Dizem que um livro acaba quando lemos a última palavra da última frase da última página. E são só últimos, todos referentes ao final. Acabámos. Acabámos o livro, a leitura. Mas acabámos?

Eles dizem que sim, eles, eles que pensam que sabem.

Mas vamos deixá-los decidir por nós?

Um livro acaba quando quisermos e se eu quero adormecer e sonhar com uma história, eu posso. E não acabou, não acabou porque penso nele. Não pode acabar quando continuo a imaginar toda uma vida depois dele.

Aliás, o que é um fim? E é digno?

Nunca soubemos o que era um fim, embora as tentativas, porque do único fim que estamos certos é a morte e sabemos lá se ela é o fim. Nunca ninguém viveu para nos contar o que vem depois da morte.

Por amor, não me interprete mal, e invoco o amor porque Deus não é para todos e julgo que o amor seja. Então, por amor, não pense que lhe digo que acredite que haja vida depois da morte, que haja um céu ou um inferno, e são tantos que porque são todos relações, como essa causal.

Quando, e deixe-me começar com uma temporal, afinal temos tanto tempo contado a miúdos, um livro acaba ele não acaba. Se você permitir que ele se encerre, então ele está condenado, está terminado para si, mas não está para mim e essa é a coisa mais bonita.