vestido rosa pálido de Cateline. A senhora tem uma espécie caixa grande de madeira com  aparência pesada nas mãos.

— Imagino que seja Agnes. Meu nome é Mirtes, sou a governanta da casa, e peço que me chame se surgir qualquer necessidade.  O senhor William Letholdus,  pediu para lhe entregar isso. — Mirtes fala, e adentra o quarto, deixando a caixa com um baque aos pés da cama de Agnes. — Ele também pede que a senhorita esteja pronta em meia hora, para o treinamento da manhã.

Agnes fica observando enquanto Mirtes vai embora. Ela nem consegue dizer nada antes que a porta do seu quarto esteja novamente fechada.

Passado o choque momentâneo, Agnes se dirige até a caixa de carvalho polido, que agora percebe tratar-se de um baú.  Ela o abre, e dentro dele encontra um vestido em um tom de cinza muito bonito e uma capa na mesma cor, uma roupa preta muito parecida com a que William usava no dia em que eles se conheceram e uma roupa de dormir.

Ela não sabe qual roupa deveria por, então opta por colocar a roupa preta justa, que parece ser de um material bem resistente mas ainda assim confortável. A roupa serve perfeitamente, ela coloca as botas que formam conjunto com a roupa, mas, não coloca nem a capa nem as luvas.

Agnes desce até o primeiro andar logo depois de se arrumar, e chega ao local, poucos minutos antes do horário. Entretanto William já está lá, esperando por ela. Seu olhar corre pelo corpo de agnes, delineado pela veste justa discretamente.

— Acertou na escolha de roupa, parabéns. Foi sábio não por as luvas e a capa também. A luva funciona de modo a conter um pouco do seu poder e o treinamento não é o lugar ideal pra isso, a capa, seria apenas rude se usasse aqui, especialmente com a touca lhe cobrindo o rosto.

— Não sabia que era um teste. — responde Agnes discretamente, ela observa que ele não está com a mesma veste que ela e sim com um terno preto muito elegante, como o que usava na noite de ontem.

— Tudo hoje é um teste Agnes, mas não se preocupe em falhar. Está aqui justamente para aprender. Sobre minhas roupas, só uso roupas de batalha fora de Tir Magicae, não é adequado usá-las aqui, devido a minha posição.

— Como você... — Ela é interrompida pelo barulho da porta, mas ambos sabem que ela não precisa terminar a pergunta, ela sabe, afinal, a resposta.

William abre a porta, e seus convidados entram. Lucius na frente, com uma túnica preta  que combinava muito com sua pele escura, em seguida Cateline, com outro dos seus vestidos rosa pálidos, em seguida 4 crianças entre 8 e 9 ciclos, adentram o local, apenas um deles trajava a mesma roupa que Agnes, os outros 3 usavam suas roupas formais.

As crianças olham Agnes de esguelha, mas não a cumprimentam, ficam apenas ali, em pé, perto de seus respectivos tutores. As 3 crianças de roupas formais, junto a Cateline e o  menino de traje de batalha junto a Lucius.

William leva-os até um local onde cadeiras esperam por eles, e ordena para que todos se sentem. Ele e Lucius, esperam no canto, conversando em voz muito baixa enquanto Cateline fala com as crianças.

— Bom dia, como imagino que todos saibam, meu nome é Cateline Bentley, podem se referir a mim como Cateline, pois somos iguais aqui, mesmo que ainda sejam aprendizes. Primeiramente vou explicar a vocês como funciona a magia dos Magicaes, imagino que mesmo que durante a vida vocês tenham ouvido essa palavra muitas vezes, vocês não entendam exatamente o que isso significa. Portanto, pode. Levantar a mão, caso surja qualquer dúvida.

— Magicae é o nome dado a cada indivíduo que possua poderes. Esses poderes são testados quando se completa 8 ciclos de vida, que é o momento em a magia atingir o potencial total em cada um de vocês.

— Apesar da magia ser a mesma em cada magicae, cada um de nós acaba por escolher um caminho para seguir e esse caminho acaba por ser sua especialidade. As especialidades a serem seguidas são muitas, mas como tudo sempre existem as mais comuns.

— Imaginem que cada caminho como uma cor. O verde está ligado aos caminhos de plantio. Quem escolhe esse caminho tem seu poder ligado as plantas. A cor azul está ligada ao caminho administrativo, quem escolhe esse caminho tem seu poder ligado a administração de Tir Magicae, ou quando necessário, outras terras Magicae ao redor do mundo. O rosa, está ligado a saúde, e quem escolhe esse caminho tem seu poder ligado a cura e fortalecimento de pessoas e animais, referente a cura de plantas, geralmente se liga a magia de plantio. Amarelo está ligado a magia de luz. Essas são as principais cores que vocês encontrarão em Tir Magicae.

— Existem oitras cores comuns, mas eles ficam em geral em Eglwys, pois é perto o suficiente do acampamento dos soldados para caso haja necessidade, que são os Magicae especialistas em magia de fogo, cor laranja. Magia de luta, cor vermelha. E os necromantes na cor roxa. Hije não temos nenhum magicae dessas cores na ilha, mas de tempos em tempos eles aparecem,  recrutando novos Magicae.

