003

Why you pointing at me with that knife?


Enquanto observava meus capangas torturarem Jennie, percebi que a garota não gritava, não chorava e muito menos implorava pela vida, algo que nenhuma das minhas vítimas havia feito antes. Todos os que matei imploraram por suas vidas.

Levantei-me, coloquei as mãos nos bolsos e caminhei até ela lentamente. Limpei a garganta e, imediatamente, meus capangas pararam de torturá-la. Estendi a mão levemente, fazendo com que seus olhos focassem nos meus. Notei que aquelas pupilas expressavam ódio, mas não medo.

— Por que não está implorando pela vida? — perguntei.

— A morte é melhor do que continuar vivendo o que eu vivo — respondeu ela, fria, sem desviar seus olhos dos meus.

Sorri de canto, sem mostrar os dentes. Aquela garota tinha algo especial, algo que eu não sabia explicar. Sua coragem de falar normalmente, olhando em meus olhos como se eu fosse qualquer outra pessoa, me atraía de uma forma inexplicável.

— Levem-na para algum quarto. Não a matarei por enquanto — ordenei, admirando aquele lindo rosto. — Seo Changbin! — chamei-o, vendo-o se posicionar ao meu lado.

— Sim, senhorita Manobal!

— Procure roupas limpas para ela — ele assentiu e saiu do porão. — Yoo Jeongyeon!

— Sim, senhorita Manobal!

— Prepare um banho para ela e providencie uma caixa de curativos — assentiu e se dirigiu para a saída. — Im Nayeon, leve-a até o quarto e vigie tudo o que ela fizer.

— Entendido, senhorita Manobal!

Não demorou muito para que Nayeon soltasse Jennie, que não desviou seu olhar ranzinza de mim em nenhum momento. Olhei para Jimin e Bangchan e ordenei que ficassem de guarda na porta do quarto de Jennie. Em seguida, caminhei até o escritório com Jungkook.

— Preciso que descubra onde ela morava, com quem ela morava, quem faz parte de sua família, se tem amigos, e principalmente, descubra o rosto de seu namorado — falei assim que chegamos ao escritório.

Caminhei até minha mesa e Jungkook foi até a sua, ligando o computador e conectando o celular de Jennie a um cabo. Não entendo sobre isso, então tudo o que ele faz não é do meu interesse.

Coloquei meus óculos e aproveitei para ver o que havia chegado para mim dos correios. Havia, de fato, muita coisa. Tinham cartas me ameaçando, outras tentando entrar em contato comigo para encomendar mortes discretas. A vida de uma assassina é tão corrida quanto a de uma pessoa comum.

— Senhorita Manobal — Jungkook chamou, atraindo minha atenção. — Encontrei um aplicativo de rastreamento. Parece que está logado no celular de Kim Taehyung.

Deixei meus óculos sobre a mesa e fui até Jungkook, que estava concentrado no que fazia. Olhei para a tela do computador, vendo várias informações de Jennie que ele anotava e descobria. Mirei meus olhos no celular em sua mão e estiquei o braço, pegando o aparelho.

— Ele certamente virá procurar Jennie — murmurei, recebendo o olhar de Jungkook.

— Deseja que eu formate o celular dela?

— Não. Deixe-o vir. Ele não será um problema para mim — afirmei, devolvendo o celular a ele, que assentiu. — O que mais descobriu?

— Jennie não tem uma boa relação com a família. Encontrei uma conversa dela com o namorado — mostrou-me as mensagens no celular. — Parece que os pais dela não gostam dela, e a única pessoa da família que a ama é a irmã mais velha. Ainda não descobri quem são, mas irei atrás disso, senhorita.

— Ótimo. Você sempre faz um excelente trabalho, Jeon Jungkook. Não me decepcione!

— Sim, senhora!

Suspirei, virando-me para sair do escritório. Caminhei até o quarto onde Jennie estava, encontrando Bangchan e Jimin na porta, garantindo que a garota não saísse dali. Ambos se curvaram para mim e deram-me passagem para entrar no quarto. Assim que adentrei no cômodo, deparei-me com Nayeon tentando convencer Jennie a comer, sem uso de agressão.

Limpei a garganta, fazendo Im Nayeon levantar da cama num pulo e se curvar para mim, endireitando sua postura em seguida.

— Im Nayeon, pode se retirar. Você já fez o seu trabalho. Deixe que eu assumo daqui — ordenei, sem desviar o olhar de Jennie.

Nayeon saiu da sala, deixando-nos a sós. De repente, uma forte chuva começou a cair do lado de fora, trazendo um frio junto com seus pingos grossos. O vidro da janela foi se embaçando aos poucos por conta da água da chuva.

Aproximei-me de Jennie, sentando-me à sua frente. Observei seu rosto com cortes e machucados; seu braço também não estava diferente. Então, alcancei a caixa de curativos que Yoo Jeongyeon havia trazido e a abri, pegando alguns materiais para fazer um curativo nela.

Eu podia ver o ódio nos olhos de Jennie enquanto ela se esquivava da minha mão, o corpo inteiro tenso, como uma presa encurralada. Ela tentava se afastar, mesmo sabendo que não tinha para onde correr. A respiração dela estava acelerada, os músculos rígidos. O medo que ela tentava esconder, a deixava ainda mais atraente.

