Capítulo I
6 anos antes
Agnes
São 5 da manhã quando Agnes é acordada pela voz estridente chamando seu nome e chacoalhando seu corpo, que ainda dói devido as mais novas escoriações realizadas pela senhorita Strois.
— Agnes, Agnes. Preciso de você, acorda. — A mão miúda da garota chacoalha seu ombro enquanto fala sem parar.
— O que foi Lizbete? — Pergunta Agnes, os olhos ainda pesados de sono.
— Preciso que você arrume meu vestido. Os Magicae vão chegar a qualquer minuto.
— Lizbete, os magicae só chegam a tarde, me deixe dormir. — Agnes diz e fecha os olhos, numa tentativa vã de voltar ao sono.
— Mas Agnes…
— Lizbete se você não me deixar dormir, eu não vou arrumar seu vestido. — Protesta com voz dura.
— E se você não se levantar para arrumar meu vestido, eu falo para Senhorita que você está sendo malcriada de novo. — A pequena praticamente ruge.
Agnes solta um suspiro e se levanta, a vida no orfanato já é difícil demais sem ter as crianças como inimigas. Se Liz decidir ir contra ela, as complicações podem ser muito maiores que uma noite mal dormida.
Elas seguem pelo corredor até o quarto da menina. No fundo Agnes entende a ansiedade de Lizbete, é sempre um momento mágico quando os Magicae vem testar os poderes das crianças que acabaram de completar seu oitavo ciclo de vida.
Se tornar um Magicae é o sonho de qualquer um ali, não só pelos motivos óbvios, como poder e reconhecimento, mas para se livrar das garras nada gentis de Vivien Strois. Dizer que a senhorita Strois é o próprio demônio encarnado, é uma ofensa a Lúcifer.
Lizbete abre a porta de seu quarto, e muitos pares de olhos se voltam para ela, crianças mais novas costumam dividir o quarto com outras crianças da mesma idade. Conforme a idade vai aumentando e o número de ocupantes vão rareando, acaba se tornando mais fácil ocupar um quarto sozinha.
Agnes, é um ótimo exemplo disso. De todas as crianças que ela conheceu ali e dormiram em camas ao lado da sua, ela é a única restante, algumas poucas mais sortudas viraram Magicae, outras viraram soldados do exército ou arrumaram casamento. Porém, a grande maioria, os menos sortudos, estão enterrados no cemitério de covas ali perto.
O cemitério de covas, entenda bem, não é um cemitério de verdade, está mais para um grande buraco nos fundos do terreno, constantemente aberto e posteriormente fechado, onde depositam os restos mortais de quem não aguentou a vida no orfanato.
Nos dias mais difíceis, Agnes fez preces aos deuses, as almas, e até mesmo aos demônios para que morresse, para que o sofrimento finalmente pudesse chegar ao fim. Entretanto, ninguém a ouviu até aquele momento.
Liz vai até seu baú e traz um vestido surrado até Agnes, o tecido puído já foi tão remendado que mal tem sobra de tecido para um novo remendo.
— Não vou conseguir consertar isso, Liz. — Agnes fala após avaliar o tecido do vestido maltrapilho. — Mas tenho um vestido sobrando, farei alguns ajustes para caber em você. Agora vá dormir, você precisa de toda força para os Magicae mais tarde.
— Ok, Agnes. — A pequena diz e sorri com cara de sapeca antes de continuar. — Obrigada, e, desculpe ter te acordado. — Em seguida volta correndo até sua cama com um sorriso radiante nos lábios.
Esse era o único dia em que crianças sorriam no orfanato sollis, não importa a idade, os mais novos sorriam com a esperança presente no fato de serem os próximos, os mais velhos sorriam com a sorte dos mais novos de ainda terem uma chance.
Agnes volta ao seu quarto, revira seu baú atrás do vestido que usava quando era mais nova e senta em sua cama, acompanhada pelo conjunto de corte e costura que a acompanha há tantos anos ali, passado sempre para detenta eterna da vez, selecionada para ficar ali até sua morte e cuidar das outras crianças, como reconhecimento pela ajuda concedida por Vivien Strois.
