Capítulo IX
Leonard
Se passaram os longos 3 dias, Leonard tentou no primeiro dia ir até o rio dos orvalhos em busca de água e talvez peixes, mas a jornada era exaustiva demais, e até voltar ao lugar onde precisava estar já estava duas vezes mais cansado e desidratado que se tivesse ficado no lugar.
Na primeira noite, ele tentou novamente ir até o rio, mas a noite era muito fria, e era desgastante demais andar sem falar no sono que cobrava as horas mal dormidas dos dias anteriores.
No segundo dia ele tentou procurar ao redor, um abrigo sequer para que pidesse ao menos deixar o sol fustigante longe de sua cabeça. Tudo o que conseguiu foinuma pequena cobertura, que mal tampava seu corpo no sol ardente, mas aquela altura. Aquilo teria que bastar. Então Leonard permaneceu ali, dormindo e aguentando a fome e a sede que castigavam seu corpo.
Quando o terceiro dia chegou, ele simplesmente já havia desitido de tentar, a insolação ja tinha se instaurado no corpo seu corpo que estava fraco de sede e fome. O homem perdeu as contas, a essa altura, de quantas vezes pensou em desistir, em dar meia volta e ir para o castelo, assistir como um cachorrinho seu irmão reinar no seu trono roubado. Não, ele precisava ser forte, ele precisava provar que era capaz, se não pra Augustus, pelo menos para si mesmo.
No fim da tarde do terceiro dia Augustus chegou, Leonard mal tinha forças de olhar o homem nos olhos. Apenas abriu um sorriso contente por ter conseguido, por ter superado, depois de quase ter morrido ali, ainda assim ele tinha permanecido.
— Porque está sorrindo garoto? Sua cara, está péssima. Você realmente acredita que conseguiu rapaz? É um tolo, isso que você é.
— Eu consegui, eu permaneci aqui. Custe o que custasse. Eu venci, eu fiquei.
— Ficou, mas o preço valeu a pena rapaz? Você é um tolo, é isso que é, e por isso vai ficar mais 3 dias aqui na minha companhia. Eu vou mostrar pra você o que eu faria nesses 3 dias, e vou te ensinar, o básico que ja devia ter aprendido já a muito tempo.
Augustus se sentou ao lado do corpo jogado de Leonard, o velho guerreiro tinha um brilho nos olhos, o brilho da lição que viria ao final do terceiro dia, Leonard sabia. Quando a noite caiu, Augustus se levantou.
— Levante, vamos.
— Não vale a pena. O frio cobra caro demais, eu tentei. — Ele diz. Ainda recostado no mesmo lugar, a grande verdade é que ele nem mesmo tinha certeza de que conseguiria se levantar se fosse realmente preciso.
— Eu mandei que levantasse rapaz, você está aqui para seguir minhas ordens. É melhor que se acostume logo com isso, principalmente a não me questionar, aqui, você não é um príncipe. Aqui, você obedece, você não questiona.
Leonard então se levanta, de maneira tropega. Ele segue Augustus pelo caminho tortuante, mas o homem não segue por onde ele imaginava. Ele anda quase cinco vezes mais, além do rio, para Pentref Tlawd, um pouco antes do centro da pequena vila, tem um casébre, quase caindo aos pedaços, mas que parece melhor que o castelo para Leonard nesse momento.
Dentro do local, duas camas com colchões finos, um fogão, água e uma pequena mesa rústica de madeira com duas cadeiras era o que compunha o ambiente. Tudo simples, mas muito mais do que Leonard teve nesses 3 dias.
— Sabe o que fazemos aqui menino?
— Não... Capitão.
— Você é raso, é por isso que seu irmão tomou o reino de você bem debaixo do seu nariz. Você não pensa, você não vê nada que não lhe seja falado diretamente. Você é burro, e o mundo é dos espertos rapaz. Você precisa de mais do que isso para viver aqui.
Leonard não responde as ofensas de Augustus, apesar de sentir vontade. Ele sabe nonfundo de sua alma, que nao a é mentira o que é dito e que precisa da ajuda do velho. Protestar por poucas e sinceras ofensas não é uma ideia inteligente, então só permanece em silêncio.
— Estamos aqui, porque é o que eu faria. Eu não disse em nenhum momento que precisava ficar no deserto. Eu fui específico, eu disse que te buscaria em 3 dias. Você sequer me questionou se precisava permanecer exatamente ali, só supôs e supôs. Você pensou em sair do lugar pra ir buscar água, mas não pensou em ir mais longe e voltar apenas no terceiro dia, ou mesmo se manter perto do rio, onde água e comida seriam de acesso mais fácil. A melhor ideia que você teve, foi ficar no sol, enfraquecendo seu corpo e sua mente. Entende porque você parece ridículo para mim?
