"Ela sabe no que eu penso sobre
E o que eu penso sobre
Um amor, duas bocas
Um amor, uma casa
Sem camisas, sem blusas
Apenas nós, você vai descobrir.
-Sweater Weather
The Neighbourhood

— O que não entendo, é como ficaram sabendo que meus pais estariam aqui hoje. -Sussurro me sentando em um dos sofás sendo acompanhada rapidamente por Jhonny que não solta minha mão desde que voltamos para o seu apartamento.

Lily dá uma olhada enigmática para Ayden antes de ocupar o outro lugar ao meu lado.

Quando toda a confusão acabou, pegamos o elevador em um silêncio ensurdecedor de volta para casa.

Até mesmo Julio e Julieta subiram com a gente para se certificar de que tudo ficaria bem.

Aperto os dedos do meu namorado, a expectativa e o medo correndo quentes pelo meu corpo.

— Nós estávamos em uma loja e escutamos duas mulheres falando algumas coisas sobre vocês. -A ruiva responde com o cenho franzido. — Elas pareciam ser funcionárias dos seus pais e começaram a fofocar sobre como você fugiu de casa e que Phillip e Esther viriam te buscar hoje porque estavam cansados de passar vergonha.

Respiro fundo empurrando a bile de volta para o meu estômago.

Como eles ousaram pensar por um segundo que eu iria voltar com eles?

Depois de tudo o que me fizeram, depois de todo o sofrimento que passei nas suas mãos...

Lágrimas se formam nos meus olhos, mas me recuso a deixá-las cair.

Não quero gastar nenhuma gota com esses dois.

Não quero dar esse gostinho de parecer afetada com toda essa merda.

— Nesse momento pegamos a estrada para cá, tínhamos planejado vir de todas formas. Quando chegamos, ligamos para Angel e ele veio correndo. -É Ayden quem continua e balanço a cabeça lentamente para cima e para baixo.

— Mas como vocês sabiam que eles eram meus pais? -Insisto tentando montar de uma vez por todas esse bendito quebra-cabeças.

— Quando Jhonny disse que estava ficando com você, quero dizer, quando falou seu sobrenome, meu irmão reconheceu imediatamente e me mandou uma mensagem. Desde esse dia nos mantivemos atentos. Sabemos muito bem como o seu pai é e não faz ideia de como ficamos furiosos ao descobrir como ele reagiu com tudo o que aconteceu com você.

Aperto as pálpebras sentindo meu sangue ferver.

Então Angel já sabia o que estava acontecendo. Por isso ele me ajudou, por isso me protegeu.

Eles já conheciam a merda de pessoa que é Phillip Rice.

— Obrigada mesmo por isso. Não sei o que teria acontecido se não tivessem chegado. -Suspiro sabendo muito bem o que teria acontecido: uma enorme tragédia.

Jhonatan me puxa para um abraço lateral apertado e apoia a bochecha em cima da minha cabeça.

Sua mão livre vai parar em cima da minha barriga em um movimento totalmente involuntário que acaba chamando a atenção tanto dos seus tios quanto da sua mãe.

Os três encaram meu abdômen com um sorrisinho nos rostos perfeitamente esculpidos, uma marca registrada da família Cross, e sei que chegou a hora de contar tudo, mesmo que eles já tenham conhecimento da notícia.

É o mínimo que posso fazer.

Me endireito no sofá procurando uma posição confortável para tentar não desmaiar.

Meu coração bate tão rápido que massageio o peito sem parar.

— Hã... não era assim que eu queria que vocês ficassem sabendo. -Começo, calor puro queimando por minhas veias. — Mas como puderam notar, eu estou... -puxo uma longa respiração — grávida de Jhonny. -Concluo sentindo o peso se esvaindo do meu corpo pouco a pouco ao ver como ninguém está brigando, gritando ou me julgando.

Na verdade, é todo o contrário.

Kenny se ajoelha na minha frente e segura minhas bochechas com as mãos tatuadas.

— Nós já sabíamos, meu bem. -Seu olhar se suaviza e inclino levemente a cabeça sem entender nada.

— Anjinho me ligou de tarde e me contou o que estava acontecendo. -Lily completa com um enorme sorriso no rosto. — Deus, ele está tão animado por ser avô. Me perguntou tantas coisas... -Me controlo para não chorar novamente.

Olho para Jhonny sabendo que ele provavelmente contou tudo para os pais.

Como essa família pode ser assim?

Durante minha vida inteira estive habituada a não receber amor, a não conhecer sequer o que era o carinho de uma mãe e agora tenho tudo isso de sobra.