De repente o menino de traje de batalha levanta a mão.

— Pode perguntar. — diz Cateline.

— O que são necromantes?

— São Magicae que revivem mortos, os necromantes tem uma habilidade muito especial, e requer muito poder e habilidade. Eles podem reviver algumas pessoas, em batalha, durante algum tempo. Quanto trmpo. E quantas pessoas podem ser revividas depende muito do poder de cada Necromante. — Responde Lucius.

— Além dessas cores, é claro, existe o preto. Que é a cor de quem escolhe magia pós mortem. Como acabamos de falar sobre os necromantes, vamos voltar neles um pouquinho, a cor dos necromantes, alguém sabe me dizer o motivo de ser roxo? — Pergunta Lucius.

Ninguém responde.

— Todas as cores tem uma relação clara com o tipo de magia... laranja fogo pois o fogo é laranja, verde de plantio pois as plantas são verdes, mas e o roxo? Alguém quer chutar? — Ele espera alguns segundos mas ninguém se prontifica. — O tom de roxo usado pelos necromantes, é basicamente uma mistura de rosa e preto. Se vocês um dia olharem de perto as roupas festivasde necromantes, vocês verão  os fios rosas e preto entrelaçados, pois entende-se que a necromancia é a união da magia de cura com a magia pós-mortem.

Uma das meninas levanta a mão, e Cateline a autoriza a fazer sua pergunta.

— Existe alguma cor que não é utilizada, pois não tem nenhum magicae daquele tipo?

— Existe. Antigamente existiam a classe branca, os brancos não eram como nós, eles diziam ser deuses. E superiores a outros magicae, demorou uma eternidade de guerras e rebeliões para que os magicae brancos parassem de existir, e, temo que ainda hoje existam pessoas que concordam com eles. Existe também a cor marrom que está ligada as magias de terra, mas por algum motivo, ninguém quis continuar aprendendo esse tipo de magia. Alguma duvida? — Pergunta Cateline e Agnes levanta a mão.

— Pode perguntar Agnes.

— Qual é a cor da magia de reconhecimento?

— Cinza. — William responde.

— Vocês devem estar se perguntando que diferença faz, saber as cores das magias além de usar uma roupa bonita nas festas correto? Vou explicar a vocês. — Fala William e se dirige ao meio, onde antes estava Cateline, ele parece empolgado em ensinar sobre a magia.

— Para usarmos nosso poder, é necessário muita concentração e conexão com nossa magia, ja devem ter ouvido Cateline ou Lucius falando isso, mas o que isso significa? Significa que a menos que você corra risco de vida, seus poderes ficarão adormecidos, esperando para ser usado. E como se usa eles? Primeiro passo é se conectando com seu poder, e o sistema de cores facilita muito a conexão com o poder, mas lembrem-se que não é a única coisa necessária para se utilizar de um poder. Cada poder tem suas especificidades, e se concentrar em outra cor é perda de tempo, para dizer o mínimo.

— Portanto, Tristas e Emerie se concentrem na cor rosa. Oswald e Elide se concentrem no preto. Agnes, se concentre no rosa.

Apesar de ter ouvido as instruções,  Agnes não se concentrou no rosa e sim no cinza. Ela sabia que suas escolhas tinham consequências, mas eka também sabia que a magia de reconhecimento era para onde realmente queria ir. Então,  que diferença faria afinal.

Todos foram seguindos as instruções imoostas por William, Cateline e Lucius. Fecharam os olhos, e imaginaram a cor.

— Muito bem, imaginem essa cor entrando dentro de vocês, inundando seus corpos. Preenchendo casa pedaço do seu ser. Guie instintivamente essa magia, leve-a para onde ela precisa ir, ache suas reservas de poder e guie a cor até lá.

Agnes fez o ordenado, e se viu diante de um mar revolto, que brilhava a sua frente. Ela sabia, de alguma forma que aquela imensidão sem fim era seu poder. Agnes se aproximou das águas e quando estava prestes a entrar naquele mar azul, ela ouviu o grito.

Os olhos de todos se abriram apavorados, Oswald estaca no chão deitado de lado, sua boca espumava, e algumas crianças gritavam e perguntavam o que estava acontecendo. Os magicae estavam tentando contê-las mas era nitifo em cada par de olhos ali que estavam preocupados com o menino.

Agnes tomou a dianteira então e fez, o que precisava ser feito, ela não ceria outra criança morrer em frente aos seus olhos. E como se ema fosse a experiente ali começou a dar ordens.

—Levem as crianças para fora e acalmem-os. Rápido, não temos muito tempo. — Agnes se abaixou junto a Oswald sem ver se alguém fez o que foi ordenado por ela.

Agnes virou o menino de lado e depositou sua mão sobre ele, tentando conter os tremores de seu corpo. Somente quando Cateline voltou para dentro e olhou boquiaberta para Agnes foi que ela viu a luz rosa saindo da sua mão e entendeu o que estava fazendo.

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