As paredes são de aço e as portas são de vidro.
As paredes são de aço e as portas são de vidro.
As paredes são de aço e as portas são de vidro.

De aço são as paredes, de vidro são as portas.
De aço são as paredes, de vidro são as portas.
De aço são as paredes, de vidro são as portas.

Por que?
Por que?
Por que?

Por que as paredes são de aço e as portas são de vidro?
Por que as paredes são de aço e as portas são de vidro?
Por que as paredes são de aço e as portas são de vidro?

Porque eles quiseram assim, me disseram.
Porque eles quiseram assim, me disseram.
Porque eles quiseram assim, me disseram.

Por que me disseram?
Por que?

Por que quiseram?
Por que?

As portas de vidro me permitem ver o mundo lá fora, permitem sim.

Os corredores são brancos, brancos como os pelos do coelho que está sempre atrasado, brancos como seus pelos. Brancos como os pelos da Lebre de Março que está sempre a tomar seu chá, ou aquilo que ela acredita que seja seu chá.

"É veneno!" — Eu gritei, sim, eu gritei, mas a lebre não me escutou, não me escutou.

Por que eu gritei?
Por que?

Por que envenenaram seu chá?
Por que?

Por que a lebre não me escutou?
Por que?

Eu a alertei, a avisei... a avisei, sim.

Os corredores são brancos, brancos como a pele do chapeleiro, do chapeleiro que faz os chapéus, por que o chapeleiro faz os chapéus?

Por que?

Ele nunca me contou, mas ele é um chapeleiro, sim, ele é um chapeleiro. Chapeleiros são supostos a fazer chapéus? Eu não sei. Eu nunca sei. Mas, ainda assim, o Chapeleiro faz os chapéus.

As paredes são de aço.
Por que as paredes são de aço?
Por que?

As paredes são de aço pois assim eu me sinto encurralada, me sinto encurralada, me sinto encurralada igual a Rainha Branca se sentiu quando a Rainha de Copas usurpou-lhe o trono.

Por que a Rainha de Copas usurpou-lhe o trono?
Por que?

"Cortem-lhe a cabeça!" — A Rainha de Copas ordenou

Por que ela ordenou?
Por que?

Ela almeja servir minha cabeça em uma bandeja, almeja sim. Eu sei, e eu sei porque eu sei. Ninguém me contou, ou, talvez, o Gato Risonho o tenha feito.

Por que o Gato ri?
Por que?

Gatos sabem rir?
Sabem? Deveriam saber? Eu não sei, mas o Gato Risonho ri, ele ri sim. As pessoas vestindo branco disseram-me que o Gato era um delírio, um delírio.

O que é um delírio?
O que é?

Eu não sei, não sei, e não gosto de não saber, não, eu não gosto.

Eles me entregaram uma pílula, "coma-me", estava escrito. Sim, estava escrito, eu juro. Juro sim.

Eu não a comi. A joguei no criador de redemoinhos e cliquei o botão que os faz. Cliquei sim. E bati palmas ao ver a pílula ser sugada por ele. Sim, eu bati, bati sim.

O Gato Risonho riu, o Chapeleiro fez um chapéu colorido em comemoração, o Coelho me deu um relógio, a Rainha Branca me deu um vestido e a Lebre, pobre Lebre, eu sei que ela teria feito um de seus deliciosos chás... uma pena ela ter sido envenenada.

Uma pena...