Claro que isso era tudo uma grande baboseira para que Strois não gastasse moedas com um novo funcionário, um funcionário que poderia contar aos soldados o que acontece ali, Strois não é uma mulher burra. Então a detenta eterna é uma ótima saída, alguém que enquanto viver não sairá do orfanato e fará todas tarefas e coisas chatas que Strois pagaria alguém para fazer.
Quando Agnes acaba de arrumar o vestido já é hora de preparar o café. Então nada de voltar para cama. Agnes solta um suspiro, troca a camisola pelo traje habitual, prende seus cabelos louros em uma trança e segue até a cozinha.
— Mas já era hora, hein. — Strois diz, quando Agnes passa por ela.
— Desculpe senhorita Strois. Precisei arrumar um vestido para Lizbete, e acabei me atrasando.
— Eu não quero saber quais são suas desculpas, Agnes, quero saber de pontualidade. Fale menos e faça mais, já estou me cansando de você. — Ela fala enquanto levanta e se aproxima.
Sua mão envolve o pescoço de Agnes e a faz perder o ar, seus olhos estão inexpressivos enquanto ela aperta o pescoço mais e mais.
— E a hora que eu me cansar de você, você estará perdida. — Fala Strois antes de finalmente a soltar.
Agnes perde o equilíbrio e dá alguns passos para trás, enquanto tenta sugar a maior quantidade de ar possível de volta para dentro de si.
— Agora mexa-se, órfã imunda. — Vivien diz enquanto se retira da cozinha.
Agnes respira algumas vezes até que seu peito desacelere e suas mão parem de tremer. Em seguida, se põe a fazer tudo o que precisa em movimentos rápidos, coloca o café para coar, o leite para aquecer e dispõe os biscoitos numa vasilha grande.
Felizmente comida não é um problema ali, Strois prefere torturas mais físicas e pessoais ao invés de matar alguma criança de fome, apesar de algumas crianças acabarem tão feridas que acabam não conseguindo se alimentar.
Agnes corre contra o tempo, e por fim consegue servir o café da manhã no horário para todas as 71 crianças entre 2 a 12 ciclos presentes ali. Ela não come, não tem força nem tempo para isso, afinal ainda precisa servir o café para todos e posteriormente limpar toda bagunça.
Quando tudo está arrumado finalmente, Agnes respira alguns poucos segundos, ela não tem muito tempo até que precise preparar o almoço.
De repente uma batida suave soa, vinda da porta. Agnes sabe que não é Vivien antes mesmo de se virar, suavidade não é uma palavra que combine muito com ela.
— Oi… Imagino que seja Agnes, a senhorita, pediu para que eu lhe ajudasse com o almoço. — fala uma garota da porta, seu cabelo é curto, num tom que Agnes descreveria simplesmente como apagado. Nada chama atenção na criança que aparenta ter cerca de 12 tormentosos ciclos de vida.
Agnes conhece o procedimento. Ela sabe o que isso significa, então aperta seus dedos firmemente, para evitar que a garota perceba como sua mão está tremendo.
— Vá e fale para a senhorita que não preciso de ajuda. — Ela diz na voz mais firme e arrogante que consegue.
— Ela disse que diria isso, e pediu que te dissesse que a escolha não é sua e sim dela.
Sua vontade é expulsar aquela garota dali, tirá-la aos empurrões e bater a porta naqueles olhos azuis tão medrosos. Não por culpa da garota, ela sabe que não é culpa da pobre menina, e sim pelo que aquela ajuda representa. Para ambas.
— Você sabe o que significa me ajudar aqui, menina? Quantos ciclos você tem? — Ela tem dificuldade de manter a voz ríspida como deve.
— E-eu tenho do-doze, não sei o que significa, mas posso ser útil, não precisa me tratar assim. — A menina permanece firme a sua frente, apesar do medo e da voz titubeante.
Agnes ignora o que a menina disse, mas o medo na voz dela será seu sustento, tem que ser.
— Qual o seu nome garota?
— Si-Sibila.
— Suma da minha frente enquanto não consegue formar uma frase sem gaguejar, si-sibila. — Ela caçoa, torcendo para ser o bastante.
Quando por fim se aproxima da menina que a altura mal chega as suas costelas, seus olhos azuis brilham não só de medo, mas de lágrimas. Sibila não deve estar aqui há muito tempo se uma voz rude a faz chorar, Agnes pensa. Ela nem precisa empurrar a garota para que ela saia da cozinha, somente o fato de Agnes chegar o corpo perto do dela já faz a pequena correr para fora dali.
