Capítulo 44
Mas você nunca ficará sozinha,
Ficarei com você do amanhecer até o anoitecer
Ficarei com você do amanhecer até o anoitecer
Amor eu estou bem aqui,
Eu te segurarei quando tudo der errado
Ficarei com você do amanhecer até o anoitecer
Ficarei com você do amanhecer até o anoitecer
- Dusk till Dawn
Zayn feat Sia
Meus batimentos que já estavam acelerados adquirem uma velocidade insana conforme a realidade me atinge como um trem desgovernado.
Positivo.
Apenas uma palavra foi capaz de fazer minha cabeça dar voltas e tirar a minha respiração por alguns segundos.
Ava está grávida.
É praticamente impossível não ficar extremamente nervoso e preocupado, afinal de contas, nada disso estava nos meus planos.
Nada disso estava nos nossos planos.
Um bebê.
Por Deus, eu vou ser pai de um bebê.
Aperto a beirada do mármore frio até que meus dedos estão tão esbranquiçados que começam a adormecer por conta da falta de circulação.
De todas as coisas que poderiam acontecer com a gente, essa definitivamente não é o que eu esperava.
Mesmo tendo transando sem camisinha, Ava me comentou que tomava anticonceptivos e acreditei cegamente que estávamos seguros apenas com esse método.
Fomos bastante ingênuos em confiar apenas nisso.
O que vou fazer agora?
Junto os testes de gravidez com os dedos trêmulos e jogo tudo na enorme lata de lixo posicionada debaixo da pia.
Ava por sua vez não diz nada.
Seu olhar está perdido, como se de repente sua mente estivesse em outro lugar deixando para trás o seu corpo esguio coberto de tatuagens.
Lavo minhas mãos devagar tentando descobrir as palavras certas para dizer, para fazê-la entender que por mais que ela tenha medo, não vou sair do seu lado.
Não vou deixá-la sozinha.
Porque porra, eu amo essa garota insanamente e faria qualquer coisa por ela.
Eu iria contra qualquer um apenas para vê-la feliz.
Limpo a garganta para tentar engolir esse nó que se formou em um passe de mágica e trago saliva algumas vezes antes de balbuciar algumas palavras.
— Ava eu... -Levo os dedos até o seu braço, mas eles acabam segurando o vazio quando ela dá dois passos para trás e abre a maçaneta sem sequer olhar para mim.
De repente, ela sai correndo porta afora de uma maneira tão súbita, que por alguns segundos fico parado sem entender o que acabou de acontecer.
Quando finalmente reajo, vou atrás dela pela farmácia, murmurando um agradecimento rápido para a atendente que observa tudo com os olhos arregalados.
Ao passar pela porta de vidro e chegar no estacionamento, não encontro Ava de imediato.
Procuro em todos os lados com o coração quase pulando pela garganta esfrego o rosto com ambas mãos, o medo dela desaparecer de novo me deixando desesperado pouco a pouco.
Caminho pelo lugar com as mãos na nuca e lágrimas nos olhos.
O que eu vou fazer? Como vou dizer para os meus pais o que está acontecendo?
Sei que eles não irão brigar comigo, na verdade eles vão me apoiar, no entanto, isso não significa que não vai ser difícil no começo.
Não sou uma criança e tenho plena consciência de que ambos ainda estamos na faculdade, que sequer temos um lugar para morar, muito menos um trabalho e apesar de estar tremendo por inteiro, eu não vou fugir das minhas responsabilidades.
— Onde você se meteu agora, Ava? - Devo passar pelo menos uns cinco minutos olhando em cada centímetro do estacionamento, quando escuto um soluço bem próximo de onde estou.
Imediatamente saio correndo na sua direção e ao dar a volta até os fundos da farmácia, dou de cara com uma cena que não gostaria de presenciar novamente.
Ava está sentada em um banco, suas pernas estão dobradas contra o seu peito e a cabeça apoiada nos joelhos.
Lágrimas escorrem silenciosamente pelas suas bochechas, se perdendo na gola da blusa branca.
Ela parece tão perdida, tão desnorteada e isso me quebra por inteiro.
