Capítulo 15

Como havia prometido a Ethan, decidi que falaria com Luzia, mas antes teríamos que ouvir a bronca de Ivan. Algumas criaturas da vila estavam visitando o castelo e por isso convocou uma reunião, a pedido de Dahlie e Cristian, não só para nos dar uma bronca, mas para que contássemos sobre as feras também.

— Então, vocês voltaram a encontrar aqueles seres? — Falou assim que nos trancou na sala, não deixando que ninguém ao menos tomasse um banho ou comesse alguma coisa.

— Sim. Nós encontramos as feras e estavam mais poderosas que antes. — Ônix ocupou uma cadeira perto de Ivan.

— Mas como isso pode ser possível? — Ivan falou mais para si mesmo.

— Nós sabemos como pode ser possível e será uma questão de tempo até que comecem a atacar a vila de novo. — Ethan usou seu não habitual tom de seriedade.

— Então alguém entre nós ainda está controlando aquelas criaturas e depois da varredura que fizemos... — Ivan parou de falar por um momento e fitou o nada. — Só uma pessoa ainda tem o poder das Sombras.

— Alessia não atacaria a si mesma! — Agora Ethan estava irritado.

— Você acha que sou eu? — Perguntei, indignada. — Você acha que se realmente controlasse aquelas coisas deixaria que atacassem meus amigos? Deixaria que atacassem os que futuramente serão o meu povo? Deixaria que controlassem Zein para que me matasse?

— Para que fizesse o quê? — Ivan lançou um olhar astuto em minha direção.

— Alessia não está mentindo. Se quiser fazer o feitiço comigo e ler minhas lembranças, fique à vontade. — Ethan ofereceu. — O cara matou ela sim, mas depois a ressuscitou lhe dando o próprio coração. Não faça essa cara de espanto Ivan, você sabe que existe esse encantamento.

— Ele.... Isso não é possível. — Ivan estava com uma expressão de completa incredulidade. — Não há como trazer alguém de volta da morte!

— Há sim. Se a pessoa acabou de morrer e você der a sua própria vida em troca. — Dahlie se intrometeu na conversa. — Acreditem. Estudei isso a vida toda.

— Cada um dos fundadores estudou uma coisa diferente? — Não sei porque resolvi dizer uma coisa dessas nesse momento, mas foi o que fiz.

— Estávamos presos naquela caverna e precisávamos passar o tempo. Por isso, cada um acatou um tema e começou a estudá-lo. — Explicou com um sorriso.

— O coração que era dele agora é meu, queira você ou não. — Cerrei os punhos para controlar a raiva e as lágrimas.

— Tudo bem. — Ivan falou por fim, junto a um suspiro cansado. — Não vou torturá-la fazendo-a falar disso e, apesar de você discordar, sei que gostava muito daquele rapaz.

— Não. Só estou grata por ter consertado um dos erros que cometeu. — Usei todas as minhas forças para proferir a sentença. — Jamais gostaria de um mentiroso traidor.

— Ele não te traiu, Alessia! — Ethan estava visivelmente frustrado. — Mostrei minhas lembranças a você!

— Ele se entregou às Trevas, Ethan. Se não tivesse feito isso, ainda poderia estar aqui conosco. — Tinha consciência de que minha voz estava parecendo, mesmo que minimamente, estrangulada.

— Isso só demonstra que sente sua falta! — Levantou de seu lugar, saiu da sala e bateu a porta atrás de si.

— Chega! Não viemos aqui falar do ciúme ou da saudade de alguém. Temos assuntos sérios a tratar. — Ivan bateu o punho fechado sobre a mesa de madeira, fazendo vários objetos pularem e rolarem.

— Não precisa ser insensível, Ivan. — Dahlie falou delicadamente.

— Estou sendo objetivo. — Ivan lhe lançou um olhar zangado.

— Ótimo. A resposta é simples. Volte a patrulhar a floresta e a colocar o toque de recolher. Avise as pessoas que estão em perigo novamente, mas tente não as colocar em pânico. Ah! Avise também que o rapaz que morreu não era o responsável pelas criaturas! — Deixei minha própria irritação transbordar.