Agnes fecha a porta aberta por Sibila com um estrondo, se senta no chão com as costas na porta e se põe a chorar silenciosamente. Essa é outra das artes aprendidas em Sollis, afinal, ninguém quer parecer frágil ao redor das outras pessoas ali.
Ela para de chorar quando ouve os passos, limpa os olhos e o rosto para não haver sinais de sua fraqueza e ela corre pela cozinha colocando panelas no fogo e legumes na tabua de corte. Ela sabia que voltariam, sabia que tinha pouco tempo, mas não tão pouco, Strois provavelmente estava em algum lugar por perto, esperando, como a maldita cobra que é.
A porta se abre num rompante, Strois com fúria nos olhos, e Sibila com seus olhos vermelhos e marejados, tsc, a pobre menina não tem ideia do que a espera, pensa Agnes.
— Posso saber o que te levou a recusar a ajuda que eu lhe forneci Agnes? Não seria você que mal consegue cumprir seus horários devido ao grande número de tarefas que lhe foi designada? — Vivien diz, com fúria comedida.
— Não preciso de ajuda Senhorita, o café da manhã saiu no horário como a senhora percebeu, e o almoço já está em andamento. Ter alguém como ela aqui, só me atrapalharia.
— Pois digo que Sibila fica, e se está tão incomodada deixe que ela faça sozinha o almoço.
— Se deixo a corça cuidar do almoço, os leões não comem. A menos que a corça seja o almoço senhorita. — Diz Agnes, limpando as mãos nas próprias roupas.
— Então ajude-a, explique a ela sobre suas funções, ajude-a a servir o almoço e depois venha com o kit de costura para minha sala, tenho uma tarefa para você. — O sangue de Agnes gela ao ouvir as palavras, mas ela se mantém com a aparência inabalável.
— Sim senhorita. — Agnes se força a dizer.
Strois sai e Sibila entra, fechando a porta atrás de si.
— Eu disse que você deveria me deixar ajudar. — Ela fala com acidez.
— Menina burra, não sabe onde está se metendo.
— Eu não tenho medo de você.
— Não é de mim que deveria ter medo, eu não vou ser problema seu por muito tempo. — Agnes diz, a voz baixa demais, até mesmo para ela.
— O que quer dizer com isso?
Sua vontade é de gritar, mas Agnes não grita. Colocar alguém novo no orfanato como detenta eterna é crueldade demais, até mesmo para o padrão da Strois, ainda assim isso não deveria surpreender ninguém, muito menos ela. Agnes solta a faca que mantinha nas mãos e se vira para Sibila.
— Você ao menos sabe o que é uma detenta eterna?
— Uma o quê?
— Pelos Magicae criança. Há quanto tempo está aqui? — Agnes diz num rompante.
— Cheguei hoje.
— É ainda pior do que eu pensava. Ela quer que isso também seja uma tortura para mim, raios.
— Tortura? Do que você está falando? — Sibila arregala os olhos e dá alguns passos para trás.
— Strois é um monstro do pior tipo, isso por enquanto é tudo o que precisa saber. Tenha cuidado extremo com ela. Não sei quanto tempo tenho até que ela passe minha função para você.
— Você parece querer me assustar, não vou me assustar tão fácil. — Sibila responde, levantando o rosto.
— Talvez se assuste quando precisar enterrar meu corpo nos fundos de Sollis menina, de toda forma, eu não me importo. Talvez eu ganhe um tempo se demorar para treinar você.
— Tempo? Corpo? Do que está falando?
— Estou falando que está no inferno, Sibila, é melhor que aprenda a seguir as ordens do Capeta.
○•°●°•○•°●°•○••• ☽•☾ •••○•°●°•○•°●°•○
A preparação do almoço segue sem nenhum problema, Agnes não tem dificuldade de ensinar tudo a Sibila, já fazem 10 ciclos que Agnes é a detenta eterna e ela já conhece todos os preparos como a palma da própria mão.
Após servirem todas as crianças, Agnes se retira da cozinha até seu quarto, é chegada a hora e ela sabe que não deve deixar Strois esperando, de qualquer forma, não se pode evitar o inevitável.