— Então vocês não estão bravos com ele e... comigo? -Pergunto em fio de voz.

— O quê? Claro que não! -Angel passa pela porta jogando a chave em um pequeno prato posicionado em cima do balcão da cozinha. — Nós ficamos preocupados, isso é óbvio, mas jamais ficaríamos bravos. Isso não faz nenhum sentido.

Seu olhar cálido recai sobre mim e meu peito se enche de amor ao perceber que estou no lugar certo.

Estou onde sempre desejei estar.

Onde sempre mereci.

— Vocês existem mesmo, ou estou sonhando? -Murmuro pensativa e uma risadinha rouca ressoa ao meu lado e Jhonny segura meu gosto beijando minha bochecha com carinho.

De repente a sala se transforma em uma sessão de interrogatório sobre como estou me sentindo, se estou bem, como está o bebê e tudo o que é relativo a ele.

Respondo a cada pergunta com paciência sabendo que eles estão tão emocionados quanto eu e Jhonatan.

As horas passam em um piscar de olhos e já não consigo mais dissimular o meu cansaço.

Os bocejos ficam cada vez mais frequentes e meus amigos se despedem com a promessa de que voltarão amanhã para ver como estou.

Lily e Ayden vão para o quarto de hóspedes e Angel e Kenny para o seu próprio quarto, assim como nós dois.

— O que acha de um banho? -Jhonny sugere me abraçando por trás dentro do banheiro.

Pelo espelho, vejo que suas mãos estão machucadas e solto arquejo me sentindo péssima.

Ele fez tudo isso por mim. E tenho quase certeza de que faria muito mais se fosse preciso.

É minha hora de retribuir.

Me afasto do seu toque e procuro a caixa de primeiros socorros debaixo da pia.

— O que está fazendo? -Seu olhar me acompanha no reflexo.

— Limpando seus dedos ou vão acabar infeccionando. -Puxo sua mão direita posicionando-a debaixo da água fria para lavar toda a sujeira e sangue seco antes de passar o remédio.

— Está tudo bem, amor. Posso cuidar disso depois. -Nego com a cabeça.

— Você já cuidou de mim todo esse tempo, Jhonatan. Me deixe cuidar de você agora. -Ele engole em seco antes de puxar uma longa respiração.

— Ok, mas primeiro é melhor nos lavarmos, senão o remédio vai acabar saindo debaixo do chuveiro de qualquer maneira. -Seus lábios pousam a centímetros do meu pescoço e minha pele inteira se arrepia com o contato.

Ou nesse caso, com a falta dele.

— Não perde tempo em me ver nua, não é mesmo? -Provoco mordendo os lábios.

— Jamais. -Seus dedos vão parar nos botões da minha camisa e ele abre um por um devagar com uma concentração invejável.

Me apoio na pia para que ele me ajude com a legging e a calcinha.

No caminho de volta, Jhonny se detém na minha barriga e distribui beijos por toda a pele que começa a se esticar com o passar dos dias.

— Não vejo a hora de te conhecer, feijãozinho. -Ele sussurra e uma lágrima escorre pela minha bochecha se perdendo no meu queixo até o pescoço.

Se tem uma pessoa que está feliz com esse bebê, além de mim, é claro, é Jhonatan Cross.

Minha respiração falha quando ele me abraça pela cintura e de repente seu corpo começa a se sacudir assustando a merda para fora de mim.

Demoro apenas alguns segundos para entender o que está acontecendo, e quando a realização finalmente me atinge em um golpe certeiro, puxo seu corpo para cima abraçando-o tão apertado quanto sou capaz.

— Ei, está tudo bem agora, nós estamos bem. -Seguro seu rosto olhando dentro dos seus olhos lacrimejantes.

— Eu tive tanto medo, Ava. Medo de te perder, de perder vocês dois... e-eu...

Beijo seus lábios me sentindo exatamente da mesma maneira.

Senti tanto medo de ficar longe dele, do seu calor. Só de pensar nessa possibilidade, meu coração erra uma batida e um frio percorre minha espinha.

Mas isso acabou.

Toda essa merda finalmente acabou.

— Você não vai nos perder, ok? Nós estamos aqui, eu estou aqui. -Levo sua mão até meu peito para que ele sinta meus batimentos acelerados. — Não vou fugir outra vez, eu prometo.

Jhonny encosta sua testa na minha, nossa respiração se transformando em uma só.

— Por favor. -Ele geme e eu sei muito bem o que ele quer dizer com apenas essas duas palavras.

Não vou mais fugir, porque ao fazer isso, estaria machucando a pessoa mais importante da minha vida.