Me aproximo com cuidado para não assustá-la e me sento ao seu lado, atraindo-a para perto até que meus braços a envolvem em um aperto aliviado.
— Por favor, não fuja de mim quando as coisas estiverem difíceis. -Beijo sua cabeça e seu corpo se sacode com o choro emudecido.
— Me desculpe... -A voz rouca me deixa ainda mais triste.
Seguro seu queixo e tento levantar a sua cabeça, mas ela se afasta do meu toque com os olhos fechados.
— Ei, olhe para mim. -Peço baixinho.
— Não consigo, Jhonatan.
— Por que, meu amor?
— Porque... Deus... e-eu estou tão envergonhada e com tanto medo. Você não merece isso, caramba. Eu não entendo o que aconteceu, eu me cuido sempre, tomo os remédios certinho... -Ela aperta o abdômen com os braços e não consigo evitar olhar para a sua barriga.
Puxo uma longa respiração tentando transparecer uma calma que definitivamente não estou sentindo nesse momento.
Ela não precisa disso, não agora.
— Ava, por favor, olhe para mim. -Insisto até que ela faça o que peço.
— Nada disso é culpa sua. Nós dois transamos, você não fez nada sozinha! -Encosto minha testa na sua. — Além do mais, eu não estou bravo, meu bem. E não vou sair do seu lado em nenhum momento.
Para a minha surpresa, ela nega com a cabeça e se move para trás outra vez.
— Você não entende, Jhonny. É jovem, precisa viver a sua vida, terminar a faculdade, conhecer pessoas novas... não posso te impedir de fazer tudo isso! Não quero te prender a nada... e-eu não posso permitir que seja infeliz, não por mim, não por ele. -Franzo o cenho confundido.
— Onde quer chegar com tudo isso, Ava? Não me diga que está pensando em...
— O que? Não! Não... -Seus olhos se arregalam e as sobrancelhas se unem em descrença. — Jamais seria capaz de fazer uma coisa dessas, Jhonatan. -Afirma com convicção.
Solto uma respiração suave.
— O que quero dizer, é que não vou te obrigar a assumir esse filho. Não vou transformar a sua vida em uma bagunça por conta de um deslize.
Agora é a minha vez de ficar sem palavras.
Como ela pode pensar que eu faria isso? Como ela pode sequer chegar a cogitar a ideia de que eu não quero continuar com ela?
— Eu vou fazer o que tenho que fazer, Ava. Ela ou ele também é meu e se depender de mim, terá uma vida cheia de amor e felicidade. A única coisa que eu desejo, é que você pare de assumir que não quero participar da sua vida... e-eu... droga, eu te amo, caramba!
— Eu sei, eu também te amo e é por isso que não quero arruinar o seu futuro. E-eu já estou cansada de chorar, de ser esse mártir ambulante e de parecer destruída não só por dentro, mas também por fora e você também deve estar cansado, não precisa mentir para mim. -Seus dedos apertam a barra da blusa enquanto ela fala.
Sem querer, solto uma risadinha e balanço a cabeça para os lados.
— Você jamais arruinaria meu futuro, Ava. Nem em um milhão de anos. -Beijo seus lábios suavemente. — E não se sinta mal por chorar, você passou por muitas coisas nos últimos dias, eu estive lá, lembra? Esse trauma que você teve, ele não vai desaparecer da noite pro dia e estou plenamente consciente disso. -Ela concorda em um suspiro. — Escuta, é normal ter medo em uma situação tão intensa como essa, eu também estou apavorado, mas eu não vou soltar a sua mão. Nunca. E não pense que estará me prendendo a nada, porque meu coração pertence a você desde o primeiro dia em que eu te vi e acredito que com o tempo nós vamos aprender a lidar com essa nova realidade. -Seguro seu rosto novamente, meu olhar se aprofundando no seu enquanto falo tudo o que sinto. — Não fuja mais de mim, por favor. É o único que eu te peço. -Reitero e ela concorda em um aceno triste. — Eu te amo, meu amor, e só de pensar na possibilidade de não ter você comigo, meu peito fica a ponto de explodir.
