032
A fic tá acabando, comentem bastante que talvez tenha segunda temp
Think I like you best when you're just with me
Acordei sentindo uma dor forte no ombro e pelo corpo inteiro. Estava escuro, sem nenhuma luz. O clima era frio, e uma chuva calma caía lá fora. Tudo em que eu conseguia pensar era onde Jennie estaria.
Será que ela está bem? Está machucada? Já se alimentou? As lembranças do que aconteceu algumas horas atrás dominavam a minha mente, e os gritos desesperados dela ainda ecoavam, assombrando-me.
De repente, a porta foi aberta pelo Dr. Kang, que sorriu ao me ver consciente. Ele acendeu a luz, que causou um incômodo imediato aos meus olhos, e se aproximou com sua maleta, pronto para me examinar. Atrás dele, o silêncio era total. Não ouvia vozes distantes, nem passos. Onde está todo mundo?
— Que bom que acordou, senhorita Manobal! Está com dor em algum lugar? Consegue sentir seu braço? — perguntou ele, verificando meu ombro, e só então percebi que estava sem camiseta, usando apenas um top.
— Onde está Jennie? — tentei me levantar, mas uma dor repentina me fez recuar enquanto o Dr. Kang me ajudava a deitar novamente.
— Calma! A senhorita Kim está bem, ok? Preciso que você fique quietinha. Repouso absoluto, então sem mais brigas por um tempo.
— Quero ver a Jennie. Pode chamá-la, por favor? — pedi, notando sua expressão surpresa. Talvez por eu ter dito “por favor”.
— Vou pedir para trazerem sua comida também. Você está fraca, precisa se alimentar bem de agora em diante. E nada de cigarros ou bebidas alcoólicas.
— Já entendi.
— Estou falando sério. Procure outra maneira de aliviar o estresse; cigarro não é a melhor opção agora, senhorita Manobal — assenti. — Vou chamar a senhorita Kim — disse ele, curvando-se antes de sair.
Sentei-me na cama, esperando ansiosamente para vê-la novamente.
Não demorou muito para que Jennie aparecesse na porta do quarto. Vi meus capangas atrás dela, mas a única pessoa que importava era ela, parada ali, sorrindo e chorando ao mesmo tempo. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto, e abri os braços, vendo-a correr até mim e me abraçar, tomando cuidado com meu ombro. Mas eu nem ligava para a dor; naquele momento, ela era a minha única cura.
Um misto de alívio e tristeza me atingiu. Estava aliviada por ela estar bem, mas triste por tê-la feito passar por tudo aquilo. Eu queria entender o motivo de ela ter fugido de novo, mesmo depois de eu ter deixado claro que a protegeria.
— Fiquei com tanto medo de te perder... — ela sussurrou, entre soluços.
Aquilo fez meu estômago revirar e meu coração bater mais rápido. Olhei para a porta, onde meus capangas assistiam a cena sorrindo. Não sabia o que fazer nem o que responder; ninguém nunca tinha me dito que teve medo de me perder. Pedi ajuda com o olhar, mas Jeongyeon respondeu silenciosamente, mexendo os lábios para que eu entendesse: "Se vira!" E fechou a porta.
— Desculpa... — Jennie se afastou um pouco, olhando para o meu ombro. — Te machuquei?
Neguei com a cabeça, oferecendo um sorriso. Peguei sua mão e acariciei sua pele suavemente, tentando controlar o nervosismo.
— Por que fugiu? — perguntei, minha voz quase inaudível. Eu precisava entender por que ela fez aquilo. — Não confiou em mim quando eu disse que nada te aconteceria?
— Não é isso... é que... fiquei com medo — uma lágrima escorreu enquanto ela olhava para nossas mãos unidas. Ela suspirou, buscando as palavras certas, e então me encarou novamente. — Eu fiquei apavorada com os tiros, e o Kuma também. Tive medo de que alguém entrasse no quarto, e você não conseguisse me ouvir se eu gritasse por ajuda...
— Não vou dizer que fez o certo ao fugir. Se eu não tivesse ido te procurar no quarto na hora certa, você talvez não estivesse mais aqui — ela baixou o olhar, arrependida. — E onde está o Kuma? O que aconteceu com ele?
— Eu o soltei quando vi aqueles homens. Não queria que machucassem o Kuma... Jungkook e Bangchan foram procurar ele, mas ainda não deram notícias.
— Que horas são? Eles não vão conseguir enxergar direito de noite.