Aproveitei a surpresa de todos pela maneira como falei e saí da sala o mais rápido que pude, em direção ao meu quarto e a um bom banho. Depois daria uma passada na biblioteca para saber como estavam as pesquisas sobre o que estava acontecendo com Ária e iria ter uma conversa com Luzia. Por fim, procuraria Ethan para saber se ainda estava chateado comigo, pois agora, com certeza, estava.

Depois de relaxar por um tempo no vapor do banheiro e me vestir com um daqueles vestidos medievais do guarda-roupa, fui até a biblioteca para saber como estavam as pesquisas e para talvez ajudar também. Camilla e Cameron estavam na biblioteca e enquanto ela fazia anotações, ele estava atrás de uma pilha de livros enorme.

— Olá. — Disse devagar e baixinho, com medo de atrapalhar.

— Alessia! — Camilla sorriu e levantou para vir até mim. — Como você está?

— Estou bem! Queria saber como andam as pesquisas.

— Estão indo bem. Milla finalmente terminou de ler o livro e está começando a tentar desvendar a pista que deveria dar. — Cameron se juntou a nós.

— Isso é ótimo! Descobriu alguma coisa importante até agora?

— Por enquanto só sei como controlar um Poder e estou tentando reconhecer sinais de quando alguém está sendo controlado por um. Mas é difícil, porque pode ser muito diferente em cada caso.

— Entendi. Só vocês estão continuando as pesquisas?

— Sim. Os outros estão ocupados com outras tarefas e não estão vindo com muita frequência. Ária está piorando e inventa cada tarefa estranha que você não acreditaria. — Cameron esfregava a testa como se estivesse com dor de cabeça.

— Estão precisando de ajuda? — Sorri de leve.

— Pode ajudar o Cameron com a pilha de livros que arrumou... — Camilla voltou ao seu lugar. Sentei na frente da pilha de livros e comecei a folheá-los, em busca de algo até a hora do almoço. Já havia decidido procurar Luzia, mas só após ter comido algo mais consistente.

Quando encontrei Luzia, me pediu que a seguisse até sua sala, onde poderíamos conversar com mais privacidade. Ao que parece, o castelo recebia visitas regulares dos habitantes da vila, que eram muito hábeis em ouvir conversas aleatórias e espalhá-las por aí.

— O que te traz aqui, Alessia?

— Na verdade... não há um motivo específico. É mais como uma mistura de sentimentos e acontecimentos que me fizeram vir falar com você para buscar a compreensão.

— Tudo bem, querida. Estou ouvindo o que você tiver a dizer e tentarei ajudar da melhor forma possível. — Sentou na poltrona marrom, atrás da mesa de madeira cor de tabaco, e apoiou as mãos na mesa, os dedos enroscando-se entre si. Seus olhos brilhantes e astutos me observavam como se enxergassem minha alma.

— Por que todos concordaram em mexer na minha memória? — Essa era uma questão que vinha me atormentando muito. — De quem foi essa ideia?

— Nem todos aceitaram fazer isso, mas a maioria sempre vence. — Não parava de fitar meus olhos e isso me deixava um pouco desconfortável. — A ideia foi de Ária, mas estava consciente quando sugeriu isso.

Ária sugeriu isso? Como pôde?

— Estava pensando no melhor para você, tenha certeza disso. Certa vez, passou por uma situação semelhante.

— Que situação?

— Não vem ao caso agora. Isso é uma informação dela e se quiser, pode lhe perguntar diretamente, mas não posso falar sobre isso.

— Tudo bem. — Concordei meio a contragosto. — Mas por que ninguém me contou que ele havia morrido?

— De que adiantaria o feitiço se tivessem contado?

— A intenção não era me fazer odiá-lo? O que importava se soubesse ou não que estava morto?

— Você tentaria descobrir porque morreu e aí descobriria a verdadeira causa. Aliás, quem contou a você?

— Ah! Essa não...! — Meu sangue gelou de repente. Como pude entregar a verdade tão facilmente? Não era para ninguém saber que tinha o conhecimento sobre o que aconteceu de verdade! — Por que não parece surpresa?

— Porque não tiro o direito de quem te contou. Essa pessoa foi corajosa o suficiente para ser verdadeira com você mesmo sabendo da punição.

— Importa mesmo quem me contou?

— Para mim não, mas para você sim. Confie nessa pessoa como em mais ninguém.

