Espelho
- Malditas contrações! – disse Eugenia, observando o suor de suas mãos, estava num cômodo branco com quadros renascentistas. Entre as contrações, gritos destoantes e pequenas batidas na cama de casal, o trabalho de parto parecia levar uma vida para ser concluído. Afinal, era uma vida que se projetava entre as suas pernas que tremiam freneticamente. Trinta, quarenta, cinquenta contrações que atingiam da ponta do pé até as têmporas e que aplicavam golpes violentos que por consequência originavam as caretas mais grotescas que poderia dar.
A criança nasceu. Gritos, choro e em meio a toda a sensação de alívio, Eugenia sorriu para seu esposo que estava ao seu lado. Não estavam em um hospital, estavam no quarto. O doutor Claudio era ótimo e olhou atentamente para o casal. Quem nem ligava para detalhes. O cordão umbilical havia sido cortado e a criança estava em seus braços. Saudável e displicente. Ao desviar o olhar reparou que o espelho não refletia nada. Não entendia como isso poderia ser possível. A física matutou em sua mente, como poderia isso acontecer? Não via ou ouvia. E saindo da escuridão, que havia no espelho, surgiu uma mulher. Era a própria Eugenia. Maculada. Com a careta inerte e com os olhos escuros. Um breu que a observava e que em uma das mãos tinha um amontoado de carne. Com uma gravatinha. Fixou os olhos e viu que estava estampado um nome. Isaque.
- Isaque, o que você acha amor? – disse o seu esposo. Eugenia ao escutar isso e perceber que a imagem projetada no espelho sorria, elevando os dentes podres e olhar altivo. Gritou lançando a criança para bem longe. Horrorizando quem ali estava.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top