— Você acha que pode se afastar de mim e tudo ficará, Jennie? — sussurrei, me aproximando lentamente, saboreando a tensão no ar. Meus olhos estavam fixos nos dela, observando cada movimento, cada tentativa dela de manter a resistência. — Estou fazendo algo que nunca fiz com nenhuma das minhas vítimas. Eu estou tentando cuidar de você — mantive minha voz firme e baixa.

Quando tentei tocar seu rosto de novo, ela o virou. Sorri de canto, sabendo que isso a deixaria ainda mais desconfortável.

— Não vou ceder a você — ela murmurou, olhando para mim novamente. — Me deixe sozinha. Eu posso cuidar de mim mesma sem a ajuda de ninguém.

Essa resposta me fez soltar uma risada baixa, um som que ecoou pelo quarto como uma ameaça velada. Me aproximei ainda mais, sentindo o calor da respiração dela contra a minha pele. Ela podia dizer que não, mas o corpo dela tremia, e não era só de medo.

— Quem disse que quero que você ceda? — perguntei, com os lábios quase tocando o ouvido dela. — Eu gosto mais assim… quando você luta.

Ela fechou os olhos com força, como se tentasse me bloquear, mas eu sabia que estava deixando uma marca. O cheiro do sangue fresco e do suor pairava no ar, e isso me excitava de uma maneira que poucas coisas faziam. Alcancei a caixa de curativos, mas, em vez de tratar os ferimentos dela, passei o dedo pelos cortes, sentindo o calor do sangue manchar minha pele. Jennie se encolheu, o corpo dela tremendo com cada toque meu.

— Isso vai doer mais do que já dói — sussurrei, deslizando meus dedos pelo pescoço dela, sentindo a tensão que ela tentava disfarçar.

Ela tremia, e não era só pela dor. Era raiva, frustração… e algo mais. Algo que eu podia sentir crescendo dentro dela, algo que me deixava ainda mais animada.

— Por que você tá fazendo isso? — ela cuspiu as palavras, mas eu senti o tremor na voz dela, quase um gemido.

Sorri de canto novamente, inclinando-me mais perto, meus lábios roçando a pele dela. Conforme mais eu me aproximava, mais ela tentava se esquivar. Até recebi um tapa muito forte em meu peitoral, mas isso não foi o suficiente para me afastar dela.

— Porque eu posso — respondi, deixando minha voz baixa e rouca enquanto meus olhos se fixavam nos dela. — E porque você nunca conheceu alguém que pudesse realmente quebrar você.

Ela me encarou profundamente, revelando seu medo, e eu vi algo ali que me fez estremecer. Ódio, sim, mas também curiosidade, uma necessidade sombria que eu sabia que estava despertando nela. Jennie estava perdendo terreno, e uma parte dela sabia disso. Mas outra parte estava começando a ceder, não por medo, mas pelo desejo que eu estava implantando nela. Ou talvez aquilo fosse apenas coisa da minha cabeça.

Inclinei-me ainda mais, sentindo o poder que tinha sobre ela. E eu sabia que não pararia até que Jennie estivesse completamente quebrada, não só pelo medo, mas pelo desejo que estava prestes a consumir cada fibra dela.

Em um ato repentino, Jennie pegou a faca que estava na bandeja de comida ao seu lado e a apontou para mim enquanto se levantava da cama.

Eu não recuei. Apenas observei, curiosa, enquanto o corpo dela tremia com o objeto em sua mão. O medo estava claramente ali, mas havia algo mais. Coragem? Desespero? Uma mistura dos dois, talvez.

— Acha mesmo que isso vai funcionar? — perguntei, mantendo minha voz baixa, quase desinteressada, como se ela estivesse brincando com algo trivial.

Jennie não respondeu. Seus olhos estavam fixos em mim, intensos, cheios de uma fúria contida que mal disfarçava a vulnerabilidade por trás deles.

Aproximei-me lentamente, cada passo calculado, e vi quando a mão dela tremeu. Mesmo assim, ela não recuou. Seu peito subia e descia rapidamente, a respiração pesada, mas ainda assim, ela se mantinha firme.

— Eu não quero te machucar, Jennie — murmurei, inclinando-me levemente. — Mas se continuar com isso, não vou ter escolha. Terei que te machucar novamente.

A faca dela vacilou por um instante, mas logo voltou a se firmar. Havia determinação ali, uma resistência que eu não esperava. Isso me fez sorrir, um sorriso pequeno, quase imperceptível, mas carregado de uma satisfação obscura. Ela não sabia quando desistir, e isso me deixava cada vez mais intrigada.

— Está com medo de mim, Jennie? — provoquei, dando mais um passo adiante, fazendo-a se afastar e bater seu corpo contra a parede.

Ela não respondeu, mas os olhos dela diziam tudo. Medo e raiva. Estiquei minha mão devagar, sem pressa, e a vi prender a respiração.

— Você é forte, Jennie, mas não forte o suficiente — sussurrei, inclinando-me ainda mais, até meus lábios estarem a um fio de distância dos dela. — E eu vou adorar ter você por perto.

Num movimento suave, tirei a faca da mão dela, sentindo a resistência dela desmoronar com um suspiro trêmulo. Jennie tentou recuar, mas eu a segurei firme, forçando-a a olhar nos meus olhos.

— Não lute contra isso — murmurei, jogando a faca longe e deixando-a cair no chão. — Vai ser muito mais fácil se você simplesmente... — suspirei —...aceitar. Sinta-se privilegiada por sair daquele porão viva. Mas saiba que, se continuar recuando de mim desse jeito, farei da sua vida um inferno — sussurrei, sorrindo levemente.

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