"Sonhos são portais que nos levam por entre as dimensões." — Meneghello; Eleonora

Desperto com o sol inundando meu quarto, estranho o fato de o despertador não ter tocado — como era de praxe.

Olho de relance para ele e levanto em um pulo; no sentido literal da palavra, eu realmente pulei para fora da cama.

Dez e meia? Como assim? Eu nunca me atraso, não posso ter me atrasado para o serviço hoje.

O desespero começa a tomar conta de meu ser, isso não pode estar acontecendo comigo. Talvez esteja sendo a rainha do drama, como Stefani diz, mas é inevitável tendo me atrasado duas horas e meia pra o serviço.... justo eu, que sempre chego adiantada.

Respiro fundo na tentativa de me recompor e é só então que eu vejo a mensagem que brilhava na tela de meu celular.

"Aproveite as compras com Analice."

Era o que a mensagem dizia, havia sido enviada por Ludo, há, mais ou menos, vinte minutos.

Então é isso, eu não me atrasei, tampouco o despertador deu defeito, não o liguei devido ao fato de que não precisaria trabalhar hoje.

"Que anta!" — penso batendo a mão em minha cabeça

Não acredito que esqueci que hoje eu e Analice iremos ajustar os últimos detalhes para o seu casamento.

Quem é que se casa em plena segunda-feira à noite? Analice. Não entendo essa garota.

Deixo que um suspiro aliviado saia por meus lábios e sorrio; finalmente estarei vendo esses dois se casando e — melhor ainda — estarei fazendo parte disso.

Ela é uma das minhas pessoas preferidas nessa vida e ver que ela e Ben deram certo e estão felizes juntos me dá uma enorme satisfação.

Tomo um banho rápido e entro em minhas roupas mais rápido ainda, conhecendo minha amiga do jeito que conheço, ela logo estará na porta da minha casa a esmurrando loucamente por eu ainda não estar em seu carro.

Penteio meus cabelos e saio de casa calçando os sapatos no exato momento em que ela aperta a buzina, quem nunca, não é mesmo?

Abro a porta do passageiro e entro, recebendo um olhar severo junto de um sorriso sincero.

Sorrio de volta e vou logo ligando o rádio do carro, afinal, nossas vidas são compostas de trilhas sonoras e eu tenho a música perfeita para esse momento.

Trevo, de AnaVitória.

Minha amiga me olha confusa, com uma expressão que indaga o porquê de eu estar ouvindo uma música brasileira.

— Eu só consigo pensar nessa musica quando se diz respeito à você e Ben — faço uma pausa — nem acredito que vocês realmente vão se casar. Caralho, eu to muito pra titia, cara.

Sua risada irrompe pelo carro enquanto ela para no semáforo fechado.

— Eu também não acredito que finalmente estamos nos casando, sabe, depois de tudo o que passamos. — ela diz enquanto batuca os dedos no volante

Mania irritante que me faz querer jogá-la pela janela todas as vezes que saímos juntas; porém com a qual já estou acostumada.

— Vocês foram feitos um para o outro; igual Ste e Gian. Não dá pra imaginar algum de vocês sem o outro. — deito minha cabeça na janela do carro

Talvez não tenha sido uma boa ideia por a música trevo, apesar de linda, ela sempre me deixa um pouco melancólica e eu definitivamente não posso estar melancólica hoje.

— Pode ser impressão minha, ou loucura mesmo, mas parece que a cada prova do mesmo vestido você consegue ficar ainda mais bonita nele. — digo admirada ao vê-la

Está parecendo uma princesa, sou amiga e madrinha babona mesmo, me processem caso não tenham gostado.

Ana ri enquanto nega com a cabeça, ela nunca acredita em mim, até parece que não tem espelho na casa dela; ou que ela brigou com o espelho.

Não é possível ela não querer aceitar o fato de ter ficado ainda mais perfeita de noiva.

— Para de ser boba, Els, daqui a pouco vai falar que eu sou a noiva mais bonita que você já viu. — ela diz em tom zombeteiro e eu lhe dou a língua, num ato extremamente adulto

— Ah, ela jamais diria isso, eu a enforcaria. — a voz de Stefani irrompe pelo ambiente, em tom brincalhão

— Vocês duas são as noivas mais lindas que já vi na vida. De verdade. — digo sincera

Stefani de noiva também foi algo magnífico de ser visto.

Sou muito babona mesmo, fazer o que.

Quando a vejo entrando na igreja, quase desmorono a chorar junto de sua mãe que a olhava com um profundo orgulho.

Olho para Ben, ele parece desacreditado, como se fosse acordar na manhã seguinte e perceber que tudo não passou de um sonho.

Não o culpo, eu certamente estarei tão desacreditada quanto ele aparenta estar em meu casamento... isso é, se algum dia eu me casar.

Olho para Analice novamente, ela sorri, mas há lágrimas se formando em seus olhos. Elas quase escapam quando o seu pai entrega sua mão à Ben e solta um "cuida da minha garotinha" baixinho.

Ela sorri para mim e me pede para segurar o buquê; Pietro estava do outro lado, ele sorri para mim e não consigo evitar sorrir de volta.

A cerimônia têm início, Giancarlo toca uma música delicada no piano, formando a trilha sonora perfeita para a ocasião. Esse homem não deveria ser advogado, ou, ao menos, deveria ter uma profissão a mais.

Os votos são feitos de forma lenta, cada palavra sendo proferida com muita emoção.

Nesse momento fica ainda mais nítido o quanto eles se amam e o quanto merecem estar juntos.

Se eu acreditasse em almas gêmeas, diria que eles os são.

Sinto algumas lágrimas escorrerem, molhando meu rosto e — certamente — tornando minha maquiagem um tremendo desastre; as seco rapidamente com as costas de minha mão esquerda.

As vezes odeio ser tão emotiva, por Deus! Nem a noiva está chorando.

Pietro ainda me olha, eu não sei ao certo o porquê de ele estar fazendo questão de manter o contato visual por tanto tempo, então me limito à sorrir.

O sim é dito por ambos e o matrimônio é selado com um beijo apaixonado.

Devolvo o buquê à minha amiga e a abraço apertado, embora que brevemente.

Desejando, silenciosamente, que eles sejam felizes para sempre.

Acordo com meu despertador tocando, olho para ele e o horário marcado era sete horas. Há lágrimas nos cantos de meus olhos.

Isso tudo não passou de um sonho? Quem são Analice e Ben? E, o mais importante, por que é que Pietro estava em meu sonho?

Só posso ter enlouquecido de vez.

Balanço minha cabeça em negação e me levanto, afinal, mais um dia de trabalho está prestes a ser iniciado.

HEY MEU POVO QUE COME PÃO COM OVO!

Comé que cês tão? Espero que bem!

Gostaram do capítulo de hoje? Se sim, não esqueçam aquela estrelinha marota, ela me ajuda e muito.

Esse capítulo é um presente à minha amiga FanhyRibeiro, a principal inspiração para a Stefani-sem-Crossfox. Parabéns pelos 5K amiga! Que venham muito mais, você merece.

Gente, leiam essa maravilha que é o livro dela; não se arrependerão; prometo.

Nos vemos em breve.

KISSUS DA TIA BIA!