yeah, it used to

(54) it used to be me 

É difícil.

É difícil que em um dia você sente que está largando alguém que te fez tão bem.

Quando você dizia que era eu a luz dos seus olhos...

Estou cansado de viver em mundo só seu.

Me dê um segundo, eu ainda não disse adeus.

Eu não disse adeus para você, nem sei se um dia eu vou dizer.

A verdade é essa, dói, mas nós não nos soubemos ter.

Mas agora é diferente, olhámos um para o outro, sabemos que foi por pouco.

Como é que tudo mudou tanto e passou tudo num instante?

Um dia eu vou sorrir e me perguntar porquê que não deu?

Me dê um segundo, eu ainda não disse adeus.

Não sente que foram coisas bobas? Que eu não posso te entender, mas eu te percebo...

Olhar para trás não convém, porque a saudade aperta.

Como tudo mudou tanto? Eu sei que não sou nenhum santo...

Memórias e nada mais...

Não se esconda, não diga que tudo acabou.

Porquê que não deu?

Estou cansando de viver num mundo só seu...

Me dê um segundo, eu ainda não disse adeus.

''Eu preciso de você... Preciso falar com você.'' Eu disse, ouvindo um suspiro do outro lado. ''Você está trabalhando?''

''Não.'' Murmurou. ''É minha folga.''

''Hobi... Eu posso ir em sua casa?'' Eu perguntei, porque eu precisava realmente me encontrar em uma nova atmosfera que não fosse aquela que me sufocava a cada segundo e exprimia os meus pulmões até ao último resquício de ar.

Você está me dando sinais?

Você me dá a mão, me faz pensar que está cá.

Você não está... Você não está cá...

Era eu...

Quando você dizia que era eu que fazia o seu coração bater, que era por mim que ele batia. Era eu que fazia o seu sorriso crescer e era comigo que você queria viver.

E você pensa que eu esqueço...

"Jimin?"

Hoseok segurou a minha face, depois de abrir a porta e me ver com a cabeça baixa, e assim que os meus olhos inchados encontraram os seus ele me puxou, abraçando os meus ombros.

E eu levantei os meus braços de forma lenta, fungando e deixando as lágrimas me consumirem de novo, me fazendo abafar e soltar o ar de uma vez, soluçando.

Você pensa que eu esqueço que nós costumávamos ser tão bons. Como não importava o quão cansados chegávamos... tínhamos sempre tempo e vontade um para o outro.

E agora eu só tenho vontade de ir e usar as cores que você não gosta, cantar a música que você mais odeia a todos os pulmões, deixar os meus cabelos crescer porque você os odeia desse modo. Agora me dá vontade de contar para os seus pais todas as coisas ruins que você já fez, que você não é o senhor perfeito que todo o mundo julga. Me dá vontade de fazer as comidas que você não gosta, riscar o seu carro, dizer palavrão, chegar atrasado, porque você odeia todas essas coisas.

Porque você me faz odiar as coisas boas, você as torna ruins e eu quero me tornar ruim para você, como se eu fosse capaz.

''Jimin...'' Hoseok murmurava, afegando o meu braço com calma, sentado do meu lado. ''Olhe o tempo que eu estou com você... Você pode me falar.''

E olhe o tempo que ele estava comigo...

Um tempo tão longo, diminuído a pensamentos ruins, porque os bons estão esgotados, foram esgotados, tinham um limite e eu não sabia.

Momentos minimizados aos mais marcantes, aos maiores machucados.

''Jimin, por favor...'' Hoseok pedia, empurrando um pouco mais o prato na minha frente, passando os dedos pelos meus cabelos e eu não entendi como é que ele ainda podia.

''Não estará ruim?'' Eu perguntei, uma ponta de humor, porque eu me sentia mais livre agora. ''Como sua comida sempre está?'' Brinquei, como se eu pudesse realmente usar o meu humor como escapatória.

''Só coma.'' Ele revirou o olhar e eu sorri torto, pegando o talher sem ânimo.

