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-Bárbara

Levo o pedaço de mamão até a boca e mastigo devagar. Não estou conseguindo raciocinar nesses últimos dias, desde a notícia sobre meu casamento a uma semana atrás.

Passo a mão pelo cabelo e apoio minha costas na cadeira. Acordei mais tarde hoje e estou tomando café sozinha, o que na verdade é algo bom, já que não estou com vontade de conversar com ninguém.

Uma funcionária da casa abre a porta da cozinha e eu a olho.

——— Senhorita Bárbara, a senhorita Alessia está aqui. ——— ela me fala.

——— Quem é Alessia? ——— pergunto e franzo o cenho.

——— Veio a mandado do seu noivo.

——— Tá, pode deixar entrar.

Ela acena pra mim como confirmação e sai, um minuto depois a tal da Alessia entra na cozinha e sorri para mim.

——— Bom dia, Bárbara. Me chamo Alessia e sou sua demoiselle, ou seja, irei acompanhar você em todos os preparativos do casamento.

——— Hum.

——— Marquei horário para você escolher seu vestido de casamento.

——— Já? Tem uma semana que me noivei e já vamos atrás de vestido de casamento? Pensei que teria uns dias de paz...

——— O casamento é daqui algumas semanas, já temos que organizar tudo.

Me coloco e de pé e apoio as mãos na mesa.

——— Daqui algumas semanas? Como assim? Tão perto assim?

——— Sim, o senhor Ricci quer que se casem o mais rápido possível, por isso não podemos enrolar muito. Vou esperar você se trocar e podemos ir.

——— Okay. ——— me levanto e saio da cozinha em passos brutos, subindo para meu quarto.

Tomei um banho e me vesti, quando estava pronta fui até a Alessia, ela estava sentada conversando no celular.

Quando Alessia me viu, desligou o telefone e se colocou de pé.

Os funcionários abriram a porta da entrada para nós duas e tinha um carro esperando a gente. Entramos e começamos a andar pelas ruas de Florença.

Alessia passava tempo demais conversando no telefone e pelo o que eu escutava todas as ligações eram sobre o meu casamento.

Quando chegamos na loja, Alessia não me deixou escolher um vestido simples. Compramos a porra de um vestido cravejado, todo estilo princesa e volumoso.

Finalmente cheguei em casa por volta das 18h da tarde, fui avisada que Victor estava aqui para conversar comigo e caminhei até o cômodo que ele me esperava.

Ele estava sentado em uma poltrona, com um copo de whisky puro na mão. Quando fechei a porta seu olhar veio em minha direção.

——— O que quer? ——— perguntei.

——— Não posso ver a minha noiva sem motivos plausíveis? ——— ele pergunta e abre um sorriso de canto. Fico em silêncio e ele ergue as sobrancelhas. ——— Achei que precisávamos conversar, daqui algumas semanas vamos ser marido e mulher.

——— Certo, precisamos conversar mesmo. ——— me sento na poltrona de frente para a dele. ——— Já começo perguntando o porque desse casamento!

——— Bom, nós dois somos de famílias importantes, não só aqui na Itália como no mundo todo. Eu vou me tornar o CEO da Prada logo e precisava de uma esposa ao meu lado. Decidi contatar o seu pai, já que você era solteira e uma moça no mesmo status social do que o meu, foi conversado meses e meses até assinarmos o contrato.

——— Então vou me tornar sua esposa apenas porque você precisa de uma?! Muito legal!

——— Não só por isso, seu pai estava morrendo, precisava ter certeza que a família ficaria em boas mãos, que vocês continuariam no topo e optou pelo nosso casamento.

——— E se caso eu não me casar com você?

——— Ai você será o motivo do início da queda da sua família. Tomarei conta de tudo juntamente com o seu avô, logo ele morrerá, já que está velho e então...——— o interrompo

——— E então você liderará as duas famílias, Ricci e Agostino. Quanta ambição, meu noivo!

——— Não é ambição, são negócios. Bárbara, quando nos casarmos juntaremos todo nosso poder, nossas famílias serão uma só. Será pelo bem de ambas as partes.

——— Não dá para discordar. ——— infelizmente, não dá para discordar!

