CAPÍTULO XIV

"A vida é uma caixinha de surpresas... quando menos esperamos coisas maravilhosas nos acontecem." — Meneghello, Eleonora

TUDO OCORREU incrivelmente bem, não que eu não tenha ficado super nervosa; afinal, eu sempre fico nervosa quando o assunto em questão envolve o sexo oposto, todavia não foi nada tão anormal.

Pelo visto nossos irmãos mais novos acharam interessante nos colocar como uma dupla no casamento e isso seria extremamente legal, não fosse pelo o fato de ele ser idêntico ao cara por quem fui apaixonada toda minha vida.

Se você está se perguntando sobre o que falamos; lhe dou uma bala se adivinhar... que rufem os tambores!

Caso tenha respondido que foi sobre o casamento de nossos irmãos, sinto lhes informar, vocês estão completamente enganados. É fato que — no começo — este foi o principal assunto entre nós, afinal, nunca havíamos conversado verdadeiramente antes e esta era a única coisa que tínhamos em comum até então.

Todavia, após algumas taças de vinho — eu sei, quem é que toma vinho no almoço quando se está em um dia útil? Porém também sei que já havia explicado meus motivos para fazê-lo — que resultou em eu me soltando mais do que deveria, o assunto começou a fluir verdadeiramente.

Devo vos dizer que, após muito conversarmos, cheguei à derradeira conclusão de que a única semelhança entre Romeu e Pietro é a aparência. Como pode pessoas tão fisicamente iguais serem tão divergentes em personalidade?

Romeu sempre foi mais na dele, quero dizer, ele sempre foi tímido e nunca teve muito assunto; isso é, se eu não puxasse assunto com meu ex melhor amigo ele não puxaria comigo. Até hoje o fato de ele ter conseguido chamar minha irmã pra sair sem desmaiar é uma enorme incógnita para mim, visto que ele costumava ficar super nervoso na presença do sexo oposto.

Já o gêmeo descolado, pelo o "pouco" que eu consegui conversar com ele, pude perceber que é mais extrovertido, tira assunto até do limbo quando realmente está interessado em conversar e tem um gosto muito estranho para moda; todavia esta última observação deve ser mal de estilista; pois todos os estilistas que conheço possuem gosto inusitado por moda.

Nós não nos beijamos, por favor, sequer nos abraçamos ou apertamos as mãos, nos despedimos com um leve aceno e tomamos rumos distintos, ele para o seu ateliê e eu para a minha empresa.

O que nos trás ao presente momento, onde eu estou sentada, encarando o mesmo relógio que ainda tiquetaqueia lentamente — parece que alguém gosta de zombar de mim — e pensando em como o encontro — que não foi bem um encontro, visto que está mais para uma enorme coincidência do que qualquer outra coisa — foi inusitado e divertido.

Respiro fundo e mexo na pilha de documentos que estava sobre minha mesa; nem ao menos reparei no momento em que Ludo a pôs aqui.

"Mas que merda..." — Penso enquanto me amaldiçoo mentalmente

Afinal, por que, diabos, eu estou focando minhas energias e pensamentos em Pietro e Romeu quando tenho coisas muito mais importantes para focar, tal como angariar um novo cliente? Certamente enlouqueci de vez... culpemos Stefani e sua mania de querer bancar a casamenteira para cima de mim.

Pego a caneta e o carimbo, começando a ler as primeiras páginas do primeiro contrato.

Primeira regra para se ser uma boa contadora: leia todas as páginas de todos os contratos antes de realmente assiná-los, isso lhe poupará dores de cabeça que poderiam vir a surgir no futuro.

As letras são demasiadamente pequenas para meu gosto, isso faz com que eu estreite meus olhos na vã tentativa de lê-las com um pouco de decência... maldição! Justo no dia em que esqueci meus óculos de leitura.

Respiro fundo e deixo o contrato de lado, essa belezinha será devidamente lida amanhã.

