CAPÍTULO XVIII
"O amor é como uma faca de dois gumes; belíssimo, porém perigoso." — Meneghello, Eleonora
Vejo Beatrice pela primeira vez em dias, ela estava dormindo na casa de seu futuro marido, ao menos foi isso que ela me disse.
Nem preciso dizer que Romeu e eu estamos nos afastando mais do que eu gostaria, porém creio que isso seja algo necessário, afinal; agora ele tem de dar mais atenção à sua futura esposa e quanto mais longe dele eu ficar menores são as chances de eu contar o que realmente sinto.
Bia e eu estamos sentadas na mesa, olhando para nossos pratos e fingindo não perceber a presença uma da outra; diria que o silêncio que nos rodeia é constrangedor e desesperador.
— Quando foi que ficamos assim? — Minha voz irrompe, quebrando o silêncio
— Assim? — Minha irmã pergunta me lançando um olhar de dúvida
— Quando foi que deixamos que o clima entre nós se tornasse tão pesado e denso que pode ser, facilmente, cortado por uma faca? Poxa, nós costumávamos ser amigas.
— Eleonora, não seja hipócrita, você sabe que você se afastou de mim no exato momento em que Romeu me pediu em namoro e eu aceitei. Eu apenas nunca entendi o porquê de ter feito algo do gênero. — Sua voz sai acusadora
Ganesha me segura, não posso jogar a bosta toda no ventilador. Ela não me odeia ainda, e, admito, eu não tenho a mínima vontade de fazê-la me odiar.
Respiro fundo e fecho meus olhos, em uma breve meditação. As coisas poderiam ser mais fáceis, é verdade; mas a vida seria bem sem graça se não houvessem os desafios.
E é exatamente isso que o casamento de minha irmã e Romeu é para mim: um desafio, pois isso me desafia à deixá-los ir de vez. Os dois, minha irmã e meu melhor amigo.
Dramático? Seria, se eles não tivessem planejando mudar para os Estados Unidos após se casarem.
Isso me faz pensar que talvez, apenas talvez, esteja na hora de consertar as coisas entre Beatrice e eu; pois não sei se chegarei a ter outra oportunidade.
Eu sei, estou um saco, todavia não culpem a mim, culpem a megera da TPM, que coisinha mais desnecessária.
— Eu sinto muito por isso. Realmente foi péssimo o que eu fiz, mas Bia, tente entender o meu lado. Eu fiquei com medo, medo de perder o meu melhor amigo e a minha irmã mais nova em uma cajadada só. Pensei que fossem se esquecer de mim após começarem a namorar...
— Mas foi você quem esqueceu da gente. Poxa, te convidamos para tantas coisas, você apenas recusou. Mas quer saber? Podemos recomeçar. Você aceitou ser minha madrinha e isso limpa todo o resto. — Ela sorri abertamente — Vai ser crucial pra mim te ter lá, ao meu lado, no melhor momento da minha vida.
Ela segura em minhas mãos e alarga ainda mais o seu sorriso. Tento sorrir de volta e, para minha surpresa, o sorriso sai de forma natural; muito diferente daqueles sorrisos amarelos que soltei no dia em que recebi o comunicado e o pedido para ser madrinha.
Esse sorriso foi verdadeiro. Realmente estou feliz por ela.
— Você e Steh pensaram em algo legal para minha despedida?
— Não chegamos a conversar sobre isso ainda, mas pode ter certeza de que será algo inesquecível. — Acaricio as mãos dela — A próxima prova de bolos está chegando, Romeu conseguirá ir desta vez?
— Sim! Eu disse pra ele não marcar nada para a data. Seremos uma família louca... e falando em família louca, fiquei sabendo que você e Pietro saíram. — Sua expressão era insinuativa
— Eu não transei com ele, Bia, se é isso que você quer saber!
Sua gargalhada se faz presente e custa alguns minutos para cessar. Termina com ela pondo as mãos sobre a barriga após secar algumas lágrimas que saíram de seus olhos.
— Não era isso que eu tava insinuando, é óbvio. Eu sei que você não faz o tipo de garota que transa no primeiro encontro, por Deus, Els, tampouco ele faz o tipo que transa no primeiro encontro. O que eu estou dizendo é: ele é lindo e super legal, você também e os dois estão solteiros.
Essa foi minha vez de gargalhar, ela só pode estar brincando com minha cara. Isso me faz indagar se ela, Stefani-sem-Crossfox e Giancarlo estão armando um complô contra mim. Será?
— O que? Eu e o irmão gêmeo de seu noivo? Não! Inviável.
"Ou talvez nem tanto, lembra daquele sorriso... ah, aquele sorriso." — O demônio e o deus grego em meus ombros dizem em uníssono
Pronto, até eles estão em complô. Qual é, galera?
Bia continua olhando fixamente em meus olhos, parece que ela pode ler minha alma e admito que isso me apavora um pouco — Okay, talvez muito.
— Tá, eu admito, eu acho o sorriso dele — penso um pouco — cativante, ele é bonito, não tem medo de se expressar, é engraçado e super legal... mas eu não sei, parece errado, sabe?
— Eu não acredito! Você tá a fim dele! Eleonora Meneghello está a fim de alguém, após três anos de seca... é isso mesmo, Itália? — Ela grita feito uma louca desvairada (que eu sei que ela é)
Sibilo um "shiu" enquanto tento expressar minha maior "carranca" para dizer que estou brava; porém não me aguento e ponho-me a rir de seu exagero.
Às vezes penso não ser possível nosso laço sanguíneo; somos tão diferentes em tantos aspectos e formas, porém uma coisa é certa: eu a amo, apesar de tudo, e jamais a trocaria por outra pessoa.
— Que tal irmos ao shopping hoje? Só nós duas, o dia das irmãs. — Proponho — Que horas sai do estúdio?
— Saio às três, que horas sai do escritório?
— Às três. — Sorrimos e nos levantamos, caminhando até a porta
— Quer uma carona?
— Seria ótimo, pirralha.
Beatrice me bate levemente e adentramos seu carro. Acho que demos o primeiro grande passo para voltar a sermos como éramos antes e espero, do fundo do meu coração, que eu esteja certa quanto a isso.
— Você parece radiante hoje. — Ludo comenta no exato momento em que boto meus pés para dentro do escritório
— Digamos que me reconciliei com uma das pessoas mais importantes de minha vida, minha cara Ludo. — Sorrio e sigo para minha sala — Mas estou com uma ressaca ferrada. Acho que tomei mais vinho do que deveria. Tem remédio? — Pergunto pondo minha cabeça para fora da porta, não devia ter bebido tanto ontem
E quando digo isso, me refiro as garrafas de vinho que esvaziei em casa, após chegar do jantar com Pietro. Eu, definitivamente, preciso aprender a me controlar.
HEY MEU POVO QUE COME PÃO COM OVO!
Comé que cês tão? Espero que bem!
O sumiço de Beatrice será melhor explicado no próximo capítulo, visto que ele será narrado por ela.
Se gostaram do capítulo não esqueçam aquela estrelinha marota, ela me ajuda — e muito.
Nos vemos na segunda.
KISSUS DA TIA BIA!
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