——— Claro que não. ——— ele toma um gole da sua bebida. ——— Também devemos conversar sobre como funcionaram as coisas. Você se mudará para minha casa uma semana antes do casamento, leve apenas pertences pessoais. Devo te avisar que o contrato é sigiloso, então para a mídia e o resto, nos apaixonamos.

——— Okay. Devo te avisar sobre a minha faculdade, irei fazer em Washington.

——— Esqueça faculdade, seu dever agora é apenas ser minha esposa.

Dou risada.

——— O que? Não vou deixar minha faculdade de lado, Victor.

——— Sim, você vai. Já se acostuma, quem decide as coisas sou eu, as decisões finais são minhas.

——— Quer saber, vai se foder. ——— me coloco de pé. ——— Não me atormente durante essas semanas, ter que passar o resto da minha vida com você já é tempo demais, me deixa em paz até o casamento.

Victor ri.

——— Como quiser, querida.

Saio da sala e faço questão de bater a porta.

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——— Eu acho ele um homem muito bonito e charmoso. ——— Rachel diz enquanto escreve alguma coisa em seu caderno.

——— Eu não. ——— puxo a coberta até o ombro.

——— Eu sinto muito, Babi. ——— minha irmã me olha. ——— Sei o quanto você queria fazer faculdade e seguir sua vida do seu jeito. Poderia ter outra escolha.

——— Poderia, mas não tem. ——— coloco uma mecha do seu cabelo castanho para trás da sua orelha. ——— Irei fazer isso por nós. É assim que funciona as coisas nas nossas vidas, Rachel.

——— Vou sentir saudade quando você se mudar. ——— ela diz com tristeza.

——— Ei, não fica assim, você vai me ver sempre, te garanto isso! ——— deixo um beijo em seu rosto.

Sinto meu celular vibrar e leio a notificação, era Luca avisando que estava aqui na porta para me ver.

——— Tenho que ir, não durma tarde!

Fui para a entrada e Luca já havia entrado. Fui até ele e dei um abraço.

Luca e eu é algo um tanto quanto complicado. Nos conhecemos na escola e nos tornamos amigos, porém, no segundo ano do ensino médio começamos a nos envolver sexualmente. Ou seja, somos amigos com benefícios...

——— Oi, você sumiu nessa última semana.

——— Aconteceu uma coisa, precisa te contar. Vamos para a adega. ——— segurei em sua mão e fomos até a adega, chegando lá abrimos um vinho como de costume e nós sentamos no sofá.

——— Pode contar.

——— Estou noiva. ——— levanto minha mão esquerda, mostrando meu anel de noivado.

——— Que porra?...Como assim, Babi?

——— É um contrato, meu pai assinou com Victor Ricci pouco antes de morrer.

——— Victor Ricci? Caralho...Não sei o que falar.

——— Não precisa dizer nada. Merda, eu odeio tudo isso, odeio fazer parte dessa hierarquia do caralho!

——— Você não pode simplesmente dizer "não"?

——— Era tudo que eu queria, mas não posso. São coisas demais envolvidas, Luca. Vai muito mais além do que minha opinião. Não tem o que fazer...é isso.

——— Droga, posso ser seu amante? ——— Luca brinca e eu dou risada.

——— Não. ——— empurro seu ombro. ——— É um casamento sem amor e por contrato, mas é um casamento.

——— Ainda não está casada, então...

Estreito os olhos e Luca ergue as mãos em "rendimento". Deixo o vinho de lado e beijo ele.

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——— Bárbara! ——— escuto a voz da minha mãe atrás de mim e eu me viro.

——— Sim, mamãe.

——— Acabei de ver Luca saindo daqui.

——— Ué, o que tem? Não é uma surpresa pra você, sabe dele!

——— Você está noiva, Bárbara. Pelo amor de Deus, isso não é algo simples, é um contrato, tudo está em jogo!

——— Mãe, só nos despedimos. Sério, da paz na minha vida! ——— passo por ela e subo as escadas.

Passo o resto da noite presa no meu quarto, não desci nem para jantar. Não estou suportando ver a cara da minha mãe no momento, ela só sabe falar do casamento e como eu devo agir como esposa.

Está um saco. Não aguento mais e está apenas no começo.

—

O que estão achando até agora?