Nesse momento fui obrigada a baixar a cabeça e morder o lábio, como tentativa de engolir as lágrimas e o aperto no meu coração. Por que tinha que ser tão difícil assim esquecer alguém que tentou me matar? Por que não podia simplesmente esquecê-lo e me importar mais com a única pessoa que foi sincera comigo e não me escondeu nada?

— Perdas nunca são fáceis, mas nós precisamos....

— Não vim aqui falar sobre perdas. Quero apenas respostas e a verdade. — Cortei a fala de Luzia antes que fizesse meu esforço em não chorar ter sido em vão.

— Está bem. — Ao contrário do que pensei, não estava irritada, ainda parecia perfeitamente calma e concentrada. — Próxima pergunta.

— Não sei se já te contaram que aquele poço onde o Mestre das Sombras morreu é na verdade um dos portais que liga os três Reinos....

— Sim, já estou ciente. Ônix me informou, embora ninguém além de nós saiba. Ninguém além de você, seus protetores, Ivan, Ônix, Dahlie, Cristian e eu.

— Ótimo. É melhor manter segredo, por enquanto. — Afirmei, voltando a olhá-la. — Luzia, venho alimentando um ódio mortal por Leslie e isso está me assustando.

— Bem.... Você ainda consegue se controlar ao pensar nela ou há apenas um desejo de vingança e morte?

— Consigo me controlar, é claro. Por quê?

— É mais uma de suas lembranças tentando aflorar e se apoderar de você. Agora que você sabe que existem, é mais difícil que tomem completo controle de seu corpo, mas sempre que essa Lembrança específica tomar conta de você, me procure. É uma lembrança perigosa de alguma vida em que você deve ter sido uma caçadora de recompensas alimentada pelo ódio e vingança.

— Eu já fui isso? — Olhei-a horrorizada.

— Não é certeza, apenas uma possibilidade. — Tentou, em vão, me acalmar.

— Pode tomar conta de mim como um Poder?

— Não permanentemente, mas pode fazer estragos no tempo em que te controlar por completo.

— E não há como me livrar dessas coisas?

— Você não pode se livrar do seu passado, Alessia. — E me pareceu que suas palavras transbordavam sabedoria. — Posso tentar produzir um amuleto mágico capaz de drenar a força das Lembranças, mas vou demorar um pouco e preciso que se esforce nesse meio tempo.

— Vou me esforçar. Obrigada.

— Mais alguma pergunta?

— Luzia, você tem ideia do que está acontecendo com Ária?

— Tenho minhas próprias hipóteses e não acho que seja algum tipo de feitiço, mas não há mais o que te dizer sobre isso.

— Ela está recebendo visitas? Posso visitá-la?

— Não sei. Talvez deva perguntar ao Ivan. Ele deve saber se pode ou não receber visitas.

— Tudo bem. Ahn... tem mais duas perguntas e prometo que te deixo em paz.

— Pode fazer quantas perguntas quiser, Alessia. Estou aqui para te ouvir.

— Não sei como perguntar... tem algum tipo de feitiço que faça uma pessoa sentir o que a outra sente ou saber quando a pessoa está mentindo ou não?

— Há feitiços para isso, mas acho que no seu caso é outra coisa. — E sorriu de leve. — Se alguém mistura seu sangue com o de outra criatura e a faz beber do próprio sangue também, doa sua imortalidade a você.

— E...? — Estava tentando fazer meu rosto voltar à temperatura normal.

— E isso liga suas almas, por isso sentem o que o outro sente e sabem quando estão mentindo. — Sorria completamente agora.

— Está bem. — Baixei a cabeça novamente. — Só mais uma coisa. Estou tendo sonhos muito vívidos com o Mestre das Sombras e queria saber se isso se deve ao fato de ter dado seu coração para mim.

Sonhos vívidos? Que tipo de sonhos? — Luzia tentava, em vão, controlar a voz, mas havia algo de estranho em seu tom. Levantei a cabeça e percebi que estava mais pálida que nunca.

— São como cenas que aconteceram com ele e sou como um fantasma que as observa, mas ao mesmo tempo sente o que ele sente. — Esperei que dissesse alguma coisa ou desse um diagnóstico como especialista nesse assunto, mas não respondia e encarava as mãos na mesa. — Luzia? — Ela finalmente pareceu acordar de um transe e levantou meio desajeitada, pedindo que levantasse também e a seguisse até a porta.