— Eu prometo. -Reitero ao mesmo tempo em que ele rodeia um braço na minha cintura e com a mão livre coloca uma porção de cabelo atrás da minha orelha. — Eu te amo, Jhonatan, e não há força nesse mundo que seja capaz de me separar de você outra vez. -Completo sob o seu olhar ainda vidrado.

Como não há mais o que dizer com palavras, levo as mãos até a barra da sua blusa de algodão ajudando-o a se livrar dela, assim como ele fez comigo.

Depois faço o mesmo com a calça e em questão de segundos, estamos nus, nossos corpos colados um no outro compartilhando o calor único de duas pessoas profundamente apaixonadas.

Dizendo silenciosamente que ali é o nosso lugar, que é onde queremos estar.

Ficamos assim por pelo menos uns dez minutos, até que resolvemos tomar um banho rápido para poder ir para a cama e tentar esquecer esse dia horrível.

Jhonatan se cola a mim debaixo do edredom, os dedos percorrendo minha pele em um movimento lento e constante que faz meu interior queimar de desejo.

Sequer nos preocupamos em colocar um pijama.

Estamos tão cansados que as roupas se tornaram algo irrelevante por agora.

Os segundos se transformam em minutos, os minutos em horas e nada de conseguirmos pegar no sono.

Agora estou abraçada a Jhonatan, segurando sua cintura como se ele fosse uma tábua de salvação, minha perna sobre as suas e minha cabeça apoiada no seu peitoral musculoso.

Ele acaricia meus cabelos e nem mesmo o vai e vêm da sua respiração é capaz de me tranquilizar o suficiente.

Um gemido impaciente escapa pela minha garganta ao perceber que daqui há pouco vai amanhecer e teremos que levantar.

— Precisa descansar, meu amor. Passou por muita coisa. -Seus lábios pousam na minha testa.

— Olha só quem fala... -Suspiro.

— Não consigo dormir.

— Nem eu. -Confesso o que já era óbvio. — Ainda sinto a adrenalina percorrendo minhas veias e não sei o que fazer para acabar com ela. -Observo pensativa.

Então ele me vira de modo que ficamos em uma posição de conchinha, seus braços contornando minha barriga e sinto-o duro contra a minha bunda.

— Hum... eu sei algo que pode te ajudar. -Seus dedos vão parar na minha entrada latejante e imediatamente minha boca fica seca em antecipação. — Sempre molhada para mim. -Jhonny ofega apertando um mamilo com delicadeza.

— Sempre, amor. Só para você.

DOIS MESES DEPOIS

Beth segura minhas mãos com o carinho de sempre e arrasta um sorriso pelas bochechas mostrando suas rugas.

Desde que ficou sabendo que seria bisavó, ela não conseguiu parar de sorrir.

Pensei que ela literalmente arrebentaria a minha cara com a notícia, no entanto, a felicidade estampada no seu rosto foi suficiente para entender que assim como meus pais, tios, até mesmo minha irmã e meu melhor amigo, ela estava do nosso lado.

E isso ficou ainda mais evidente quando ela decidiu nos presentear com nada menos do que a sua própria casa.

A avó de Ava ainda tentou nos convencer de que era porque ela estava indo morar com o seu namorado, Hugo, mas todos sabemos que ela fez isso pela neta.

Que a ama incondicionalmente e faria qualquer coisa por ela.

Assim como eu.

Beto finalmente foi preso e minha tia se encarregou de manter a merda de Phillip longe das nossas vidas.

E agora, aqui estamos em uma clínica particular esperando minha mulher para ver se tudo está bem com o nosso bebê.

Como Nick me chamou para conversar sobre tudo o que estava acontecendo, combinamos com Liv e Ava de que nos veríamos direto aqui, no entanto, até agora, nada daquelas duas.

E isso está me deixando levemente preocupado.

— Cara, se continuar mexendo a porra da sua perna desse jeito, eu juro que vou te dar umas porradas até você parar. -Nick me lança um olhar irritado e solto uma respiração acelerada.

— Por que ela está demorando tanto? Onde será que se meteu? Só espero que esteja tudo bem e...

— Pode ficar tranquilo, papai coruja, que tanto seu bebê quanto sua garota devem estar bem. Liv está com eles, no final das contas. -Meu amigo solta um longo suspiro sabendo muito bem que isso não significa nada.

Olívia Cross é tão maluca que não seria nada raro ter desviado do caminho por pura diversão, apenas para me provocar.