Você foi capaz de me dizer que eu nunca amaria ninguém.

Você foi capaz de dizer que eu nunca poderia amar alguém porque eu nunca deixaria alguém se aproximar. Você falou que a minha convicção era tão grande que nunca ninguém poderia penetrar o meu coração.

Mas você o fez de uma forma tão subtil que eu nem notei... Eu nem percebi quando você já me tinha.

Você me teve por tanto tempo, e todo esse tempo...

Você me disse que era eu quem o seu coração tinha dali em diante. Você me disse que era eu quem você queria uma criança chamando de papai, junto com você.

Você me disse por tantos anos que era eu, até não ser.

O nosso sangue era fresco, era novo, você me dizia que me queria, que era eu, mas agora eu sou só um homem andando, vagueando, terminando as nossas conversas como se fossem um último adeus.

Para onde foi o nosso tempo? Para onde fomos levados?

Porque eu não consigo mais te olhar desse modo? Porquê que eu não sinto mais o meu sangue fervendo quando eu te vejo, quando costumava ser eu?

''Eu preciso pegar Yang Mi na escola.'' Eu murmurei, com a mão correndo a minha barriga sem comida, dando horas, batucando os dedos na mesa da cozinha, olhando o relógio de cozinha e afastando os cabelos para trás.

''E você vai para casa depois?''

Você insistiu meses e meses sobre como era altura de seguir o seu sonho.

Você queria uma bebê desde sempre, você me disse no segundo encontro.

Eu tinha acabado de arranjar um trabalho e você me disse que o mundo estava em nossas mãos, que não haveria melhor momento, mesmo que aquele não fosse o emprego que eu queria, mesmo que você tivesse me dito que eu podia aceitar aquele e continuar procurando algum na área que eu queria.

Você podia simplesmente me ter dito que não queria que eu fosse dançarino.

Foi tanta pressão, você fez tanta pressão.

E quando nós recebemos a garotinha em nossos braços, eu soube que eu precisava fazer tudo por ela, ser tudo por ela, mesmo que isso comprometesse o meu sonho, eu precisava de fazer com que nunca lhe faltasse nada.

Nós fizemos isso por tanto tempo, você não está cansado?

''Eu não posso tirar Yang Mi hoje.'' Eu respondi, desnorteado, olhando a entrada da escola com atenção. ''Ele vai pensar errado, ele vai pensar que eu quero levar ela para longe dele.''

''Manda uma mensagem para ele.''

Nós tínhamos algo nosso, de novo. Não éramos mais só nós, mesmo que o plano não fosse para ser esse.

Mesmo que você me tivesse prometido, assim que nos mudamos juntos, que seríamos nós por muito tempo, que não haveria pressas nem demoras, que tudo viria a seu tempo.

Mas foi tanta pressão.

E assim que você deixou a notícia chegar aos ouvidos dos seus pais... E dos meus pais...

Tae
Vem para casa, Jimin, a gente vai conversar sobre isto. As coisas vão se resolver, eu prometo.
[17h32]

Assim que as coisas chegaram nos ouvidos das nossas famílias... Foram mensagens chegando, nos paraberizando por algo que nós não tínhamos, por algo que não devia ser uma certeza, que devia ser uma decisão de dois, tomada a dois, certificada pelos dois.

''Jimin.'' Hoseok alertou, tocando a minha mão que pressionava o volante com força, irritado por aquela mensagem.

''Não vou falar com ele.'' Assegurei, a ponto de gritar, a ponto de explodir. ''Ele pensa que um pedido de desculpas vai dar, ele vai usar Yang Mi, ele vai jogar sujo como ele sempre faz.''

''Jimin...'' Hoseok suspirou por si e os dois vimos Yang Mi na porta da escola. ''Não está na altura de terminar, de lhe contar?''

Mas contar o quê?

Você nos prometeu o mundo, você nos deu o mundo, mas foi o mundo que você quis.

Espere um segundo... Eu ainda não disse adeus. 

i t   a i n ' t   m y   f a u l t

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