Antes que eu fosse capaz de apanhar outro contrato na enorme pilha que jazia em minha frente, meu celular apita.

"Stefani... tinha de ser." — Penso ao ver o seu contato brilhando em minha tela

"Como foi o encontro?" — Era o que dizia a mensagem e isso me fez indagar como, cargas d'água; minha melhor amiga ficou sabendo de nosso esbarrão

Quanto mais o tempo passa, mais eu acredito que a jornalista colocou espiões atrás de mim, não é possível.

"Ste, aquilo foi tudo, menos um encontro." — Respondo prontamente, até parece

"Então como foi o seu 'não-encontro'?"

Olho incrédula para a mensagem, ela definitivamente está me zoando.

"Apenas falamos sobre coisas supérfluas enquanto tomávamos vinho. Acredita que nossos irmãos resolveram que seria interessante nos colocar como par no casamento? Imagina EU dançando valsa com ele... STEFANI SEGURA O CROSSFOX!"

Vislumbro minha amiga rolando os olhos do outro lado da telinha, ela odeia minhas piadas sobre ela se chamar Stefani e não ter um Crossfox, nem sei como ela ainda não me deserdou.

Aguardo alguns minutos pela resposta, que não vem. Coloco meu celular no modo avião e o guardo na gaveta.

Volto o meu olhar para a pilha de contratos... as vezes ser a chefe é um saco, eu não precisava fazer isso quando era apenas uma funcionária. No final, acho que todos tomamos no cu quando se diz respeito à trabalho; apenas o fazemos de formas divergentes.

Empregado toma no cu porque têm de obedecer ordens e se submeter ao estresse de conviver diariamente — e diretamente — com os colegas de trabalho.

O chefe toma no cu por se responsabilizar pelo serviço de mais uma dezena — ou centena, no meu caso — de pessoas, por ter de assinar os contratos e lidar com os clientes insuportáveis que só querem se dirigir à eles.

Pois é, meus amigos, nenhum dos dois lados da moeda é fácil, mas cada qual tem sua recompensa. Isso não podemos negar.

Minha cabeça dói pelo excesso de pensamentos desnecessários que a afligem. Eu não deveria me importar de ter que dançar valsa com o gêmeo de Romeu.

Assim como eu não deveria me importar de minha irmã se casar com ele, ou de Stefani não ter um Crossfox, ou de eu estar sozinha enquanto todos estão encontrando o amor de suas vidas...

Quero dizer, eu tenho tudo o que eu queria ter quando mais nova. Talvez esse seja o problema do ser humano, nunca está bom o suficiente, sempre falta algo.

Quando tem amor, falta dinheiro, quando tem dinheiro, falta amor.

Talvez estejamos fadados ao fracasso em um destes aspectos, talvez nunca possamos ser plenos dos dois jeitos.

Balanço minha cabeça em negação, afastando — mesmo que momentaneamente — os pensamentos que a perturbavam.

Uma coisa é fato, o dia de hoje foi, sim, maravilhoso. A vida é mesmo uma enorme caixa de surpresas e, quando menos esperamos, coisas incríveis acontecem.

HEY MEU POVO QUE COME PÃO COM OVO!!!!

COMÉ QUE CÊS TÃO? Espero que bem!

PRIMEIRAMENTE: muito obrigado pelos 4K de views, gente eu to muito feliz; foram, literalmente 2.000 views por mês!

Vocês são demais.

"Segundamente": se gostaram do capitulo não esqueçam a estrelinha e os comentários, eles me motivam e me dão um parâmetro da opinião de vocês sobre o enredo.

Já ouviram falar que a amizade nos deixa mais fortes? Pois é, MOV atingiu 4K juntinho do livro Cinza ao azul da minha amiga do coração — que inclusive é a inspiração para a Stefani-sem-Crossfox — FanhyRibeiro.

Leiam essa maravilha!
Miga, parabéns pra nós!

Tia Bia ama o cês!
Até a próxima segunda.

KISSUS DA TIA BIA!

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