— Quero só ver quando chegar a sua vez. -Resmungo contrariado. — Aí sim vou te dizer para que se acalme, heim? Quero ver como vai reagir. -Completo ainda mais nervoso. — Vou ligar para ela. -Pesco meu telefone dentro do bolso da calça e estou a ponto de clicar no seu contato, quando a porta da enorme clínica particular se abre a as duas entram com os rostos pálidos e uma expressão preocupante, como se tivessem visto um fantasma.

Será que aconteceu algo no caminho?

Beth se levanta e caminha devagar até parar diante delas.

— Seu homem estava quase desmaiando aqui, meu amor. Ainda bem que chegaram. -Ela abraça Ava carinhosamente.

— Oh, me desculpe por isso, eu... -Seus olhos recaem sobre Nick e engulo em seco tentando entender o que diabos está acontecendo.

Meu amigo por sua vez, puxa a esposa para um abraço apertado e sussurra algo no seu ouvido fazendo-a soltar uma risadinha engasgada.

Ele enrosca seus dedos nos de Liv e o anel com uma pedra no meio brilha sob a luz do sol que se infiltra dentro do lugar através de uma das janelas.

Nesse momento, percebo duas coisas muito importantes:

Uma, que eles são fodidamente felizes, o que me deixa fodidamente feliz.

E a segunda, é que a mão de Ava está vazia.

— Porra. Devo dar um jeito nisso. -Murmuro para mim mesmo.

— Dar um jeito no quê, amor? -Ava aparece ao meu lado e não consigo evitar puxá-la para os meus braços respirando fundo, deixando que seu perfume se impregne no meu nariz.

— Nada, linda. -Desconverso. — Agora, quero saber o que aconteceu para que demorassem tanto. Tenho quase certeza de que foi culpa de Liv. -Brinco piscando um olho para minha irmã gêmea que revira os olhos como sempre.

Mas agora há algo diferente. Algo que não consigo captar de imediato.

Ava começa a formular uma explicação, no entanto, antes mesmo que consiga chegar a falar algo, Liv sai correndo direto para o banheiro, um arrepio percorrendo todo o meu corpo ao me familiarizar com a cena.

— Oh... -Sussurro capturando o olhar de Ava e recebendo uma confirmação silenciosa. — Então foi por isso. -Ela balança a cabeça com suavidade.

— Digamos que tivemos que passar em uma farmácia antes de vir para cá. -Seus dedos torcem a barra da blusa e olho para o lado encontrando Nick nos encarando com a face tão branca quanto a das duas ao chegar.

Imediatamente ele sai correndo até o banheiro e entra sem nem mesmo bater na porta.

Nick volta acompanhado de Liv com os olhos arregalados e solto uma risadinha convencida.

— Não pensei que diria isso tão cedo, mas... calma cara, vai ficar tudo bem! -Recebo um tapa no ombro e caio na risada.

Depois tudo vira uma confusão.

Liv chorando, Beth chorando, Ava chorando e eu e Nick sem saber como caralhos reagir com tantos hormônios femininos explodindo bem nos nossos narizes.

Minha irmã está grávida.

Meu amigo vai ser pai.

Caralho, eu vou ser tio.

Me jogo em uma das cadeiras vazias, meu peito se apertando com a pressão e o ar arranhando pela minha garganta.

Como isso está acontecendo?

Quero dizer, estou feliz. Mas ao mesmo tempo, estou apavorado.

Será que meus pais já sabem? Ou será que nem mesmo Liv fazia ideia, assim como Ava?

São tantas perguntas rodopiando pela minha mente, que de repente fico zonzo.

— Ei, amor, respire. -Ava aparece no meu campo de visão. — Está tudo bem. Ela vai ficar bem. -Seus dedos acariciam minha bochecha e imediatamente começo a me tranquilizar.

Porque Ava tem esse poder.

Basta apenas um toque seu para que tudo melhore, apenas um beijo para que eu esqueça de tudo.

Ela é a mulher da minha vida. A pessoa que me faz sorrir todos os dias, que me faz querer levantar e ser alguém melhor.

Ela é a mãe do meu filho.

Por falar nisso...

— Droga, seu ultrassom! Vamos acabar perdendo a hora. -Me levanto em um pulo e praticamente a arrasto até a secretária que observa todo o show com um semblante aborrecido.

Entregamos seus documentos para a garota e em questão de minutos nossa ficha já está pronta e ela pede para que esperemos enquanto o técnico não chega.

Gostaria que meus pais estivessem aqui, no entanto, eles tiveram que resolver um problema que surgiu na Strong e não puderam vir.

De todas formas, esse é apenas o primeiro ultrassom de Ava onde saberemos finalmente o sexo do bebê.