Como ele poderia negar e dizer que não era burro, o homem está certo, ele entendeu o que quis entender. Tudo o que sofreu foi por burrice, inclusive perder o reino. Como ele pode conquistar algo sendo tão fraco. Seu peito dói, isso precisa mudar, ele precisa ser mais, muito mais, principalmente se quer derrotar alguém inteligente como o irmão. Que consegue quase prever seus movimentos. Ele sabe, que isso se estende além do xadrez, tudo sempre foi além do xadrez quando se trata de Lawlieth, e agora ele finalmente pode ver isso.
— Me ensine.
— Estamos aqui pra isso rapaz. Mas nesse momento, precisa descansar e comer. Vou até a vila trazer algo para você, pro corpo e pra mente. Descanse.
E ele seguiu as ordens do seu capitão, deitou na cama fina e seu corpo se apagou imediatamente devido ao cansaço que sentia. Acordou sem ter noção das horas, o cheiro de carne que invadia a cabana acordou seu estômago antes mesmo dos seus sentidos.
— Finalmente acordou, moleque. Beba isso. — Disse Augustus que estendeu um frasco para o rapaz.
Leonard tomou o líquido em um só gole, a bebida tinha um gosto amargo e uma textura leitosa, o gosto amarrou sua boca, ele sentiu vontade de cospir tudo,as não fez isso apenas engoliu.
— O que era isso? — Ele perguntou com uma careta.
— Você podia ter perguntado antes de beber não acha?
— Você disse que eu não devia questionar você, senhor.
— Muito bem, rapaz. Estou quase orgulhoso. Mas seguir ordens sem pensar também não é uma atitude de homem. Eu poderia te envenenar, por exemplo.
— Porque me envenenaria se acaba de salvar minha vida? Não valeria mais me deixar morrer de insolação e preservar suas moedas? Me desculpe senhor, mas com todo o respeito, se tentasse me envenenar, quem seria burro seria o senhor, não eu.
— Muito bom rapaz, muito bom. — Diz o velho com um riso profundo que vem do âmago de seu ser. — É a primeira vez que te vejo pensando, espero que não seja a última.
— Não será senhor.
— Aqui. Coma, é um ensopado. Pra recuperar a energia que perdeu. O liquido, era um elixir pra curar você por dentro. Logo estará pronto para começarmos.
— Posso perguntar precisamente o que começaremos?
— A te transformar num homem rapaz. Está na hora de deixar de ser um menino, príncipe.
— E o que é preciso pra me transformar num homem?
— Para começar, que você melhore rápido dessa doença. Depois, músculos e sabedoria. Essas são duas coisas que será essenciais na sua jornada como um guerreiro, um soldado sem músculos é inútil, mas um homem sem cérebro é desperdício de espaço.
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Três dias se passaram naquele casebre, no primeiro deles Leonard descansou e reestabeleceu suas forças, ele não precisou de mais que isso, graças ao elixir que ele tomou.
No segundo dia o treinamento começou. Um grande galho foi posto em sua frente, o objetivo era simples, segurar o galhobe correr com ele na mão envolta da casa. Porém o fato de um objetivo ser simples, não o torna menos trabalhoso. No fim do dia, suas pernas pareciam queimar, e seus braços mal conseguiam ter força para segurar o talher com o qual ele deveria comer a comida.
No terceiro dia o objetivo era igualmente simples e ainda assim, ainda mais difícil, um galho com quase metade do seu tamanho ao redor da casa. Seus músculos já doloridos da noite anterior queimavam e protestavam a cada metro que ele andava.
Ao final do dia, novamente já não aguentava de dor. Seus músculos doiam tanto que se não estivesse tão focado nos propósitos que almeja teria desistido.
— Tome rapaz. — Diz Augustus, e estende um pequeno vidro com algo pastoso dentro.
— O que é isso?
— Uma pomada, para lhe ajudar com a dor nos músculos.
— Ora, e porque não me deu isso ontem?
— Não lhe dei ontem, pois não tinha certeza que aguentaria.
— Não é um galho que me fará desister capitão.
— Fico feliz em ouvir isso rapaz. Até porque, até que melhore, vai piorar muito. Mas nada que um pouco de dedicação não ajude. Agira recomendo que durma, amanhã vamos voltar para o acampamento e agora sim começa o verdadeiro desafio.
Leonard se deita após ouvir aquelas palavras, mas não sem antes aplicar uma boa camada de pomada nos músculos doloridos. O dia de amanhã lhe reserva muita coisa e agora, é a hora que ele vai começar a finalmente agir, para poder mudar o seu destino.
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