— É tudo efeito colateral do feitiço da memória. Não se preocupe com isso, está bem? — Disse apressada e me empurrou para fora da sala, batendo a porta em seguida.

Bati na porta algumas vezes e a chamei, esperando que ao menos respondesse, mas só havia o silêncio e o barulho de livros sendo folheados. Resolvi que não adiantaria tentar lhe falar e segui para o meu quarto novamente. Precisava absorver um pouco tudo que Luzia havia me contado e explicado, para depois procurar Ethan e pedir desculpas por qualquer coisa que o tenha chateado.

Enquanto o procurava, parecia estar jogando um daqueles joguinhos de RPG em que você fala com umas mil pessoas até encontrar a que você de fato estava procurando. A diferença é que os joguinhos são legais e fazer isso de verdade não é tão divertido assim.

Primeiro, encontrei com Ivan, que me disse ter visto o Ethan seguir na direção do salão de jantar. No salão, encontrei Dahlie, que me informou tê-lo visto na biblioteca. Ao chegar lá, Cameron me disse que Ethan havia ido para a vila após sair dali.

Saí do castelo e passei pelo bosque até chegar à vila. Lá, encontrei com Julie, que me contou que estava indo para a floresta. Isso já estava me irritando profundamente e nem mais queria encontrá-lo, quando achei Daniel treinando e disse que Ethan havia seguido para a praia. Depois de caminhar por um bom tempo, encontrei Ethan sentado na areia, à sombra de uma árvore nas margens da divisa floresta/praia.

— Ahn.... Oi. — Falei baixo, tentando chamar sua atenção, que estava voltada para um pedaço de papel com coisas escritas. — Posso sentar aqui com você?

— Faça como quiser. — Falou sem me olhar. Sentei ao seu lado e percebi que aquelas eram anotações sobre alguma coisa.

— O que é isso?

— Camilla terminou o livro. — E jogou o papel na minha direção. — Pode ler se quiser. Não faz muito sentido.

Peguei o papel um pouco desajeitadamente por causa da surpresa, não esperava que jogasse aquilo em mim. Nem esperava que fosse tão seco assim, nem disse nada demais para deixá-lo tão chateado. Sabia que era apenas ciúmes, mas isso não me impedia de tentar me desculpar. Sabia o quão chato era ser orgulhosa e acabar afastando as pessoas porque simplesmente não conseguia admitir que errou.

— Basicamente, ela sabe reconhecer quando um Poder está controlando alguém, mas isso nós já sabíamos por causa do Mestre das Sombras. — Arrependi-me de ter dito isso no mesmo instante.

— É. Você sabia diferenciar direitinho quando estava ou não sendo controlado. — Seu comentário fez meu sangue ferver de raiva. Tive que me esforçar muito para não acabar gritando e falando o que realmente queria dizer.

— Agora, essa parte sobre controlar o Poder pode ser útil... afinal, aqui também está mencionando o fato de ensinar alguém a controlar seu Poder.

— Teria sido de grande ajuda para salvar seu principezinho das trevas, não é?

— Por que se importa tanto? Isso não é da sua conta, é? E por que continua a ter ciúmes de alguém que já está morto?

— Isso não me importa e não é da minha conta, mas quem disse que estou com ciúmes? — E finalmente olhou para mim, quando disse as últimas palavras como se estivesse indignado.

— Se não te importa e não é da sua conta, que outra explicação teria?

— Que.... — Parou com a boca entreaberta no início da frase e ficou pensativo — É claro que há outra explicação.

— Muito convincente seu argumento.

— E porque se importa tanto com a minha opinião sobre alguém que já está morto? — Fez uma imitação ridícula da minha voz no final da frase.

— Chega. Não vim aqui para brigar com você. — Tentei encerrar a discussão e fugir da pergunta.

— Então veio aqui fazer o quê?

— Vim aqui tentar entender o que te irritou tanto no que disse e pedir desculpas caso o tenha ofendido de alguma forma. — Pareceu surpreso e confuso, seus olhos se detiveram por um bom tempo, analisando minha expressão.

— Não me ofendeu. — Falou de repente, e passou a observar as ondas que se formavam agitadas no mar.

— Então por que saiu da sala daquele jeito?