Acaricio suas bochechas aproveitando para limpar algumas lágrimas que ainda insistem em cair.
— Nós vamos ficar bem, Ava. -Encosto minha testa na sua. — Nós vamos ficar bem.
— Como pode ter tanta certeza? -Posso sentir o pânico disfarçado na sua voz embargada.
— Porque eu vou me certificar disso.
O caminho para casa foi feito em um silêncio ensurdecedor.
Cada um estava no seu mundo e seria capaz de jurar que Ava está tão desesperada quanto eu por chegar.
Não queria demonstrar o medo que estou sentido para tentar lhe passar certa segurança, mas quando entramos no meu apartamento e andamos lado a lado até o quarto que ela está dormindo, novamente minha respiração falha e meu coração galopa como um cavalo de corrida.
Nos deitamos na cama ainda sem dizer nada e abraço Ava por baixo do edredom.
Afago seus cabelos ao mesmo tempo em que deslizo os dedos pela pele suave do seu braço que contorna a minha cintura como se eu fosse sua âncora nesse mar tempestuoso.
É engraçado, já que ela definitivamente é a minha.
— Posso te pedir um favor? -Ela diz depois de vários minutos.
— Hum?
— Não diga nada para os seus pais nem para ninguém, pelo menos por enquanto.
— Por quê? Eles merecem saber o que está acontecendo, Ava. -Respiro fundo.
— Apenas até eu me familiarizar com a ideia, por favor. Não me leve a mal, é que... agora eu não quero ser o centro das atenções. -Concordo com a cabeça entendendo seu ponto.
— Tudo bem, nós vamos dizer a eles quando você estiver pronta.
— Obrigada Jhonatan. Por não surtar e principalmente por me apoiar e não sair correndo.
— Ei, você não vai se livrar de mim tão cedo, amor. -Brinco e ela solta uma risadinha baixa.
Deus, como senti falta desse som.
Poderia escutá-la sorrir o dia inteiro e jamais me cansaria.
— Não está com fome? Você vomitou depois que eu saí? -Mudo de assunto para tentar amenizar o clima tenso desde que chegamos.
— Não consigo manter nada dentro do meu estômago...
A confissão me pega de surpresa e me endireito na cabeceira da cama.
— Então não comeu nada até agora? -Ava confirma cabisbaixa. — Oh meu amor, não pode ficar assim... vai acabar passando mal. Irei preparar algo leve para você, ok? Já volto. -Beijo sua testa e saio praticamente correndo do quarto.
Enquanto vou até a cozinha, pesquiso no celular como fazer para evitar esse mal estar cada vez que ela come.
Descubro que biscoitos de água e sal ou torradinhas são uma boa opção e coloco algumas fatias de pão integral na torradeira.
Faço um chá de camomila com pouco açúcar e preparo também algumas frutas dentro de uma bandeja.
Uma vez que tudo fica pronto, volto para o quarto e encontro minha garota dormindo.
Ela deve estar tão cansada...
Fico com pena de acordá-la, mas ficar tanto tempo assim com o estômago vazio não é bom para o bebê.
— Ei minha linda, é hora de jantar. -Acaricio sua bochecha com a ponta dos dedos.
Ela se remexe reclamando e se vira para o outro lado. Dou a volta na cama ficando de frente para o seu rosto outra vez.
— Vamos pequena preguiçosa, precisa comer. -Insisto e ela abre os olhos me encarando com o cenho franzido.
Coloco a bandeja na mesinha de cabeceira e lhe ajudo a ficar em uma posição confortável.
— Quero que coma tudo, faria isso por mim? -Ava balança a cabeça lançando um olhar faminto para o pratinho com as torradas e frutas.
Observo em silêncio enquanto ela praticamente devora tudo o que estava na sua frente e um sorrisinho se forma nos meus lábios ao perceber que talvez nem ela tenha notado que estava com tanta fome.
Uma vez que ela acaba, junto a louça suja e levo de volta para a cozinha.
Lavo tudo com a mente tão dispersa que demoro para escutar a porta se abrindo e meus pais entrando pelo corredor conversando baixinho.