— É quase meio-dia, Lisa.
— Ah...
Olhei para os olhos felinos dela, lembrando das palavras que Jennie deixou em sua carta, e me arrependi profundamente de tudo que fiz com ela. Destruí sua vida, e, se não a tivesse mantido sequestrada, ela estaria bem agora, vivendo sem medo de morrer cada vez que saísse daquele quarto. É compreensível que ela não queira aceitar que se apaixonou por mim.
— O que foi? — perguntou Jennie, e então percebi que não conseguia parar de encará-la. — Por que está chorando? Nunca te vi chorar por nada — disse ela, passando o polegar suavemente pela minha bochecha, limpando uma lágrima.
— Me perdoa... Eu te arrastei pro inferno junto comigo... — minha voz saiu embargada. Senti seus braços ao redor do meu corpo.
— Não adianta eu tentar negar, você realmente me arrastou pro inferno. Mas, se não fosse por isso, eu não teria te conhecido. Tem um lado bom nisso.
— Eu sou uma assassina, Jennie. Não sirvo pra você. Se realmente for pra ficarmos juntas, como isso poderia acontecer? — Ela se afastou um pouco, me olhando confusa.
— Como assim?
— Imagina se você aceita que se apaixonou por mim... Como poderíamos viver juntas e formar uma família? Eu sou completamente suja — olhei para minhas mãos. — Como poderia segurar nosso filho com essas mãos que algum dia já estiveram sujas com o sangue de outra pessoa? — desviei o olhar de minhas mãos para os olhos dela, que brilhavam com lágrimas. — Como poderia fazer isso?
— Se...
— Se fosse em outras circunstâncias, você aceitaria que tá apaixonada por mim? Você construiria uma família com uma mulher?
— Deixa eu terminar a minha frase — disse ela, me interrompendo. — Sim, eu formaria uma família com você, Lalisa Manobal — falou, levando a mão ao meu rosto e acariciando suavemente minha bochecha com o polegar, enquanto sorria. — Se você se sentiria suja para segurar nosso filho, por que não deixa essa vida? Uma terapia seria boa...
— A partir do momento que eu deixar essa vida, eu morro. Não terei mais poder sobre ninguém, Jennie. Tenho inimigos por todos os lados, não daria certo. Não quero que você continue nessa situação.
— Quer dizer o que com isso?
— Quero que vá embora. Esqueça de nós, esqueça tudo o que aconteceu. Eu suportaria a dor de te perder e saber que poderia te ver em algum lugar um dia, mas não suportaria te perder e saber que nunca mais veria você... Amar é desejar a felicidade do outro. E eu desejo que seja feliz, construa uma família, viva saudável e sempre sorridente, sem lembrar que teve um caso com a chefe da máfia coreana.
— Para de falar besteira! Você me manteve presa até agora naquela mansão e agora quer que eu vá embora? Não passei por tudo aquilo à toa, tá legal? Só saio da sua vida quando morrer, e, caso isso não aconteça, continuarei aqui, tentando te convencer a deixar essa vida e ir viver comigo no interior da Coreia. Vamos ter dois filhos, três cachorros e cinco gatos — falou, tentando sorrir em meio às lágrimas.
Dei um leve sorriso, sentindo uma lágrima presa no queixo.
— Por que você tem que ser tão incrível assim? Não mereço seu amor, Jennie... Entenda que o que causei na sua vida não tem perdão... Matei uma pessoa importante pra você, mandei meus capangas te agredirem, te coloquei em situações onde você quase morreu, e ainda te mandei se infiltrar na festa do Shin Donghee, onde você quase foi assediada.
— Também tivemos momentos felizes. Pelo menos pra mim. Você já me machucou o suficiente, Lalisa — sua voz embargada e suas lágrimas partiram meu coração. — E agora que conseguiu que eu te perdoasse por tudo o que fez, agora que se tornou alguém importante pra mim, você vai me machucar de novo? É sério isso? Você sabe melhor do que ninguém que eu tô sozinha na merda desse mundo. Eu só tenho você agora. Minha família provavelmente nem lembra mais de mim.
— Só não quero que continue se machucando por minha culpa. Já basta essa cicatriz que tem no pescoço.
— Porra, Lalisa, não percebe que, se me abandonar, vai me machucar muito mais? — Ela se levantou, demonstrando impaciência. — Eu tô escolhendo ficar ao seu lado, então faça o favor de aceitar. Se acha que longe de você eu estarei segura, esquece! A única forma de eu ficar segura é você estando do meu lado, me protegendo! — Sua voz aumentou o tom. — Você me colocou nesse mundo onde todos querem se matar, já é tarde pra me tirar daqui, dessa guerra entre máfias.