— Você já disse a resposta. — Disse simplesmente, se recusando a me olhar. As ondas estavam ainda mais agitadas e pude sentir que estava ansioso e nervoso. O mar estavam se comportando daquela forma porque o vento também sentia suas emoções e acabava se agitando, fazendo as ondas se formarem daquele jeito bagunçado. O ar era o Poder que se uniu a ele.

Não foi necessário pensar por muito tempo para saber a resposta da qual falava. Então realmente estava com ciúmes. Isso só poderia significar que estava certa e que gostava mesmo de mim. Só que isso também voltava na questão de sentir ou não o mesmo.

— Falei com Luzia.

— E...? O que ela disse? — Ainda olhava o mar e as ondas permaneciam agitadas.

— Que a pessoa que me contou a verdade é a pessoa em quem mais devo confiar. — Segurei uma de suas mãos e apertei-a levemente. Voltou seu olhar para mim e sorriu. Não aqueles sorrisos metidos ou sarcásticos que costumava fazer. Um sorriso sincero. Verdadeiro. Como a pessoa que era, apesar de tudo.

— Ela está completamente certa. — E me beijou rapidamente, tornando a se afastar logo em seguida. O mar estava mais calmo, as ondas haviam desaparecido e uma leve brisa batia suavemente em nossos rostos. — Foi só isso?

— Sim... — disse hesitante. Não queria falar das outras coisas que conversei, principalmente sobre a morte do Mestre das Sombras e da sua reação estranha ao fato de estar sonhando vividamente com ele. Ethan estava... não exatamente gentil, mas aceitável e acessível, e não queria que voltasse a ser grosso comigo.

— Sabe que não pode mentir para mim. Sei que não foi só isso e posso sentir sua hesitação, mesmo não tendo poderes com a alma.

— Não quero falar sobre... — me interrompeu, colocando o indicador sobre meus lábios e me olhou fixamente. Isso me fez estremecer. Havia ali um brilho diferente, que lhe conferia um caráter quase responsável. Nada daquele brilho sedutor ou brincalhão que costumava haver ali.

— Pode me contar a verdade. Tudo que ela falou e tudo que fez. Estou falando sério e estava realmente certa quando disse que poderia confiar em mim. — Disse em tom sério, mas havia ali mais alguma coisa. — Eu... sinto muito por ter agido daquela maneira idiota ao sair da sala daquele jeito. E por ter respondido mal agora há pouco. São reflexos das minhas antigas atitudes. É complicado mudar e estou tentando de verdade tratar melhor as pessoas. Começando por você, é claro, mas estou enfrentando alguns problemas em controlar minhas emoções.

— Está tudo bem. — E o abracei forte, sem perceber o que estava fazendo.

Foi como se nossas almas se unissem por uma fração de segundo. Queria ajudá-lo e confiar nele, não importava mais nada. Passado. Atitudes. Ações. Sentimentos dolorosos. Nada disso que se relacionasse ao passado era de fato importante naquele momento e tudo que queria era que estivesse feliz. Era como se uma energia positiva e invisível estivesse ali em torno de nós, ao mesmo tempo em que era algo material e palpável.

— Agora, por favor, me diga o que mais você e Luzia conversaram. — E se soltou do abraço, um pouco desajeitado.

Contei tudo o que havia conversado com Luzia, incluindo a questão do portal, de Ária e de nós sentirmos o que o outro sente e vice-versa. Contei tudo que havia me dito sobre as Lembranças e como poderiam acabar me controlando por completo por algum tempo, mas que também havia uma maneira de impedir esse controle total e de poder domá-las.

— Fiquei muito melhor depois de conversar com ela. Com exceção da sua reação ao fato de estar sonhando com ele vividamente. Não acreditei no que me deu como explicação.

— Também não acredito naquilo nem um pouco. — Disse pensativo, enquanto me ajudava a levantar para voltarmos juntos ao castelo. Combinamos de antes passar no restaurante das fadas para comer alguma coisa, já que era quase hora do jantar e provavelmente não chegaríamos a tempo.









Olá, fiéis leitores! Gostaria de perguntar a vocês se estão tendo algum problema para ler o livro. Uma pessoa comentou comigo que os capítulos estavam aparecendo faltando partes ou duplicando outras. Gostaria de saber se está acontecendo com mais alguém, pois para mim aparece normalmente.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top