Essa história não é minha.

Mas acho que faz sentido que eu seja o responsável por contá-la, porque eu estava lá.

Nenhum deles estava. Só eu.

Antes mesmo do acidente e de toda a confusão com o campeonato e os percevejos.

Antes de o Rodrigo decidir mudar de ideia ou de Luzia decidir voltar.

E eu não estava lá porque precisava, sabe?

Eu queria.

E eu sei que depois do problema com a...

Espera!

Eu sei que eu não estou fazendo sentido, mas você precisa me ouvir.

Por favor?

Só o começo?

Até porque isso ainda não acabou e o fim também depende de você.

É justo que você saiba o que eu sei.

E eu vou te pedir desculpas desde já porque eu sou um péssimo contador de histórias e metade do que aconteceu nos últimos meses não faria sentido mesmo que... Ah, droga.

Eu posso começar de novo?

Última chance?

Eu sei que já tive várias, mas desta vez vai dar certo.

Desta vez, tem que dar certo.

Desta vez, eu não vou esconder nada.

Nem a parte ruim.

Ela vai dar sentido para a parte boa.

Você vai me achar um lixo, mas tudo bem: eu sei que tenho uma porção de defeitos. Alguns deles são profundos e intransponíveis.

Mas as coisas de que sou culpado não são as mesmas pelas quais fui condenado, me entende?

Tenho defeitos, mas são outros.

Não os que você acha.

Como assim "não faz diferença"?

Claro que faz!

Faz toda a diferença!

Olha, deixa eu pagar sua próxima cerveja.

Três cervejas. Você não vai para casa antes disso, não é?

Me deixa pagar as cervejas e te contar a história.

Eu posso começar quando ela nasceu.

Ou quando eu nasci.

Mas acho que seria exagero.

Tudo que você precisa saber começou com o acidente.

Não.

Um pouco antes do acidente.

É. Um pouco antes.

Começou com a Milena.

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