— Eu me arrependo, Jennie! — gritei de volta. — No começo, achei que tinha tudo sob controle, que só usaria você como isca pra atrair meus inimigos, já que sua beleza hipnotiza qualquer um, mas, com o tempo, percebi que quem tava hipnotizada era eu! — apontei para mim mesma e, mesmo com dor, levantei-me, ficando diante dela. — Percebi que não nasci apenas pra matar, Kim Jennie, percebi que eu também nasci pra te amar! — minha voz embargada tornou a cena ainda mais triste.
— Não, Lalisa, você tem que escolher. Nasceu pra me amar ou pra matar? Os dois não dá...
— Jennie, por favor, me escuta! Você é a única, entendeu? A única mulher que conseguiu me fazer amar, conseguiu me fazer sentir suja por matar, mas entenda que não posso sair dessa vida da noite para o dia.
— Não pode?
— Não, não posso — segurei suas mãos, sem conter as lágrimas. — Por você, faço tudo que estiver ao meu alcance, Jennie. Por você, mato quem for preciso, não importa quem. Por você, Kim Jennie, eu sairia dessa vida de merda, mas, infelizmente, isso não tá ao meu alcance no momento. Só que... — engoli o choro. — Eu, Lalisa Manobal, prometo que ainda seremos muito felizes juntas, no interior da Coreia, como você disse.
Jennie me olhou, hesitante. Ela segurou meu rosto, aproximando seu olhar do meu, como se quisesse enxergar além das palavras, além das promessas que eu não sabia se poderia cumprir.
— Eu só preciso de você agora, Lisa... Não precisa prometer nada que não pode cumprir. Só me promete uma coisa: que não vai me abandonar. Eu não quero acordar amanhã e descobrir que você foi embora pra tentar me proteger — disse, sua voz embargada, lutando contra as lágrimas.
Eu queria tanto poder garantir isso a ela. Queria poder prometer um futuro, uma casa no interior, uma vida longe de tudo isso. Mas a realidade pesava em meus ombros como um fardo do qual eu nunca poderia me livrar.
— Não vou te abandonar, Jennie. Mas... você tem que saber que não sei como essa história termina. Não sei se conseguiremos ter uma vida normal, longe de tudo isso.
Ela suspirou, limpando as próprias lágrimas com a manga do moletom. Seus olhos estavam inchados, mas ainda havia uma determinação neles que me assustava e me encantava ao mesmo tempo.
— Eu sei. Eu não sou boba, Lisa. Não vou fingir que não sei o quão difícil é sair dessa vida. Mas eu não ligo. Eu só quero estar ao seu lado, aconteça o que acontecer.
Eu senti meu peito se apertar. Pela primeira vez em muito tempo, eu tinha medo. Medo de perder aquela pessoa que estava ali, me olhando com uma sinceridade que parecia um espelho, refletindo tudo o que eu sentia e temia admitir.
Ela deslizou as mãos pelo meu rosto até segurar minha nuca, aproximando-se devagar, até que nossos rostos ficaram a centímetros de distância.
— Se realmente não quer me machucar, me deixa fazer parte disso, me deixa lutar ao seu lado. Porque eu também faria qualquer coisa por você.
Aquelas palavras eram como um golpe, dolorosas e doces ao mesmo tempo. E antes que eu pudesse responder, Jennie fechou os olhos e me beijou. Era um beijo suave, quase hesitante, como se ela estivesse explorando cada sensação, cada pequena faísca que surgia entre nós. Eu me deixei levar, esquecendo tudo por um instante, o peso das escolhas, as consequências. Só existia ela, e aquele sentimento avassalador que eu tentava negar desde o início.
Quando nos separamos, ainda com nossas testas encostadas, ela sussurrou:
— Eu não vou a lugar nenhum sem você, entendeu? Agora, para de pensar no futuro e só... fica comigo.
Ela deslizou as mãos pelos meus braços, abraçando-me, e eu senti o calor do seu corpo junto ao meu, como se, pela primeira vez, houvesse um lar naquele abraço. De alguma forma, tudo parecia mais leve.
— Então vamos enfrentar isso juntas, eu vou te proteger de todo mal que vier te derrubar... — respondi, abraçando-a de volta.
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