Ainda virão muitos mais depois desse.

Muitas outras oportunidades para vê-lo, contudo, hoje esse momento será só nosso.

Nós deveríamos ter vindo antes, mas não quisemos arriscar enquanto Beto estava livre.

Ele é extremamente imprevisível e malvado e jamais colocaria os dois em perigo.

Voltamos a nos sentar na cadeira enquanto conversamos sobre a chegada dos bebês.

Nick não deixa de tocar a barriga de Liv assim como faço com Ava provavelmente imaginando como será o rosto do seu filho e um sorrisinho se forma nos meus lábios.

Ele vai ser um ótimo pai, assim como é um ótimo marido e um ótimo amigo, não tenho a menor dúvida disso.

— Ava Rice? -Um homem chama de repente e forço um rosnado para fora da garganta.

— É Cross. Ava Cross. -Resmungo mesmo sabendo que eles não vão entender nada já que seu documento ainda diz o seu sobrenome antigo. O médico vestido com seu jaleco branco impecável me lança o olhar contrariado.

— Bom, senhorita Cross, pode entrar para se preparar, por favor. -Ele indica e nos levantamos caminhando até a sala onde será realizado o ultrassom.

Meus batimentos cardíacos estão acelerados como malditos tambores e seguro a mão de Ava sentindo minha pele ficando úmida com o meu suor repentino.

Droga.

Fique calmo cara.

Eles estão bem.

Porra, estou tão nervoso.

Quero que o nosso bebê esteja saudável, embora eu vá amá-lo independentemente do que aconteça.

Porque mesmo sem conhecê-lo ainda, eu sei que ele ou ela é perfeito.

Assim como sua mãe.

Ava se afasta e desaparece por uma portinha escondida na sala, voltando minutos depois vestida com uma bata branca aberta na frente por cima da legging.

Sorrio ao ver sua barriga redondinha.

Deus, ela está cada dia mais linda.

— Pode se deitar ali. -O médico aponta para uma maca coberta com um lençol descartável e seguro suas mãos ajudando-a a se posicionar. — O gel é meio gelado então não se assuste. -Ele explica derramando uma boa quantidade no aparelho e depois na sua barriga deslizando-o com cuidado para espalhar bem.

Então ele aperta um botão e uma pequena tv ganha vida mostrando primeiro uma imagem toda preta e quando ele volta a deslizar a pequena pistola na pele de Ava, um barulho preenche o ambiente e ela aperta meus dedos soltando um ofego ao escutar as batidas aceleradas do coraçãozinho do nosso bebê.

Meus olhos se enchem de lágrimas imediatamente e me aproximo tanto da tela, que escuto uma risadinha rouca tão emocionada quanto eu.

— Estão vendo essas são suas perninhas, os braços, a cabeça... -O médico mostra todas as partes do nosso pequeno feijãozinho e não consigo desviar o olhar da tela.

Meu pai tinha razão.

Esse é definitivamente um dos momentos mais felizes da minha vida.

O dia em que o escutei pela primeira vez.

O dia em que tive a confirmação do que era o amor incondicional.

— Deus, ele é tão lindo. -Ava sussurra derramando ainda mais lágrimas.

Continuamos observando tudo, vendo-o pela pequena tela e dentro de mim, desejo com todas as minhas forças que o tempo passe rápido para que eu finalmente possa tê-lo nos meus braços.

— Está tudo bem, doutor? -Pergunto em um engasgo. — Quero dizer...

Ele acena sorrindo suavemente.

— Sim, seu bebê está saudável, embora tenham demorado para fazer o pré-natal. -Balanço a cabeça sabendo que ele tem razão.

O problema é que ele não faz a menor ideia dos motivos que nos levaram a esperar.

E nem precisa saber.

— Agora, vocês vão querer saber o sexo, ou esperar até o parto? -Olho para Ava obtendo a resposta sem que ela precise formular nenhuma palavra.

— Sim. -Murmuro com nada mais do que certeza percorrendo todo o meu corpo.

— Muito bem. -Ele move o bastão pela barriga de Ava mais algumas vezes até que para em um lugar específico. — Estão vendo isso? -Seu dedo aponta para a tela. — Parabéns, papais, o seu bebê será...

NOTA DO AUTOR

Hellooooo amores da minha vida!
Passando aqui pra deixar esse capítulo mega ultra fofo pra vcs
hahahahaha e aí gostaram da surpresinha???
Espero que sim kkkk 
Não se esqueçam de votar e comentar 

Amo vcs🥰
Bjinhossss BF🖤🖤🖤