Agnes pega sua caixa de corte e costura e o vestido ajustado para Lizbete, e se dirige até a sala de Strois, mas, não sem antes ir até Liz, que ainda se encontra no refeitório.
— Lizbete, seu vestido. Boa sorte com os Magicae menina. — Agnes diz com um sorriso e passa a mão no cabelo áspero da pequena.
— Obrigada Agnes. — diz a menina com um sorriso brilhante e volta ao seu prato.
A porta de madeira escura está a sua frente, Agnes sente seu corpo tremer e seu coração acelerar dentro do peito. Sabe o que está por vir, e mesmo que tenha implorado por isso vezes a fio, agora que o momento chegou, ela queria poder evitar isso de qualquer forma possível, o medo invade seu corpo como nunca antes, muito medo. Algumas vezes, porém, é necessário agir com medo mesmo.
Ela bate a porta grossa de carvalho, e no momento que seus dedos encontram a madeira dura ela sabe que selou seu destino.
— Entre. — A voz de Vivien Strois soa do outro lado da porta.
Agnes abre a porta e se põe em frente a diretora do orfanato, que se encontra sentada em seu assento de couro vermelho, tomando um chá na sua louça cara de porcelana.
— Sente-se Agnes. — Ela diz, o tom de voz soa calmo, calmo demais.
— Sim senhorita. — Agnes tenta ao máximo se manter inabalável, mas o suor chega a escorrer de sua têmpora.
— Você sabe porque está aqui Agnes? — Vivien Strois parece satisfeita em ver a menina ali.
— Sim senhorita.
— Você sabe o que entregar essa caixa significa Agnes?
— Sim senhorita. — Diz ela e uma lágrima traiçoeira lhe escapa pelos olhos.
— Chorando Agnes? Achava que fosse mais forte que isso. — Strois balança a cabeça em negativa, como se estivesse decepcionada, apesar dos seus olhos denunciarem o oposto.
— Eu também achava, senhorita. — Ela diz, sua voz soa entrecortada.
— Certo. Me acompanhe por favor. — Strois se levanta e passa por Agnes sem nem mesmo olhar se a menina a acompanha.
Vivien segue até a sala que Agnes conhece melhor do que gostaria depois de tanto tempo vivendo em Sollis. Elas adentram a sala e um arrepio sobe pela espinha de Agnes.
— Deite-se Agnes, por gentileza.
A mulher sempre parece mais educada quando elas estão ali, na sala escura, de paredes predominantemente pretas. Uma espécie de cama com correntes, um armário com frascos e utensílios que Agnes prefere desconhecer a utilidade, é tudo o que há ali. A parte mais obscura de sollis, a sala que somente quem vive ali por tempo suficiente conhece.
Agnes se deita, seu corpo treme tanto que ela leva um tempo até conseguir chegar a cama. Seus olhos parecem rios de tantas lágrimas que correm por eles.
Vivien se aproxima e prende suas mãos e pés. Um sorriso calmo habita seus lábios, prova da perversão da mulher. Lentamente seus pés se encaminham até o armário. Ela abre a porta e examina as opções como uma criança em frente a uma vitrine cheia de doces.
Agnes não tem ideia de quanto tempo passa até que Vivien volte com uma seringa numa mão e uma faca na outra. A agulhada é rápida, a dose dividida em cada uma de suas pernas, Vivien nunca havia feito aquilo antes, Agnes fecha os olhos e se prepara para uma dor que não vem.
Seus olhos se arregalam quando ela percebe que não somente a dor não é sentida, como, na verdade, nada sente em ambas as pernas, talvez seja uma benção afinal. Agnes observa a lâmina cortar-lhe a parte atrás dos joelhos cujo nome ela desconhece, mas sem a dor para lhe fazer companhia, tudo parece suavizar.
Vivien a olha e seus olhos tem um brilho sinistro, ela solta todas as correntes de Agnes, e volta ao seu armário. Ela não entende nada até que tudo aconteça, e de repente a paz sublime da falta de dor vai embora e somente o desespero sobra.
Um liquido esverdeado é derramado por seu corpo, do pescoço para baixo, e então Vivien aproxima a chama de um de seus pés que ela não consegue mexer.