— Querido, já chegamos. -Mamãe me abraça por trás e quase deixo cair tudo o que tinha nas mãos com o susto que levo.
Engulo em seco e coloco um sorriso no rosto antes de me virar.
— Voltaram cedo, pensei que ficariam mais tempo na festa... -Suspiro.
— Já está tarde e amanhã temos que trabalhar. O garoto que seu pai está treinando tem uma luta daqui algumas semanas e não podemos perder nenhum segundo. -Balanço a cabeça em entendimento.
Robbie é um cara excepcional, mas mesmo assim não deve contar vitória antes da hora. O treino e constância são a chave para uma luta favorável.
— É uma pena que Ava não tenha ido, ela teria se distraído um pouco. -Dessa vez é meu pai quem exclama desabotoando as mangas da camisa de linho.
Parando para pensar, é até bom que ela não tenha ido, já que provavelmente passaria mal em plena festa e todos ficariam sabendo da novidade.
— Ela preferiu não correr o risco, pai. Sabe como aquele seu ex namorado é um maluco. -Explico rezando para ele não faça mais perguntas.
Para o meu alívio papai franze os lábios, mas não diz mais nada.
— Bom, acho que vamos dormir, mas gostaríamos de almoçar com os dois amanhã, está bem? -Mamãe pede com aquele seu sorrisinho de quem sabe que não poderá receber um não como resposta e concordo prontamente.
— Boa noite meu amor. -Recebo um beijo na testa. — Durmam bem e não se esqueçam que amamos vocês. -Seus dedos delicados acariciam minha bochecha uma última vez antes dela se afastar.
Comprimo os lábios e sequer pisco para não acabar revelando o quão nervoso estou e deixá-los preocupados.
Ava me pediu para manter tudo em segredo por enquanto e seria chato se eu estragasse tudo.
No momento em que meus pais desaparecem para dentro do seu quarto, vou até a sacada e me sento em um dos bancos apoiando a cabeça na parede fria.
Uma lágrima escorre pela minha bochecha e se seca com o vento fresco antes mesmo que possa chegar até o meu pescoço.
Aperto as pálpebras com força, um milhão de coisas passando pela minha mente ao mesmo tempo em que tento não pensar no pior.
Não quero ser esse tipo de pessoa.
Devo ser alguém que Ava possa contar nos bons e maus momentos.
Porque assim como lhe disse, não vou soltar a sua mão enquanto eu viver.
Respiro fundo algumas vezes, então sinto um peso nas minhas pernas e o seu perfume invade minhas narinas sem que eu sequer chegue a vê-la.
Seus dedos acariciam a minha nuca provocando um arrepio por todo o meu corpo e minhas mãos vão parar quase que de imediato na sua cintura, me dedão deslizando suavemente pela pele da barriga lisa por baixo da blusa fina.
— Eu prometo que vou fazer valer a pena cada segundo que você decida passar ao meu lado. -Abro os olhos de supetão e encontro Ava me lançando um olhar triste e esperançoso ao mesmo tempo, suas íris castanhas embebidas pelas lágrimas sem derramar.
Coloco uma porção de cabelo atrás da sua orelha contemplando sua beleza, a delicadeza dos traços do seu pômulo, nariz, pescoço... observo como cada um deles se une formando o rosto da garota mais bonita que já vi na minha vida.
Ava é linda.
Ela é perfeita.
Jamais me cansarei de vê-la, de tocá-la, de me enterrar dentro dela e ouvi-la gritar meu nome enquanto chega ao ápice junto comigo.
E ao constatar isso, percebo também algo muito importante.
— Você já está fazendo isso sem nem ao menos perceber, amor.
NOTA DO AUTOR
Bom meus amores, eu demorei, mas cheguei!
Hahahha
Peço desculpas pela demora, mas como já sabiam
eu estava de viagem e cheguei tão cansada
que não queria nem ver meu pc kkkkk
Mas aqui está o cap, e como prometido,
valeu a pena.
Espero que tenham gostado,
Não se esqueçam de votar e comentar!
Um ótimo feriado a todos!
Amo vcs 🥰
Bjinhosss BF🖤🖤🖤
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