Vivien se afasta e observa as chamas lentamente subindo o corpo da garota, lentamente demais. O líquido que ela aplicou, percebe Agnes, não foi para apressar o fogo e sim para retardar as chamas, ela entende. Seus olhos ardem com o calor que sobe por suas pernas imobilizadas.
Demora muito tempo até Agnes sentir a dor do fogo no seu corpo, mas o cheiro de urina impregnado no quarto revela o pânico sentido pela garota, isso e os gritos. Agnes grita até não ter fôlego mais para gritar, até sua voz sumir, até suas cordas vocais parecerem prestes a arrebentar.
O fogo segue, lambendo seu corpo com suavidade até Agnes desmaiar, no exato momento em que o sino toca, avisando a chegada do Magicae ao orfanato. Vivien fica r assiste um pouco mais, até que o sino toque de novo e ela saiba que precisa sair apressada. Triste por não poder assistir ao sucumbir da garota, porém ciente de que não pode deixar o ser esperando do outro lado da porta. Vivien sai com tanta pressa que nem mesmo se lembra de trancar a porta da sala, mas isso não é um problema, afinal o Magicae está ali para verificar as crianças e não para remexer seu orfanato.
○•°●°•○•°●°•○••• ☽•☾ •••○•°●°•○•°●°•○
Parece mágica quando Agnes desperta, seu corpo ainda queima, mas as chamas estão fracas e não há ninguém ali. Cada pequeno pedaço de seu corpo dói como o inferno, mas ela não perde a oportunidade que os deuses lhe deram, alguém parece ter ouvido suas preces, finalmente.
Agnes joga seu corpo para fora da cama, e um baque surdo ecoa pelo cômodo. A dor em seu corpo é tanta que ela mal sente a dor da queda.
Quando se vê no chão, Agnes tem a ideia de rolar para apagar as chamas que ainda resistem em seu corpo. Demora um tempo até que ela consiga.
Suas pernas ainda não se movem e agora ela está em carne viva até a cintura; o tecido do vestido se grudou a sua pele de um jeito terrível, como se pele e vestido fossem apenas um.
Agnes se arrasta até a porta da sala, a dor de seu corpo de arrastando pelo chão é tão grande que ela quase grita de dor a cada mínimo movimento. Quando ela finalmente consegue abrir a porta do cômodo, Agnes glorifica aos céus. Mas seu sofrimento continua, leva muito tempo até Agnes chegar a entrada, tempo demais, visto que ela se arrasta o mais lentamente possível para que a dor não a faça gritar e perder qualquer chance que resta a ela de fugir.
O medo é aterrador, mas somente uma coisa faria Vivien sair daquela sala, ainda mais deixando a porta aberta. Somente a chegada do Magicae, e por mais que na maioria das vezes que os Magicae passaram por sollis Agnes estava na cozinha, preparando o jantar. Ela sabe o quanto a visita é demorada.
Pelo menos uma hora e meia deve ter passado do momento que Agnes acordou até finalmente sair porta afora do orfanato. Ela não tem tanto tempo, cerca de meia hora se suas contas estiverem corretas.
Ela se arrasta pela grama e é ainda pior, ela sente os pequenos fios verdes da grama encostarem na sua carne, terra entrando nos seus machucados. Mas ela precisa se apressar. Não falta muito até que ela chegue à carruagem do Magicae, Agnes quase grita a cada movimento. Cada centímetro é uma vitória.
Quando ela finalmente alcança a carruagem, ela precisa se pendurar na parte de trás, o que é quase tão difícil quanto de arrastar, mas ela consegue abrir o bagageiro e se jogar na parte de trás antes que alguém chegue.
Seu corpo treme devido à dor e a exaustão, as lágrimas em seus olhos não param de sair, ela mal consegue sentir alivio de ter chegado até ali, sabendo que se for descoberta o Magicae muito provavelmente devolverá ela para Vivien que terminará o que começou. Ela treme e chora, sabendo que no estado que seu corpo se encontra é um milagre que ainda sequer esteja viva.
Agnes fecha os olhos, sentindo seu corpo doer e arder como o inferno, as lágrimas escorrem por seu rosto e molham o bagageiro da carruagem. Agora, só resta a ela esperar para descobrir o que o destino realmente lhe reserva.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top